Política e cultura, segundo uma opção democrática, constitucionalista, reformista, plural.
sábado, 29 de setembro de 2012
Também já fui brasileiro – Carlos Drummond de Andrade
Eu também já fui brasileiro
moreno como vocês.
Ponteei viola, guiei forde
e aprendi na mesa dos bares
que o nacionalismo é uma virtude.
Mas há uma hora em que os bares se fecham
e todas as virtudes se negam.
Eu também já fui poeta.
Bastava olhar para mulher,
pensava logo nas estrelas
e outros substantivos celestes.
Mas eram tantas, o céu tamanho,
minha poesia perturbou-se.
Eu também já tive meu ritmo.
Fazia isso, dizia aquilo.
E meus amigos me queriam,
meus inimigos me odiavam.
Eu irônico deslizava
satisfeito de ter meu ritmo.
Mas acabei confundindo tudo.
Hoje não deslizo mais não,
não sou irônico mais não,
não tenho ritmo mais não.
moreno como vocês.
Ponteei viola, guiei forde
e aprendi na mesa dos bares
que o nacionalismo é uma virtude.
Mas há uma hora em que os bares se fecham
e todas as virtudes se negam.
Eu também já fui poeta.
Bastava olhar para mulher,
pensava logo nas estrelas
e outros substantivos celestes.
Mas eram tantas, o céu tamanho,
minha poesia perturbou-se.
Eu também já tive meu ritmo.
Fazia isso, dizia aquilo.
E meus amigos me queriam,
meus inimigos me odiavam.
Eu irônico deslizava
satisfeito de ter meu ritmo.
Mas acabei confundindo tudo.
Hoje não deslizo mais não,
não sou irônico mais não,
não tenho ritmo mais não.
sexta-feira, 28 de setembro de 2012
OPINIÃO DO DIA - Ayres Britto: ‘o mensalão maculou a República’ (LI)
“Nunca se falou de caixa dois com dinheiro público, porque
historicamente caixa dois é associado a doações privadas. Quando se identifica
origem pública do dinheiro, não há como falar de caixa dois.”
Ayres Britto, ministro presidente do STF, na plenária de
27/9/2012
Manchetes de alguns dos principais jornais do Brasil
O GLOBO
STF condena aliados do PT por corrupção passiva
Novo round no Supremo Russomano cai 5 pontos
Federais querem cota só em 2013
Mais inflação e menos crescimento
FOLHA DE S. PAULO
STF condena Roberto Jefferson
Russomanno perde 5 pontos; Haddad sobe e empata com Serra
Após prisão de executivo, Google tira vídeo do ar
BC corta previsão e confirma PIB visto como ‘piada’ por Mantega
O ESTADO DE S. PAULO
STF condena delator do mensalão e vê compra de voto
Russomanno cai pela 1ª vez, Serra tem 22% e Haddad, 18%
BC prevê PIB de 1,6% e indica que juro não vai subir
PRB busca chefe de fato para plano
VALOR ECONÔMICO
Em nova 'cruzada', governo decide cortar tarifas do BB
BC prevê pouca expansão do investimento
Valor da Petrobras cai R$ 65 bi em dois anos
Previ quer investir no exterior
Delúbio e Demóstenes, incômodos em Goiânia
CSN negocia o apoio do BNDES para aquisição
BRASIL ECONÔMICO
Governo quer reduzir o preço do gás natural para setor produtivo
Inglaterra se rende ao Brasil
Com novas regras, carro sobe R$ 6 mil
CORREIO BRAZILIENSE
Anatel dá ultimato às TVs por assinatura
O PIB que era uma piada virou realidade
Imposto alto pode esvaziar o Aeroporto JK
Mensalão faz Joaquim e Marco Aurélio azedarem o clima no STF
Envergonhados, alguns senadores pagam imposto
ESTADO DE MINAS
Motoristas novatos são os mais cassados
Petista sobe e assume a liderança
Jefferson condenado
TRE multa candidatos de BH em R$ 143 mil
ZERO HORA (RS)
Estado tem agosto mais violento em 10 anos
Imposto de senadores vai custar R$ 10,3 mi
Anatel e Procon dão ultimato às TVs pagas
Fortunati abre 23 pontos de vantagem
JORNAL DO COMMERCIO (PE)
