• Antes de mais nada, Lula e Dilma terão as delações premiadas que, como numa cascata, não pararão de jorrar lama exatamente sobre o governo e o PT. Será crise em cima de crise
- O Globo
O Lula real apareceu por inteiro nos grampos. OLula real apareceu por inteiro nos grampos de ontem. A ideia que o Planalto quis vender com insistência era de que ele entraria para o governo para ser o grande articulador contra o impeachment. E, de quebra, atuaria na linha de frente para livrar o país da paralisia econômica. Os áudios liberados por Sérgio Moro explodiram a trama urdida com o apoio de Dilma para dar a Lula o foro privilegiado. A articulação que importava para o ex-presidente era para salvar sua própria pele. Por isso, aceitou a missão quase impossível de virar o jogo do impeachment. Ou de ressuscitar a economia, sabe- se lá com que instrumentos.
O Lula que emerge das gravações é um político que insta o ministro da Fazenda a intervir no trabalho da Receita Federal. Pede a Jaques Wagner para interferir numa decisão de uma ministra do Supremo. Combina com a presidente da República uma armação para assinar o termo de posse de um modo como nunca antes neste país se viu. A trama acabou desmascarada. E agora? Se Lula continuar mesmo chefe da Casa Civil, com que autoridade vai negociar com os 171 deputados, a quem pretendia seduzir para barrar o impedimento de Dilma? Lula perdeu também condições de sentar- se diante dos grandes empresários nacionais e pedir-lhes que retomem a confiança e invistam pesado, como pretendia fazer.
Não serão as únicas dificuldades da dupla. Antes de mais nada, Lula e Dilma terão as delações premiadas que, como numa cascata, não pararão de jorrar lama exatamente sobre o governo e o PT. Será crise em cima de crise, o que aprofundará o risco TSE, que terá mais munição ainda para cassar o mandato da presidente.
Dilma já era uma presidente sem autoridade para conduzir o país. Chamou Lula para copresidir o Brasil imaginando que ele teria algum resto de prestígio para emprestar, seja junto aos empresários, seja junto aos parlamentares. Os áudios de ontem enterraram essa possibilidade.
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