sábado, 21 de dezembro de 2013

Panorama Político - Ilimar franco

A dor de cabeça
A grande preocupação eleitoral da presidente Dilma é com a alta do preço dos alimentos. O governo tem mantido a inflação dentro da meta, mas, no supermercado, ela às vezes foge do controle. O comando de sua campanha teme que este desequilíbrio se acentue em 2014. Caso isso ocorra, há o risco de afetar seus eleitores cativos, os beneficiários do Bolsa Família e do Minha Casa, Minha Vida.

PSD quer ir de Meirelles
O ex-presidente do Banco Central Henrique Meirelles pode voltar a disputar eleições no ano que vem. Em 2002, quando Lula foi eleito presidente da República, ele conquistou uma cadeira na Câmara dos Deputados pelo PSDB de Goiás. Convidado pelo petista para assumir o BC, renunciou ao mandato. Agora, filiado ao PSD, Meirelles transferiu seu título eleitoral para São Paulo e está analisando proposta para concorrer ao Senado na chapa ao governo do ex-prefeito paulistano Gilberto Kassab. “Nós não vamos ter aliança. A chapa terá Alda Marcoantônio na vice e o Meirelles, que avalia se aceita ou não nosso convite para concorrer ao Senado”, conta Kassab.

“Sabe por que contribuímos? Para não nos atrapalharem. Há duas formas que pode levar alguém a ajudar uma campanha: para fazer rolo ou para não ser perseguido ou prejudicado”
José Batista Junior
Empresário, sócio da holding J&F, controladora do frigorífico JBS-Friboi

Dois pesos, duas medidas
O Brasil ficou surpreso com a queixa da União Europeia à OMC. A presidente Dilma comentou que neste ano três montadoras europeias se instalaram no país (BMW, Audi e Land Rover). E que se beneficiaram com as desonerações.

Fora do baralho
O ministro Antonio Andrade (Agricultura) anda dizendo para seus companheiros de partido que se a presidente Dilma pedir, ele fica no cargo. "Estou nas mãos dela", comentou há poucos dias com amigos. Segundo estes, Andrade avalia que a eleição em Minas Gerais está complicada para o PMDB e que o melhor é ele ficar fora do jogo.

O GPS ideológico
Estrategista das campanhas de Aécio Neves, sua irmã, Andrea, retirou vários trechos do Documento dos 12 Pontos. Eles seriam “muito pró-mercado”. Um deles fazia ardorosa defesa de uma maior abertura do país às importações.

Desmancha prazer
Os aecistas estão possessos com o ex-governador José Serra. O anúncio do paulista, que estava saindo do páreo, segundo eles, ofuscou o lançamento pelo candidato Aécio Neves (PSDB) do documento com os 12 Pontos. Eles também subiram pelas paredes com o vazamento da saída da campanha do marqueteiro Renato Pereira.

Primeiro-ministro
O ex-governador da Paraíba e senador Cássio Cunha Lima (PSDB) é hoje o político mais próximo do candidato tucano à presidência Aécio Neves. Ele integra o núcleo estratégico da campanha e participa de todas as decisões.

A bancada do garimpo dançou
A passagem pelo país do presidente francês, François Hollande, rendeu. Após cinco anos, o Congresso aprovou acordo Brasil/França para combater o garimpo ilegal numa faixa de 150 Km na fronteira do Amapá com a Guiana Francesa. (Foto ICMBio de garimpos ilegais no entorno do Parque Nacional Montanhas do Tumucumaque e Floresta Nacional do Amapá.

O PSDB e o  DEM acabam de embarcar na candidatura do senador Pedro Taques (PDT) ao governo do Mato Grosso. Ele já tinha Blairo Maggi (PR).

Fonte: O Globo

Política - Cláudio Humberto

Alves ameaça o STF
O presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB), telefonou a Luiz Fux, ministro do Supremo Tribunal Federal, para advertir sobre a iminente crise entre os Poderes, caso as empresas privadas venham a ser mesmo proibidas de financiar campanhas. Alves alertou ao relator da ação no STF que a Câmara possui mecanismos, como decreto legislativo, para sustar a aplicação da decisão do STF, "se necessário". O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), também está indignado com o julgamento do financiamento de campanha no STF. Renan e Henrique alegam que é decisão do Congresso manter o sistema eleitoral como está, incluindo o financiamento de campanhas. É intrigante a posição do Senado e da Câmara: por que, afinal, eles amam tanto o financiamento de campanha por empresas privadas? Com o pedido de vista do ministro Teori Zavascki, o Supremo deverá retomar apenas em 2014 o julgamento sobre doações eleitorais.

Campanha
Gilberto Carvalho (secretaria-geral da Presidência - foto) disse que Dilma vai "viajar bastante" no ano que vem para entregar obras do governo. Tudo para melhorar a "energia". Nada a ver com pesquisas e eleições. Anrã.

Pesquisa
Levantamento do Instituto Paraná Pesquisa, revelada ontem, mostra que apenas 15,5% das pessoas participaram de algum protesto em 2013, apesar de 96% estarem cientes das manifestações e 19,2% aprovarem os atos. A corrupção é o maior motivo para ir às ruas (33%), seguida do transporte (23%), Copa (19,4%) e a economia (16%). A pesquisa ouviu 2.250 pessoas em 158 municípios entre os dias 3 e 7.

Violência assusta
Entre os 18% que desaprovam os protestos, 13,3% disseram achá-los violentos e apenas 1,9% disse desaprovar por causa do vandalismo.

Sem respostas
Apesar de apoiar os protestos, 52,8% dos pesquisados dizem que não houve qualquer mudança no país após as manifestações de junho.

Como sempre
Quando perguntados sobre alguma mudança local (na sua cidade) após as manifestações, 67,9% disseram não ter percebido nada.

Quem avisa...
Após pendenga judicial, a Força Aérea dos EUA comprou os Super Tucanos, esperando "retorno" com a venda dos caças Super Hornet. As turbinas americanas dos suecos Gripen podem dar dor de cabeça.

Bate, coração
Uma brasileira está especialmente feliz com a decisão de Dilma de comprar os caças Gripen: a rainha Silvia, da Suécia, que no mês passado veio ao Brasil para visitar a ONG que criou contra a pedofilia.

Apartidário
José Gerardo Grossi, futuro patrão de José Dirceu, é o advogado de políticos como o ex-presidente Lula e do senador Eduardo Azeredo (PSDB-MG) no inquérito 2280, o mensalão mineiro no Supremo.

Ulalá
Diversão garantida nos comentários dos leitores on-line dos jornais franceses, especulando quem pagou e quem recebeu propina na negociação entre Sarkozy e Lula, na anunciada compra dos Rafale.

Frase
É um direito dele" - Ministro Gilberto Carvalho sobre a nova oferta de emprego para José Dirceu

Calote
O juiz federal do TRF da 1ª região, Paulo Ricardo de Souza Cruz, determinou que a Câmara pague o que deve à agência de viagens que venceu licitação para prestar serviço em 2012. Segundo a ação, a inadimplência da Câmara gerou sérios problemas para a empresa.

Sinais de fumaça
Kim Jong-Un, tirano da Coreia do Norte, não gostou dos protestos na Coreia do Sul contra a "grande dignidade" de seu país. Ameaçou - por fax - atacar sem avisar. Se suas armas forem tão avançadas quanto suas comunicações, os rivais do Sul não precisam se preocupar.

Fonte: Jornal do Commercio (PE

Cenários sombrios, uma chance para a presidente - Rolf Kuntz

Nem Papai Noel daria à presidente Dilma Rousseff uma oportunidade melhor depois de três anos de fracasso. Todas as projeções para 2014 apontam mais um ano ruim, com baixo crescimento econômico, inflação alta e grande buraco nas contas externas. Poderá haver algum avanço no investimento - se as concessões forem adiante e começar a execução dos projetos de infraestrutura. Com um pano de fundo tão feio, será fácil exibir e celebrar como vitória qualquer desempenho melhor que o de 2013. Projeções menos sombrias poderiam criar expectativas perigosamente otimistas e sujeitar a candidata à reeleição a cobranças constrangedoras. Os mais otimistas ainda poderão apostar num fator negligenciado nas projeções conhecidas até agora: a mudança ministerial no primeiro bimestre. Mas o otimismo, neste caso, conflita com o conhecimento. A experiência proíbe a esperança, quando se trata de imaginar um Ministério mais competente, depois dessa reforma, e mais orientado para acertar.

A economia brasileira crescerá 2,3% nos quatro trimestres até setembro de 2014, segundo a nova estimativa do Banco Central (BC). Será, portanto, uma repetição do cenário geral de 2013. O quadro apresentado no último informe da Confederação Nacional da Indústria (CNI) é muito parecido, mas um pouco menos luminoso: expansão de 2,4% neste ano e de 2,1% no próximo. As projeções de mercado coletadas pelo BC no dia 13 de dezembro pouco diferem das outras duas: expansão de 2,3% para o produto interno bruto (PIB) neste ano e de 2,01% em 2014 (esses números são medianas das estimativas).

