sexta-feira, 15 de agosto de 2014

Merval Pereira: Por baixo dos panos

- O Globo

Ao sentir que existe o perigo de o PSB tomar um rumo diametralmente oposto ao traçado por Eduardo Campos em sua campanha, apoiando oficialmente ou em uma aliança branca a reeleição da presidente Dilma Rousseff, sua família não se furtou a definir uma posição a favor da candidatura da ex-senadora Marina Silva à Presidência da República.

Seu irmão, também membro do diretório nacional do partido, disse que a vontade de Campos seria que Marina o sucedesse. O filho mais velho, João, postou no Facebook uma mensagem direta: as bandeiras de meu pai precisam ser levadas adiante.

Quem as representará melhor? Marina, que era sua vice, ou Dilma, que era seu alvo preferencial?

Enquanto a direção nacional do partido, tendo o novo presidente Roberto Amaral à frente, se escudava no luto oficial para adiar a discussão da sucessão, por baixo dos panos as negociações já começaram, especialmente através do ex-presidente Lula, para que o PSB não lance candidato próprio, ou lance um nome de sua base política que não seja Marina, a pretexto de preservar a estrutura partidária.

Na verdade, além do interesse político de recolocar o PSB na base aliada governista, há a preocupação de ala importante da direção nacional da legenda de não perder o controle sobre a máquina partidária. Com a assunção de Marina Silva à condição de candidata oficial do condomínio PSB-Rede, o controle da campanha passará naturalmente para os seus aliados. É Marina, e não qualquer outro político do PSB, que detém hoje uma expectativa de poder altamente avaliada, e por isso os candidatos pelo país afora devem também pressionar a direção nacional para que ela seja a escolhida.

Marina não dará nenhum passo para ser indicada, e terá que ser convidada pela direção nacional dos partidos aliados, na sua maioria já dispostos a apoiá-la. Ela sem dúvida começa a campanha com alto potencial de crescimento, e deverá atrair boa parte dos eleitores que hoje se declaram indecisos, ou dispostos a anular o voto, especialmente os jovens, que já começaram nas redes sociais campanha pela sua candidatura.

Embora se apresente como alternativa ainda mais viável à polarização PT/PSDB, num primeiro momento Marina deve tirar mais votos de Dilma do que de Aécio Neves, mas pode retardar o crescimento dos tucanos. Uma perspectiva radicalmente oposta ao quadro atual, que Eduardo Campos gostava de lançar nas conversas, era a possibilidade de ele ir para o segundo turno contra Aécio Neves, com a presidente Dilma ficando de fora.

Essa hipótese se torna mais possível, embora improvável, com a candidatura de Marina, que acrescenta elementos novos à disputa. A ex-senadora terá, no entanto, mais dificuldades em sua campanha do que teria Eduardo Campos, já que ela não contará com um partido unido a apoiá-la.

O PSB entrará em disputa interna, e também com a Rede, o que é perigoso para uma campanha majoritária. Além do mais, acordos feitos por Eduardo Campos em vários estados poderão reagir a uma candidatura Marina. O PMDB do Mato Grosso do Sul, por exemplo, com a candidatura de Nelsinho Trad, de uma família do agronegócio, já anunciou que reverá a aliança.

Em Pernambuco, o PSDB acha que agora tem espaço para polarizar com a presidente Dilma porque Marina não terá um terço dos votos que Eduardo teria, e um eleitorado de oposição ficará em busca de um candidato. Em São Paulo desaparece a campanha para o PSB, pois Marina foi contra a aliança.

Os apoios estruturais, montados com candidatos a deputados, ela não terá em São Paulo, onde foi muito bem votada em 2010. Pode repetir a boa votação na capital, mas no interior a falta de estrutura a prejudicará. Em Santa Catarina, o grupo político dos Bornhausen, que lançou Paulo Bornhausen ao Senado, não tem ligações com Marina e tende a apoiar o candidato tucano à Presidência.

Em Alagoas, Marina se recusava a subir no palanque do senador Benedito de Lira, do PP, candidato ao governo apoiado por Campos. Em Mato Grosso, o senador Pedro Taques, do PDT, que apoiava Campos, já anunciou que mudará para apoiar a candidatura de Aécio Neves.

Como se vê, são muitas as alternativas abertas com a saída de cena de Eduardo Campos, e é impossível prever o que acontecerá. Quem disser, a esta altura, que sabe o que vai acontecer, estará errando.

Dora Kramer: A sangue quente

- O Estado de S. Paulo

Se ainda não há fatos a comentar, só nos resta raciocinar sobre hipóteses. É assim, meramente hipotético, que se desenha o horizonte eleitoral a partir da morte do candidato do PSB, Eduardo Campos.

No necessário afã de analisar o quadro por ora presumido (inexistente do ponto de vista estrito da realidade), as premissas não necessariamente estão corretas e, portanto, as conclusões de hoje podem ou não se realizar.

De onde convém conferir a elas peso relativo. Rezou o consenso nas análises políticas feitas a sangue quente logo após a confirmação do acidente que a eleição presidencial virou de cabeça para baixo, voltou ao ponto zero, sofreu uma mudança radical e que nada do que aconteceu até agora pode ser considerado.

Houve até quem dissesse que as pesquisas de opinião deveriam ser rasgadas, por inúteis. Um exagero, pois não medem apenas as intenções de votos entre os candidatos. Por outra, registram as respectivas taxas de rejeição, as posições do eleitorado de acordo com as faixas etárias, de renda, escolaridade, distribuição de votos por regiões, dados importantes que não se perdem como referência.

Evidentemente, haverá mudança no cenário. Só não é possível - fora do terreno da especulação - dizer ainda qual a dimensão dela nem em que qual direção será. Nos mais das vezes as variáveis mais lógicas contrariam o resultado esperado. A realidade costuma ser desobediente.

Por exemplo: quando Eduardo Campos e Marina Silva anunciaram a inesperada aliança, em outubro de 2013, a interpretação da maioria dos analistas (entre os quais me incluo) foi a de que haveria um abalo na eleição, que a tradicional polarização entre PT e PSDB estaria definitivamente ameaçada e que aquela união alteraria o quadro de maneira acentuada.

A tragédia do avião que caiu em Santos não permitiu que soubéssemos o restante da história, mas até aqui o roteiro não havia obedecido ao previsto: com a exposição inicial proporcionada pelo lance político, o candidato do PSB chegou a alcançar 15% nas pesquisas, mas depois voltou ao patamar entre 8% e 9%, enquanto foi se confirmando concentração da disputa entre Dilma Rousseff e o tucano Aécio Neves.

Eduardo Campos estava com dificuldade para explicar seu discurso sobre a "nova política", era muito cobrado a respeito das fontes de recursos para executar as propostas que apresentava, carregava a tarefa de aparar arestas em setores refratários à sua vice Marina Silva e, ao mesmo tempo, a missão de seduzir o eleitorado identificado com o simbolismo da antipolítica representado por ela.

E agora? Agora há pouquíssima margem para manobras. A lei eleitoral dá ao PSB dez dias, a contar de ontem (14), para registrar outra candidatura no Tribunal Superior Eleitoral ou abrir mão de disputar a Presidência. O prazo vence no sábado (23).

A direção do partido bem como a candidata a vice até ontem se recusavam a conversar sobre o futuro antes de concluídas as homenagens fúnebres a Eduardo Campos. As lideranças do PSB estavam em São Paulo ocupadas com a liberação dos restos mortais para o velório e enterro, no Recife.

Isso aconteceria no fim de semana ou até depois, pois a viúva de Eduardo Campos, Renata, determinou que o corpo do marido só fosse liberado junto com o das outras seis vítimas. Sobraria muito pouco tempo para uma decisão política. O que encaminha a solução para a saída mais natural, que é o nome de Marina Silva.

Isso por si só zera o jogo? Depende. De vários fatores. Do comportamento do eleitorado que pode não ser o mesmo que deu a ela 20 milhões de votos em 2010; do PSB, cujo controle estava nas mãos de Eduardo Campos; da repercussão no eleitorado do Nordeste; na durabilidade da comoção nacional que lamentavelmente só fez o País despertar para a qualidade de Eduardo Campos após a sua morte.

O PSB fica num dilema: vai com Marina ou racha com ela ou sem ela.

