sexta-feira, 6 de setembro de 2013

O salão verde como porta de saída - Maria Cristina Fernandes

A julgar pelas prisões preventivas e pelo reforço no aparato de segurança, governantes de norte a sul aguardam mais ruídos no 7 de setembro do que os do tradicional "Grito dos Excluídos", desde 1995 incorporado ao tradicional calendário de protestos da data.

Nos três meses que se passaram desde o início dos protestos, nem tudo mudou para conservar a ordem. Há mudanças para melhor e outras que pioram o que já era muito ruim.

Entre as boas mudanças está a aprovação de projeto que tramitava há anos no Congresso para punir empresas que ofertam vantagens a servidores públicos como parte de sua estratégia de expansão. Depois de uma sucessão de leis para aumentar o rigor contra a corrupção no Estado, foi a vez de o Congresso se voltar contra o corruptor. A lei foi sancionada pela presidente Dilma Rousseff com vetos nos artigos que atenuavam as punições às empresas.

Entre os piores subprodutos das ruas está a minirreforma eleitoral em curso. Situa a atual lei na ala dos feitos nunca tão ruins que não possam piorar.

O texto aprovado na Comissão de Constituição e Justiça do Senado dificulta a vida de quem quer disputar mas não dispõe de mandato, carreira na televisão ou vocação para líder religioso.

Veta todas as alternativas surgidas para divulgação de candidaturas desde a proibição de outdoors, como placas e cavaletes, pintura de muro de casas e de casas. Regulou até o tamanho dos adesivos.

Eleição parlamentar corre o risco de aprofundar o fosso

A justificativa para toda essa perfumaria foi a necessidade de reduzir o custo de campanha. Houvesse, de fato, esta motivação teriam reforçado a transparência e a vigilância sobre os gastos. Preferiram derrubar a emenda que obrigava a divulgação dos financiadores durante as campanhas. E ainda abrigaram as multas aplicadas às legendas entre os propósitos do fundo partidário. Preparam-se para infringir a lei eleitoral e debitar na conta do eleitor.

A votação do texto foi nota de pé de página numa semana em que só se falou da manutenção do mandato do deputado federal Natan Donadon (sem partido-RO), preso pelo desvio de verbas na Assembleia Legislativa de Rondônia.

São fatos derivados da mesma sofreguidão numa conjuntura de rechaço à representação política. Mas as mudanças na lei eleitoral têm consequências ainda mais danosas. Ao impermeabilizar o Legislativo a novas carreiras, a minirreforma eleitoral não apenas visa a preservar mandatos como frustra a renovação.

O Congresso pode se renovar sem melhorar. O sangue novo também pode chegar contaminado. As mudanças em curso não o esterilizam.

No banco de dados do Diap recolhe-se que a eleição parlamentar com o maior grau de renovação foi a de 1990. Na esteira da eleição do caçador de marajás no ano anterior, os eleitores mandaram para casa seis em cada dez deputados.

Foi uma renovação semelhante à que sucedeu no parlamento italiano depois da operação "Mãos Limpas" que varreu 70% da elite política.

Na Itália, a renovação eleitoral de 1994 deu origem à era Silvio Berlusconi. No Brasil, a renovação recorde de 1990 daria início à legislatura dos "Anões do Orçamento".

Concorre para piorar o que já é ruim a gritaria anticorrupção. Reúne no mesmo barco e esteriliza interesses conflitantes na disputa pelo Estado.

O PSOL, um dos partidos mais antenados contra os passeios de helicóptero da cachorrinha do governador Sérgio Cabral, por exemplo, pode pagar pedágio na rota de 2014. A líder do partido na Assembleia Legislativa e presidente do partido no Rio renunciou ao cargo depois de denúncia de financiamento irregular de campanha.

Um dos momentos mais emblemáticos do trimestre das manifestações foi o confronto entre a moçada das redes sociais e os carros de som dos sindicatos.

Mais reduzidos, os protestos sindicais foram criticados por discurso e método. Por carcomido que seja seu apego a privilégios das elites do sindicalismo e do funcionalismo público, o que há de fato mais ultrapassado neles é a incapacidade de convencer a audiência da atualidade de demandas trabalhistas.

O descaso pela discussão da duração da jornada ou das regras de aposentadoria só pode interessar a quem não ganha a vida pelo trabalho.

Tramita no Congresso, ignorado pelo distinto público, projeto de lei que amplia para além de atividades como limpeza, segurança e mão de obra rural a terceirização das contratações.

O líder do Solidariedade, nova legenda que deve chegar à Câmara em 2014, contesta a proposta, mas os políticos que recruta não guardam relação com o mundo do trabalho. Têm mais proximidade com o universo dos negócios. É uma janela de oportunidades para quem quer escapar das amarras da fidelidade partidária.

Na outra ponta, partidos também buscam verniz de rua com o recrutamento de lideranças que se projetaram nos últimos meses, do Passe Livre ao Midia Ninja, mas enfrentam resistências. Essas lideranças temem que a adesão institucional os afaste dos movimentos nos quais se originaram. Como a moçada que foge do Congresso não gestou um substituto para a democracia representativa, a temporada eleitoral que está para se iniciar corre o risco de aprofundar o fosso entre as ruas e o salão verde.

Fonte: Valor Econômico

Panorama Político - Ilimar Franco

O tom do combate
As entidades dos médicos perderam a batalha de opinião pública na contestação ao Mais Médicos. A oposição avalia que elas erraram a "embocadura" E explica que nas pesquisas brota o clamor por "mais médicos! Por isso, a oposição se agarrou a uma boia: a defesa do respeito à legislação trabalhista e o protesto contra o "imposto" que o governo de Cuba vai cobrar dos seus trabalhadores.

A ameaça de Paulo Skaf
O êxito do Mais Médicos é decisivo para o PT alavancar a candidatura do ministro Alexandre Padilha (Saúde) para o governo paulista. Mas não basta. A candidatura do presidente da Fiesp,

Paulo Skaf, é uma peça fundamental para levar a eleição para o segundo turno. Mas insatisfeito com o apoio que tem recebido, Skaf reclamou com o vice-presidente Michel Temer. Ele cobrou o apoio do PMDB, como lhe fora prometido, e ameaçou deixar o partido. Ele diz que está sendo solapado pelo presidente do PMDB local, Baleia Rossi, e pelo ex-prefeito Marcelo Barbieri, que articulam abertamente o apoio à candidatura do governador Geraldo Alckmin (PSDB).

"A presidente Dilma faturou. Mas tem que ter serenidade. Mostrar indignação na dose certa. Não dá para declarar guerra"
Francisco Dornelles
Senador (RJ) e presidente de honra do PP, sobre a espionagem americana sobre autoridades brasileiras

Me dê motivo
O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB), não perde chance de falar mal do presidente da Câmara, Henrique Alves (PMDB). Está irritado com as decisões da Câmara sobre a votação dos vetos e o fim do voto secreto.

Desidratado
Com 11 deputados, o PPS pode perder três nos próximos dias. Augusto Carvalho (DF) está indo I para o Solidariedade; Simplício Araújo (MA), para a Rede. Irritado com o líder Rubens Bueno (na foto), Sandro Alex está de saída. Ele cobra promessa de presidir o PPS no Paraná. Mas Rubens, líder na Câmara e secretário-geral nacional, não quer sair

O estrago
Os aliados da candidatura do deputado Paulo Teixeira à presidência do PT temem que ele seja prejudicado pela denúncia do deputado Henrique Fontana (RS) de irregularidades no colégio eleitoral qúe elegerá a direção do partido.

A correlação de forças
As tendências Construindo um Novo Brasil, que dirige o PT desde a sua criação, e Partido é Para Todos na Luta, que apoiam a reeleição de Rui Falcão para a presidência do partido, fecharam um acordo. A CNB vai indicar o tesoureiro da Executiva e a Para Todos, o secretário-geral. Este cargo atualmente é exercido pela Mensagem, grupo que sustenta a candidatura Paulo Teixeira.

Acertando os ponteiros
O vice-presidente Michel Temer e o presidente do PSD, Gilberto Kassab, conversaram sobre eleição em Brasília. Temer quer o apoio do PSD para a candidatura do vice Tadeu Filipelli (PMDB) contra o governador Agnelo Queiroz (PT).

O desembarque
O PMDB do ministro Garibaldi Alves saiu do governo Rosalba Ciarlini (DEM) no Rio Grande do Norte. O partido deve lançar o deputado estadual Valter Alves para o governo, com a deputada Fátima Bezerra (PT) para o Senado.

O presidente do TCU João Augusto Nardes, vai ocupar a vice-presidência da Conferência Internacional de Tribunais de Contas em outubro, na China.

Com Simone Iglesias, sucursais e correspondentes.

Fonte: O Globo

Painel - Vera Magalhães

Mesa-redonda
Reunidos no salão de festas de José Dirceu para acompanhar a sessão do STF de ontem, amigos do ex-ministro da Casa Civil fizeram críticas a Celso de Mello, considerado "mais duro que Joaquim Barbosa". Também comentaram que Rosa Weber vota "com a faca no pescoço", no momento em que ela disse que teria de ser "coerente" e não seguiu a divergência aberta por Ricardo Lewandowski. Ao final, Dirceu evitou demonstrar otimismo com o novo prazo dado pela corte, segundo amigos.
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3D No momento em que Celso de Mello comentou os gráficos de Lewandowski com a diminuição de penas dos réus, amigos e familiares de Dirceu aplaudiram. E o ex-ministro comentou: "Poxa, não é tão difícil acompanhar".