A inflação deve continuar longe da meta, 4,5%, segundo as projeções publicadas até agora. A alta de preços deve ficar em 5,7% neste ano e alcançar 6% no próximo, de acordo com o documento da CNI. As estimativas do BC vão até 2015 e mostram números distantes da meta por mais dois anos. O cenário básico inclui números finais de 5,8% para 2013, 5,6% para 2014 e 5,4% para o ano seguinte. Juros básicos de 10%, recém fixados, câmbio de R$ 2,35 por dólar e contas públicas em condições mais ou menos estáveis foram tomados como base para os cálculos.

Todos esses dados justificam mais um ou dois aumentos da taxa Selic, incluídos na previsão do mercado financeiro para 2014 (já elevada de 10,25% para 10,5%). Pelas contas do mercado, a inflação oficial, medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), deve ficar em 5,7% neste ano e bater em 5,95% no próximo. Segundo o governo, continuará, portanto, dentro da meta. Patacoada. A meta é 4,5%. O resto é margem para acomodar desvios. Mas desvios tão amplos são justificáveis somente em situações muito especiais. Nada tão especial ocorreu nos últimos três anos ou quatro anos, exceto na coleção de erros de política econômica. Isso inclui, entre outros itens, a redução dos juros no momento impróprio, o excesso de gastos federais e os estímulos mal planejados ao consumo.

Crescimento baseado no incentivo ao consumo é estratégia superada, segundo os analistas menos distraídos e um pouquinho mais atentos aos números de inflação, produção industrial e comércio exterior. É preciso investir muito mais para ampliar a capacidade de produção e o potencial de crescimento da economia. Essa necessidade é agora admitida até no governo, tanto por ministros quanto por uma presidente pouco propensos a reconhecer os desajustes econômicos (eles continuam, por exemplo, classificando como "dentro da meta" qualquer inflação até o limite de 6,5%).

O potencial de crescimento do Brasil caiu de 4,3% ao ano pouco antes da crise global para 2,7% no terceiro trimestre de 2013, segundo estimativa publicada no último informe conjuntural da CNI. Para crescer mais o País precisará de mais capital físico - máquinas, equipamentos e instalações - e de muito mais produtividade. Isso dependerá tanto do setor privado quanto do governo. No ano passado o investimento diminuiu 4%. Deve ter aumentado 7,1% neste ano e poderá crescer mais 5% no próximo, de acordo com o documento da CNI. Se essas estimativas estiverem corretas, o País ainda investirá em 2014 pouco menos de 20% do PIB, bem menos que vários de seus vizinhos. No Equador, por exemplo, essa relação é próxima de 27%.

Na estimativa do BC, o investimento em capital fixo deve ter crescido 6,8% neste ano e deve aumentar 3,7% nos quatro trimestres até o terceiro de 2014. O cenário desenhado pelo pessoal da CNI parece mais bonito, mas é menos atraente quando visto em detalhes. O principal fator positivo deverá ser o programa de concessões na infraestrutura, mas seu impacto imediato será limitado.

Neste ano, o investimento privado foi em boa parte puxado pelas compras de equipamentos de transporte. A lei exigiu motores a diesel com menor emissão de enxofre e, além disso, a boa safra de grãos e oleaginosas favoreceu o aumento das frotas de caminhões e de máquinas agrícolas. As compras de outros tipos de máquinas e equipamentos também cresceram, mas em menor proporção. Isso se reflete no baixo crescimento da indústria de transformação, estimado em 2,3% pela CNI. Reflete-se também no baixo poder de competição do setor industrial, em apuros tanto no exterior quanto no mercado interno. Nem o real desvalorizado compensou a baixa competitividade da maior parte dos produtores de manufaturados.

De janeiro até a segunda semana de dezembro as exportações totais, US$ 230,42 bilhões, foram 1,6% menores que as de um ano antes, pelas médias dos dias úteis. As importações, US$ 230,4 bilhões, foram 6,7% menores. Também isso mostra a fraqueza da economia brasileira e o tamanho do desafio posto diante do governo. Reconhecer o problema, admitir sua origem interna e tentar enfrentá-lo sem os truques baratos do protecionismo será um bom começo.

Jornalista

Fonte: O Estado de S. Paulo

O que pensa a mídia - editoriais de alguns jornais

http://www2.pps.org.br/2005/index.asp?opcao=editoriais

Caetano Veloso - Um Abraçaço

Poema do Natal - Fernando Pessoa

Natal... Na província neva.
Nos lares aconchegados,
Um sentimento conserva
Os sentimentos passados.

Coração oposto ao mundo,
Como a família é verdade!
Meu pensamento é profundo,
Estou só e sonho saudade.

E como é branca de graça
A paisagem que não sei,
Vista de trás da vidraça
Do lar que nunca terei!

sexta-feira, 20 de dezembro de 2013

OPINIÃO DO DIA – Merval Pereira

A união em São Paulo é fundamental para o projeto de Aécio, e por isso ele finge que não viu a atuação de Alckmin junto a seus aliados para levar o PPS para os braços de Eduardo Campos. O presidente do ex-partido comunista deve seu mandato a Serra, que o levou para São Paulo dando legenda e apoio político. E é pernambucano, o que o aproxima de Campos.

Merval Pereira, “São Paulo decisivo”, O Globo, 18 de dezembro de 2013

Advocacia oferece a Dirceu salário de R$ 2,1 mil

O ex-ministro José Dirceu, preso pelo mensalão, recebeu nova proposta de trabalho, e a aceitou, com salário de R$ 2,1 mil - 10 vezes menos que o Saint Peter Hotel lhe havia oferecido. A oferta é da advocacia José Gerardo Grossi.

Dirceu quer agora ganhar R$2 mil em escritório

O ex-ministro da Casa Civil José Dirceu, condenado a 10 anos e 10 meses como mentor do mensalão, recebeu nova proposta de trabalho, e aceitou -desta vez por um salário de R$ 2,1 mil, ou 10 vezes menos que o Saint Peter Hotel, de Brasília, lhe havia oferecido em novembro. Seu empregador, se a Justiça acolher requerimento apresentado ontem à Vara de Execuções do Distrito Federal, será o escritório José Gerardo Grossi de Advocacia, cujo titular foi ministro do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e tem o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o deputado Eduardo Azeredo (PSDB-MG) entre os clientes.

A oferta de emprego foi apresentada por escrito pelo próprio Grossi, em carta ao criminalista José Luís Oliveira Lima, defensor de Dirceu. O veterano causídico, de 81 anos, matrícula 586 na Ordem dos Advogados/ DF, informa que o ex-ministro "se encarregará da organização e manutenção da biblioteca jurídica, da eventual pesquisa de jurisprudência e de colaboração na parte administrativa".

O horário de trabalho é corrido, das 8 às 18 horas. Os funcionários dispõem de tempo para almoço entre o meio-dia e 14h00, alternadamente.

Prestigiado. "O salário com o qual o nosso escritório pode remunerar José Dirceu de Oliveira e Silva é de R$ 2,1 mil mensais", assinala Grossi, reconhecido e prestigiado pelo êxito que alcança nas demandas mais intrincadas em que atua perante os tribunais superiores.

Se for aprovado o pedido, Dirceu dará expediente no Setor Bancário Sul (SBS), quadro 2, bloco S, 9.0 andar. A correspondência de Grossi foi anexada à petição que Oliveira Lima entregou à Justiça, por meio da qual requer "autorização para exercício de trabalho externo" em favor de Dirceu.

Semiaberto. O argumento de Oliveira Lima e de seu colega, Rodrigo DalPAcqua, é que o ex-ministro cumpre pena de 7 anos e 11 meses por corrupção ativa, quantidade de pena que garante ao réu regime semiaberto, segundo prevê o artigo 33 do Código Penal - a outra acusação que pesa contra Dirceu, pelo crime de quadrilha, é alvo de recurso ainda pendente de julgamento pelo Supremo Tribunal Federal.

Os advogados de Dirceu observam que já em 26 de novembro, quando foi comunicada existência da proposta do Saint Peter Hotel, ficou comprovado que o ex-ministro possui "sua documentação pessoal em ordem, como certidão de nascimento, registro geral e inscrição no cadastro de pessoas físicas". "As condições pessoais do requerente (Dirceu) já foram valoradas pelo STF quando de sua condenação e nenhum aspecto negativo foi vislumbrado", assinala a defesa.

A proposta para a função de gerente administrativo no Saint Peter naufragou no dia 5, depois de uma série de denúncias veiculadas na imprensa sobre a existência de um laranja residente no Panamá na constituição societária do hotel quatro estrelas. A defesa anunciou a desistência "tendo em vista o linchamento midiático instalado contra José Dirceu". Os advogados destacaram que a decisão tinha "o objetivo de diminuir o sofrimento dos empresários que fizeram a oferta e dos funcionários do grupo".

No requerimento de ontem à Justiça, Oliveira Lima e DalPAc-qua pedem que seja concedida prioridade no trâmite da execução penal do ex-ministro, "inclusive quanto aos estudos técnicos acerca da proposta de emprego a serem realizados pela Seção Psicossocial (da Vara de Execuções),em face do disposto no artigo 71 da Lei 10.741/2003, que prevê prioridade na tramitação dos processos e procedimentos e na execução dos atos e diligências judiciais"".

Fonte: O Estado de S. Paulo

Prisão de deputados rompe ‘tradição' afirma Barbosa

Presidente do STF diz que detenção de parlamentares em 2013 é uma virada no costume de dar tratamento diferenciado a réus no País

Felipe Recondo

BRASÍLIA - A prisão de parlamentares por condenação no Supremo Tribunal Federal este ano rompeu "uma tradição longa" no País, disse ontem o presidente da Corte, ministro Joaquim Barbosa.

