O Estado de S. Paulo
O mundo real se impõe e faz acelerar. O julgamento
dos golpistas acuou o bolsonarismo puro-sangue, decretou o fim de 2025 e
projetou no porvir a perspectiva de um novo esquema de poder. A rapaziada
saliva ante a chance de partilhar a esplanada – de controlar a corda e a
caçamba – com Jair encostado, seja preso ou indultado. A perspectiva de trair
com respeito.
Estamos no pós-Bolsonaro, em função do que todos os agentes políticos e econômicos se orientam; até os Bolsonaro, ora empurrados à condição de reagentes. (Condição sine qua non para o exercício do imponderável, da qual poderá ascender uma dissidência desafiante como a encarnada por Pablo Marçal.)
O que está em desenvolvimento agora – até
onde se pode controlar – é a forma da superação eleitoral a Jair Bolsonaro; o
modo como a traição light se manifestará-materializará; a maneira com que o
bolsonarismo de oportunidades e resultados representado por Tarcísio de Freitas
bailará o isolamento carcerário do expresidente para o objetivo de isolá-lo
politicamente.
A conta da campanha por anistia – mesmo pela
“anistia light” – é cara e não fecha, senão sob teatro. A farsa está em cena,
no ato das condolências; do tango pós-condenação – de irrestrito mesmo, no
mundo real, somente o compromisso pela inelegibilidade ampla e geral do líder
golpista. A turma – os sócios do governador de São Paulo no projeto de
superação bolsonarista de Bolsonaro sem os Bolsonaro – domina a matemática. (A
superação bolsonarista de Bolsonaro com os Bolsonaro é tocada por Eduardo.)
Essa galera – Ciro Nogueira, Marcos Pereira,
Antônio Rueda, Gilberto Kassab e até Valdemar Costa Neto – calcula. A
reabilitação de Bolsonaro – uma anistia que lhe reconstituísse a elegibilidade
– serviria ao projeto político de pouquíssimos e viria com arestas supremas
tremendas. É agenda custosa, de mobilização desgastante, em defesa de parceiro
imprevisível; que, na hipótese improvável em que alcançada, daria – devolveria
– poder a grupo pequeno e fechado.
À grei e a não muitos de fora da empresa
familiar que o mito constituiu dentro do Estado, universo a ser mais restrito
que aquele aquinhoado entre 2019 e 22, dado o grau corrente de desconfiança que
alimenta a mentalidade conspirativa do bolsonarismo eduardista. Seria bom para
tipos como Sóstenes Cavalcante e outros zuccos do baixo parlamento bolsonarista,
que tendem à irrelevância sem que a direita se organize em função dos
Bolsonaro.
As migalhas conflituosas que sobrariam aos
donos dos grandes partidos não valem o investimento; e eles sabem que a maioria
dos deputados e senadores bolsonaristas não tardaria a embarcar na nau da
objetividade. Chama-se instinto de sobrevivência. Para os patronos de Tarcísio
de Freitas, os senhores do chamado Centrão, o futuro parece muito promissor –
estável e mais lucrativo – sem Jair e os Bolsonaro.
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