Tamo junto 1 Um grupo de intelectuais e divulgará hoje um manifesto, batizado de "abraço assinado", reiterando apoio a José Genoino.

Tamo junto 2 A lista inclui a filósofa Marilena Chauí, o crítico literário Antonio Candido e a professora de teoria literária da USP Ana Paula Pacheco, irmã do advogado do petista, Luiz Pacheco.

Moscou... Quando saía de carro para o encontro dos chefes de Estado dos Brics, ontem, Dilma Rousseff passou por um grupo de quase 50 pessoas no qual estava, incógnito, Barack Obama.

... contra 007 Os dois, pivôs de crise diplomática graças ao monitoramento da brasileira pela agência norte-americana NSA, não se viram.

Currículo O chefe de gabinete de David Uip, novo secretário de Saúde paulista, será o médico Nilson Paschoa, que ajudou a implantar o modelo de parcerias com Organizações Sociais no Estado.

Mais médicos Na posse de Uip, Geraldo Alckmin (PSDB) reclamou da falta de recursos da União para as Santas Casas, mas fez questão de defender parcerias de sua gestão com o governo federal.

Piloto Nelson Biondi, que fez a campanha de José Serra em 2002, fechou contrato com o PSDB paulista para produzir os spots de TV que vão ao ar em outubro. Será um teste para definir o marqueteiro da campanha de Alckmin à reeleição em 2014.

Vacina A propaganda tucana vai apresentar a gestão Alckmin como "eficiente, responsável e honesta". Ainda não foi decidido se as peças tratarão diretamente das ações tomadas após as acusações de cartel de empresas em contratos de metrô e trem.

Script Roberto Freire ofereceu a Serra espaço nas peças de propaganda de TV do PPS que vão ao ar a partir do dia 14, em uma tentativa de acelerar a migração do ex-governador para seu partido.

Fora do ar Serra hesitou, e Freire tomou a reação como um sinal de que ele está propenso a ficar no PSDB.

Par Em almoço com deputados petistas, Lula sustentou que o partido deve buscar no interior alguém com perfil não-petista'' para vice de Alexandre Padilha na chapa ao governo paulista. O ex-presidente citou como exemplo José Alencar, seu vice de 2003 a 2010.

Bola Eduardo Campos recebeu Alexandre Kalil, presidente do Atlético-MG, e fez um convite formal para que ele se filie ao PSB, de olho na disputa eleitoral mineira. Já Aécio Neves acertou na quarta-feira a filiação do ex-jogador de vôlei Giovane Gávio ao PSDB de Minas.

Revoada Em reunião com Michel Temer ontem, Gilberto Kassab (PSD) calculou que deve perder 4 ou 5 deputados para o Solidariedade, partido de Paulinho da Força (PDT-SP), prestes a ser criado pela Justiça Eleitoral.

Tiroteio
"É uma pena que a legislação brasileira puna o PDT com perda de tempo de TV em prol de uma sigla construída por arranjos locais."
DE CARLOS LUPI, presidente do PDT, sobre a migração de deputados do partido para o Solidariedade, o que vai reduzir sua parcela de propaganda eleitoral.

Contraponto

Suprema ironia
Encerrada a discussão dos embargos de declaração do mensalão, ontem, Joaquim Barbosa colocou em debate os embargos infringentes de Delúbio Soares. Ricardo Lewandowski dizia alguma coisa quando o defensor de Cristiano Paz, ex-sócio de Marcos Valério, se dirigiu à tribuna. O presidente da corte interrompeu o colega:
--Vamos ouvir o advogado, que quer falar.
--Claro, o advogado tem preferência! --disse o revisor.
Barbosa, que teve vários embates com Lewandowski e chegou a acusá-lo de fazer "chicana", olhou para Celso de Mello e Gilmar Mendes e soltou uma risadinha.

Com Andréia Sadi e Bruno Boghossian

Fonte: Folha de S. Paulo

Brasilia DF - Luiz Carlos Azedo

Compromisso arriscado
Para garantir a saída dos agentes penitenciários acampados em frente ao Congresso antes do Sete de Setembro, o Ministério da Justiça assumiu um compromisso arriscado. Deve instalar nos próximos dias um grupo de trabalho para tratar de um pleito antigo da categoria: o porte de armas. Embora tenha dito em alto e bom som aos agentes, em reunião na noite de quarta-feira, ser contrário à medida, o ministro José Eduardo Cardozo se comprometeu a estudar o tema.

O olho de Cardozo brilhou ao ser colocada, na mesa de negociação, uma moeda de troca: a exigência de exclusividade no serviço penitenciário. Seria uma forma de evitar o “bico” que os profissionais do setor prisional, geralmente regidos por escalas de 24h de serviço com 48h ou 72h de folga, fazem nas horas de descanso. Ficaria prevista punição rigorosa para quem fosse flagrado com uma segunda ou terceira ocupação. E só concursados para a atividade teriam direito a portar armas.

A simples criação de um grupo de trabalho como este causa desconforto até dentro do governo. Vale lembrar que foi o próprio Ministério da Justiça que recomendou à presidente Dilma Rousseff, três meses atrás, o veto à lei que previa o porte de armas para agentes penitenciários — por contrariar o Estatuto do Desarmamento, que visa a restringir a circulação dos artefatos no país. Muitas outras carreiras, como de advogados e de agentes de trânsito, também querem andar armadas.

Decidido
Em um encontro ontem com o vice-presidente Michel Temer, no Palácio do Jaburu, o ex-prefeito de São Paulo Gilberto Kassab, do PSD, garantiu que será candidato ao governo paulista. Além disso, na conversa, ele afirmou que apoiará a reeleição da presidente Dilma Rousseff em 2014. Isso mostra que Kassab está mesmo se distanciando do ex-governador José Serra (PSDB).

R$ 60 milhões
Quantia que o governo vai gastar para recuperar e transportar à Bolívia equipamentos de energia
elétrica que estão em desuso. A cessão faz parte de um programa de cooperação entre os dois países.

Acordo
Uma conversa entre o ministro da Defesa, Celso Amorim, o comandante do Exército, Enzo Peri, e integrantes da Comissão dos Direitos Humanos do Senado selou o acordo que permitirá que a Comissão Nacional da Verdade da União e do Rio de Janeiro visitem unidades militares usadas pela repressão na ditadura. Na semana passada, o Comando Militar do Leste proibiu a entrada do colegiado estadual no antigo Destacamento de Operações e Informações (DOI), onde se suspeita que havia torturas no regime militar. A visita acontece no dia 12.

Carona
Na segunda-feira, depois que o presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), anunciou que a Casa colocaria na pauta o fim do voto secreto, dois parlamentares procuraram o gabinete do deputado Ivan Valente (PSol-SP). Eles queriam que o colega incluísse seus nomes na Frente Parlamentar do Voto Aberto, presidida por Valente. Não conseguiram, já que a participação só é permitida na criação do grupo ou no início da Legislatura.

Sem pressa
O PPS não pretende se apressar para lançar um candidato ao Palácio do Planalto. Ontem, durante a reunião da executiva nacional, o presidente do partido, o deputado Roberto Freire (SP), garantiu que isso será feito no tempo certo. Ele também não descartou apoio dos socialistas a outros postulantes, como o senador Aécio Neves (PSDB-MG), o governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB-PE) ou a ex-senadora Marina Silva.

Sucatas
O Conselho Nacional de Justiça (CNJ) retoma hoje, no Recife e em Salvador, o Programa Espaço Livre, que é o desmanche e remoção de aviões de grande porte que estão parados nos pátios dos aeroportos internacionais pelo país. Até agora, 19 aeronaves foram transformadas em sucatas e leiloadas, e o dinheiro arrecadado é revertido em pagamento para os credores das massas falidas.

Casa vazia// Apesar de a Câmara ter acordado trabalhar de terça e quinta-feira, ontem à tarde a Casa estava com poucos parlamentares. Diante disso, teve deputado que aproveitou a falta de movimento para renovar o book, posando para fotografias na tribuna, na cadeira do presidente da Casa e até simulando discursos.

Expectativa/ Os principais advogados dos réus do mensalão voltaram a comparecer ao Supremo Tribunal Federal (STF) durante o julgamento dos embargos de declaração, finalizado esta semana. Entre eles, estavam Márcio Thomaz Bastos, que atua na defesa do Banco Rural, e José Luiz Oliveira, o Juca, defensor de José Dirceu, todos na expectativa dos resultados.

Suplente/ Se for confirmada a aposentadoria do deputado José Genoino (PT-SP), assume a vaga na Câmara o também petista Hélcio Silva, que é vice-prefeito de Mauá, cidade da Grande São Paulo. Genoino alega problemas de saúde e esteve internado recentemente com complicações cardíacas.

Mais um/ O delegado Alciomar Goersch, ex-diretor de Pessoal da Polícia Federal, será o secretário executivo de Gestão Integrada do governo de Pernambuco. Ele é o segundo integrante da PF a ocupar cargos no estado. O outro é o secretário de Defesa Social, Wilson Salles Damázio.