Eliane Cantanhêde: O fator Marina

- Folha de S. Paulo

Clériston Andrade era o favorito ao governo da Bahia, em 1982, quando morreu num acidente de helicóptero às vésperas da eleição. Seu sucessor, João Durval Carneiro, ganhou espetacularmente depois de uma campanha relâmpago empurrada pela comoção e por Antonio Carlos Magalhães, o ACM.

O Brasil não é exatamente a Bahia, 2014 não é 1982, e o líder mais próximo ao que já foi ACM é Luiz Inácio Lula da Silva, que está com Dilma. Mas com Marina Silva não se brinca.

Evangélica, carismática, com uma biografia de romance, Marina acumulou um rico capital de votos em 2010 e teve 27% de intenções de voto no Datafolha de abril, quando nem era candidata. A quanto ela poderá ir nas próximas pesquisas?

Dilma Rousseff e Aécio Neves, tremei. No rastro da comoção nacional pela morte estúpida de Eduardo Campos, apoios da família dele à sua vice serão avassaladores. O irmão, Antônio, já se manifestou publicamente. E quando a mulher, Renata, ladeada pelos cinco filhos, inclusive o bebê Miguel, lançar Marina? E quando a mãe, Ana Arraes, apadrinhar a candidatura aos prantos?

Se Marina tem a força eleitoral, Eduardo Campos é quem tinha o poder político. Cabe agora a ela somar as duas coisas para se tornar uma candidata competitiva. Aliás, para se tornar candidata. Não será fácil.

O PSB, que batia continência a Campos, terá --já tem-- restrições à "agregada". Afinal, Marina nunca escondeu que o PSB era um ritual de passagem até a criação da Rede.

O PSB ligado aos tucanos, liderado por Márcio França, de São Paulo, não tem força para puxar o partido para Aécio. Mas o PSB do agora presidente Roberto Amaral pode muito bem empurrá-lo de volta aos braços de Lula e Dilma.

Resta saber quem, no partido, vai trocar a grande novidade da campanha, com altos índices nas pesquisas, por outra que tem alta rejeição e é alvo de enormes críticas --como foi, inclusive, de Eduardo Campos.

Marcos Nobre: Depois da tragédia

• Marina ruma para mais um casamento de conveniência

Valor Econômico

Amigos e próximos de Eduardo Campos sempre lembram sua impressionante capacidade de imitar políticos conhecidos. É um traço de personalidade que exige talento e paciência para observar. É um talento que só se desenvolve com muito exercício, ao longo de anos e que costuma vir acompanhado de uma capacidade fina para analisar pessoas e cenários políticos. Para o país, a tragédia é saber que produzir um imitador como esse exige gerações. E décadas de determinação e de esforço pessoal.

Não se conhece de Marina nenhum pendor para a imitação. Mas é conhecida sua determinação e capacidade de análise política. Quando, ao longo do governo Lula, era fustigada de todos os lados e acusada de desempenhar papel meramente decorativo, persistiu na missão de levar a problemática ambiental para o centro da agenda. Quando, em 2009, era generalizada a ideia de que sua candidatura à Presidência era uma aventura, a aventureira alcançou nada menos do que 20% dos votos válidos no primeiro turno da eleição de 2010.

O que uniu Eduardo e Marina foi uma análise convergente do quadro político. Essa análise dizia que um acordo tácito entre PT e PSDB servia apenas para manter uma liderança inconteste do PT no condomínio de governo e inviabilizar a entrada de outras candidaturas. O PSDB praticava uma opção passiva, esperando que o acaso da conjuntura lhe jogasse o poder no colo. Estava satisfeito com a contrapartida dada pelo PT de mantê-lo como espantalho eleitoral, sem incomodar na gerência de Estados tão expressivos quanto São Paulo e Minas Gerais.

Esse jogo encenado de situação e oposição só fez reforçar um quadro em que toda aliança fisiológica passou a se justificar internamente em nome da manutenção do PT na liderança do condomínio de governo. E não de todo o PT, mas de certo grupo majoritário dentro do partido que gira em torno de Lula. Mesmo quando perdeu todos os seus quadros mais destacados, no rastro do mensalão, a opção foi por Dilma, que não tinha vida partidária ou qualquer experiência eleitoral. Até aquele momento ainda filiada ao PT, o nome de Marina sequer foi cogitado, por exemplo.

Essa estratégia para se manter como síndico do condomínio de poder tomou contornos ainda mais acentuados com a mudança de tática eleitoral do PT a partir das eleições municipais de 2012. Ficou claro ali que tinha se encerrado a tática histórica de conferir prioridade absoluta à eleição presidencial, deixando ao resto dos condôminos parte substancial do butim nos demais níveis de governo. A partir de 2012, o PT deixou claro que iria investir em duas frentes de maneira mais ou menos equânime: na eleição presidencial e nos maiores colégios estaduais (o que tem como efeito secundário decisivo a eleição de uma maior bancada no Congresso).

Foi nesse momento que Eduardo percebeu que até mesmo seu espaço de aliado histórico do PT estava ameaçado. Era necessário partir para uma posição ofensiva. A partir daquele momento, apenas defender o espaço conquistado tinha se tornado arriscado demais, uma atitude derrotista. Um sinal dessa incapacidade do PT de construir verdadeiras coalizões políticas, mesmo entre aliados históricos, já tinha lhe aparecido em 2006, quando da duríssima oposição do partido líder do condomínio à sua candidatura ao governo de Pernambuco.

A aliança de Eduardo e Marina não se parecia em nada com tentativas anteriores de romper o bloqueio PT-PSDB, como as apostas freelancer de um Ciro Gomes ou de um Anthony Garotinho. A consistência das carreiras políticas e dos personagens, a consistência da estranha aliança tática que fizeram apontava para uma novidade de grande importância no cenário. O que aproximou Eduardo e Marina foi a condição de excluídos pelo jogo combinado PT-PSDB, unindo dois modos de atuação e dois conjuntos de objetivos políticos muito distintos. Marina em sua tática de outsider, Eduardo Campos em sua habilidade de operar no interior do sistema político.

Para se ter uma ideia da habilidade de Eduardo, basta pensar em como uniu seu partido em torno do que pareceria o mais arriscado dos passos para um sócio minoritário do condomínio de governo, lançar uma candidatura independente. Eduardo estimulou alianças sólidas e duradouras do PSB com o PSDB, especialmente nos Estados mais importantes comandados pelos tucanos. Com isso, produziu uma divisão no interior do partido entre quem se inclinava por manter a aliança com o PT e quem pretendia migrar para a candidatura do PSDB. Foi assim que a candidatura própria surgiu como única forma de conciliar o partido, foi assim que ele mesmo se consolidou como candidato a presidente.

Isso significa que só Eduardo representava a união entre essas forças divergentes dentro do partido, o que quer dizer que a guerra pelo poder dentro do PSB já está declarada. Mas, dada a correlação de forças, um racha pode facilmente se tornar suicídio político, caso um lado tente se impor sobre o outro neste momento. Também por isso, Marina aparece como a única solução no momento. Se Marina for confirmada como candidata à Presidência, vai acontecer com o PSB o que já acontece com todos os partidos que não o líder do condomínio no poder: a candidatura presidencial fica com o tempo de TV e cada qual vai apoiar quem bem entender.

Sendo confirmada candidata, Marina está, do ponto de vista político, na situação em que joga mais à vontade: como outsider. Vai estabelecer uma relação com o PSB semelhante à que estabeleceu com o PV em 2010, de pura conveniência. Pertence a Maria Cristina Fernandes, em seu livro eletrônico "Os Candidatos" (Companhia das Letras, 2014) a observação arguta: mesmo sendo o grande imitador que era, não há registro de que Eduardo tenha alguma vez imitado Marina. Excede agora em importância o registro de que Marina não ter qualquer inclinação ou intenção de imitar quem quer que seja.

Marcos Nobre é professor de filosofia política da Unicamp, pesquisador do Cebrap

Fernando Gabeira: Palácio do Planalto, Brasília

- O Estado de S. Paulo

Internet é isto mesmo: um território livre onde se trocam informações, críticas e insultos. É raro uma pessoa pública nela encontrar apenas elogios. E raro um texto sobre ela que não desperte comentários sacanas. Wikipédias, desciclopédias, com informações truncadas, dizem o que querem e, se as pessoas acreditassem firmemente no que leem na rede, ficariam paralisadas caso encontrassem um personagem dos verbetes, o médico e monstro. Suas reações seriam como as de Alec Guines no Dr. Strangelove, de Stanley Kubrick: os gestos desmentiriam as palavras, o abraço se transfiguraria num soco, e vice-versa.