Em 2013, no total, quatro deputados foram presos e cumprem as sentenças em Brasília. E há mais um condenado que ainda aguarda julgamento de recurso, mas que também pode ser preso nas próximas semanas.

Para Barbosa, a condenação e prisão desses parlamentares marca uma virada na tradição brasileira de dar tratamento diferenciado a réus, dependendo do cargo ou função que exercem. "Eu acho que em democracia, não diria que é um fato banal, mas desde que demonstrada a violação de normas penais não há por que se criar exceções para a, b ou c em função dos cargos que exercem", afirmou o ministro após a última sessão do STF no ano. "Essa é a novidade deste ano: o rompimento com uma tradição longa."

O presidente do Supremo disse, porém, não acreditar que as condenações e prisões vão reduzir o envolvimento de parlamentares em atos de corrupção e outros crimes. "Não tenho ilusão quanto a isso."

Prisões. Condenado em 2010, o deputado Natan Donadon foi preso em junho deste ano. Até então, o último parlamentar condenado e preso havia sido Chico Pinto, ainda durante a ditadura militar.

Nos meses seguintes, deputados condenados por envolvimento no esquema do mensalão, operado durante o governo de Luiz Inácio Lula da Silva, foram presos: José Genoino (PT-SP), Valdemar Costa Neto (PR-SP) e Pedro Henry (PP-MT) - os três renunciaram aos mandatos. Na lista de presos, ainda há ex-parlamentares como José Dirceu, Bispo Rodrigues e Romeu Queiroz.

Nas próximas semanas, o deputado João Paulo Cunha (PT-SP) , também condenado no processo do mensalão, pode ter a prisão decretada. O ex-deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ) também aguarda decisão do Supremo para saber se poderá cumprir a pena em regime domiciliar.

As prisões que marcaram o ano, conforme avaliação de Barbosa, ainda são poucas se comparadas às dezenas de processos que esperam julgamento do Supremo. No próximo ano, duas delas devem ir a julgamento: as ações penais contra o deputado Eduardo Azeredo (PSDB-MG) e o senador Clésio Andrade (PMDB-MG). Azeredo e Glésio Andrade são"acusados de participação no mensalão mineiro, esquema de arrecadação ilegal de recursos para a campanha à reeleição do tucano, então governador de Minas, em 1998, conforme denúncia Procuradoria-Geral da República.

Janot diz que Jefferson tem de ir para a cadeia
Parecer de ontem do procurador-geral da República, Rodrigo Jariot, pede que o ex-deputado federal Roberto Jefferson, condenado por participação no mensalão, cumpra pena na cadeia.

Alegando problemas de saúde, Jefferson pediu autorização do Supremo para cumprir em casa a pena de 7 anos e 14 dias no regime semiaberto. Delator do esquema, o ex-parlamentar sofreu no ano passado cirurgia para extração de um tumor no pâncreas e, segundo seus advogados, necessita de tratamento médico constante e alimentação controlada, com itens como salmão defumado e geleia real.

Fonte: O Estado de S. Paulo.

Livro acusa petistas de criar 'usina de dossiês'

Ex-secretário de Lula, Tuma Jr. acusa PT de usar máquina contra adversários

Ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, promete rebater as acusações; até ontem, Lula não comentou

SÃO PAULO - Um livro publicado nesta semana acusa o Palácio do Planalto de usar a máquina estatal para montar uma "usina de dossiês" contra adversários do PT e afirma que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi informante da ditadura militar.

Com 557 páginas, "Assassinato de Reputações: um Crime de Estado" (Topbooks) traz o depoimento do ex-secretário nacional de Justiça Romeu Tuma Jr., 53 anos, ao jornalista Claudio Tognolli.

Após três anos no cargo, Tuma Jr. foi afastado do governo em 2010 sob a suspeita de beneficiar um suposto integrante da máfia chinesa, Paulo Li.

Parte do teor do livro já havia sido publicado nas duas mais recentes edições da revista "Veja". Na semana passada, governistas bloquearam um convite da oposição para Tuma Jr. no Senado, alegando que deixou o governo por suspeitas "gravíssimas".

No livro, Tuma Jr. afirma que ele acabou se tornando uma das vítimas da "fábrica de dossiês" petista e que, apesar de ter sido inocentado por sindicâncias internas, acabou condenado pelo "Supremo Tribunal do Google".

"Se o objetivo é político, a condenação moral é muito mais importante do que a jurídica", disse Tuma Jr. ontem à Folha, por telefone.

No livro, ele afirma que Lula o "usou como um fraldão, sumamente descartável".

Na oposição, um dos alvos do governo teria sido o ex-senador e ex-governador tucano Tasso Jereissati (CE).

Em 2009, o então senador e hoje ministro da Educação, Aloizio Mercadante, lhe teria entregue um pendrive com "seriíssimas denúncias" contra Jereissati.

À Folha, Tuma Jr., hoje delegado aposentado, disse que sua relação com o governo petista se deteriorou por não cumprir ordens para fazer dossiês e pelo que sabia sobre o assassinato do prefeito de Santo André, Celso Daniel (leia quadro abaixo), do qual participou da investigação.

"Se eu tivesse falado: Esquece o assunto, não sei de nada', talvez não tivesse acontecido isso", disse, em referência a uma conversa sobre o caso com o ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Gilberto Carvalho.

O Ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, disse na semana passada que pediu explicações aos setores de sua pasta mencionados no livro. Ele prometeu rebater todas as acusações de Tuma Jr.

'Barba'
Uma das partes mais fortes do livro é o capítulo 4, "Lula: Alcaguete e Aprendiz do Dops [Departamento de Ordem Política e Social]", órgão de repressão do regime militar chefiado pelo pai, Romeu Tuma, morto em 2010.

Na época, entre o final dos anos 1970 e início dos 1980, Lula era o principal líder sindical da região do ABC paulista e trabalhava na criação e organização do PT.

"Lula nos prestava informações muito valiosas: sobre as datas e locais de reuniões sindicais, quando haveria greve, onde o patrimônio das multinacionais poderia estar em risco por conta dessas paralisações", afirma Tuma Jr., na época investigador de polícia subordinado ao pai.

Sempre de acordo com o livro, Lula tinha o codinome Barba e, por causa da condição de informante, "obtinha certas vantagens".

A principal teria sido a autorização para dormir no sofá do escritório de Tuma durante quase todo o período em que esteve preso, entre abril e maio de 1980.

"O livro é uma contribuição para a história. Não tive espaço para falar, escrevi."

Até ontem, Lula não havia se pronunciado sobre o livro.

Fonte: Folha de S. Paulo

As acusações de Tuma Jr.

Ex-secretário nacional de Justiça no governo Lula lança livro com denúncias contra o PT

Grampo no STF

O que diz o livro
Em 2007, agentes da Abin e da Polícia Federal grampearam todos os ministros do STF usando uma nova tecnologia francesa, que seria mais sofisticada e eficiente

Problema
O agente da PF citado por Tuma Jr. como fonte negou à Folha saber do suposto grampo

Ditadura militar

O que diz o livro
Lula foi informante do Dops (Departamento de Ordem Política e Social) quando era dirigido pelo delegado Romeu Tuma, morto em 2010

Como ele sabe disso
Tuma Jr. diz que era investigador subordina-do ao seu pai e que presenciou as conversas com Lula, mas que só eles, além do general Golbery do Couto e Silva (1911-87), sabiam que o então líder sindical era um informante

Fábrica de dossiês

O que diz o livro
Quando era secretário nacional de Justiça, Tuma Jr. recebia pedidos para fazer dossiês contra adversários políticos do PT, entre eles os tucanos Tasso Jereissati, Marconi Perillo e a ex-primeira-dama Ruth Cardoso

Que provas ele tem
O livro traz documento bancário de Jereissati que teria sido entregue pelo atual ministro da Educação, Aloizio Mercadante

Celso Daniel

O que diz o livro
O ministro Gilberto Carvalho admitiu a Tuma Jr. que o PT desviou recursos de Santo André na gestão de Celso Daniel, morto em 2002. Uma testemunha cujo nome não é revelado teria visto veículos da prefeitura no local do crime na noite anterior à descoberta do corpo

Que provas ele tem
É a palavra dele contra a de Carvalho, que nega tudo e vai processá-lo

Fonte: Folha de S. Paulo

"Aliança de Dilma deu o que tinha que dar"

Durante filiação da ex-ministra do STJ Eliana Calmon ao PSB, Eduardo Campos classificou a aliança que dá sustentação à presidente como "conservadora"

SALVADOR - Dois dias após trocar elogios e farpas com a presidente Dilma Rousseff (PT), o governador de Pernambuco e pré-candidato do PSB à Presidência da República, Eduardo Campos (PSB), afirmou ontem que a aliança política que dá sustentação à presidente é "conservadora" e "deu o que tinha que dar".

"Todos nós que olhamos para Brasília hoje e vemos aquela aliança que aí esta formada, olhamos nossa trajetória e temos no nosso coração e consciência uma conclusão rápida: aquela aliança já deu o que tinha que dar ao Brasil", afirmou Campos.

