- Folha de S. Paulo
Clériston Andrade era o favorito ao governo da Bahia, em 1982, quando morreu num acidente de helicóptero às vésperas da eleição. Seu sucessor, João Durval Carneiro, ganhou espetacularmente depois de uma campanha relâmpago empurrada pela comoção e por Antonio Carlos Magalhães, o ACM.
O Brasil não é exatamente a Bahia, 2014 não é 1982, e o líder mais próximo ao que já foi ACM é Luiz Inácio Lula da Silva, que está com Dilma. Mas com Marina Silva não se brinca.
Evangélica, carismática, com uma biografia de romance, Marina acumulou um rico capital de votos em 2010 e teve 27% de intenções de voto no Datafolha de abril, quando nem era candidata. A quanto ela poderá ir nas próximas pesquisas?
Dilma Rousseff e Aécio Neves, tremei. No rastro da comoção nacional pela morte estúpida de Eduardo Campos, apoios da família dele à sua vice serão avassaladores. O irmão, Antônio, já se manifestou publicamente. E quando a mulher, Renata, ladeada pelos cinco filhos, inclusive o bebê Miguel, lançar Marina? E quando a mãe, Ana Arraes, apadrinhar a candidatura aos prantos?
Se Marina tem a força eleitoral, Eduardo Campos é quem tinha o poder político. Cabe agora a ela somar as duas coisas para se tornar uma candidata competitiva. Aliás, para se tornar candidata. Não será fácil.
O PSB, que batia continência a Campos, terá --já tem-- restrições à "agregada". Afinal, Marina nunca escondeu que o PSB era um ritual de passagem até a criação da Rede.
O PSB ligado aos tucanos, liderado por Márcio França, de São Paulo, não tem força para puxar o partido para Aécio. Mas o PSB do agora presidente Roberto Amaral pode muito bem empurrá-lo de volta aos braços de Lula e Dilma.
Resta saber quem, no partido, vai trocar a grande novidade da campanha, com altos índices nas pesquisas, por outra que tem alta rejeição e é alvo de enormes críticas --como foi, inclusive, de Eduardo Campos.
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