Num prefácio para o livro do treinador Rômulo Noronha sugeri a natação como uma das táticas para enfrentar comentários negativos. Você os lê, mergulha e, nos primeiros cem metros, começa a achar que não foram tão graves assim. Nos 400 metros, já admite que talvez possam ajudar você de alguma forma, na autocompreensão ou na aceitação do mundo.

Algo muito grave acontece quando os ataques nascem num computador do Palácio do Planalto, sede do governo federal. É o caso das inserções feitas na biografia dos jornalistas Carlos Sardenberg e Miriam Leitão.

Como sempre, o governo reagiu, a princípio, dizendo que era difícil rastrear a origem das notas, os dados foram desmanchados - a mesma tática usada para as gravações das câmeras naquele problema de Dilma Rousseff com uma diretora da Receita Federal. A segunda explicação também é clássica: o Wi-Fi do Planalto é usado por visitantes, pode ter sido alguém de fora - de preferência, da oposição.

Às vezes paro para pensar: por que o PT faz tanto mal a si próprio? Deixo o campo estritamente moral para raciocinar apenas de uma forma política. O caso do Santander é típico: uma nota realista sobre o comportamento do mercado provocou uma grande reação, sua autora foi demitida e o banco, forçado a se derreter em desculpas.

O mercado deve ser livre para fazer suas previsões. E arcar com as consequências. O mercado tinha uma visão negativa no primeiro mandato de Lula. E errou, pois o País iniciou um processo de crescimento.

A pressão contra o Santander, além de sugerir censura, amplificou a análise do banco, que em outras circunstâncias ficaria restrita aos clientes especiais. Assim mesmo, aos que se orientam politicamente por cartas bancárias. O governo conseguiu transformar uma simples análise num debate nacional, o que era um consenso entre analistas de mercado se tornou uma consistente crítica à política econômica de Dilma.

A julgar pelo digitador do Palácio do Planalto, as coisas estão pegando aí, na política econômica: os dois jornalistas atingidos são críticos das medidas do governo com base nas evidências.

No universo político, a artilharia sempre foi comandada pelos blogueiros mantidos por empresas do Estado. Eles cuidam de nos combater com dinheiro público e racionalizam essa anomalia com a tese de que uma verba muito maior é usada pelos meios de comunicação que criticam o governo.
Os intelectuais dissidentes em Cuba dão de barato que o governo os vigia, os boicota e promove campanhas para assassinar sua reputação. Mas é uma ditadura.

Num país democrático, essas práticas, além de condenáveis, não são eficazes. Todo este universo de rancor acaba se voltando contra os agressores, que, como dizem os orientais, sempre se desequilibram no ataque. Os nove jornalistas atacados, nominalmente, por um dirigente do PT tiveram a solidariedade internacional, uma nota de apoio da organização Repórteres sem Fronteiras.

O PT sabe que existe um nível de rejeição ao partido nas grandes cidades - em Vitória os petistas já não usam estrelas e bandeiras vermelhas, talvez nem barba. O que parece não perceber é como seus movimentos autoritários aumentam a rejeição. É como se um partido abrisse mão de seduzir e se focasse apenas em intimidar.

Esse é um jogo muito perigoso. Em primeiro lugar, porque há muitos homens e mulheres que não se intimidam. Em segundo, porque envenena uma atmosfera que já é medíocre com atos de campanha sem graça, muitos bebês no colo, Dilma comendo cachorro-quente. Come cachorro-quente, pequena. Olha que não há mais metafísica no mundo, senão cachorro-quente.

O PT conseguiu construir uma linguagem própria. O verbete aloprado é um descoberta para se distanciar de seus combatentes da guerra suja. Digo com conhecimento de causa. Depois das eleições de 2006, interroguei todos os chamados aloprados. Era estranho que aloprados tivessem coletado mais de R$ 1 milhão. Mais estranha, ao longo dos interrogatórios, a recusa em responder, a frieza matemática em usar os mecanismos legais em sua defesa. Aloprados?

Se um dia aparecer o aloprado do computador do Planalto, observem como se esquiva, como é difícil achar nele algum traço que o defina como aloprado, como resiste às provocações. Ele é resultado de uma cultura que domina a política brasileira desde 1992. A constante tentativa de liquidar o outro é uma arma típica de ditaduras. Infelizmente, para uma grande parte da esquerda, a democracia ainda não é um valor estratégico.

Não sei qual será o resultado das eleições. Mas acho que o PT faz tudo para merecer uma derrota, algo que lhe dê pelo menos a chance de refletir sobre o período sombrio que acabou instalando no Brasil.

Uma força verdadeiramente democrática, à esquerda, seria boa para o futuro.
Será que é preciso que Cuba desmorone, que a Venezuela fracasse mais claramente, para que os petistas se convençam de que esse não é o caminho?

Sei que assim procedendo me exponho ao Twitter de todos vocês. Mas é preciso combater essa cultura de ressentimento e mediocridade que leva um digitador do Palácio do Planalto a dedicar sua tarde ao ataque a jornalistas na Wikipédia.

Não é um aloprado, mas um caso extremo e talvez cristalino: revela, em toda a sua profundeza, o abismo em que nos lançaram.

*Jornalista

Míriam Leitão: Era da incerteza

- O Globo

O Brasil vive um momento de profunda incerteza, como naqueles dias nublados em que não se vê muita coisa ao olhar para o horizonte. Na economia, há dúvidas em muitas áreas ao mesmo tempo e isso reduz o ímpeto para os investimentos produtivos e faz oscilar a bolsa ao sabor da notícia de cada dia. A política vive, a 50 dias das eleições, um ambiente de comoção e mudança.

Um cenário assim piora ainda mais a economia. Os indicadores não estão bons há algum tempo. De vez em quando sai uma taxa positiva, mas não chega a afastar o quadro mostrado pelo conjunto dos outros índices. Os números de cada dia desenham o movimento de pequenas altas, e sucessivas quedas, que vão confirmando a conjuntura em desaceleração forte. Um ano em que os empresários pisaram no freio, em que a indústria encolheu, as vendas diminuíram e as perspectivas pioraram.

Nem mesmo um ano ruim seria anormal na economia, já que há ciclos, fases, e freio de arrumação. O que é de fato preocupante é que o Brasil vem crescendo pouco há anos e o ritmo diminuirá ainda mais em 2014 porque os investidores estão com temores sobre o futuro.

Há perguntas demais para respostas pouco sólidas. Os dois candidatos à frente nas pesquisas precisam explicar melhor como pretendem enfrentar e superar os vários obstáculos que estão impedindo o Brasil de crescer. A dúvida maior recai sobre a presidente Dilma, porque ela tem o mais elevado percentual de intenção de votos, é a governante que tomou decisões que levaram a vários problemas e não tem demonstrado qualquer interesse de falar sobre a superação das dificuldades para a economia brasileira.

Dilma prefere repetir frases fabricadas pelo seu marketing que não guardam relação com a realidade, como a de que Fernando Henrique teria deixado o país numa situação equivalente à que a Argentina está agora. Qualquer pessoa que acompanha o assunto conhece os fatos e despreza essas frases de efeito. Entre investidores, isso pega mal porque se vê a governante fugindo das explicações que precisa dar sobre seu projeto para ajustar o que tem que ser corrigido de imediato na economia e no setor energético.

A incerteza alimenta o pessimismo e até o exagera às vezes. O dado da Pesquisa de Clima Econômico da FGV mostrou que o grau de confiança está no pior nível desde o Plano Collor. A pesquisa é feita com metodologia alemã desde 1989. Evidentemente que não há nada parecido agora com aquele momento, janeiro de 1991, quando o país vivia uma recessão, com o dinheiro confiscado, mas essa é a percepção dos economistas pesquisados. É preciso mudar isso.

O ambiente econômico pode se alterar com um choque de confiança, mas ele terá que vir da política, que neste momento vive o período de luto e dúvida que se segue ao trauma provocado pela morte de Eduardo Campos. Ainda que fosse o terceiro na disputa, Campos tinha grandes chances de ser um líder importante em qualquer cenário, ou consolidando uma terceira via, ou empurrando os outros candidatos a assumirem posições mais objetivas em relação aos dilemas econômicos e ambientais. Campos não teria muito tempo no horário de televisão, mas já vinha rodando pelo setor privado, explicando suas ideias. O candidato Aécio Neves tem também feito esse esforço. Já a presidente Dilma tem mais dificuldades de dizer como superará os problemas da economia, porque teria que, em primeiro lugar, reconhecê-los.