O governador participou em Salvador de ato de filiação ao PSB da ex-ministra do Superior Tribunal de Justiça (STJ) Eliana Calmon, que irá disputar uma vaga no Senado pela Bahia. Além de Eliana, participaram a ex-senadora Marina Silva e a pré-candidata do PSB ao governo da Bahia, senadora Lídice da Mata.

Durante a solenidade de filiação, em uma casa de festas da capital baiana, Campos foi saudado aos gritos de "guerreiro do Brasil" e "futuro presidente" por cerca de mil pessoas.

Presidente nacional do PSB e ex-ministro da Ciência e Tecnologia no governo Lula, Campos disse, ainda, que "as forças políticas historicamente presentes nas lutas democráticas" perderam espaço no governo Dilma para dar protagonismo ao chamado "presidencialismo de coalizão, sustentado por uma aliança conservadora".

"Presidencialismo de coalizão é a denominação dada ao arranjo institucional tipicamente brasileiro em que o presidente se elege por maioria absoluta, mas seu partido raramente obtém maioria no Congresso, tendo que organizar alianças políticas com parceiros com os quais mantém poucas afinidades ideológicas e programáticas."

Justificativa
Campos justificou a saída do PSB do governo petista argumentando que "há na sociedade desde 2011 - primeiro ano da gestão Dilma - o desejo por uma aliança mais programática e progressista, levando para o centro partidos que militam pelas transformações verdadeiras".

"O que ela (aliança de Dilma) pode oferecer ao Brasil agora é o que o país não precisa, que é recuar e jogar fora as poucas conquistas que tivemos", afirmou Campos, citando a possibilidade de retrocesso na economia, com prováveis reflexos nos índices de desemprego e de endividamento do trabalhador.

Fonte: Jornal do Commercio (PE)

Ex-corregedora do CNJ se filia ao PSB e é lançada ao Senado por Campos e Marina

SALVADOR - O governador de Pernambuco e presidente do PSB, Eduardo Campos, pré-candidato à Presidência, e a a ex-senadora Marina Silva lançaram ontem a candidatura ao Senado, pela Bahia, da ex-corregedora do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) Eliana Calmon, com críticas à "velha política" e ao governo federal Durante a solenidade de filiação de Eliana ao PSB, numa casa de eventos em Salvador, Campos foi saudado aos gritos de "guerreiro do Brasil" e "futuro presidente" por cerca de mil pessoas. A chapa terá a a senadora Lídice da Mata como candidata ao governo.

Campos disse que o país parou por culpa da "aliança conservadora" que governa o país:

— Não podemos continuar administrando o combate a inflação, como se diz no Nordeste, da "mão para a boca" com ações pontuais imediatistas que, efetivamente, nos remete a um tempo em que o Brasil pôs duas décadas a perder. Nós sabemos que é preciso preservar as conquistas, e só vamos preservá-la se conseguirmos enxergar o futuro do Brasil acima dos interesses de partidos e grupos políticos — afirmou.

Marina foi mais explícita: frisou que a aliança PSB/Rede prega uma política que "não esteja baseada na distribuição de cargos, como vem sendo feita".

— Já estamos com 39 ministérios e só não se chega aos 40 por constrangimento numérico — disse, numa alusão a "Ali-Babá e os 40 ladrões"

Eliana afirmou que optou por concorrer na Bahia, apesar de morar há 24 anos em Brasília, pelas suas "raízes". Foi graças a essa ligação, afirmou, que enfrentou as pressões que sofreu quando combateu o corporativismo no Judiciário.

—Eu sempre dizia: não se meta comigo porque sou baiana!

Fonte: O Globo

Segundo Campos, aliança dilmista é 'conservadora'

Sustentação política de Dilma 'já deu o que tinha que dar', diz governador de PE

SALVADOR - Dois dias após trocar afagos com a presidente Dilma Rousseff durante encontro de ambos em Ipojuca (PE), o governador e provável candidato do PSB à Presidência da República, Eduardo Campos, afirmou ontem, em Salvador, que a aliança política que dá sustentação à presidente é "conservadora" e "já deu o que tinha que dar".

Presidente nacional do PSB e ex-ministro da Ciência e Tecnologia no governo Lula, Campos disse ainda que as forças políticas "historicamente presentes nas lutas democráticas" perderam espaço no governo Dilma para dar protagonismo ao chamado "presidencialismo de coalizão", sustentado por uma "aliança conservadora".

Na capital baiana, Campos participou do ato de filiação ao PSB da ex-ministra do STJ Eliana Calmon, que irá disputar vaga no Senado em 2014.

Também participaram do ato a ex-senadora Marina Silva e a pré-candidata do PSB ao governo da Bahia, a senadora Lídice da Mata.

Fonte: Folha de S. Paulo

Dividido sobre apoio a Dilma, PP ambiciona 7 governos estaduais

Por Fábio Brandt

BRASÍLIA - Defensor da aliança formal com o PT na eleição de 2014, o novo presidente do Partido Progressista (PP), Ciro Nogueira, afirma que pode lançar candidatos próprios ao governo de sete Estados. Em Alagoas, no Mato Grosso e no Tocantins, o PP deve receber o apoio do PT e dar palanque para a reeleição de Dilma Rousseff. Mas no Rio Grande do Sul, no Amazonas e em Minas Gerais, os partidos serão adversários. Em Rondônia, o PP deve ter candidato contra o PT, mas, mesmo assim, apoiar Dilma.

Senador pelo Piauí, Nogueira assumiu a presidência do PP em abril deste ano com um discurso de renovação. Deixou para segundo plano nas decisões partidárias figuras da velha guarda, como o antigo presidente Francisco Dornelles e Paulo Maluf.

Ciro deixou claro que não pretende repetir em 2014 o que fez Dornelles em 2010. Na ocasião, os caciques regionais se dividiram entre o apoio ao PT de Dilma e ao PSDB de José Serra. Por isso, a cúpula decidiu não entrar em nenhuma coligação presidencial.

Hoje, no entanto, o raio-x das estratégias estaduais mostra que o partido continua dividido. Em muitos locais, ainda predomina o espírito antipetista do PP, formado a partir da Arena e do PDS, legendas apoiadoras do regime militar (1964-1985).

Segundo Ciro Nogueira, uma das metas da sigla será ampliar de 40 para 50 o número de deputados federais. No Senado, de cinco para oito representantes. Mas a prioridade, diz o presidente do PP, será eleger governadores.

Essa estratégia faz as atenções do PP se voltarem principalmente para o Rio Grande do Sul, quinto maior colégio eleitoral do Brasil (8,3 milhões de eleitores, 6% do total). A sigla considera ser favorito para o governo gaúcho com a senadora Ana Amélia. Ela vai concorrer contra o atual governador, Tarso Genro (PT), e recusa-se a dar palanque para Dilma. "A presidente [Dilma] insiste em ter o apoio, mas a Ana Amélia é muito resistente", diz Ciro.

O mesmo não acontece no Amazonas, onde a conciliação sequer é discutida. O Estado tem 2,1 milhões de eleitores (1,6% do total). A candidata do PP será a deputada federal Rebecca Garcia, apoiada pelo prefeito de Manaus, Arthur Virgílio (PSDB). Seu principal adversário será ninguém menos que um representante direto da administração Dilma: o senador Eduardo Braga (PMDB), atual líder do governo no Senado.

Em Minas, segundo maior eleitorado do país (15 milhões de eleitores, 10,6% do total), o PP quer apoio do PSDB para lançar a candidatura do atual vice-governador, Alberto Pinto Coelho. O apoio ainda é incerto porque os tucanos cogitam ter candidato próprio - possivelmente Pimenta da Veiga, ex-ministro de Fernando Henrique. De qualquer modo, o PP dificilmente embarcará na candidatura petista do ministro Fernando Pimentel.

Em Rondônia (1,1 milhão de eleitores, 0,8% do total), o PP estuda lançar o deputado federal Carlos Magno ou Ivone Cassol, mulher do senador Ivo Cassol, que dificilmente conseguirá ser candidato por conta de uma condenação sofrida, em 2013, no Supremo Tribunal Federal (STF). O líder do PP na Câmara, Eduardo da Fonte, integrante do núcleo decisório do PP, afirma que, apesar da situação ainda indefinida, o PP dará palanque para Dilma em Rondônia, mesmo que os petistas apoiem outro candidato a governador.

Dos Estados onde o PP deve apoiar Dilma e ter apoio do PT para seus candidatos, o maior é o Mato Grosso (2,1 milhões de eleitores, 1,5% do eleitorado nacional). O candidato do PP deve ser o produtor rural Eraí Maggi, primo do senador e ex-governador Blairo Maggi, que está filiado ao PR.

Em Alagoas (1,9 milhão de eleitores, 1,4% do total), os pepistas esperam apoio do PT para a candidatura do senador Benedito de Lira ao governo. E, no Tocantins, o PP que eleger Roberto Pires, presidente da Federação das Indústrias do Estado do Tocantins (Fieto).

Mesmo em Estados onde o PP não terá candidato a governador, o racha com o PT é evidente. Em Goiás, por exemplo, a sigla quer apoiar a reeleição de Marconi Perillo (PSDB) e continuar tendo o vice, José Eliton. No Acre, Gladson Cameli deve disputar o Senado na chapa do PSDB. E, no Paraná, o PP também estará com os tucanos na campanha pela reeleição de Beto Richa (PSDB), diz Ciro Nogueira.