Fonte: Correio Braziliense

O que pensa a mídia - editoriais de alguns dos principais jornais

http://www2.pps.org.br/2005/index.asp?opcao=editoriais

Chile – 40 anos do golpe: Apesar de aliança, Pinochet espionou ditadura brasileira

Embaixador no Brasil conseguiu cópia de relatório "ultrassecreto" do Conselho de Segurança Nacional, comprovam documentos

O ditador chileno Augusto Pinochet, que chegou ao poder há 40 anos com amplo apoio brasileiro, obteve por meio de espionagem informações estratégicas dos arquivos de Brasília.

Um documento de circulação "ultrassecreta" do Conselho de Segurança Nacional brasileiro - colegiado ligado ao Palácio do Planalto e responsável pelos assuntos mais sensíveis do País - foi parar nas mãos do próprio Pinochet, em meados de 1975. A prova da "bisbilhotice" do regime militar do Chile contra a ditadura brasileira está em telegramas chilenos secretos e recentemente liberados, aos quais o Estado teve acesso.

O embaixador do Chile em Brasília após o golpe de 1973, Hernán Cubillos Leiva, conseguiu uma cópia do relatório "Conceito Estratégico Nacional", que detalhava os princípios de segurança interna e externa do regime militarbrasilei-ro. O documento está hoje no Arquivo Nacional de Brasília. Nos despachos a Santiago, Cubillos não explica como conseguiu chegar ao dossiê "ultrassecreto", a classificação mais restrita dentro do Estado brasileiro, dizendo apenas que o roubo da informação foi produto de suas "gestões".

"Rogo fazer chegar uma có-piaao sr. presidente da República", escreveu o embaixador no Brasil ao final de seu telegramas àchancelaria.Arespostade Santiago à embaixada em Brasília veio coberta de elogios ao feito de Cubillos. O documentobrasi-leiro tinha sido lido "com atenção"nos círculos do poder chileno, escreveu a chancelaria. Mas haviaumproblema:faltavam algumas páginas. Consultado, Cubillos respondeu que não conseguiria obter a parte perdida.

O caso de espionagem ocorreu num momento de ampla cooperação entre Chile e Brasil, como reconhecia o embaixador chileno. Em um outro telegrama secreto enviado a Santiago na mesma época, Cubillos relata como diplomatas brasileiros ajudavam chilenos em organizações internacionais e louvava as relações entre os militares dos dois lados.

"O Brasil apoiou praticamente todas as candidaturas chilenas apresentadas em organismos internacionais, tanto regionais quanto mundiais. Do mesmo modo, o Brasil apoiou e colaborou com o Chile para fazer frente à agressão internacional de que (fomos) vítima (após o golpe)", escreveu o diplomata em Brasília, em junho de 1975.

"Também é de interesse destacar o excelente plano das relações (...) entre as Forças Armadas dos dois países, que teve como resultado o significativo intercâmbio devisitas e experiências, além do apoio institucional que nos têm brindado."

No fim de novembro daquele ano, seria realizada em Santiago a primeira reunião do Plano Condor, a macabra aliança entre países do Cone Sul para internacionalizar a repressão a opositores políticos nos anos de chumbo.

Fonte: O Estado de S. Paulo

Victor Jara - Manifiesto

Amigo – Pablo Neruda

Amigo, toma para ti o que quiseres,
passeia o teu olhar pelos meus recantos,
e se assim o desejas, dou-te a alma inteira,
com suas brancas avenidas e canções.

Amigo - faz com que na tarde se desvaneça
este inútil e velho desejo de vencer.

Bebe do meu cântaro se tens sede.

Amigo - faz com que na tarde se desvaneça
este desejo de que todas as roseiras
me pertençam.

Amigo,
se tens fome come do meu pão.

Tudo, amigo, o fiz para ti. Tudo isto
que sem olhares verás na minha casa vazia:
tudo isto que sobe pelo muros direitos
- como o meu coração - sempre buscando altura.

Sorris-te - amigo. Que importa! Ninguém sabe
entregar nas mãos o que se esconde dentro,
mas eu dou-te a alma, ânfora de suaves néctares,
e toda eu ta dou... Menos aquela lembrança...

... Que na minha herdade vazia aquele amor perdido
é uma rosa branca que se abre em silêncio...

Pablo Neruda, in "Crepusculário"
Tradução de Rui Lage

quinta-feira, 5 de setembro de 2013

OPINIÃO DO DIA – Aécio Neves: a pobreza

De uma década para cá assistimos lideranças políticas se apropriarem com exclusividade da agenda social, tratando a pobreza no Brasil como se fosse coisa do passado, o que sabemos que não é verdade.

Aécio Neves, senador (MG) e presidente nacional do PSDB. In “Site mostra ações do PSDB na área social” O Globo, 5/9/2013

Cassação de mensaleiros cabe só ao Supremo

Câmara terá de declarar perda de mandatos sem pôr em votação.

Pena do petista João Paulo Cunha é mantida em 9 anos e 4 meses em regime fechado; hoje, ministros decidirão se aceitam recurso capaz de mudar resultado do julgamento.

Ao julgar ontem os recursos do deputado petista João Paulo Cunha, que teve a pena mantida, o Supremo reafirmou que a palavra final sobre a perda de mandato dos deputados condenados no processo do mensalão é da Corte. A Mesa da Câmara terá de declarar a perda dos mandatos automaticamente, sem submetê-la a votação em plenário. O STF reduziu a pena de Breno Fischberg, sócio de corretora envolvida no esquema. Hoje, os ministros começam a decidir se aceitam os embargos infringentes, capazes de mudar o resultado do julgamento de 11 réus, entre eles o de José Dirceu. Foi negado pelo ministro Dias Toffoli o pedido do deputado-presidiário Natan Donadon para ter de volta o salário cortado pela Câmara.

Palavra final é do STF

Ministros reafirmam que à Câmara caberá apenas declarar a cassação de condenados no mensalão

-BRASÍUA- O Supremo Tribunal Federal (STF) confirmou ontem que a última palavra sobre a perda de mandato dos deputados condenados no processo do mensalão é da Corte, e não da Câmara. Quando terminar o julgamento dos recursos dos réus, a Mesa Diretora da Câmara terá de declarar a perda dos mandatos automaticamente, sem submeter a polêmica a votação em plenário. A decisão foi tomada no julgamento dos embargos de declaração do deputado João Paulo Cunha (PT-SP) e será aplicada também a José Genoino (PT-SP), Valdemar Costa Neto (PR-SP) e Pedro Henry (PP-MT). ^

A pena de João Paulo, ex-presidente da Câmara, foi mantida. Até agora, o STF julgou os recursos de 23 dos 25 condenados no mensalão.

Mesmo os ministros que votaram no ano passado a favor de que o Congresso tivesse a palavra final sobre cassação de mandatos ontem negaram o recurso de João Paulo. A votação em plenário foi unânime. Isso porque os integrantes do STF argumentam que o tipo de recurso proposto, um embargo de declaração, não é uma ferramenta capaz de mudar essa decisão.

— Os cuidadosos votos proferidos pelos ministros desta Corte não deixaram qualquer margem para dúvidas sobre a atribuição do Supremo Tribunal Federal nessa matéria, cabendo a esta Corte a decisão final sobre a perda dos mandatos eletivos pela prática de crime contra administração pública, e reservando-se à Câmara dos Deputados a providência meramente declaratória dessa perda — afirmou o relator do mensalão, ministro Joaquim Barbosa, presidente do STF. — O embargante está imbuído do propósito meramente protelatório.

O ministro Ricardo Lewandowski, que já foi revisor do mensalão e no ano passado defendeu que a Câmara decida sobre os mandatos, também rejeitou o recurso.

— Em relação à perda do mandato, eu verifico que não há omissão ou contradição, porque, naquela época, ficou decidido que competia ao Supremo Tribunal Federal estabelecer a perda do mandato. Depois, num julgamento que foi levado em 8 de agosto de 2013 (processo contra o senador Ivo Cassol, do PP de Rondônia), o pleno desta Corte deliberou em sentido diverso, ou seja, que a competência cabe ao Congresso Nacional Mas, no acórdão, foi decidido assim na época — disse Lewandowski.

Montante desviado estará na sentença

O STF concordou com um aspecto do recurso de João Paulo e fará com que o dano aos cofres públicos resultante do crime de peculato seja incluído no acórdão. O valor tinha sido omitido do documento. Os ministros concordaram em adotar os R$ 536.440,55 mencionados na denúncia do Ministério Público.

A correção da omissão vai facilitar a progressão de regime do petista. Segundo o Código Penal, um dos requisitos para o preso por crime contra a administração pública mudar do regime fechado para o semiaberto é ressarcir o valor desviado. Sem o valor escrito no acórdão, o pagamento ficaria inviabilizado. A progressão do regime só pode ocorrer após o cumprimento de pelo menos um sexto da pena.

No início da discussão, Barbosa ainda defendeu que o valor não fosse expresso no acórdão.

— Essa questão somente será posta no momento em que o embargante começar o cumprimento da sua pena e preencher todos os demais requisitos objetivos e subjetivos — argumentou o presidente, que acabou convencido pelos demais colegas, ao fim da discussão.

Mas João Paulo não conseguiu reduzir sua pena no STF. Ele foi condenado a nove anos e quatro meses de prisão, em regime fechado, por corrupção passiva, lavagem de dinheiro e peculato. E reclamava da desproporcionalidade das penas atribuídas a cada crime praticado.

— As penas impostas ao embargante estão plenamente justificadas e proporcionais às circunstâncias judiciais descritas no acórdão embargado — disse Barbosa.