A retirada súbita de Eduardo Campos do cenário político nacional torna inevitável o reconhecimento de como a República brasileira tem sido marcada pelo trágico e o inesperado. Um longo governo oligárquico, duas ditaduras, um suicídio, uma renúncia, um impeachment, a morte de Tancredo no momento da posse e perdas de lideranças com futuro promissor vão deixando suas cicatrizes na República brasileira.

O futuro será delineado nos próximos dias quando saírem as primeiras pesquisas de intenção de voto neste novo tabuleiro eleitoral que surge após a queda do avião em Santos. Antes, será preciso a coalizão PSB-Rede anunciar o que vai fazer diante da fatalidade. Por enquanto, há muitas vozes e pouco consenso.

Claudia Safatle: Os mercados não temem Marina

• Planalto avalia que candidata levará eleição ao 2º turno

- Valor Econômico

O mercado não teme a eleição de Marina Silva, se ela for confirmada como a candidata do PSB à Presidência em substituição a Eduardo Campos, morto em um trágico acidente aéreo na quarta feira. A preferência é, de longe, por Aécio Neves, candidato do PSDB. Mas se Marina for a vitoriosa, "menos mal", comentou um gestor de investimentos que passou pelo governo do PT. "Ela é percebida como alguém que evoluiu muito e se mostra pragmática", completou.

"Com Aécio eleito, a Bolsa de Valores subiria para mais de 70 mil pontos. Se a vitória for da presidente Dilma Rousseff, ela cai para a casa dos 40 mil pontos. Caso Marina vença o pleito, a Bovespa permanecerá no patamar atual, entre 50 mil e 55 mil pontos, até se ver os primeiros passos de seu governo", arriscou um outro participante do mercado, ao tentar medir o peso de cada candidatura para o mercado de ações.

Marina cercou-se de economistas respeitados no meio financeiro e assumiu um discurso "correto", em favor da estabilidade, dizem. Defendeu o retorno da política econômica ao tripé que a sustentava até meados do segundo mandato de Lula e que, negligenciada de 2010 para cá, permitiu o aumento da inflação para o teto da meta.

"Reafirmamos o compromisso de manter o superávit primário, o câmbio flutuante, a meta da inflação e a autonomia do Banco Central", declarou a ex-senadora e ex-ministra do Meio Ambiente, tão logo migrou para o PSB de Eduardo Campos, no ano passado, depois de tentar criar seu próprio partido (Rede Sustentabilidade). Na ocasião, ponderou que a autonomia do BC não seria institucionalizada.

Em entrevista no início de agosto, porém, Marina já estava com uma visão distinta: "Nossa posição unânime é de que o BC tem de ter autonomia, porque sem ela não há como dar conta daquilo que queremos recuperar que são os instrumentos da política econômica. O Eduardo (Campos) sempre tem defendido a autonomia na prática e o sinal do ponto de vista político que viria com a sua institucionalização", afirmou.

Um de seus principais assessores, Eduardo Giannetti, advogou a candidatura de Marina como "solução natural" e, novamente, tranquilizou os mercados ao dizer que "na área econômica, o PSB é igual ao PSDB", segundo reproduziu uma outra fonte da área financeira.

Se um governo Marina não assusta os mercados, também não os empolga. E há preocupação em relação às relações da ex-senadora com as lideranças do PSB e com o Congresso.

A morte de Eduardo Camposo caiu como um terremoto no núcleo das campanhas dos três principais candidatos à sucessão presidencial. Ontem, economistas de grandes instituições financeiras tentavam debulhar os números das eleições de 2010 para verificar com o máximo de precisão possível o tamanho do capital político de Marina Silva.

Removendo o que teria sido voto de protesto que migrou para o PT no segundo turno, a ex-senadora ficaria com menos de 16%. Com 19,33% dos votos válidos no primeiro turno, Marina levou a eleição de 2010 para o segundo turno.

No governo, a avaliação é que a eleição, com Marina, irá para o segundo turno e a ex-senadora entra na disputa com uma forte base eleitoral e com uma presença e linguagem que a diferencia do PT e do PSDB e a colocam como a terceira via de fato. "Marina é a expressão da revolta de junho de 2013", comentou uma fonte do Palácio do Planalto.

Hoje, com a divulgação do IBC-BR de junho, o índice de atividade do Banco Central, ficará mais clara a real situação da economia e se a campanha de Dilma pela reeleição será embalada por uma recessão.

Em maio o IBC-BR registrou retração de 0,18%.

Os dados do varejo, anunciados ontem, foram muito ruins. Houve, no segundo trimestre, uma queda de 3,06% das vendas em volume do varejo ampliado, que inclui veículos, comparado ao primeiro trimestre. Esse resultado e a contração de 1,95% da produção industrial são dois bons termômetros que vão definir o nível da atividade econômica no período.

Todas as informações até agora disponíveis convergem para um PIB negativo no segundo trimestre que pode ter uma contração de 0,5%, reduzir a performance do primeiro trimestre e configurar um quadro efetivo de recessão. Isso será divulgado pelo IBGE no fim do mês, a cinco semanas das eleições.

Como está claro nas análises dos economistas do Banco Central, o período de crescimento baixo com desemprego também baixo chega ao fim. Algum desemprego deverá começar a aparecer provavelmente após as eleições, e ele será tão menor quanto maior for a confiança de empresários e consumidores. O país está a espera de "um choque de confiança", que pode ou não vir das eleições.

As indicações de que Lula vai ter maior presença no suposto segundo mandato de Dilma poderiam até ser um elemento de melhora dos índices de confiança. A declaração do presidente do PT, Rui Falcão, que em entrevista ao Valor disse que Lula terá protagonismo maior em um novo governo Dilma, porém, foi interpretada como mera tentativa de acalmar os mercados.

O Palácio do Planalto vê Marina como uma forte candidata ao título. Já era antes de ter seu projeto de partido barrado na Justiça eleitoral. É é muito mais agora, diante da comoção causada pela morte de Eduardo Campos, dizem assessores oficiais.

"Não se trata apenas de Marina, mas de alguém que tem uma história lendária. Que tentou criar um partido e foi barrada, renunciou a sua candidatura e aceitou ser vice de Eduardo Campos, que entraria no avião que caiu, mas na última hora desistiu e que, agora, deverá ser 'ungida' candidata", discorreu um assessor de Dilma.

A favor da presidente Dilma há a expectativa de que Aécio e Marina façam uma campanha polarizada na disputa pelo segundo lugar, de tal sorte que ficará muito difícil um apoiar o outro no segundo turno.

Rogério Furquim Werneck: A reeleição e a Petrobras

• A presidente Dilma Rousseff agora acha que empresa deve ser preservada da campanha eleitoral

- O Globo

Voltas que o mundo dá. A presidente Dilma agora acha que a Petrobras deve ser preservada da campanha eleitoral. "Se tem uma coisa que tem que se preservar, porque tem que ter sentido de Estado, sentido de nação e sentido de país, é não misturar eleição com a maior empresa de petróleo do país. Não é correto, não mostra qualquer maturidade."

Quem agora diz isso é a mesma candidata que, a partir de 2009, transformou a partidarização do papel da Petrobras no pré-sal em plataforma de lançamento de sua candidatura à Presidência. É difícil que alguém já tenha se esquecido da sua campanha eleitoral em 2010, saturada por cenas em que a candidata aparecia, em sondas, plataformas e navios, com mãos lambuzadas de petróleo, envergando indefectíveis capacetes e macacões da Petrobras.

O problema é que, desde então, a Petrobras converteu-se em inesgotável poço de temas espinhosos, que a presidente preferiria não ter de tratar na campanha da reeleição. O Planalto tem boas razões para estar preocupado. O potencial de desgaste político é, de fato, grande.

Para começar, é preciso ter em mente que, por impressionantes que sejam, as perdas decorrentes das trapalhadas de Pasadena são incomparavelmente menores que as envolvidas no faraônico projeto da Refinaria Abreu e Lima, imposto pelo Planalto à Petrobras. E, como já tive oportunidade de destacar em artigo publicado neste mesmo espaço, em 4 de julho, sob o título "Desperdício em grande escala", Dilma Rousseff é a figura chave para esclarecer como essa imposição de fato se deu, pois ocupava posições centrais em cada um dos principais elos da cadeia de comando com que o Planalto controlava os investimentos da Petrobras. Era, ao mesmo tempo, ministra-chefe da Casa Civil da Presidência, coordenadora do PAC e presidente do Conselho de Administração da Petrobras.