Por outro lado, negociações com o PT estão em curso no Piauí, Estado de Ciro. Ele espera que o PT lance Wellington Dias para governador e deixe a vaga de vice para sua mulher, a deputada Iracema Portella (PP). O candidato a senador da chapa, segundo Ciro, será João Vicente Claudino (PTB). No Rio, diz o presidente do PP, o PT gostaria de ter o senador Francisco Dornelles como vice de Lindbergh Farias. Mas a vontade de Dornelles seria, de acordo com Ciro, tentar a reeleição como senador.

Fonte: Valor Econômico

Genro condiciona reeleição a indexador da dívida

Por Sérgio Ruck Bueno

PORTO ALEGRE - O governador gaúcho, Tarso Genro (PT), condicionou sua candidatura à reeleição em 2014 à aprovação do projeto de lei que muda o indexador da dívida dos Estados com a União e à presença exclusiva da presidente Dilma Rousseff em seu palanque no Rio Grande do Sul durante a campanha. Sem essas duas condições, ele disse que o partido irá para a disputa com outro candidato.

"Minha candidatura está balizada por alguns elementos políticos importantes", afirmou o governador em almoço ontem com jornalistas para apresentar o balanço do terceiro ano de governo. O recado foi dado na véspera da inauguração, com a participação da presidente da República, da rodovia BR 448 que liga Porto Alegre à região metropolitana.

"Se o projeto de lei complementar (PLC) da dívida não for aprovado antes das eleições seguramente não serei eu o candidato", afirmou Genro. A proposta, que substitui a correção dos débitos de IGP-DI mais 6% (no caso do Rio Grande do Sul) a 9% ao ano pelo IPCA mais 4% ou taxa Selic, o que for menor, está pronta para ser votada no Senado no início do ano que vem. O Estado deve R$ 41 bilhões para a União.

Conforme Genro, sem a mudança do indexador, o próximo governador do Estado só terá condições de "manter os projetos em andamento e pagar salários". Nestas condições ele não concorrerá porque não está disposto apenas a "ocupar cargo". "Sou um militante político, tenho vontades programáticas de fazer o Estado crescer e se este PLC não for aprovado não isto vai ocorrer".

Quanto à exclusividade da presença de Dilma no palanque do PT no Estado, independente do lançamento de candidaturas de outros partidos que apoiam o governo federal, como o PDT, o PMDB e o PP, Genro reforçou a reivindicação que já havia sido feita pelo novo presidente estadual do partido, Ary Vanazzi, eleito em novembro.

"Eu sou aqui o representante da presidenta Dilma, eu apoio a presidente Dilma e grande arte dos nossos projetos estratégicos está ancorada no projeto da presidenta Dilma", afirmou o governador. "Então é natural que ela tenha um palanque único e se não tiver, nós vamos discutir quem é o [candidato] mais indicado. Eu vou argumentar que não sou eu".

Questionado se aceitaria uma posição de neutralidade da presidente, sem a participação dela no palanque de nenhum candidato no Estado, Genro limitou-se a afirmar que ainda não havia chegado a esta "elaboração". Segundo o governador, "fechados esses dois elementos", ele vê "boa possibilidade" de concorrer em 2014. "Aí vou entrar com vontade na campanha [como] um trator político, no bom sentido da expressão".

Fonte: Valor Econômico

Serra evita dizer se desistiu do Planalto

Tucano é evasivo ao ser indagado se continua na disputa

CURITIBA - O ex-governador de São Paulo José Serra deu demonstrações ontem de que ainda não desistiu da candidatura à Presidência da República pelo PSDB. Em Curitiba, onde recebeu a medalha da Ordem do Pinheiro, ele saiu pela tangente quando questionado se abrira mão da disputa pelo Palácio do Planalto:

— Só quis dizer a quem acha que precisa esperar para anunciar a definição (do candidato) que não há necessidade nenhuma disso — afirmou, quando perguntado sobre declarações feitas por ele esta semana nas redes sociais, nas quais disse que os que defendem a candidatura do senador Aécio Neves (MG) devem fazer a indicação "sem demora".

Serra se recusou a comentar as propostas para o país apresentadas terça-feira por Aécio, em evento em Brasília:

— Não estamos aqui para falar disso — disse, pouco antes da condecoração oferecida pelo governo do Paraná a 50 pessoas que contribuíram para o desenvolvimento do estado.

Sem querer tratar das eleições de 2014, o tucano não se fez de rogado ao lembrar a votação expressiva que teve naquele estado:

— No Paraná me sinto em casa. Aqui tive a maior vantagem de votos na eleição.

Outro homenageado com a comenda, o senador Álvaro Dias (PDB-PR) anunciou apoio à candidatura de Aécio:

— Precisamos de um projeto de nação. Estamos indignados com esse governo que se apoia num modelo de corrupção. É um sistema que tem que ser destruído. É isso que nos une. Se há diferenças entre nós, há algo maior que nos mantém unidos.

Fonte: O Globo

No Paraná, Richa e Gleisi disputam vice do PMDB

Por Fábio Brandt

BRASÍLIA - Os principais candidatos ao governo do Paraná em 2014 já iniciaram as articulações para encontrar seus vices. O PMDB está na mira tanto do candidato à reeleição, Beto Richa (PSDB), quanto da desafiante, a ministra Gleisi Hoffmann (Casa Civil). Por conta das divisões internas do PMDB, no entanto, ambos trabalham com alternativas. Richa já procurou o PSC de Ratinho Junior, filho do apresentador de TV. Gleisi conversa com Osmar Dias (PDT) e também com Eduardo Sciarra (PSD).

A disputa pelo governo paranaense promete ser um duro embate entre PT e PSDB. Os petistas nunca elegeram o governador do Paraná. Esperam quebrar esse tabu para reforçar sua presença no Sul do Brasil a partir de 2015. Mas, antes disso, julgam necessário ter bom desempenho na campanha de Gleisi para que os eleitores sulistas, historicamente tidos como refratários ao PT, tenham motivos para apoiar a reeleição da presidente Dilma Rousseff.

A importância dada pelos dois partidos ao Paraná tem razão de ser. Com 7,7 milhões de eleitores (5,5% do total nacional), é o sexto maior colégio eleitoral do país, de acordo com os dados mais recentes divulgados pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), referentes a novembro de 2013. Na economia, o Paraná tem o quinto maior Produto Interno Bruto (PIB) entre os Estados: R$ 239 bilhões (5,8% do PIB brasileiro), segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) referentes a 2011.

Beto Richa parece ter superado seu primeiro obstáculo: as desavenças com o senador Álvaro Dias (PSDB). O governador assegurou apoio à reeleição do senador. E obteve resposta recíproca. O próximo passo será fazer a cabeça do atual vice, Flávio Arns (PSDB). Richa já procurou ao menos dois partidos, PMDB e PSC, para oferecer a vaga de Arns.

Procurado pelo Valor, Alvaro Dias deu mostras de que seu entendimento com Richa já surte efeito. Defendeu o governador e disse que "ele [Flávio Arns] vai ficar de acordo". Segundo Dias, é correto ceder a vice. "Se o PMDB vier com o PSDB, a eleição acaba no primeiro turno", afirmou. O PSC, disse, seria um ótimo aliado, mas a estrutura do PMDB daria mais robustez à candidatura tucana.

Não só a preferência pelo PMDB afasta o PSC da vice de Beto Richa. O PSC insiste para Ratinho Junior ser candidato a deputado federal. Campeão de votos, ele poderia levar consigo para Brasília mais colegas do partido. Mas Ratinho tem outros planos: quer se eleger deputado estadual e passar mais tempo em Curitiba para fortalecer seu nome para as próximas eleições: 2016 (prefeito) e 2018 (governador).

Assim como no PSDB, muitos petistas veem no PMDB o aliado ideal para vencer já no primeiro turno. Caso essa aliança não se concretize, Gleisi tem um aliado garantido: o PDT do prefeito de Curitiba, Gustavo Fruet. O problema é que a pessoa do PDT para entrar na aliança, Osmar Dias, recusa-se a disputar a eleição contra o irmão tucano Álvaro. Os petistas já começam a desistir de convencê-lo e trabalham outra opção: fazer com que o PSD, de Gilberto Kassab, saia da base de apoio a Beto Richa e entre na coligação petista.

O líder do PSD na Câmara dos Deputados, Eduardo Sciarra, afirmou ao Valor que será candidato a senador e que o empresário Joel Malucelli disputará o governo pelo partido. Esse é o quadro atual. Mas ele não nega que tenha sido procurado pelo PT para aderir ao projeto de Gleisi. Fontes do PT consultadas pela reportagem afirmam que, de fato, estão pleiteando a entrada de Sciarra em sua aliança.

Toda essa confusão pode se resolver após o PMDB realizar sua convenção no próximo ano e revelar qual de seus grupos internos vai dominar a legenda no Paraná. Ao menos três grupos disputam o PMDB. O grupo do senador Roberto Requião trabalha para lançá-lo como candidato a governador. Um outro grupo, mais próximo aos petistas, apresenta como possível vice de Gleisi o deputado estadual Caito Quintana. O terceiro grupo, mais próximo ao PSDB, tem como opções o ex-governador Orlando Pessuti e o deputado federal Osmar Serraglio. Apesar de Pessuti mostrar empenho para ser candidato ao governo, tanto ele quanto Serraglio são vistos pelos tucanos como opções de vice para Beto Richa.