Ontem, o STF reduziu a pena de um réu do mensalão pela primeira vez no julgamento de embargos de declaração. Breno Fischberg, sócio de uma corretora que serviu de fachada para o recebimento de propina por parte do Partido Progressista (PP), foi condenado em 2012 a cinco anos e dez meses de prisão, além de multa de R$ 572 mil, por lavagem de dinheiro. Agora, a pena foi fixada em três anos e seis meses de prisão, mais R$ 28,6 mil de multa.
A mudança ocorreu porque o ex-sócio de Fischberg na corretora, Enivaldo Quadrado, foi condenado pelas mesmas práticas, mas tinha recebido pena menor Ontem, o plenário considerou justo igualar a pena aplicada aos dois. Como o tempo de punição é menor do que quatro anos, o condenado poderá prestar serviço à comunidade em vez de ficar atrás das grades.

Também ontem, o STF negou recursos apresentados pelo ex-deputado Pedro Corrêa (PP-PR) e pelo ex-diretor de marketing do Banco do Brasil Henrique Pizzolato e manteve suas penas. Corrêa foi condenado a sete anos e dois meses por corrupção passiva e lavagem de dinheiro. Pizzolato pegou 12 anos e sete meses por corrupção passiva, lavagem de dinheiro e peculato.

Ao fim da sessão, Teori Zavascki sugeriu a diminuição das penas de todos os oito condenados por formação de quadrilha. Se nenhum ministro concordar, somente a mudança no voto de Zavascki não terá poder de mudar a situação de nenhum réu. Hoje os ministros devem julgar os dois últimos embargos de declaração, do ex-assessor parlamentar João Cláudio Genu e de Rogério Tolentino, ex-sócio de Marcos Valério.

Fonte: O Globo

Compra de votos abre crise no PT

Três dos seis candidatos à presidência do PT disseram ontem estranhar o aumento de 322% no número de filiados aptos a votar em apenas sete dias. Um deles, Valter Pomar, diz ter recebido denúncia de que até um morto teve sua mensalidade paga em MG. A direção nega compra de votos e afirma que o número se deve à mobilização interna para participação nas eleições.

Denúncia acirra disputa interna no PT

Candidatos à presidência do partido suspeitam de compra de voto; Rui Falcão, que tenta reeleição, não se pronuncia

Germano Oliveira

SÃO PAULO e PORTO ALEGRE- Candidatos à presidência nacional do PT em oposição ao atual presidente Rui Falcão, que disputa a reeleição, lançaram ontem mais suspeitas sobre o processo de eleição direta (PED), marcado para 10 de novembro, quando será escolhida a nova direção partidária. Tres dos seis candidatos estranharam que o número de petistas aptos a votar tenha subido 322% em apenas sete dias, e dobrado nos últimos três dias que antecederam a 30 de agosto, prazo final para que o militante estivessem em dia com as anuidades, uma das condições para que possa ser eleitor no PED. A denúncia de compra de votos foi feita pelo deputado Henrique Fontana (RS), ontem, na coluna "Panorama Político" de Ilimar Franco.

Valter Pomar, um dos candidatos à presidência, da corrente Articulacão de Esouerda. disse ter recebido denúncias de que até morto pagou amen-sahdade em Minas Gerais, mas não apresentou provas Em cidades do Espírito Santo, disse, há indícios de que alguém da direção da chapa favorita a reeleição, de Falcão, teria pago as mensalidades dos militantes de Cariacica e Colatina. Ele pediu uma investigação da direção do partido sobre o salto no número de petistas que regularizaram anuidades as vésperas do prazo final. A direção do PT, no entanto, negou a compra de votos e disse que esse aumento se deve à mobilização interna para participação no processo eleitoral.

— Nas cidades de Cariacica e Colatina, no Espirito Santo, a média era de dez eleitores fazendo pagamentos das anuidades, mas, nos últimos três dias, subiu para 2 mil por dia, o que nos faz crer que aiguem pagou por militantès que estavam em débito com os pagamentos. Em Minas (em cidade que ele não divulgou o nome), houve até três mortos que pagaram as mensalidades. Por isso, pedimos investigação à direção do partido. Dá para saber se os pagamentos foram feitos num único caixa, no mesmo dia e horário — disse Pomar.

Modelo do PED é criticado

Falcão* favorito na disputa e que hoje detém 60% do diretório nacional, disse, por meio de sua assessoria, que não comentaria o assunto. Ele atribuiu o aumento dos pagamentos nos três dias da data limite como resultado da grande mobilização do partido nos estados para ter o maior numero de militantes em condições de votar no PED em novembro.

No entanto, outro candidato a presidente, Markus Sokol, da corrente O Trabalho, de esquerda, disse que o aumento do número de filiados que pagaram as anuidades já ocorrera em eleições anteriores.

— Em todo PED acontece a mesma coisa (pagamentos em massa às vésperas do prazo final) e nada acontece. É por isso que defendemos o fim do PED e que se estabeleça outra forma de eleger os dirigentes, com debates nos encontros do partido, com o militante votando nas chapas com o levantar das mãos, como acontece em qualquer entidade sindical. Acho que devemos voltar a escolher nossos dirigentes em movimentos de base — disse Sokol.

Serge Goulart, que também disputa a presidência do PT na chapa "Virar à esquerda, reator com o socialismo" também defendeu a extinção do PED e estranhou o grande aumento de filiados em dia com suas contribuições. Já Renato Simões, atual secretário Nacional dos Movimentos Populares e que também é candidato a presidente do partido, preferiu cautela a qualquer prejulgamento. Também candidato, o deputado Paulo Teixeira, apoiado por Henrique Fontana, disse que seu colega "apenas demonstrou preocupação com a compra de votos"

O modelo do PED também foi criticado pelo presidente do PT de Porto Alegre, Raul Pont Segundo ele, nas últimas horas antes do prazo final de regularização de filiados, houve "uma avalanche sem controle" de inscrições, que deixou o colégio eleitoral da eleição interna de novembro "completamente fora de qualquer padrão":

— Não vou acusar ninguém, não temos provas de nada, mas tudo indica que houve essa explosão sim, basicamente porque se espalhou um clima de pânico de que o PED seria um fracasso.

Colaborou: Flavio Ilha

Fonte: o Globo

STF pode decidir hoje prisão imediata de 11 condenados

Procuradora apresentará pedido se Supremo finalizar análise de recursos

Medida seria tomada em relação a sentenciados a regime fechado, caso corte não aceite levar 12 réus a novo julgamento

Severino Motta e Fernanda Odilla

BRASÍLIA - Nove meses depois da condenação de 25 pessoas por participação no mensalão, há a possibilidade de o Supremo Tribunal Federal concluir hoje o julgamento ao analisar um dos principais pontos dessa fase do processo: se aceita reavaliar os casos de 12 réus cujas condenações ocorreram com ao menos 4 votos a favor de sua absolvição.

Caso a corte defina que esse tipo de recurso não é válido, a Procuradoria-Geral da República disse que irá pedir a prisão imediata dos 11 condenados a regime fechado.

Antes de decidir se 12 réus têm direito à reavaliação de seus casos, o STF precisa analisar os dois últimos pedidos do primeiro lote de recursos --os embargos declaratórios, usados para esclarecer pontos obscuros e sanar omissões ou contradições na decisão.

Já foram debatidos 23 dos 25 recursos desse tipo. O ministro Teori Zavascki, porém, deve levantar hoje a possibilidade de rever seus votos -- se ele for seguido, algumas penas podem ser reduzidas.

Após a conclusão da análise desses recursos, o plenário discutirá a possibilidade de reabrir os outros casos, aceitando os chamados embargos infringentes. O regimento interno do Supremo os prevê, mas ele é anterior a uma lei que descarta o procedimento --o que leva o presidente da corte, Joaquim Barbosa, a considerá-los ilegais.

O mesmo já foi sinalizado por Gilmar Mendes. Podem acompanhá-los Marco Aurélio Mello e Luiz Fux. No grupo que tende a concordar com os recursos estão Ricardo Lewandowski e Dias Toffoli.

O ministro com mais tempo de corte, Celso de Mello, se pronunciou a favor dos infringentes no ano passado, mas agora está reavaliando sua posição, segundo colegas.

Cármen Lúcia e Rosa Weber podem acompanhá-lo. Pelo que disseram até aqui, no sentido de evitar tumultuar um julgamento já decidido, os novos ministros (Zavascki e Luís Roberto Barroso) tenderiam a rejeitar os recursos.
Se um novo julgamento for aceito, o processo poderá levar ainda mais um ano; se não, o STF deverá discutir o cumprimento das penas.

"Vamos aguardar até amanhã [hoje]. Se estiver tudo terminado, faremos isso [renovar pedido de prisão], com certeza", afirmou a procuradora-geral interina da República, Helenita Acioli, sobre os casos de réus condenados a regime fechado de prisão.

Em dezembro, Barbosa negou pedido de prisão de réus feito pelo então procurador-geral, Roberto Gurgel. A situação, contudo, era diferente: os recursos ainda não haviam sido apresentados.

Fonte: Folha de S. Paulo

Rede registra número mínimo de diretórios estaduais

Folhapress

SÃO PAULO - O Rede Sustentabilidade conseguiu, nesta quarta-feira, 4, o registro de seu nono diretório estadual, no Amapá. A oficialização dos órgãos partidários em ao menos nove Estados é uma das exigências para que o grupo consiga obter o registro de partido político.