Mas as dificuldades com as duas refinarias são apenas parte dos espinhosos problemas que vêm aflorando na empresa. O irresponsável represamento de preços de combustíveis vem não só impondo grande desgaste ao governo, como exigindo dotes de malabarista para tentar manter um discurso que faça sentido sobre a questão. A rápida deterioração das contas da Petrobras, na esteira da "queima de caixa" decorrente desse represamento, vem reforçando expectativas de que o governo não terá como deixar de aumentar preços de combustíveis logo após as eleições. Mas, empenhado em vender a ideia de que a inflação voltará a ficar abaixo do teto de tolerância da meta no fim do ano, o governo não quer dar alento a expectativas de um "tarifaço" pós-eleitoral. É o que explica as manifestações desencontradas sobre correção de preços dos combustíveis que vêm sendo feitas pelo governo e pela Petrobras.

Em entrevista ao "Valor" De 11 de agosto, Rui Falcão, presidente do PT, preocupado com a questão, apresenta a melhor racionalização que conseguiu articular para a política de represamento de preços de gasolina: "...Você tinha que fazer uma escolha entre remuneração de acionistas e o poder aquisitivo da população. E a Petrobras, além de ter acionistas, é um patrimônio do povo brasileiro."

A racionalização revela visão confusa e deturpada do problema. O povo brasileiro, através do Tesouro, é o acionista controlador da Petrobras. Manter preços de gasolina irrealistas é uma política pervertida que subsidia proprietários de automóveis à custa do povo brasileiro. O governo só teve de apelar para esse represamento populista de preços porque não soube conduzir a política macroeconômica. Agora, só lhe resta tentar evitar na marra que a inflação fique ainda mais alta do que já está.

Sobram razões para o Brasil lamentar o desaparecimento prematuro de Eduardo Campos, um dos políticos mais talentosos e promissores de que o País dispunha. Como bem mostrou sua entrevista ao "Jornal Nacional", na véspera do acidente que lhe foi fatal, o candidato do PSB à presidência tinha visão extremamente lúcida da urgência de se dar encaminhamento mais consequente às grandes questões que hoje afligem o país.

Rogério Furquim Werneck é economista e professor da PUC- Rio

Eduardo Giannetti: Eduardo Campos

- Folha de S. Paulo

O Brasil está de luto. Liderança não se improvisa: é obra do preparo e da dedicação infatigável, mas é também dom da natureza --atributo de pessoas que parecem nascidas e talhadas a exercê-la. A morte medonha de Eduardo Campos priva nossa vida pública de uma excepcional vocação de liderança. A perda se fará sentir por muitas gerações de brasileiros. O vazio é imenso.

Conheci Eduardo Campos há pouco menos de um ano. O contato veio por intermédio de Marina Silva, com quem trabalhei na campanha de 2010 e de quem aceitei o desafio de colaborar na elaboração do programa da Rede Sustentabilidade para as eleições deste ano.

Confesso que o gesto ousado de Marina ao surpreender a todos e aliar-se a Eduardo Campos após a interdição da Rede deixou-me de início hesitante. Tinha dúvidas sobre a natureza da aliança e sobre o real compromisso de Eduardo com os valores e propostas centrais do nosso programa. Preferi observar à distância e procurei me inteirar da situação antes de qualquer decisão.

A habilidade e o magnetismo pessoal de Eduardo me causaram forte impressão desde a primeira vez que presenciei (anonimamente) uma palestra sua em São Paulo. Constatei o seu efeito em mim e na expressão dos que me rodeavam na plateia. Logo me dei conta de que estava diante de um talento persuasivo de rara qualidade na nossa cena política. Senti vontade de conhecê-lo.

A aproximação ocorreu de forma paulatina. À medida que se estreitava o convívio, em reuniões de trabalho, conversas esporádicas e participações conjuntas em eventos, passei a admirar sua inteligência, disposição ao diálogo e capacidade de trabalho. Aos poucos se me foi revelando a generosa pessoa humana --lúcida, delicada e serena-- que lastreava sua atuação como homem público.

As dúvidas se dissiparam e firmou-se em mim a convicção de que a aliança Eduardo-Marina exprimia um fato genuinamente novo em nossa combalida democracia --uma coalizão alicerçada em princípios compartilhados e apta a promover corajosa depuração de nossas práticas políticas. Juntei-me ao time.

A irrupção do absurdo em nossas vidas abre uma fenda que nada sacia. Como dar conta da morte brutal de um jovem pai amoroso e amigo leal? Como explicar a perda de um líder na plenitude do vigor e talento? Onde o sentido?

Frágil e efêmera criatura, o ser humano sucumbe ante o mistério que o exaspera. Mas se o mundo em que nos foi dado existir é opaco e refratário à nossa fome de sentido, só um caminho nos resta: lutar no limite de nossas forças para que ele adquira sentido.

Que o exemplo de luta, doação e amor ao Brasil de Eduardo Campos nos dê força de seguir adiante e ilumine os nossos passos.

Diário do Poder – Cláudio Humberto

- Jornal do Commercio (PE)

• Vice do PSB é o principal obstáculo de Marina
Com a trágica morte de Eduardo Campos, o vice-presidente que gosta de se posicionar como “esquerda do PSB”, tornou-se o principal empecilho à candidatura de Marina Silva à presidência. Ele agora assume o comando do partido. Considerado um “tiranossauro da velha esquerda brasileira”, ele foi contra o rompimento com o governo PT para lançar candidatura própria. Foi contra até à aliança com Marina.

• Missão impossível
Aliados cogitam Roberto Amaral para vice, numa tentativa de tentar a concordância dele para lançar Marina à Presidência pelo PSB.

• Fim do 2º turno
Líderes tucanos temem que Roberto Amaral submeta a Dilma e a Lula, a quem é ligado, o caminho que o PSB deve seguir.

• Outros cotados
O PPS defende Roberto Freire para vice de Marina. No PSB, há quem prefira outro pernambucano, Maurício Rands, muito ligado a Campos.

• Renata é opção
Marqueteiros do PSB sugerem Renata Campos, mulher de Eduardo, para vice de Marina. As duas se tornaram bem próximas na campanha.

• Doações de empresas suspeitas implicam petista
Fiscal implacável das doações de campanha até para correligionários, o deputado Henrique Fontana (RS), ex-líder do PT na Câmara, está enrolado na revelação de documentos apreendidos por investigadores que o relaciona entre sete deputados que pediram doações a empresas suspeitas de ligação ao cartel dos trens. O documento foi entregue pelo Conselho de Defesa Econômica (Cade) a autoridades federais.

• Empenho
Fontana chegou a dizer que não pediu nem recebeu doações dessas empresas, mas admite empenho pela “expansão do modo ferroviário”.

• Me dá um dinheiro aí…
Além de Fontana, fazem parte da lista de deputados apontados como pedintes Carlos Zaratini e Jilmar Tatto, ambos do PT de São Paulo.

• Outros pedintes
Também estão na lista Jaime Martins (MG) e Milton Monti (SP), do PR, Leonardo Quintão (PMDB-MG) e Vanderlei Macris (PSDB-SP).

• Alavanca
Lideranças de Pernambuco não falam publicamente, mas em particular dizem que a comoção pela morte de Eduardo Campos deve alavancar a candidatura de Paulo Câmara (PSB) para governador.

• Fraquinho
Membros do Conselho de Ética consideraram “fraco” o relatório de Júlio Delgado (PSB-MG) pedindo a cassação de André Vargas, que foi mais centrado no jatinho do doleiro do que no casos de tráfico de influência.

• CNC cochilando
Dorme no ponto o presidente da Confederação Nacional do Comércio, Antônio de Oliveira Santos, que há 34 anos se agarra como carrapato ao cargo: até agora os candidatos a presidente não conhecem as demandas do setor que gera mais de 40 milhões de empregos no País.

• Ato ecumênico
O senador João Capiberibe (PSB-AP) organizou ontem à noite um ato ecumênico em memória de Eduardo Campos, em Macapá. A expectativa inicial do partido era reunir 20 mil pessoas.

• Bronca coletiva
Aline Peixoto, mulher de Rui Costa, candidato do PT ao governo, rodou a baiana em Jequié (BA), onde não encontrou material de campanha do marido no comitê de Euclides Fernandes (PDT) e Antônio Brito (PP).