Fonte: Valor Econômico

BC reduz estimativa de crescimento do PIB para este ano e prevê inflação perto de 6%

Projeção de expansão da economia caiu de 2,5% para 2,3%

Gabriela Valente

BRASÍLIA - O Banco Central diminuiu a previsão de crescimento da economia brasileira neste ano de 2,5% para 2,3%. De acordo com o relatório trimestral de inflação, publicado nesta sexta-feira pela autoridade monetária, o país deve manter o mesmo ritmo de crescimento, 2,3%, no terceiro trimestre do ano que vem. Os diretores ainda apostam que a inflação continuará resistente nos próximos anos.

Segundo o documento, o BC manteve a projeção de 5,8% para o Índice de Preços ao Consumido Amplo (IPCA) para este ano. Nos últimos 12 meses, o IPCA acumula uma alta de 5,77%.

A estimativa para a inflação em 2014 é de 5,6% e de 5,4% para 2015. Acima da meta para a alta de preços nos dois anos: 4,5% com uma margem de tolerância de 2 pontos percentuais para mais ou para menos.

As contas do BC são feitas sobre um cenário de referência. Os técnicos usam a taxa básica de juros em vigor, ou seja, 10% ao ano. Ou seja, mudanças promovidas pelo próprio Banco Central alteram essas previsões. Além disso há o fator surpresa do dólar, que tem impacto direto no preço dos produtos importados.

Por isso, o Banco Central trabalha com uma possibilidade de eventos econômicos que podem fazer a inflação estourar o teto da meta. Tanto para 2014 quanto para 2015, a probabilidade de o IPCA romper essa barreira é de 27%.

Fonte: O Globo

Campanha sem lei – Merval Pereira

Em todo o país vê-se quase que diariamente a quebra das regras eleitorais, com autoridades de diversos níveis sabidamente candidatas utilizando-se do acesso ao rádio e à televisão que lhes permitem os cargos que ocupam para preparar suas candidaturas. Principalmente a presidente Dilma. Teoricamente, a propaganda eleitoral nas ruas e na internet será liberada no dia 6 de julho, e a campanha no rádio e na televisão começará no dia 19 de agosto.

O caso mais escandaloso é o do presidente da Fiesp, Paulo Skaf, potencial candidato a governador de São Paulo, que comprou tempo de televisão recentemente para comemorar como uma vitória pessoal a determinação da Justiça de desautorizar o aumento do IPTU da cidade de São Paulo. O imposto é municipal, e a entidade que Skaf preside é estadual, e a proibição do aumento deveu-se também a uma ação do PSDB.

Mas isso não tem a menor importância para quem quer aparecer para o grande público como o defensor dos cidadãos contra a ganância do prefeito petista Fernando Haddad. Ontem Paulo Skaf esteve no Supremo Tribunal Federal para conversar com o presidente Joaquim Barbosa a respeito, pois a prefeitura de São Paulo recorreu ao STF depois de perder na justiça local e no Superior Tribunal de Justiça (STJ).

São os primeiros movimentos da campanha eleitoral desenrolando-se diante dos eleitores, sem que os tribunais eleitorais tomem providências. Como oficialmente não há campanhas eleitorais ainda, não há uma legislação específica que possa ser acionada, tudo dependerá da subjetividade dos juízes eleitorais.

No Rio, há um procurador tentando controlar pré-candidatos de vários partidos que estão descumprindo a lei eleitoral. O vice-governador Pezão, do PMDB, o deputado federal Garotinho, do PR e o senador Lindbergh Farias, do PT, cada um a sua maneira desrespeita sistematicamente a lei, inaugurando obras ou usando o horário eleitoral gratuito do partido para alavancar seus nomes ao governo do Estado.

Os partidos e candidatos sabem que estão errados, mas preferem pagar a multa irrisória – o valor varia de 5.000 a 20.000 reais – a deixar de fazer a propaganda eleitoral antecipada. Isso quando pagam multa.

A cobrança
Clóvis Brigagão, professor do IUPERJ/UCAM e professor-visitante da UERJ, lembra que a compra dos novos caças reforça a importância estratégica de uma Força Aérea que defina uma Política de Defesa Aérea no Brasil que, segundo ele, está ainda um pouco longe de termos: “Basta ver que a Força Aérea toma muito mais conta dos aeroportos civis, que deveriam ser do âmbito do Ministério dos Transportes (rodoviária, ferroviário, aéreo e fluvial) e não da área aeroespacial”. Vamos agora ter uma política de defesa aeroespacial, pergunta Brigagão, para responder: “Vamos cobrar”.

Cumprir a lei
A violência no futebol brasileiro já não se faz sentir apenas nos estádios de futebol e em suas imediações, mas passou a ser um estado de espírito. Torcedores e jogadores do Fluminense são atacados nas ruas, crianças sofrem bulling nas escolas.

A decisão do STJD de tirar os pontos de Flamengo e Portuguesa por terem escalado jogadores sem condições de jogo foi o pretexto para torcedores trogloditas extravasarem seus ressentimentos sobre o Fluminense, que nada teve a ver com o caso. Cumprir a lei passou a ser um pecado mortal.

Enquanto em público defendem teses estapafúrdias, no particular, sabemos agora pela troca de mensagens entre dirigentes do Flamengo, eles têm noção de que estão errados, não têm nenhum direito a reivindicar e que, como um deles disse, se não fosse a Portuguesa, seria o Flamengo o rebaixado.

Que leis como a que puniu a Portuguesa, que não dão margem a graduações de punições, devem ser mudadas, não se discute. Mas nesse caso, se tudo indica que a Portuguesa errou sem má-fé, por desorganização, o Flamengo, pela conversa de seus dirigentes, errou por soberba. Não há flexibilização da legislação que resolva esse caso.

Fonte: O Globo

Ilegal? Pois é – Dora Kramer

Não são os marcianos nem o tão falado ativismo judicial os responsáveis pela limitação das campanhas ao período de três meses antes das eleições. A regra está na lei eleitoral e é fruto da vontade do Congresso.

Resultado de uma decisão do Parlamento, tomada por partidos que são os primeiros a ignorá-la solene e cinicamente quando saem por aí propagandeando seus candidatos inclusive em horário de televisão reservado à divulgação das legendas e financiado por dinheiro público.

A lei está obsoleta? Não atende às exigências da realidade? É draconiana, restritiva, impraticável? Perfeitamente. O Parlamento construiu, pode desconstruir; reunir-se, reformar as regras ou mesmo simplesmente revogar a existente, suspendendo qualquer restrição a campanhas.

Como a proibição não é respeitada, na prática não faz sentido e as punições não são suficientes para inibir as transgressões, melhor que suas excelências deixem de atuar na ilegalidade. Têm poder para isso.

Ademais, não está aí o problema. O tempo de campanha pode ser livre, a conduta dos homens e mulheres públicos é que não pode ser permissiva.

Hoje não há praticamente mais separação entre um pleito e outro. O assunto, os atos, as decisões, os gestos, qualquer movimento têm como meta o resultado eleitoral que possa produzir. Os problemas do cotidiano da população ficam, assim, em segundo plano ante a conveniência de cada agremiação.

Essa distância fica muito nítida quando se examinam as pesquisas. No caso federal há discrepância entre os índices de aprovação da figura presidencial e a avaliação bastante negativa sobre o funcionamento dos serviços prestados pelo Estado.

Há um ganho personalista nessa propaganda de cunho eleitoral à qual se dá o nome de "campanha antecipada" que, na verdade, é permanente. Em contrapartida, existe o desleixo em relação ao que seria de interesse da população no restante do tempo em que não está preocupada com quem vai ganhar ou perder o poder, mas em viver melhor.

Há seis meses as pessoas foram às ruas dizer: prestem atenção em nós! Pelo visto, não foram bem entendidas. Passado o susto, que provocou um intervalo de recolhimento dos partidos e dos políticos, voltou a vigorar o que o presidente do Tribunal Superior Eleitoral, ministro Marco Aurélio Mello, chamou, em entrevista ao Valor Econômico, de "Babel" onde viceja "a lei do mais esperto".

Uma espécie de lei de Gérson: tira vantagem da situação quem tem mais ousadia para transgredir. Como ninguém quer ficar em desvantagem além daquele desequilíbrio usual, decorrente do uso da máquina pública por parte dos governantes candidatos, locupletam-se todos.

Diz o ministro que a Justiça Eleitoral será mais rigorosa nessa eleição. Ele acredita que as multas hoje insignificantes podem ser aumentadas mediante uma interpretação menos limitada da lei e defende que o TSE avance na jurisprudência levando a julgamento o registro da candidatura de quem faça propaganda antes da hora.

Claro que aí surgiriam as vozes de sempre dizendo que o Judiciário se intromete onde não deve; que o embate político não pode ocorrer nos tribunais e que a Justiça, se porventura vier a cassar essa ou aquela candidatura, estará sendo parcial.

Estará, isso sim, cumprindo o seu papel até hoje exercido com evidente leniência na área eleitoral. Para evitar justamente comprar uma enorme briga e ainda ser acusada de atrapalhar o "processo".

Pois é, mas existe uma lei. Conforme o início da nossa conversa, não foi aprovada em Marte nem inventada nos tribunais.