Agora, resta à Rede cumprir a segunda exigência da legislação: apresentar ao Tribunal Superior Eleitoral 492 mil assinaturas de apoio validadas por cartórios eleitorais.

Até o início da semana, o Rede já tinha conseguido validar 330 mil fichas de apoio. Outras 205 mil aguardavam análise de cartórios, segundo o partido. O grupo tem se queixado de que a Justiça Eleitoral não analisa as assinaturas dentro do prazo legal, de 15 dias.

Na terça-feira, 3, o grupo conseguiu seu registro em Goiás. Também foram certificados órgãos em Santa Catarina, Tocantins, Piauí Rio Grande do Sul, Rondônia, Acre e Mato Grosso do Sul.

O Rede é o partido que a ex-senadora Marina Silva trabalha para criar e pelo qual pode concorrer à Presidência em 2014.

Como a legislação eleitoral exige que os candidatos estejam filiados ao partido ao menos um ano antes da disputa, o grupo precisa obter seu registro até o início de outubro para que ela possa se lançar ao Planalto.

Fonte: Valor Econômico

Dinheiro de sindicato ajudou a 'construir PSOL', diz deputada

Luciana Nunes Leal

RIO - Gravações feitas por dois ex-funcionários do gabinete da deputada estadual Janira Rocha (PSOL) presos na última segunda-feira após tentarem vender um dossiê por R$ 1,5 milhão mostram trechos em que a parlamentar reconhece que recursos do Sindicato dos Trabalhadores em Saúde, Trabalho e Previdência Social do Rio (Sindsprev) foram usados em sua campanha e de outros integrantes do partido e na "construção do PSOL".

Parte das gravações foi feita durante reunião da deputada, ex-diretora do Sindsprev, com integrantes da direção atual do sindicato em que se discute como deveria ser o relatório de seis meses da gestão, que seria analisado pelo conselho fiscal, formado por adversários internos de Janira. Não está clara a data da reunião, mas comentários dos participantes indicam que ocorreu há poucos meses.

"Todo mundo sabe que foi dinheiro para minha campanha e todas as outras campanhas (...) O relatório tem que ser cuidadoso. A gente pode botar que foi para atividades políticas, mobilizadoras. Não dizer "foi para a construção do PSOL? ou "foi para eleger deputada" (...) Isso não pode ir (para 0 relatório), porque isso é crime, tanto do sindicato como crime nosso, crime eleitoral", diz Janira aos sindicalistas.

Em outro trecho, Janira reconhece irregularidades cometi das no sindicato durante a gestão colegiada da qual fez parte. A deputada se desligou do Sindspiev para disputar a eleição de 2010. "Nós também fizemos m... Contratamos uma porrada de gente para esse sindicato (...) o problema da utilização da estrutura, pegamos dinheiro emprestado fora das regras (...) Tem roubo? Não tem roubo para nós, do ponto de vista moral. Lá fora, para eles, é m..., é roubo." Em entrevista na terça-feira, a deputada disse que as gravações estavam fora de contexto. Ontem, não quis falar.

Renúncia, A deputada renunciou aos cargos de presidente do PSOL-RJ e de líder do partido na Assembleia depois que os dois ex-assessores foram presos quando tentavam vender o dossiê à secretária estadual de Defesa do Consumidor, a deputada estadual licenciada Cidinha Campos (PDT).

Janira será investigada pela comissão de ética do PSOL e pela Corregedoria da Assembleia. Principal líder do PSOL no Rio, o deputado estadual Marcelo Freixo disse que o partido pretende resolver a questão logo. "O que vai diferenciar o PSOL nesse mar de lama que é a política brasileira não são as pessoas, mas como o partido reage aos problemas", disse Freixo.

Em nota oficial, a Diretoria Colegiada do Sindsprev do Rio repudiou a informação de que financie a campanha de Janira.

Fonte: O Estado de S. Paulo

PSDB lança portal e Aécio critica Dilma

Portal será uma vitrine de experiências e projetos bem sucedidos dos oito governadores tucanos

Maria Lima

BRASÍLIA - Governadores, lideranças tucanas e o presidente nacional do PSDB e pré-candidato a presidente Aécio Neves (MG) participaram na tarde desta quarta-feira da solenidade de lançamento do Portal Social do Brasil, primeiro passo para a estratégia de disputar a agenda social com o PT e o governo da presidente Dilma Rousseff. O portal será uma vitrine para troca de experiências sobre os projetos bem sucedidos dos oito governadores tucanos na área social. Eles reclamaram que o PT não tem o monopólio dos programas de distribuição de renda e reafirmaram que o Bolsa Família nada mais é do que a organização dos programas já existentes no governo Fernando Henrique Cardoso.

Aécio criticou o governo Dilma e o PT, que, na sua opinião, nada mais fazem do que administrar a pobreza, sem se preocupar com portas de saída e condições para que os beneficiários tenham acesso a melhoria de vida e qualificação profissional.

— De uma década para cá assistimos lideranças políticas se apropriarem com exclusividade da agenda social, tratando a pobreza no Brasil como se fosse coisa do passado, o que sabemos que não é verdade — discursou Aécio.

Ele citou alguns números de desempenho dos governos do PSDB e do PT nas duas últimas décadas. Disse que de 1990 a 2000, quando os tucanos estiveram no poder, o IDH municipal cresceu 24% e na década seguinte, sob a gestão do PT, caiu para 19%. No caso do IDH da Educação, disse que sob FHC cresceu 63% e caiu para 40% nos governos do PT.

— Vamos chamar para o debate os que estão do outro lado. Críticas virão e estaremos preparados para respondê-las — disse Aécio, completando:

— Para que o Brasil não veja escorrer pelos dedos esses avanços é que estamos nos preparando para novamente governar o Brasil. Nós, que eu digo, é o PSDB .

Estavam presentes os governadores Teotônio Vilela (AL) e Marconi Perillo (GO), além do senador Pedro Simon (PMDB-RS) e outras lideranças tucanos nos estados. Falando em nome dos governadores que terão suas experiências compartilhadas no Portal Social, Perillo contou que, no início de seu governo, foi chamado pelo então presidente Lula e sugeriu a ele a fusão dos programas sociais do governo FHC em um cartão único, o que deu origem ao Bolsa Família.

Ele foi o primeiro governador a implantar o Renda Cidadã em Goiás, inovando com a adoção do cartão magnético. No início, disse que a Renda Cidadã beneficiava em Goiás 150 mil famílias, e que depois, com o Bolsa Família, esse número caiu para 70 famílias.

— Na época, em uma solenidade no Palácio do Planalto, o Lula me agradeceu muito pela ideia de consolidar os programas num cadastro único. Agora, quando lança a história do Bolsa Família, ele se esqueceu disso — disse Marconi, lembrando que o vídeo com o agradecimento existe para refrescar a memória dos petistas.

Presidente do Instituto Teotônio Vilela (ITV), o deputado Sérgio Guerra(PE) admitiu que o Bolsa Família teve um impacto geral positivo em áreas carentes de Pernambuco, mas não gerou soluções para a pobreza e carência de renda principalmente nas áreas rurais.

— Em muitas situações o Bolsa Família substituiu alguns coronéis do sertão. Antes eles davam água, agora distribuem bolsas. Os setores menos dependentes do Brasil se aproximam do PSDB. E os mais dependentes, mais próximos do PT. Temos que enfrentar isso — disse Sérgio Guerra.

— Vamos apresentar uma agenda de superação da pobreza, não só de administra

Fonte: O Globo

Serra presta solidariedade a Dilma por espionagem

José Roberto Castro

O ex-governador de São Paulo José Serra (PSDB) prestou nesta quarta-feira, 4, solidariedade à presidente Dilma Rousseff no caso das espionagens feitas "de maneira ilegal e ilegítima" pelos Estados Unidos. Segundo Serra, as espionagens não atingiram apenas o governo, "mas todos os brasileiros".

O tucano criticou duramente os americanos, disse que justificativas formais não valem e que a "surrada invocação do combate ao terrorismo" não podem abonar as arbitrariedades praticadas pelos Estados Unidos. "O governo do presidente Obama é o responsável. Pistas sobre o terrorismo mundial em SMS ou e-mails da Dilma? Ridículo", escreveu Serra em sua conta no Facebook, que não tinha posts do ex-governador desde o dia 14 de agosto, quando criticou o projeto do trem bala do governo federal.

Serra termina o texto questionando a postura americana, não somente neste caso. "Quais serão os limites desse poder?"

Mais ainda, ampliando o tema, fico alarmado com esse papel que a democracia norte americana está se atribuindo: de gendarme do mundo. Acontecem coisas lamentáveis num país e as forças armadas dos Estados Unidos vão intervir? Quais serão os limites desse poder?

Fonte: O Estado de S. Paulo

Campos diz que fim do voto secreto é vitória da democracia

Possível candidato a Presidência de 2014, Eduardo Campos (PSB) defende proposta que abre votações em todo o Legislativo, aprovada nessa terça-feira, 3, na Câmara; matéria agora segue para o Senado

Daiene Cardoso

O governador de Pernambuco e possível candidato do PSB à Presidência em 2014, Eduardo Campos, elogiou a aprovação, na Câmara dos Deputados, da proposta de emenda constitucional (PEC) que acaba com o voto secreto no Legislativo. Aprovada nessa terça-feira, 3, a PEC 349 segue agora para o Senado.