• Trauma
Candidato ao Senado, Paulo Bornhausen (PSB-SC) ficou abalado com a tragédia que matou Campos: “Me veio à memória o acidente aéreo do Júlio Redecker. Acompanhei a busca pelos corpos, foi um horror”.

• Justiça lenta?
Advogados têm reclamado do sistema de acesso processual, no Superior Tribunal de Justiça. Eles demoram mais de quinze minutos para ter acesso. O sistema está sempre muito lento.

• Dinheiro é vendaval
A mulher do governador capixaba Renato Casagrande (PSB) gastou só R$ 282 em viagem a São Paulo, em 2013. Mas a do antecessor Paulo Hartung pegou pesado com o erário, entre 2007 e 2010: R$ 83,7 mil.

• Boa notícia
Em meio à consternação pelo falecimento de Eduardo Campos, uma notícia positiva: o possível adiamento da propaganda eleitoral gratuita.

Brasília-DF :: Denise Rothenburg

- Correio Braziliense

Um partido dividido
O PSB só tomará qualquer decisão em relação ao futuro depois do funeral de Eduardo Campos e do dos demais passageiros e tripulantes do avião que caiu em Santos. Mas integrantes do partido que conseguem enxergar alguma coisa além das lágrimas e dos olhos inchados pela dor da perda citam que, independentemente dos desdobramentos, vislumbram um rio largo sujeito a pequenos braços fora do leito principal. O leito principal, que toma conta das declarações de integrantes do partido, é a candidatura de Marina Silva à Presidência da República. Como bifurcações, podemos considerar uma ala mais próxima dos tucanos, pró-Aécio Neves; e outra que reúne históricos dispostos à reaproximação com o PT.
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Caberá a Marina Silva tentar evitar esse esfacelamento. Sua liderança política nunca foi tão testada como agora. E ela tem ao seu lado o discurso do próprio Eduardo, que passou os últimos dias de vida criticando o atual modelo do governo Dilma. Diante disso, por mais que os petistas prestem homenagens a Eduardo, a Pedrinho Valadares e os familiares de todas as vítimas, não há força capaz de garantir um retorno ao leito petista.

Quem manda
O presidente Nacional do PSB, Roberto Amaral, que procura se manter forte diante de toda essa tragédia, chegou ao limite. A nota divulgada ontem por ele foi justamente para tentar estancar qualquer movimento precipitado no rumo eleitoral dos socialistas. A Rede Sustentabilidade foi na mesma direção. A hora é de luto. Não de luta.

Apostas políticas
Quem entende do traçado acredita que as próximas pesquisas apontarão a ex-senadora Marina Silva encostada em Aécio Neves (PSDB) nas pesquisas de intenção de voto. Uma das primeiras a sair do forno será a do Datafolha, registrada na noite de quarta-feira. Como o partido tem dez dias para escolher seu candidato, o instituto decidiu se antecipar ao PSB.
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"Das frases de Eduardo (Campos), fico com a aquela em que ele afirma que este país será diferente no dia em que o pobre estudar no mesmo colégio dos ricos"
Do senador Cristovam Buarque (PDT-DF), que chegou a ser cogitado como candidato a vice na chapa
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Consultar para planejar
O senador Cristovam Buarque enviou uma carta a todos os que saíram do PT para que eles listassem os motivos e vislumbrassem o futuro. Um dos poucos que se disse indisposto a ingressar em qualquer novo movimento político foi Wladimir Palmeira, ex-deputado federal pelo Rio de Janeiro. Sinal de quem vê algo novo por aí, fora da polarização PT-PSDB. E não será para esta eleição.

Projetos no ar.../ O ex-diretor-geral da Superintendência de Desenvolvimento do Centro-Oeste (Sudeco) Marcelo Dourado (foto) planejava selar com o candidato do PSB o compromisso de retomada do projeto de ferrovias com a construção de uma fábrica de trilhos no Brasil. "Somos o maior produtor de minério de ferro do mundo e desde a década de 1930 não produzimos mais trilhos. A pedrinha de minério de ferro que eu pretendia dar de presente a ele agora ficou sem dono", diz Marcelo.

...Mas nem tanto/ Num programa de tevê, o mesmo Marcelo Dourado, um dos nomes do PSB de Brasília, citou ontem Marina Silva como a candidata natural.

Marconi na lida/ Depois de cancelar sua agenda no Entorno do Distrito Federal na tarde de quarta-feira por conta da trágica morte de Eduardo Campos, o governador-candidato de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), passou por Brasília, para visitar correligionários. A todos com que conversou, apostou na vitória de Vilmar Rocha para o Senado contra o deputado Ronaldo Caiado (DEM-GO).

Mulher de fibra/ Aqueles que estiveram com Renata Campos ontem saíram impressionados com a força da ex-primeira-dama de Pernambuco nesse momento tão difícil.

Homenagens/ Em Brasília, está marcada para terça-feira uma missa de 7º Dia pela morte de Eduardo Campos, Pedro Valadares, Carlos Percol, Marcelo Lyra, Alexandre Severo e os pilotos Marcos Martins e Geraldo Cunha, na Catedral, às 12h15.

Painel :: Bernardo Mello Franco

- Folha de S. Paulo

As condições de Marina
O grupo de Marina Silva afirma que ela apresentará condições para não assumir "às escuras" a candidatura do PSB. A negociação passará pela escolha de um vice "confiável" para seu núcleo político. "Precisamos de garantias de que os compromissos serão mantidos e precisamos saber quem o PSB vai oferecer para simbolizar esses compromissos", diz um aliado que conversou com ela nos últimos dois dias. Os preferidos são Júlio Delgado, Maurício Rands e Beto Albuquerque.

Moderador Para os marineiros, o novo vice precisaria preencher três requisitos: lealdade a Eduardo Campos, confiança da ex-senadora e capacidade de unir a "ala petista" e a "ala tucana" do PSB.

Compromissos Outro aliado diz que Marina "não será candidata apenas da Rede". "Há pontos do ideário dela que não estão no programa de Eduardo e isso continuará assim. Ela não fará novas exigências, mas também não cederá completamente".

Relógio A cúpula do PSB pré-agendou a primeira reunião formal sobre a nova chapa para o dia seguinte ao sepultamento de Campos. A previsão é que o debate ocorra segunda-feira no Recife.

Bússola Com isso, a mudança da chapa só será discutida oficialmente após a divulgação do novo Datafolha.

Carteira Alguns doadores de campanha já enviaram recados de que ajudariam Marina para assegurar que haverá segundo turno.

Verde Um amigo lembra que a ex-senadora também sofreu forte baque quando Chico Mendes morreu, em 1988, mas resistiu. "A Marina é feito bambu: o vento verga, mas não quebra", diz.

Último desejo Renata Campos, viúva de Eduardo, manifestou a esperança de que as buscas no local da tragédia não sejam encerradas até que os bombeiros localizem a aliança do marido.

Silêncio Próximo ao PT e a Lula, o presidente em exercício do PSB, Roberto Amaral, não falou ontem com Marina.

Rei posto Pessoas ligadas a Campos manifestaram desconforto com as duas notas que Amaral assinou como presidente nacional do PSB. Ele ocupava o cargo de vice e dispensou a expressão "interino" ou "em exercício".

Sozinho Amaral andava isolado na cúpula do PSB. Contrário ao lançamento da candidatura própria e à aliança com Marina, tinha se distanciado da campanha.

Prazos O mandato da atual executiva do PSB termina em dezembro, quando estava prevista nova eleição. No entanto, a sigla se antecipou e aprovou em junho a recondução dos dirigentes.

Dúvidas Em tese, isso significa que Amaral, reeleito para a primeira vice-presidência, pode herdar o comando do partido até o fim de 2017. Mas pode haver pressões por uma nova eleição.

Choque Um banco de investimentos encomendou pesquisa telefônica para medir a intenção de voto em Marina na quarta-feira, dia do acidente. A enquete foi cancelada porque muitos eleitores se recusaram a responder.

Rebanho Com Marina no páreo, o PT acredita que o apelo do nanico Pastor Everaldo (PSC) com os evangélicos tende a desaparecer.

Nas ruas Apesar de Dilma Rousseff ter suspendido a campanha por três dias, bandeiras com seu nome eram vistas ontem em São Paulo.