É produto da manifestação dos políticos. Se eles não medem as consequências de suas atividades legislativas, ao menos que as respeitem. Ou revoguem as disposições em contrário.

Fonte: O Estado de S. Paulo

Bombardeio aéreo - Maria Cristina Fernandes

Gripen no lugar das kombis e muda projeto de poder

O Estado que cresceu sobre quatro rodas agora deve ser conquistado pelo ar. A campanha petista pela joia da coroa da Federação começou com um bombardeio aéreo de grande alcance. Num único dia, o governo anunciou a compra dos caças suecos e a construção do terceiro aeroporto da região metropolitana de São Paulo.

É evidente que uma decisão de US$ 4,5 bilhões que mobilizou o lobby dos mais estrelados governantes do planeta e levou 13 anos para ser tomada não teve como alvo a comezinha disputa eleitoral em São Paulo. Mas está claro que a escolha do Gripen trará benefícios para o projeto petista de desalojar o PSDB do Palácio dos Bandeirantes.

Das três propostas em disputa, a dos caças suecos era a mais comprometida com aquilo que os petistas do ABC chamam de embrião de um polo tecnológico. Como já relatou Marli Olmos, do Valor, os suecos foram hábeis em prometer investimentos e fazer aliados em São Bernardo do Campo. Vai demorar, mas oferece ao discurso político uma promessa de futuro.

É com essa parceria que Luiz Marinho, o prefeito da cidade que ascendeu no sindicalismo e na política sob os auspícios do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, pretende reverter o esvaziamento da região que viu sua indústria automobilística espalhar-se pelo país.

O anúncio dos caças se deu no mesmo dia em que se noticiou o fim da produção de kombis, inadaptadas ao airbag, em São Bernardo do Campo.

Parece mera coincidência, mas é também uma migração de projeto de poder. Depois de entupir as cidades brasileiras de carros, o petismo investe mais decididamente, a partir do seu berço político, no desenvolvimento de um polo tecnológico voltado para a indústria de defesa, inteligência, segurança pública e exploração do pré-sal.

Como são setores dependentes de compras governamentais e de linhas de financiamento oficiais, podem servir de lastro ao já verbalizado projeto de 20 anos de poder, que passa pela tomada do Palácio dos Bandeirantes.

O PT paulista nunca esteve tão determinado nesse propósito quanto nesses anos em que esteve fora da cadeira presidencial. A eleição da presidente Dilma Rousseff foi o momento mais nacionalizado da cúpula petista. O ex-ministro Antonio Palocci, voz de Lula no comando, dividia forças com o ex-presidente da Petrobras, o sergipano José Eduardo Dutra e o atual ministro Fernando Pimentel (MG). O terceiro nome da coordenação de campanha, José Eduardo Martins Cardozo, hoje ministro, apesar de paulista, era da cota de Dilma e nunca pertenceu ao grupo lulista.

Em 2014, além de 100% do comando da campanha presidencial, os paulistas contarão, na presidência da seção estadual do partido, com o ex-prefeito de Osasco, Emídio de Sousa, petista de perfil executivo, próximo a Palocci.

Além de desalojar os tucanos, sua missão, na praça que congrega 22% de todos os eleitores do país, é compensar em São Paulo o avanço dos adversários sobre territórios que, nas três últimas eleições, cravaram PT para presidente.

O maior deles é Minas. O ex-governador de São Paulo e o atual, José Serra e Geraldo Alckmin, revezaram-se em derrotas para os petistas naquele Estado nas mesmas três eleições em que o senador Aécio Neves reelegeu-se e fez de Antonio Anastasia governador.

Desta vez, apesar de o PT ter em Fernando Pimentel um candidato competitivo ao governo do Estado, é improvável que o partido repita a façanha de colocar mais de um milhão de votos à frente dos tucanos como o fez em todos os primeiros turnos a partir de 2002.

Dos três maiores Estados do Nordeste, dois, Bahia e Ceará, deram a Dilma vantagem superior a dois milhões de votos em 2010. Desta vez, a situação é mais confortável no Ceará. Na Bahia, Estado que lhe deu a maior dianteira (2,7 milhões de votos) em todo o país, além de o PT não ter mais o bônus da reeleição de governador, enfrentará uma chapa de duas mulheres boas de briga, Lídice da Matta (governo) e Eliana Calmon (Senado), ambas no partido do governador Eduardo Campos (PSB).

No seu Pernambuco, um dos seis em que Dilma alcançou diferença superior a um milhão de votos sobre o PSDB, está claro que a campanha da presidente será dura. No primeiro turno de 2002, Lula só perdeu em três Estados. Dois deles, Ceará e Rio, tinham ex-governadores no páreo presidencial, Ciro Gomes e Anthony Garotinho, ambos ex-correligionários de Campos.

A presidente tampouco terá vida fácil nos Estados da fronteira agrícola, aqueles sempre manchados de azul nos mapas de resultados eleitorais. A situação poderia ser pior se Campos não tivesse que explicar tanto para o agronegócio que, se eleitos, Marina Silva, acolhida como centroavante, será jogada para o escanteio

Com um mapa nacional mais intrincado que o de 2010, Dilma não pode se dar ao luxo de perder em São Paulo. Nos nove turnos em que os paulistas foram às urnas escolher presidente (contando o único de 1989), em apenas dois - os de 2002 - o PT venceu em São Paulo.

Naquela eleição, o desemprego era o dobro do atual e afetava mais o bolsão industrial que o resto do país. A crise no emprego não foi capaz de impedir a vitória de Alckmin, ainda que o PT, com José Genoino, tenha, naquele ano, chegado pela primeira e única vez ao segundo turno na disputa pelo governo estadual. A maior prejudicada pelo desemprego em alta foi mesmo a candidatura de José Serra.

Não é para dar o troco que Alckmin pouco se esforçará por Aécio em São Paulo. É porque corre, de fato, o risco de não se reeleger se desprezar os palanques duplos que lhe são oferecidos por prefeitos dispostos a fechar com Dilma para presidente.

Com o voto 'dilmin' em 2010 a presidente ficou 783 mil votos aquém de Serra no Estado. O potencial de traição desta vez é maior porque o candidato a presidente vem do outro lado da Serra da Mantiqueira.

Dilma leva vantagem por São Paulo, pela primeira vez, não ter candidato na disputa presidencial. Mas esse bônus pode ser relativizado pelo voto 'edumin', sacramentado com a presença do PSB na chapa de Alckmin.

O caça petista ainda tem pela frente as nuvens pesadas da popularidade do prefeito da capital. Fernando Haddad corroi o bônus que o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, tem como sangue novo na política eleitoral. São Paulo nunca esteve tão decididamente no radar do partido, mas o céu dos petistas ainda não é de brigadeiro.

Fonte: Valor Econômico

Uma cabeça na bandeja - Luiz Carlos Azedo

Michel Temer acumula mais micos na mão. As críticas de seus pares são de que se acomodou no cargo de vice-presidente e já não defende os interesses do partido nas bolas divididas. Decidiu exercer o papel de representante de Dilma Rousseff nos conflitos

O título é meio mórbido, mas não tem nada a ver com os três presos decapitados na rebelião do presídio de Pedrinhas, no Maranhão, um retrato das condições desumanas das nossas cadeias, que lembram as masmorras da escravidão romana. Vale, porém, o registro. Trata-se, no caso, de uma parábola — figura de estilo — que descreve com exatidão a situação do presidente do PMDB, Michel Temer, na chapa da reeleição da presidente Dilma Rousseff. Sua cabeça está sendo oferecida pelos caciques da legenda para quem quiser resolver os problemas regionais da aliança do PMDB com o PT.

Notável constitucionalista e hábil articulador político, Temer conseguiu a proeza de unir o PMDB, uma confederação de caciques políticos estaduais, para apoiar o governo Lula, o que lhe garantiu a vaga de vice-presidente da República. Ficaram de fora apenas alguns caciques recalcitrantes, como o ex-governador de Pernambuco Jarbas Vasconcelos. O vice de Dilma manteve o PMDB no governo administrando conflitos regionais com incrível competência, como o da Bahia, onde Geddel Vieira Lima, ex-ministro da Integração Nacional do governo Lula, passou sete anos se digladiando com o governador Jaques Wagner (PT); mesmo assim, no governo Dilma, manteve o cargo de vice-presidente da Caixa Econômica Federal (CEF). De uns tempos pra cá, na medida em que a eleição se aproxima, porém, Temer começa a perder o controle da situação do PMDB.

A primeira crise no sistema de alianças construído por Temer foi na eleição do líder da bancada do PMDB na Câmara, Eduardo Cunha (RJ), que o Palácio do Planalto tentou detonar. Michel vacilou diante das pressões, mas o parlamentar resistiu e registrou a ocorrência. Por muito pouco, Henrique Eduardo Alves (RN), o presidente da Casa, também não fez o mesmo para agradar à presidente da República. Depois, a crise se instalou no Rio de Janeiro, onde o governador Sérgio Cabral (PMDB), que tinha o maior cacife eleitoral da legenda, foi abandonado por Dilma e, agora, e vem sendo enrolado pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O senador Lindbergh Farias será mesmo o candidato do PT contra Luiz Fernando Pezão (PMDB, o vice de Cabral. O PT empurra com a barriga a saída do governo, mas está escrito nas estrelas que Cabral somente se manterá na aliança com os petistas se jogar a tolha quanto à própria sucessão.