Campos classificou de “vitória da democracia brasileira” o fim do voto secreto. “Não há outro caminho para corrigir distorções promovidas pelo anonimato. Esperamos que isso chegue definitivamente ao fim com a aprovação no Senado", disse, em nota divulgada por sua assessoria de imprensa.

A proposta foi aprovada após a repercussão negativa da preservação do mandato do deputado Natan Donadon (sem partido/RO) e vale para todas as votações no âmbito do Poder Legislativo, ou seja, o Congresso Nacional, as Assembleias Legislativas, as Câmaras Municipais e a Distrital.

Da forma como foi aprovada, a PEC diz que os parlamentares passarão a votar de forma aberta em situações como: processo de escolha de chefes de missão diplomática de caráter permanente, na exoneração (de ofício) do procurador-Geral da República, em sessões sobre perda de mandato parlamentar e nas votações dos vetos presidenciais.

Há uma tendência, no entanto, de o texto ser alterado no Senado. A crítica é direcionada à abertura do voto nas apreciações de vetos presidenciais e indicação de autoridades. O temor dos senadores é que isso abra brechas para perseguição e cobranças.

O próprio presidente da Casa, senador Renan Calheiros (PMDB-AL), já se manifestou contra a abrangência da PEC, que permite saber como os parlamentares votaram em todos os casos.

Em 2012, o Senado aprovou uma PEC que acaba com o voto secreto apenas nos processos de cassação de mandato. A proposta aguarda votação na Câmara.

Segue a íntegra da declaração de Campos:

"O fim do voto secreto no Parlamento brasileiro é uma vitória da democracia. No momento em que precisamos recuperar o diálogo e enfrentar uma grave crise de expectativa sobre nosso futuro, a transparência deve ser compreendida como um valor inegociável. Não há outro caminho para corrigir distorções promovidas pelo anonimato. Esperamos que isso chegue definitivamente ao fim com a aprovação no Senado."

Fonte: O Estado de S. Paulo

Para Campos, fim do voto secreto ocorre em momento de ' grave crise de expectativa'

Presidente do PSB defende que proposta, votada na Câmara dos Deputados, seja aprovada também no Senado Federal

Gustavo Uribe

SÃO PAULO - O presidente nacional do PSB, Eduardo Campos, elogiou nesta quarta-feira a aprovação pela Câmara dos Deputados do fim do voto secreto e avaliou que a iniciativa ocorre no momento em que é necessário “enfrentar uma grave crise de expectativa” sobre o futuro do país. Na avaliação do governador de Pernambuco, não há outro caminho para se “corrigir distorções promovidas pelo anonimato”. Ele defendeu que a proposta seja aprovada também no Senado Federal.

— O fim do voto secreto no Parlamento Brasileiro é uma vitória da democracia. No momento em que precisamos recuperar o diálogo e enfrentar uma grave crise de expectativa sobre nosso futuro, a transparência deve ser compreendida como um valor inegociável. Não há outro caminho para corrigir distorções promovidas pelo anonimato. Esperamos que isso chegue definitivamente ao fim com a aprovação no Senado — afirmou.

A aprovação da medida de fim do voto secreto foi um dos temas tratados em jantar, na última semana, entre Eduardo Campos e Aécio Neves, prováveis candidatos á sucessão presidencial em 2014. Com o aval do dirigente do PSB, o líder da sigla na Câmara dos Deputados, Beto Albuquerque (PSB-RS), entregou na última segunda-feira representação à Presidência da Câmara dos Deputados para instauração de processo de perda de mandato por quebra de decoro parlamentar contra Natan Donadon, preso por peculato e formação de quadrilha.

O Senado Federal pretende fatiar a proposta do voto secreto para agilizar a aprovação apenas do dispositivo que determina a abertura dos votos dos parlamentares em processos de cassação. A manobra regimental foi elaborada nesta quarta-feira em reunião entre o presidente do Senado Federal, Renan Calheiros (PMDB-AL), e o presidente da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), Vital do Rêgo (PMDB-PB).

Fonte: O Globo

PPS afirma que cansou de esperar por Serra

João Domingos

BRASÍLIA - O PPS resolveu não mais esperar por José Serra (PSDB) que foi convidado a entrar no partido e disputar a Presidência no ano que vem. Como só restam 30 dias para a filiação partidária de quem quiser se candidatar a qualquer cargo em 2014, e Serra não se decidiu, o PPS prepara um plano B, C ou D, mantendo o caminho da oposição, afirmou ontem o presidente da legenda, deputado Roberto Freire (SP).

"Esperamos o Serra até agora. Ele disse que decidiria até o final de agosto. Não decidiu. Então, vamos debater outro caminho no campo da oposição. Vamos procurar candidatos viáveis eleitoralmente, e eles são Eduardo Campos, Aécio Neves e Marina Silva", disse Roberto Freire ao Estado.

Campos, governador de Pernambuco e presidente do PSB, é o preferido de Freire, mas ele ainda assume sua provável candidatura ao Planalto em 2014.0 senador tucano Aécio Neves (MG) é o provável nome do PSDB para disputar a sucessão da presidente Dilma Rousseff no ano que vem, embora ainda seja fustigado, por Serra, que ameaça forçar a realização de prévias para a escolha do candidato. Marina Silva depende do registro no Tribunal Superior Eleitoral da Rede Sustentabilidade, sigla que está montando.

As conversas entre Roberto Freire e José Serra começaram no início do ano. Para receber o ex-governador, o PPS negociou a fusão com o PMN, dando origem à Mobilização Democrática (MD). Mas, apesar de os dois partidos terem feito convenções e decidido por se fundir, a união não prosperou. Durante esse período, Freire e Serra mantiveram conversações. A esperança era de que o ex-governador se transferisse para o PPS no final de agosto, levando consigo alguns políticos importantes do PSDB.

Mas Serra preferiu abrir uma frente de luta contra Aécio Neves permanecendo no PSDB.

Solidariedade. Freire disse que mantém o respeito e a admiração por José Serra. Ontem, ao vê-lo ser criticado por colegas de partido por ter se solidarizado com Dilma Rousseff no caso da suspeita de espionagem feita pelos Estados Unidos nos computadores da presidente, Freire se declarou solidário ao ex-governador. "São por essas e outras que @joseserra é merecedor do respeito do PPS e creio de todos os democratas brasileiros", escreveu Freire em sua página no Twitter.

A solidariedade de José Serra à presidente Dilma Rousseff foi postada no Facebook: "Presto aqui minha solidariedade à presidente Dilma pela espionagem de que foi alvo", escreveu, destacando ser "inaceitável" que os Estados Unidos, "de maneira ilegal e ilegítima, espionem ligações telefônicas, mensagens de celular e de correio eletrônico de um chefe de Estado democraticamente eleito".

Fonte: O Estado de S. Paulo

Efeito Donadon no mensalão e espionagem dos EUA, numa tensa semana política - Jarbas de Holanda

A liminar de ministro do STF anulando decisão da Câmara que preservou mandato do deputado Natan Donadon disputou as manchetes da mídia neste início de setembro com a repercussão da denúncia da Globo, no Fantástico do último domingo, de que o governo norte-americano espionou telefonemas e e-mails da presidente Dilma. Denúncia seguida de reações do Palácio do Planalto que incluíram possível suspensão de viagem dela aos EUA para encontro com Barack Obama. As manchetes sobre os fatos da segunda parte do parágrafo favorecem o grande objetivo imediato da presidente: melhora de sua imagem na opinião pública, com a defesa da soberania nacional. Ao passo que as primeiras têm efeito contrário para essa imagem e para o lulopetismo em geral, reforçando – com a forte indignação social gerada pelo ato da Câmara no final de agosto – a cobrança do fim da impunidade de políticos estreitamente vinculados à prática de corrupção, entre os quais se destacam os mensaleiros.

Seguem-se outros ingredientes significativos do gênero nesta semana, ou com repercussão maior nela. 1º - O respiro da presidente e sua equipe econômica com a boa surpresa do PIB do segundo trimestre. Indicador que, mesmo tendendo a ter na sequência taxa bem menor ou até negativa no trimestre em curso segundo vários analistas, realimentou as expectativas e promessas oficiais de um PIB além de 2% este ano e além de 4% em 2014, que seria fator importante na campanha reeleitoral. 2º - A intensificação da polêmica em torno do programa Mais Médicos. Que contrapõe o ganho eleitoral buscado pelo governo e pelo PT nas periferias ao desgaste com o papel, central, que nele têm médicos cubanos atuando aqui numa área de exclusão das leis brasileiras (sem direitos trabalhistas, separados das famílias, vigiados de perto para evitar fugas em busca de asilo), como avaliou a Veja em editorial e grande reportagem. 3º - A persistência, também negativa para o estado-maior do Planalto, do debate a respeito das reações da presidente à fuga para o Brasil do senador boliviano Roger Pinto Molina. Todas para agradar o colega Evo Morales, como a demissão do ministro Antonio Patriota, a ameaça (feita ontem pelo ministério da Justiça) de cancelamento do asilo, os inquéritos e punições contra o ex-embaixador Marcel Brito e seu substituto Edmundo Saboia. Cujos longos e vãos esforços, durante 45 meses, para obtenção do reconhecimento regular do asilo pelo governo da Bolívia, e, por último, trazendo-o para cá, têm merecido amplo apoio social e o respaldo de pratica-mente todos os nossos ex-ministros do Exterior. E 4º - O jantar no Recife entre o governador Eduardo Campos e o senador Aécio Neves, preparatório de palanques eleitorais conjuntos do PSDB e do PSB e indicativo de aliança entre os dois partidos num 2º turno da próxima disputa presidencial.