Após o luto A TV Globo avisou aos principais candidatos ao governo paulista que voltará hoje a cobrir a disputa no "SP TV".
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Tiroteio
"A aliança tem de manter o ideal de ser uma alternativa ao projeto petista que aí está. Do contrário, corre o risco de se esfarelar."
DO DEPUTADO ROBERTO FREIRE (PPS-SP), presidente nacional da sigla, sobre os rumos da coligação presidencial que era liderada por Eduardo Campos.
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Contraponto
Um bombeiro no Planalto

Eduardo Campos costumava contar uma história para mostrar a diferença de temperamento entre ele e Dilma Rousseff. Relatava que, durante uma reunião, um ministro entrou na sala e foi duramente repreendido por ela.

--Posso falar? --questionou Campos, quando o auxiliar saiu-- Na minha terra, homem abre a porta do carro e não leva desaforo para casa. O que a sra. fez não se faz.

--O que sugere? --perguntou a presidente.

--Acho que a sra. tem que pedir desculpas.

A dupla foi até a outra sala. Dilma encontrou o ministro cabisbaixo. Deu um abraço e um beijo em sua cabeça.

Panorama Político :: Ilimar Franco

- O Globo

O PSB e o PPS vão de Marina
O martelo já foi batido. Mas, antes do anúncio, os socialistas querem que Marina entenda que não é a candidata da Rede, mas de uma coligação. E que ela é a continuidade da saga iniciada por Eduardo Campos. Garantem que ele gostaria que seu projeto fosse mantido . E relatam que Campos e Marina se entendiam muito bem e acertaram pessoalmente as bases políticas e programáticas da aliança.

A ajuda pode virar dragão
Para efeitos de propaganda, os tucanos repetem ("felizes") que, com a candidatura de Marina Silva (PSB/Rede) à Presidência, o segundo turno está garantido. Mas, nos bastidores, estão aflitos. Avaliam que Marina poderá, a curto prazo, ampliar em até seis pontos as intenções de voto de Eduardo Campos (9%). Em outubro (2013), quando era candidata, Marina tinha 29% (Datafolha). Em novembro, 26% e em abril (2014), 27%. Estrategistas do PSDB relatam que em pesquisa de julho ela tinha 14%. "Ela vinha desidratando", comentou um tucano. Mas vêem agora o risco de ela recuperar terreno e virar uma alternativa viável contra a presidente Dilma.
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"Foi um casamento muito feliz. O Eduardo encontrou a Marina, e o PSB se uniu à Rede quando os socialistas buscavam a renovação "
Maurício Rands Integrante da coordenação do programa de governo da chapa Eduardo Campos/Marina Silva
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Interesses divergentes
A cúpula do PMDB avalia que seus dois candidatos a governos estaduais que apoiavam Eduardo Campos não migrarão para Marina Silva. Nelson Trad (MS) e Ivo Sartori (RS) são de estados com forte atuação do agronegócio.

E ela voltou
O PT acreditava que poderia ganhar a eleição de Aécio Neves no primeiro turno. No ano passado, eles comemoraram quando a Rede não foi registrada, e Marina ficou de fora da sucessão. Agora, a fatalidade recolocou Marina no jogo. A disputa será mais complexa, mas os petistas não creem que os eleitores de Aécio migrarão para Marina.

Procurando um rumo
Os candidatos socialistas à Câmara dos Deputados e Assembleias Legislativas vivem um momento de incerteza. Não sabem o efeito nas suas campanhas da substituição de Eduardo Campos (PSB) por Marina Silva (Rede).

A classe média instruída
Os tucanos consideram que o fundamentalismo religioso e ambiental de Marina Silva impedirá que eleitores da classe média instruída abandonem Aécio Neves. Os petistas, por sua vez, dizem que, no caso de segundo turno, esse mesmo fundamentalismo será um obstáculo para que esses eleitores tucanos migrem para Marina.

O herdeiro
Analistas independentes avaliam que o candidato do PSB ao governo de Pernambuco, Paulo Câmara, vai se beneficiar da comoção diante da morte de Eduardo Campos. O eleitor vai ficar sensível ao apelo de votar no herdeiro.

Disputa pelos evangélicos
Com a chegada de Marina Silva à disputa, que tem como parcela relevante do seu eleitorado os evangélicos, Pastor Everaldo, candidato do PSC à Presidência, terá de criar estratégia para não ver seus eleitores migrarem para a nova candidata.
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DIRIGENTES DO PSB garantem que não há resistências relevantes à confirmação da vice Marina Silva como a nova candidata do partido à Presidência.

Pesquisa Datafolha: SP, PE, PR, MG, DF, RJ, RS

São Paulo
Com 55%, Alckmin é líder isolado em disputa inalterada

Em cenário quase idêntico ao de julho, governador tucano seria reeleito no 1º turno, mostra Datafolha
Instados a listar as melhores áreas da gestão, 22% disseram 'nenhuma', 24% não souberam responder

O início das atividades de rua das campanhas eleitorais não produziu impacto relevante na disputa pelo governo do Estado de São Paulo.

Pesquisa Datafolha finalizada na quarta-feira (13) mostra que o tucano Geraldo Alckmin seria reeleito no primeiro turno com 55% dos votos, numa situação quase idêntica à da pesquisa anterior. Desde julho, ele oscilou um ponto para cima.

A vantagem de Alckmin em intenções de voto é bastante folgada. Ele tem mais que o dobro da soma de todos os seus adversários juntos.

Em segundo lugar na disputa aparece o presidente licenciado da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), Paulo Skaf (PMDB), com os mesmos 16% do levantamento anterior.

Enquanto o ex-ministro da Saúde Alexandre Padilha (PT) oscilou de 4% para 5%, a soma das intenções de voto nos candidatos de partidos menores variou de 4% para 3%.

A margem de erro do levantamento é de dois pontos. Considerando isso, portanto, a situação de todos os concorrentes pode ser considerada inalterada em relação a julho.

O levantamento traz um indício de consolidação da posição de Alckmin: a melhoria de seu desempenho na pesquisa espontânea (quando o eleitor responde em quem pretende votar sem ver os nomes dos concorrentes). Ele passou de 15% para 20%.

No único cenário de segundo turno testado, Alckmin também lidera com folga. Vence Skaf por 63% a 26%.

A pesquisa apurou ainda as taxas de rejeição dos concorrentes. Padilha tem 28%. Skaf e Alckmin estão tecnicamente empatados nisso: 20% e 19%, respectivamente.

Aprovação
O Datafolha também investigou a aprovação da gestão Alckmin. O governo é considerado bom ou ótimo por 47%. Para 36%, é regular. E para 14%, ruim ou péssimo.

Instados a dizer espontaneamente quais são as melhores áreas do governo, 22% disseram "nenhuma". Outros 24% não souberam responder. O setor com mais citações positivas foi educação/escolas, com 12%.

No ranking das piores áreas, saúde foi lembrada por 48%. Violência/polícia ficou com 16%.

Pernambuco
Senador tem 47% e venceria eleição no primeiro turno

Se a eleição fosse hoje, o senador Armando Monteiro Neto (PTB) seria eleito governador de Pernambuco no primeiro turno. Ele aparece com 47% dos votos na pesquisa Datafolha, divulgada nesta quinta-feira (14).

Paulo Câmara, do PSB, aparece em segundo, com 13%. Ele era o afilhado político de Eduardo Campos, que morreu quarta-feira (13) num acidente aéreo em Santos (SP).Os outros quatro candidatos somam 5%.

O Datafolha ouviu 1.198 eleitores, entre os dias 12 e 13. A margem de erro é de três pontos percentuais, para mais ou para menos.

A eleição em Pernambuco prometia um duelo particular entre Campos e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Os dois foram muito próximos até que o ex-governador pernambucano deixou a base aliada de Dilma Rousseff (PT) para se lançar candidato à Presidência.

Monteiro, ex-presidente da CNI (Confederação Nacional da Indústria), é o candidato do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Câmara, ex-secretário da Fazenda de Eduardo Campos, contava com o padrinho político para alavancar sua candidatura. A ideia era repetir a fórmula de 2012, quando Campos elegeu outro desconhecido, Geraldo Júlio (PSB), prefeito do Recife.

A estratégia do PSB previa uma presença maciça do presidenciável na propaganda de rádio e TV de Câmara, que começa no próximo dia 19. Além disso, estava combinado que Campos aproveitaria as viagens ao Nordeste para participar de eventos junto com o afilhado político.

A dúvida, agora, é como o eleitor pernambucano irá reagir diante da morte trágica de Campos e de que forma os candidatos se comportarão em relação a isso.