Nova crise eclodiu no Ceará, onde o senador Eunício de Oliveira(PMDB) é candidato a governador e reclama o apoio do PT e dos irmãos Gomes. Ocorre que nem Cid, o governador, nem o irmão Ciro, cotado para o Ministério da Saúde, desejam abrir mão de uma candidatura de seu próprio esquema político, que migrou do PSB para o Pros. Bom de briga, Eunício cobra solidariedade dos pares e já mandou recado de que não aceita palanque duplo no Ceará. Situação semelhante começa a ocorrer também no Maranhão e na Paraíba, onde o PT rói a corda da aliança com os senadores José Sarney (PMDB-AP) e Vital do Rego (PMDB-PB), respectivamente. Michel Temer acumula mais micos na mão. As críticas de seus pares são de que se acomodou no cargo e já não defende os interesses do partido nas bolas divididas. Decidiu exercer o papel de representante de Dilma Rousseff nos conflitos, em vez de defender com unhas e dentes os interesses do PMDB junto ao governo. É aí que mora o perigo.

A situação tornou-se tão crítica que os caciques ameaçam entregar a cabeça de Temer na aliança com o PT e cuidar da própria vida. Se preciso for, estão dispostos a engrossar o “Volta, Lula!”, com o filho do falecido vice-presidente José Alencar, Josué, que se filiou ao PMDB de Minas, na vice do ex-presidente da República, no lugar de Temer. Acontece que a fórmula também agrada a Dilma, que assim mudaria a cara de sua chapa de candidata à reeleição, fortalecendo-se em Minas. Ou seja, os caciques regionais do PMDB interessados em manter ou conquistar governos locais estão dispostos a oferecer a cabeça de Temer numa bandeja — seja para Dilma seja para Lula.

Grande irmão
O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, é o nome escolhido pela presidente Dilma Rousseff para comandar o megaesquema de segurança que será montado durante a Copa do Mundo. Policiais das sedes e demais forças de segurança já estão sendo treinados por agentes norte-americanos na prevenção de atos terroristas. Cardozo disporá de amplos poderes legais, administrativos, recursos e homens para investigar qualquer indivíduo suspeito de ter relações com organizações terroristas durante os jogos.

Fonte: Correio Braziliense

Quem entender o dilmês me traduza – Alberto Goldman

Dilma falou à imprensa e disse que São Paulo terá, em breve, um terceiro aeroporto, privado, na Região Metropolitana de São Paulo. Seria na região de Caieiras, mas…não está claro ainda quando, segundo a presidente.

Poucos dias depois do acidente com o avião da TAM no Aeroporto de Congonhas, que ocorreu em julho de 2007, isto é, há mais de 6 anos, ela e o Lula declararam que, em 60 dias teríamos conhecimento da área na Região Metropolitana onde seria construído o 3º aeroporto. Ainda agora, Dilma, não sabe se vai ser aqui ou ali e não está claro quando? Não sabe nada, isso sim.

Nós, a partir de 2007, desenvolvemos na Secretaria de Desenvolvimento do Estado de São Paulo um estudo que foi então apresentado ao ministro da Defesa Nelson Jobim que me alertou que já estava com outro estudo pronto sobre a mesma questão: construção do 3ºaeroporto. Assim como nada aconteceu, nada acontece nesse governo medíocre.

Também, depois de tantos anos, tricas e futricas, a presidente “decide” comprar os caças suecos para a renovação da força aérea. Durante anos o Lula namorou os caças franceses “Rafale”, depois a Dilma flertou com os caças americanos da ”Boeing” e, sem maiores explicações e justificativas, opta pelos suecos. Aí tem coisa.

Mas de Dilma não se pode esperar grande coisa. É até difícil entender o que quer dizer sobre várias questões, sua língua é o dilmês. Vejam e tentem entender três trechos de sua entrevista de ontem:

— “A questão da educação é uma questão fortíssima no Brasil. Acho que ela é, o Brasil hoje é um país, do meu ponto de vista, que tem na educação o seu grande caminho, porque, através da educação eu estabilizo a saída da miséria e a ida para a classe média. Só através da educação que nós vamos estabilizar, e educação de qualidade, senão você não estabiliza, ou então a pessoa fica lá. Então, discutiam porta de saída. A grande porta de saída é uma porta de entrada: é a educação”.

— “Nesse Pronatec Brasil Sem Miséria, nós já formamos 850 mil pessoas. E formar 850 mil pessoas é dar condição a eles de ter uma profissão. Você forma de ajudante para tratamento de idoso, até a quantidade imensa de cabeleireira que tem nesse país, né meninas? Vocês sabem que nós somos um dos países com maior consumo na área de indústrias da beleza. E prolifera essa questão. Faz parte da inserção, eu acho, da mulher no mercado de trabalho. Não sei se vocês viram essa mulher formada no Pronatec, era engraçadíssima, a unha era desse tamanho assim, pintada assim, toda bonita pintada, e ela era torneira mecânica. Estava formando em torneira mecânica. Mulher vai para torneira mecânica de unha pintada. Acho que esse é um processo inclusivo”.

—“Então, do meu ponto de vista acho que 2013 foi o momento em que a chamada crise, que muitos economistas internacionais discutiam se era em U, se era em V, se era em W. Ela é, eu acho, que num W mais profundo para esse momento, se você olhar do ponto de vista da economia internacional como um todo. De alguma economia pode até dizer: olha, foi pior no primeiro momento, lá em 2009. Eu acho que foi pior quando se aprofunda da crise da Europa e se combina com a crise americana, e além disso, com uma redefinição da economia chinesa. E isso indica uma perna para baixo do W mais profunda”.

Por favor, quem entendeu o dilmês, me traduza.

Alberto Goldman, vice-presidente nacional do PSDB

Estádios ou praças de guerra no país da Copa? - Roberto Freire

A seis meses da Copa do Mundo, o futebol brasileiro ganha destaque no noticiário internacional não pelos gols de seus craques, mas pela violência que tomou conta dos estádios. No último dia 8, o mundo acompanhou as cenas de selvageria protagonizadas por criminosos travestidos de torcedores de Atlético Paranaense e Vasco nas arquibancadas da Arena Joinville, em Santa Catarina. A partida ficou interrompida por mais de uma hora e o conflito terminou com um saldo de quatro feridos com gravidade.

O Brasil vem registrando uma escalada de violência e mortes em seus estádios nos últimos anos. Só em 2013, 30 pessoas morreram em conflitos entre torcidas, superando o número já calamitoso de 2012 (23). Entre 1999 e 2008, houve 42 mortes. Ao invés da punição a Atlético Paranaense e Vasco, que perderam mandos de campo, os vândalos que transformaram a Arena Joinville em uma praça de guerra é que deveriam ser severamente penalizados.

O futebol brasileiro teria muito menos do que 100 mortes para lamentar nos últimos 15 anos se os bandidos tivessem sido presos e impedidos de voltar a um estádio logo na primeira ocorrência de suas hoje já extensas atividades delituosas. É responsabilidade do Estado coibir a violência no país do futebol, sobretudo às vésperas de uma Copa para a qual foram construídas modernas arenas ao custo de bilhões, em grande parte com dinheiro público.

O Brasil deveria seguir o exemplo da Inglaterra, que sofreu como vandalismo dos “hooligans” nos anos1980 e hoje é referência em segurança nos eventos esportivos. Em 5 de junho de 1985, o Estádio de Heysel, em Bruxelas, na Bélgica, foi palco de um triste espetáculo durante a final da Copa dos Campeões da Europa entre Liverpool e Juventus. Os violentos torcedores ingleses foram pivôs de um confronto que resultou em 38 mortos e 454 feridos.

Devidamente identificados pela polícia a partir das imagens da televisão, 27 “hooligans” que iniciaram o tumulto foram presos e indiciados por homicídio culposo. Em 1989, em Sheffield, novamente durante um jogo do Liverpool, outra tragédia: 96 pessoas morreram esmagadas junto às grades após uma confusão na arquibancada.

A grande virada no futebol inglês se deu em1990, a partir do Relatório Taylor, documento de diretrizes formulado pelo governo que deu origem a profundas transformações nos estádios do país. As grades que separavam a torcida do campo foram removidas, os portões e catracas receberam dispositivos de segurança, a venda de bebida alcoólica foi proibida e câmeras de monitoramento foram instaladas em todas as arenas.

Quem invadia o campo era preso imediatamente e banido dos estádios, tendo de se apresentar à polícia nos dias de jogos de seu time. A Copa de 2014 já consumiu mais de R$ 30 bilhões em dinheiro público, entre obras nos estádios e outros investimentos. Mas de nada adianta erguer arenas no “padrão Fifa” se os bandidos que barbarizam nas arquibancadas continuarem livres, aterrorizando os amantes do futebol.

Como se não bastasse a virada de mesa consumada em um tribunal que, no tapetão, aplicando normas esdrúxulas, determina quem permanece na primeira divisão e quem cai para a Série B, o futebol brasileiro padece como vandalismo explícito nos estádios. Com ou sem Copa, as autoridades têm a obrigação de defender esse patrimônio cultural do povo brasileiro, verdadeira paixão nacional dilacerada pela ação criminosa de meliantes.

Deputado federal por São Paulo e presidente nacional do PPS

Fonte: Brasil Econômico