A liminar do ministro Luis Roberto Barroso (acolhendo pedido do líder do PSDB, Carlos Sampaio) induziu o presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves (vencendo resistência dos petistas) a propor a aprovação, conseguida em sessão extraordinária da Câmara realizada ontem à noite, da PEC 349/01 que extingue o voto secreto em processos de cassação de parlamentares. E reforçou a perspectiva de que o plenário do STF conclua hoje ou amanhã o julgamento dos “recursos de declaração” dos réus do mensalão de modo a poder decidir amanhã, ou em reunião extraordinária na sexta-feira, a rejeição ou o acolhimento de “recursos infringentes”, que poderão reduzir penas desses réus. Hipótese, esta última, que parece menos provável em face da consistência das penas já aplicadas e do clima de uma semana em que o Congresso, o Executivo (federal e de estados e municípios) e a própria cúpula do Judiciário – emitem sinais claros de grande preocupação com as manifestações de rua programadas para o dia 7.

Quanto aos protestos de sábado, o principal objetivo definido em votação feita nas redes sociais, é o de combate à impunidade de governantes e lideranças políticas vinculados à prática de corrupção, o que liga o tema aos mensaleiros, cuja prisão imediata será cobrada. Isso, porém, deverá sofrer agressiva contraposição por parte de manifestantes ligados ao PT, ao PC do B e à CUT – que tentarão redirecionar as manifestações com cartazes e palavras de ordem em favor de reforma política (proposta por Dilma de acordo com receita lulista) e contra o envolvimento de tucanos no chamado cartel liderado pela Siemens em licitações do metrô e da CPTM paulistas, bem como contra a espionagem do “imperialismo ianque”. E tal redirecionamento dos protestos, com características e efeitos ainda piores, será tentado também por mascarados com ações violentas e predatórias. Por outro lado, as manifestações se darão num feriado e simultaneamente às paradas militares de 7 de setembro. Fatores que, somados ao crescente repúdio social a tais ações, poderão reduzir bastante a dimensão e a importância delas.

Jarbas de Holanda é jornalista

Os imoralistas dão adeus às ruas - Eugênio Bucci

Os deputados que mantiveram o mandato de Natan Donadon, na semana passada, deram um tapa na cara das manifestações de rua que desde junho exigem ética e transparência na política. Muitos deles se sentem incólumes, inatingíveis, senhores de suas prerrogativas. Se você for reclamar, corre o risco de ser xingado de moralista. Na melhor das hipóteses, desfecharam uma temeridade. Na pior, vem aí um troco das mas que não terá a menor graça.

Por mais que tenha rendido páginas e mais páginas de jornais, o assunto ainda merece um pouco mais de atenção. Não nos esqueçamos dos acontecimentos fatídicos. Nada menos que 131 votaram contra a perda do mandato, afrontando a lei e o Supremo Tribunal Federal (STF). Outros 233 votaram pela cassação, é verdade, mas o placar não foi suficiente - para que Natan Donadon, deputado eleito por Rondônia e hoje sem partido, perdesse o seu mandato seria necessário um total de 257 votos. Como faltaram 24 votos, ele se safou. E como todos se esconderam atrás do voto secreto, jamais saberemos exatamente quais deles sufragaram pela salvação do parlamentar presidiário.

Agindo nas sombras, suas excelências se sentiram à vontade para agir mal. Com a identidade oculta, os votantes pró-Donadon comportaram-se como os manifestantes violentos que, nos protestos, escondem o rosto atrás de balaclavas para quebrar agências bancárias e lojas de automóveis. Como se usassem máscaras no plenário, fizeram o que não teriam coragem de perpetrar de cara limpa. Isso sem falar nos que foram até lá, registraram presença e depois se esvaíram de mansinho, em abstenção à francesa. Estes foram cúmplices: não depredaram a imagem da instituição com as próprias mãos, mas contribuíram ativamente para o resultado afrontoso.

A comparação entre os maus parlamentares "mascarados" e os arruaceiros das passeatas não é meramente anedótica. No sentido simbólico, suas excelências ""botaram para quebrar": agrediram a instituição a que pertencem e, em certa medida, foram ainda mais violentos que os Black Blocs, deixando um rastro de estragos que ficarão aí por um bom (ou mau) tempo. Tripudiaram sobre os manifestantes, num rompante desajuizado que, além de provocar o povo com vara curta, tem um quê de suicídio institucional. Mal dá para crer. Se a Câmara dos Deputados fosse uma pessoa, um ser humano de carne e osso, seria o caso de dizer que endoidou de vez.

Na segunda-feira, o ministro do STF Luís Roberto Barroso, em atendimento a um pedido do PSDB, suspendeu a sessão que absolveu Donadon. A anulação, que ainda será reexaminada pela Corte, tem uma fundamentação jurídica, no mínimo, controversa, mas veio acompanhada de uma justificativa que não pode ser menosprezada: "A indignação cívica, a perplexidade jurídica, o abalo às instituições e o constrangimento que tal situação gera para os Poderes constituídos legitimam a atuação imediata do Judiciário".

Agora, é bem pouco razoável supor que a Câmara, em seu delírio "egóico", saberá corrigir o desastre. Na terça-feira, em deliberação apressada, a Casa extinguiu o expediente do voto secreto (numa decisão que deverá ainda ir ao Senado), mas isso não a desculpa. "O constrangimento" de que fala o ministro Luís Roberto Barroso permanece e pode ainda enfurecer novas manifestações.

Um "complexo de superioridade" acomete expressivo grupo de deputados, que se imaginam acima do bem e do mal. Isso talvez explique um pouco mais a descomunal inversão de valores que anda em marcha na nossa cultura política. Desde que as manifestações eclodiram, em junho, outros sinais de indiferença, de prepotência e de arrogância já haviam sido emitidos pelos palácios. Agora vem esse discurso, que ganha corpo há vários meses, pelo qual certos políticos resolveram combater o que chamam de "moralismo". O cacoete alastrou-se pelos gabinetes do poder como uma epidemia vernacular altamente contagiosa. Se alguém reclama de uma autoridade, ela rapidamente responde, ou manda responder, por meio de um xingamento: em lugar de esclarecer o que foi criticado, apenas diz que o crítico não passa de um moralista. Assim é fácil. E, assim, fácil, esse discurso pretende desqualificar qualquer divergência.

Moral da história: se o cidadão discorda do desperdício do dinheiro público, é chamado de "moralista". Ou, então, de "udenista" (como se a UDN nunca tivesse passado de uma liga histérica em prol do puritanismo). Fazendo ar de indefesas, essas autoridades posam de vítimas de um avassalador assédio moral da opinião pública (como se o cidadão, que é o lado mais fraco, pudesse assediar moralmente o Estado, que é, por definição, mais forte). Olham para as câmeras de TV com olhos queixosos, como se fossem mártires de brutais preconceitos obscurantistas da classe média moralista.

Segundo essa nova encenação dos que se consideram acima da lei, qualquer indignação moral é sintoma de moralismo criminoso, tão nefasto quanto a xenofobia, a homofobia e o racismo. A partir dessa premissa, pedir que o deputado diga se votou contra ou a favor da cassação do mandato de Donadon se converte numa pressão inadmissível contra a sacrossanta consciência do representante do povo.

Em sua fantasia de infalibilidade regimental, os maus políticos, que se ocultaram no expediente do voto secreto, agora se protegem nesse discurso que se pretende antimoralista. Querem deixar as ruas gritando sozinhas, querem fustigá-las ainda mais, e, de quebra, querem que a Nação os reverencie como heróis da guerra santa contra o "obscurantismo" de quem só pede um pouco de ética. Com seu pragmatismo esperto e oportunista, eles são, na verdade, os imoralistas do pesadelo presente. Entram no plenário e agridem a democracia sem mostrar a cara. Quando se lembram das ruas, se é que se lembram, não estão nem aí. As ruas? Ora, as ruas... As ruas que se lasquem.

*Jornalista e professor da ECA-USP e da ESPM

Fonte: O Estado de S. Paulo

Caçador de nuvens - Luiz Otavio Cavalcanti

Li A História de Mora, de Jorge Bastos Moreno. Conta histórias de Ulysses Guimarães e reconstitui pedaços vermelhos e azuis da política brasileira.

Política é busca do bem público, ensinou Aristóteles. Só existe política a dois, dizia Hannah Arendt. Político é caçador de nuvens, sonhou Ulysses. Política é lidar com o humano. Em aspereza e elevação.

A política brasileira assistiu a dueto de homens notáveis: Tancredo Neves e Ulysses Guimarães. Foram concorrentes, amigos, correligionários, adversários. Sem perder a altura que os nivelava pelo alto em gestos e palavras.

Generosidade. Perdendo Ulysses a presidência do PMDB e não exercendo cargo de direção, o então líder do PFL na Câmara dos Deputados, Luis Eduardo Magalhães, esqueceu as divergências do seu pai, ACM, com o parlamentar paulista. E, superando diferenças partidárias, indicou Ulysses presidente da Comissão de Relações Exteriores da Câmara.

