• Em 15 estados e no Distrito Federal, manifestantes pedem renúncia de Dilma e reagem contra Lula
Eduardo Barretto, Eduardo Bresciani, Luiza Souto e Tiago Dantas – O Globo
- BRASÍLIA, SÃO PAULO E RIO- Após a divulgação pelo juiz Sergio Moro dos áudios de conversas entre a presidente Dilma Rousseff e o ex- presidente Luiz Inácio Lula da Silva, manifestantes tomaram as ruas em 15 estados e no Distrito Federal e também promoveram panelaços, pedindo a renúncia de Dilma e protestando contra a nomeação de Lula para a chefia da Casa Civil.
Na Avenida Paulista, cinco mil pessoas, segundo a PM, se concentraram na frente do Masp e diante da Fiesp, onde um painel de luzes que cobre a fachada do prédio mostrava uma tarja preta com os dizeres: “Renúncia já”. Entre os manifestantes, o médico Pedro Cintra, de 49 anos, disse que Moro é a solução para o país:
— Não dá mais. A gente cansou. Isso aqui é a luz do horizonte — afirmou Cintra, apontando para a multidão.
Débora Carneiro, de 30 anos, servidora pública, seguiu na mesma linha:
— Dilma quer continuar na presidência? Ok. Mas dar ministério para Lula? Chega. Estão todos comprados.
Enquanto isso, em frente ao Tuca, na Zona Oeste de São Paulo, os gritos eram de “Não vai ter golpe” e “Lula, guerreiro do povo brasileiro”.
Em Brasília, mais de cinco mil manifestantes favoráveis ao impeachment, segundo a Polícia Militar do Distrito Federal, protestaram em frente ao Palácio do Planalto contra a nomeação de Lula. Depois de gritar palavras de ordem na Praça dos Três Poderes, boa parte dos manifestantes se dirigiu ao Congresso, onde a segurança foi reforçada.
Nas redes sociais, o protesto no Planalto estava marcado para 18h, mas cerca de 30 parlamentares da oposição iniciaram o ato por volta das 17h, carregando uma faixa com a frase dita pelo próprio Lula em 1988: “Quando um pobre rouba, vai para a cadeia; mas quando um rico rouba, ele vira ministro”.
Os parlamentares tentaram entrar no Palácio e houve um princípio de tumulto com seguranças. Após alguns minutos, eles foram autorizados a entrar e a deixar a faixa na guarita de acesso.
Antes das 18h, havia um grupo pró- Dilma, de cerca de 20 pessoas, perto do protesto. Houve um início de discussão, dispersada com gás lacrimogêneo. Os apoiadores do governo foram embora pouco tempo depois. A maior parte dos gritos era contra o ex- presidente Lula. Dois carros de som do Movimento Brasil Livre (MBL) foram usados. Bandeiras do Brasil predominavam, bem como camisetas amarelas. As palavras de ordem mais frequentes eram “cadeia” e “vai para a Papuda”. O deputado Carlos Marun (PMDB-MS) foi “hostilizado e deixou local: — Eles acham que sou contra o impeachment. Mas até nas insurreição existem pessoas estúpidas e burras. Parlamentares não ficaram no ato. A exceção foi o deputado Jair Bolsonaro (PSC- RJ), que recebeu cumprimentos e posou para fotos.
Depois do protesto em frente ao Planalto, os manifestantes se dirigiram para o Congresso. Com gritos tos de Lula na cadeia” e “o renuncia”, eles se concentraram no gramado do Congresso e bem próximos à rampa de acesso. A manifestação começou pacífica, mas depois houve confronto entre manifestantes e a polícia.
No Rio, houve panelaços na Barra e na maioria dos bairros da Zona Sul, com o barulho das panelas sendo seguido de gritos como “Fora, Lula”. Em Copacabana, à noite, cerca de mil pessoas foram para a Avenida Atlântica, que chegou a ser fechada. Na Zona Norte, reações também foram ouvidas, como na Tijuca. Em Curitiba, um grupo de 500 manifestantes, segundo a PM, foi para a porta da Justiça Federal do Paraná protestar contra o PT e apoiar Sérgio Moro. O entorno do prédio foi fechado. Moro saiu acompanhado de seguranças em um carro blindado.
Também houve protestos no Rio Grande do Sul, Minas Gerais, Espírito Santo, Goiás, Amazonas, Pará, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Ceará, Alagoas, Pernambuco e Santa Catarina.
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