Valor Econômico
Mais do que um “gosto pela divergência”, seu governo vem fermentando um gosto pela crueldade
O horrendo assassinato do ativista de extrema
direita Charlie Kirk foi recebido com reações apaziguadoras, dignas de
estadistas, nos dois lados do espectro político. No entanto, também demonstrou,
mais uma vez, uma assimetria fundamental na política contemporânea dos Estados
Unidos. As manifestações de muitas figuras destacadas da direita, chegando até
o presidente do país, Donald Trump, representaram nada menos do que um pedido
de retaliação contra a “esquerda radical” - e isso tudo sem que ainda existam
informações sobre o assassino e suas motivações.
Trump vem sinalizando, há cerca de dez anos, que a violência política cometida por seus apoiadores é aceitável e até passível de ser recompensada. Entre os que receberam seu perdão presidencial pela insurreição em 6 de janeiro de 2021 no Congresso dos EUA, muitos haviam sido condenados por crimes violentos. Ainda assim, Trump e muitos de seus seguidores mais devotos não consideram essa conduta como violência, mas uma autodefesa legítima, até patriótica; da mesma forma que outros populistas de direita, eles se retratam como perpétuas vítimas.