Descarte. Em 1984, Tancredo viabilizou sua candidatura a presidente. Grupo no Partido trabalhava ocultamente contra igual pretensão de Ulysses. Esse grupo procurou o apoio do ainda não presidente Lula para apoiar Tancredo no colégio eleitoral. Lula perguntou: "O que vocês vão fazer com Ulysses ?". Responderam: "Ele é nosso Churchill, deu o que tinha de dar ao país".

Bravura. Deixando a presidência do PMDB, em 1991, derrotado por Quércia, Ulysses acentuou no discurso de despedida: "Nossos mortos, levantem-se de seus túmulos. Venham aqui e agora testemunhar que os sobreviventes não são uma raça de poltrões, de vendidos, de alugados, de traidores, venham todos. Não digam que isso é passado. Passado é o que passou. Não passou o que ficou na memória ou no bronze da história".

Respeito. Na sessão do Congresso Nacional em homenagem a Tancredo, Ulysses discursou: "Tancredo era um sábio, sabia conversar, sabia ler, sabia rir, sabia ironizar, sabia ser Cirineu para os amigos amargurados, sabia ver o mar. Eu admirava Tancredo, eu amava Tancredo, eu temia Tancredo".

Luiz Otavio Cavalcanti é ensaísta

Fonte: Jornal do Commercio (PE)

Aumenta a incerteza - Merval Pereira

Os dois novos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) foram os protagonistas ontem do que seria a última sessão do julgamento do mensalão para tratar dos embargos de declaração, colocando um grau de incerteza no que parecia ser uma decisão pacificada no plenário do STF.

O temor de que a nova composição do plenário do Supremo pudesse de alguma forma favorecer os mensaleiros voltou a pairar sobre o julgamento, mas de maneira totalmente inesperada.

Ao mudar a sua postura até então de não interferir nas decisões já tomadas pelo STF mesmo quando delas discordava, o ministro Luiz Roberto Barroso provocou uma reação inesperada do ministro Teori Zavascki, que também se mantinha na mesma posição e decidiu rever vários de seus votos, com especial ênfase nos relativos a formação de quadrilha, seguindo a tese de Ricardo Lewandowski de que as penas nesse quesito foram exacerbadas,

O ministro Barroso, corretamente, chamou a atenção para dois casos em que, a seu ver, as penas foram dadas sem obedecer a um critério lógico. O investidor Breno Fischberg recebeu uma pena muito mais severa que seu sócio Enivaldo Quadrado na corretora Bonus Banval, quando os dois tiveram exatamente a mesma participação e foram condenados pelos mesmos crimes.

Já João Cláudio Genu, um mero intermediário no recebimento de propinas pelo PP, recebeu penas mais pesadas do que os políticos envolvidos nos mesmos crimes. Barroso chamou a atenção para o fato de que esses dois casos eram únicos, e por isso ele considerou que seria possível revê-los sem interferir no julgamento já realizado, mantendo a coerência.

Alguns ministros, como Rosa Weber, sentiram-se incomodados com a aceitação da tese, pois esta-vam trabalhando com um conceito de embargos de declaração que não permitia a revisão de penas.

Mesmo que outros ministros, como o decano Celso de Mello, ressaltassem o aspecto especial dos casos, que continham contradições internas sanáveis por decisão do próprio plenário sem que o restante do julgamento ficasse exposto, o ministro Teori Zavascki sentiu-se no direito de rever vários dos seus votos.

Ao aderir à tese de Lewandowski de que as penas para formação de quadrilha foram exageradas, Zavascki deu sua opinião: a exacerbação máxima da pena de quadrilha não poderia ser superior à da pena dos demais crimes cometidos por um mesmo réu.

A tese causou espanto entre seus pares, e o presidente do STF, Joaquim Barbosa, chamou a atenção para o fato de que ele estava comparando crimes diferentes, em situações diferentes, ferindo um conceito fundamental que é a personalização das penas.

Aceitando os embargos de declaração dos condenados por formação de quadrilha, entre eles, Marcos Valério, José Dirceu, Delúbio Soares e José Genoino, o ministro Teori Zavascki estaria reduzindo as penas com conseqüências diretas em casos como o de Dirceu, que passaria de prisão fechada para regime semiaberto.

O julgamento deve ser retomado hoje com a definição dos embargos de declaração pendentes e a discussão dos embargos infringentes. Embora haja uma tendência majoritária a rejeitá-los, a posição do ministro Teori Zavascki de ontem abriu uma brecha para os mensaleiros, que já haviam sido derrotados na tentativa de rever a decisão sobre formação de quadrilha.

Sempre restará a esperança de que o novo ministro consiga reverter decisões. Pelos debates de ontem, no entanto, nada indica que a posição de Zavascki receba a solidariedade dos demais ministros, a ponto de fazer a maioria do plenário, pois mesmo a ministra Cármem Lúcia, que absolveu os réus do crime de quadrilha, ressaltou que estava mudando as penas nos doisxasos examinados porque eles eram singulares.

Os pontos-chave

1. Ao mudar a postura de não interferir nas decisões já tomadas pelo STF mesmo quando delas discordava, o Roberto Barroso provocou uma reação inesperada do ministro Zavascki

2. Zavascki então decidiu rever vários de seus votos, com especial ênfase nos relativos a formação de quadrilha, seguindo tese de Lewandowski de que as penas nesse quesito foram exacerbadas

3. Embora haja uma tendência majoritária para rejeitar os embargos infringentes, a posição de Zavascki abriu brecha para os mensaleiros, que já haviam sido derrotados na tentativa de rever a decisão sobre formação de quadrilha

Fonte: O Globo

Planos e atropelos - Denise Rothenburg

Os congressistas às vezes pensam que o eleitor é bobo. E muitas vezes em que tentam jogar com a esperteza, terminam atropelados pelos fatos. A PEC do voto aberto é o maior exemplo. Alcançou a unanimidade, uma raridade que só mesmo uma moção de apoio ao papa Francisco poderia conseguir e ainda assim há quem duvide dessa possibilidade. Menos de 24 horas depois, lá estava a proposta de promulgar apenas a parte relativa à apreciação de casos de cassação de mandato. Assim, os congressistas dão uma resposta ao eleitor antes do 7 de Setembro e o resto que... se dane.

Ocorre que não é bem assim que a banda toca. No momento em que a Câmara aprovou o voto aberto para tudo e para todos, o eleitor ficou com gosto de transparência geral na boca. Quer agora o voto aberto em todas as situações e não pretende recuar. Nem mesmo os argumentos de que o governo pode conseguir manter os vetos presidenciais, no caso de uma votação aberta, parece fazer efeito.

Aliás, para o governo, essa tese do voto aberto para vetos presidenciais é um perigo. Já tem senador do PT dizendo que, se o voto aberto para os vetos presidenciais for aprovado, o governo que se prepare para uma temporada de dificuldades muito maiores do que aquelas enfrentadas hoje no Congresso. Afinal, como é que você, leitor, acha que o deputado vai votar na hora de apreciar o fim do fator previdenciário no período pré-eleitoral que vem por aí? Com os desejos de Dilma Rousseff e suas razões de caixa da União, ou com o desejo daqueles que podem reconduzir o deputado ou o senador ao Congresso? Obviamente, com o eleitor. Ou seja, a história do toma-lá-dá-cá não se sustenta muito. Como dizia ontem o senador Valter Pinheiro (PT-BA), "PEC salame parece coisa de padaria, com todo respeito à padaria". A bola agora está nas mãos de Renan Calheiros.

Enquanto isso, na CPI...
Os senadores se reúnem na semana que vem para ver como tocar a CPI da Espionagem. O problema é que a maioria acha que o caminho para tratar do tema deve ser os fóruns internacionais e não uma comissão parlamentar de inquérito. Ontem, pode até ter parecido brincadeira o comentário que fiz aqui sobre convocar Barack Obama ou os arapongas da CIA, mas é sério. Espionagem não é um problema restrito ao Brasil. Deve ser discutido em comissões técnicas do Parlamento brasileiro, no parlamento dos Estados Unidos, nos BRICS (Brasil, Rússia, índia, China e África do Sul), na Organização das Nações Unidas, no Parlamento Europeu, na Organização Internacional do Trabalho (OIT), na Organização dos Estados Americanos (OEA), enfim, em todas as instituições internacionais que tenham algum poder de auxiliar no sentido de restabelecer a confiança entre governo e povos. Caso contrário, vamos passar pelo vexame de ver as autoridades internacionais mandando os mais sinceros pedidos de desculpas pela ausência com o bordão "nothing to declare" (nada a declarar). A CPI, pelo visto, já foi atropelada pelos fatos antes mesmo de começar.

E em São Paulo...
A novela sobre o destino do ex-governador de São Paulo, José Serra, está perto do fim. Há quem diga que o prazo final da resposta dele ao PPS é a véspera do Dia da Pátria. E está pintando um atropelo de planos aí, uma vez que a maioria dos deputados do PSDB de São Paulo já avisou a Serra que ficará no partido. Mas essa é outra história.

E o Sete de Setembro, hein?
Quem se lembra da posse de Lula em seu primeiro mandato e da primeira festa de Sete de Setembro de seu governo não vai acreditar nos tapumes colocados no meio da Esplanada dos Ministérios. O gramado central foi todo fechado, como forma de evitar que o povo tenha uma vista privilegiada do palanque presidencial. Jamais poderia imaginar ver um governo petista afastando a população de suas autoridades. Vivemos, realmente, tempos muito estranhos. Mas essa é outra história.

Fonte: Correio Braziliense