Avaliação
O Datafolha também avaliou o grau de satisfação dos pernambucanos com o governador João Lyra Neto (PSB), que assumiu o cargo há quatro meses, quando Eduardo Campos se licenciou para a disputa presidencial.

Sua gestão foi aprovada por 24% dos entrevistados. Para 39% o desempenho de Lyra é regular e 12% o consideram ruim ou péssimo.

Para 22%, não há nenhuma área do governo Lyra que mereça ser destacada como a de melhor desempenho. Com 21% das citações, educação foi a área mais bem avaliada. Saúde foi a de pior desempenho para 42%.

Paraná
Tucano Richa e senador Requião dividem liderança

O atual governador Beto Richa (PSDB) e o ex-governador Roberto Requião (PMDB) dividem a liderança na disputa pelo governo do Paraná, diz pesquisa Datafolha concluída nesta quarta (13).

Richa está numericamente à frente de Requião: tem 39% das intenções de voto, contra 33% do peemedebista. Considerando a margem de erro, de três pontos percentuais para mais ou para menos, estão tecnicamente empatados.

Em terceiro lugar está Gleisi Hoffmann (PT), com 11%.

Com a liderança ameaçada, Richa elegeu Requião como seu principal alvo e afirma que tem várias "balas de prata" contra ele.

Porém, ainda que com alta rejeição (27%), Requião vem ganhando votos de eleitores insatisfeitos com o governo Richa, que passa por crise financeira e chegou a parar obras.

A rejeição do tucano já se iguala à de Requião, considerada a margem de erro: 23%.

O levantamento foi realizado com 1.226 pessoas.

Minas Gerais
Pimentel, do PT, tem vantagem sobre rival tucano

O ex-ministro do Desenvolvimento Fernando Pimentel (PT) lidera a disputa pelo governo de Minas Gerais com 13 pontos à frente do seu principal oponente, o ex-ministro das Comunicações Pimenta da Veiga (PSDB).

Pesquisa Datafolha realizada entre terça (12) e quinta (14) mostra o petista, apoiado pela presidente Dilma Rousseff, com 29% das intenções de voto, contra 16% do tucano, indicado pelo senador e candidato à Presidência da República Aécio Neves (PSDB).

Os indecisos são maioria: 31%. E 14% dos eleitores entrevistados pretendem votar branco, nulo ou em nenhum nome. Por enquanto, 45% dos eleitores de Minas Gerais não têm candidato.

Em terceiro lugar na disputa, com 4%, aparece Tarcísio Delgado (PSB). Os outros quatro candidatos somam 5%.

A margem de erro da pesquisa é de três pontos percentuais, para mais ou para menos.

O Datafolha ouviu 1.238 eleitores em 50 municípios.

Distrito Federal
Mesmo cassado, Arruda segue na liderança

Mesmo com o registro de sua candidatura cassado pela Justiça Eleitoral, o ex-governador José Roberto Arruda (PR) segue na frente na disputa a governador do Distrito Federal. Pesquisa do Datafolha mostra que ele tem 35% das intenções de voto.

O atual governador, Agnelo Queiroz (PT), tem 19% e Rodrigo Rollemberg (PSB), 13%. Os demais candidatos marcaram 11%. Brancos e nulos somaram 12%, e indecisos, 10%. A margem de erro da pesquisa é de quatro pontos percentuais.

Com isso, Agnelo e Rollemberg aparecem tecnicamente empatados. Foram ouvidos 736 eleitores, entre terça (12) e quarta-feira (13).

Os entrevistados avaliaram mal a administração de Agnelo, que tenta a reeleição. Para 46%, sua gestão é considerada ruim ou péssima. Dessa forma, segundo o Datafolha, o atual governador tem a mais alta rejeição entre os candidatos, com 48%. Arruda vem em seguida --37% dizem que não votariam nele de jeito nenhum.

Rio de Janeiro
Crivella cai, e Garotinho é líder isolado

Senador do PRB perdeu 6 pontos percentuais e agora tem 18%, em empate técnico com Pezão, que tem 16%

Principal razão pode ter sido declaração polêmica associando falta de emprego a atos de criminalidade

O deputado Anthony Garotinho (PR) está isolado no topo das intenções de voto para o governo do Rio, segundo pesquisa Datafolha divulgada nesta sexta-feira (15).

A liderança decorre principalmente da queda do senador Marcelo Crivella (PRB), que perdeu seis pontos percentuais em relação ao último levantamento.

O candidato do PR oscilou de 24% para 25%. O ex-ministro da Pesca, por sua vez, caiu de 24% para 18%. A margem de erro é de 3 pontos.

Crivella agora está em empate técnico com o governador Luiz Fernando Pezão (PMDB), que registra 16% das intenções de voto --oscilando positivamente dois pontos. O senador Lindbergh Farias (PT) manteve 12%.

Entre as 1.317 pessoas entrevistadas na terça (12) e quarta-feira (13), 17% declararam voto em branco ou nulo. Outros 10% afirmaram não saber quem escolher.

A queda de Crivella ocorreu principalmente nos municípios da região metropolitana, entre os mais pobres (renda familiar até dois salários mínimos) e os mais ricos (acima de dez mínimos).

Garotinho, por sua vez, sobe principalmente entre o que ganham de cinco a dez salários mínimos e Pezão, entre os que recebem acima de dez salários mínimos. Ele tem a maior rejeição, contudo, de 40%, contra 20% de Pezão e Lindberg e 16% de Crivella.

Uma hipótese para a queda de Crivella é a exploração de declaração dada à TV Bandeirantes. Ao defender a criação de mais postos de emprego na Baixada Fluminense, região populosa com eleitorado de baixa renda, ele disse: "se deixar a população da Baixada, das regiões periféricas, vivendo na miséria, essas pessoas migram para vir roubar na capital onde tem a maior riqueza".

Rio Grande do Sul
Senadora tem 39%, contra 30% de governador do PT

A senadora Ana Amélia Lemos (PP) lidera a disputa pelo governo do Rio Grande do Sul, de acordo com o Datafolha. Se as eleições fossem hoje, a candidata teria 39% das intenções de voto, contra 30% do segundo colocado, o governador Tarso Genro (PT), que tenta a reeleição.

O peemedebista José Ivo Sartori aparece em terceiro, com 7%. Vieira da Cunha (PDT) tem 3%, enquanto Roberto Robaina (PSOL) e João Carlos Rodrigues (PMN) estão com 1% cada.

Brancos e nulos somam 6%. Não souberam ou não quiseram opinar 14%.

A margem de erro é de três pontos percentuais para mais ou menos. O levantamento ouviu 1.233 pessoas entre terça (12) e quinta (14) e é o primeiro feito pelo Datafolha após a definição das candidaturas.

Tarso e Ana Amélia vêm polarizando a disputa desde o início da campanha.

O governador busca vincular a adversária ao tumultuado governo da tucana Yeda Crusius (2007-2010), que quase sofreu impeachment. O PSDB apoia a senadora.

Já Ana Amélia vem fazendo críticas à gestão das finanças estaduais pelo PT.

Paulo Vanzolini - Samba abstrato

Maximiano Campos: Lavrador do Tempo

Lavrador do tempo e incerteza,
plantei ilusão e alegria,
pensando que colheria
uma safa de certa beleza

fui buscar as cores da natureza,
as cores que nela havia,
claridade, luz do dia,
para poder ter a certeza

que este poema seria
luminoso e transparente
claro e limpo feito o dia

para ofertá-lo traria
num verso raro e fluente,
o tempo que dele sairia.

Maximiano Accioly Campos (Recife, 19 de novembro de 1941 - Recife, 7 de agosto de 1998 foi um poeta, ficcionista e cronista brasileiro, integrante da geração 65. Bacharel em Direito pela Universidade Católica de Pernambuco, Maximiano Campos foi cronista do Diario de Pernambuco e superintendente do Instituto de Documentação da Fundação Joaquim Nabuco. Entre janeiro de 1987 e dezembro de 1988, foi secretário de Turismo, Cultura e Esportes do Governo de Pernambuco, durante a segunda gestão do governador Miguel Arraes, seu sogro. Do seu casamento com Ana Arraes, teve dois filhos - o advogado Antonio Campos e o economista Eduardo Campos.
É autor de 17 livros, alguns publicados postumamente. Sua primeira obra, o romance Sem Lei nem Rei, é também a mais conhecida e trata da briga entre coronéis do sertão e da zona da mata de Pernambuco

quinta-feira, 14 de agosto de 2014