TV paga tem 30 dias para reduzir queixas
Hemobrás dá inícios às operações
Banco do Brasil e BNB também encerram greve
Caso do mensalão
CPI vê grandes obras ligadas ao abuso infantil
STF condena aliados do PT por corrupção passiva
Novo round no Supremo Russomano cai 5 pontos
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Mais inflação e menos crescimento
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O ESTADO DE S. PAULO
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JORNAL DO COMMERCIO (PE)
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Hemobrás dá inícios às operações
Banco do Brasil e BNB também encerram greve
Caso do mensalão
CPI vê grandes obras ligadas ao abuso infantil
STF condena aliados do PT por corrupção passiva
Ministros punem 9 réus
ligados a PP, PR e PMDB por receberem dinheiro do esquema
Entre eles estão o
delator do mensalão, Roberto Jefferson (PTB) e o deputado Valdemar Costa Neto
(PR). Votação do capítulo será concluída na segunda-feira, com complemento da
análise sobre formação de quadrilha
A maioria dos ministros
do Supremo Tribunal Federal (STF) já condenou ao menos nove de 13 réus ligados
ao PP, PL (atual PR) e PMDB por receberam dinheiro do mensalão entre 2003 e
2004. Três deles foram condenados tanto pelos crimes de formação de quadrilha
quanto por lavagem de dinheiro, caso de Valdemar Costa Neto. Outros cinco, como
Roberto Jefferson, foram punidos até agora só por corrupção passiva, e um
deles, Enivaldo Quadrado, dono da empresa Bônus Banval, apenas por lavagem. O
julgamento do capítulo continuará na segunda-feira.
Mais 9
réus condenados
Entre eles estão o delator Roberto Jefferson e parlamentares de PP, PMDB e
antigo PL
Carolina Brígido, Evandro Éboli
BRASÍLIA O Supremo Tribunal Federal (STF) condenou ontem nove de 13 réus
ligados ao PP, ao PL (atual PR) e ao PMDB por terem recebido dinheiro do
mensalão entre 2003 e 2004. Entre eles, está o delator do esquema, o
ex-deputado Roberto Jefferson, condenado por corrupção passiva, e o deputado
Valdemar Costa Neto (PR-SP), por corrupção passiva e lavagem de dinheiro. Dos
réus considerados culpados ontem, oito foram enquadrados em corrupção passiva e
quatro em lavagem de dinheiro. A votação desse capítulo deverá ser concluída na
segunda-feira.
Do grupo do PP, foram condenados o ex-deputado Pedro Corrêa (PP-PE), o
ex-assessor parlamentar João Cláudio Genu e Enivaldo Quadrado, dono da Bônus
Banval, empresa usada pelo partido para receber dinheiro do valerioduto. Do PL,
além de Valdemar, o plenário condenou o ex-tesoureiro Jacinto Lamas e o
ex-deputado Bispo Rodrigues (RJ). Do PTB, além de Jefferson, foi condenado o
ex-deputado Romeu Queiroz (MG). E do PMDB, o ex-integrante da legenda e
ex-deputado José Borba (PR). Também ontem, o plenário absolveu o assessor do PL
Antonio Lamas por falta de provas.
Os ministros Gilmar Mendes, Luiz Fux e o presidente da Corte, Ayres Britto,
afirmaram que a tese da defesa, de que o dinheiro foi repassado pelo PT aos
partidos para pagar despesas de campanha, não tem cabimento. Para eles, o
esquema era mesmo de compra de apoio político. Segundo os advogados, não foi
cometido crime de corrupção passiva, mas de caixa dois.
- Não se trata evidentemente de meras irregularidades formais, mas de desvio
de vultosos recursos públicos e com o objetivo de obter esse apoio por parte
dos parlamentares - disse Gilmar.
- Esse tipo de caixa dois para proferir apoio político é corrupção, porque
os parlamentares já recebem seus vencimentos - afirmou Fux.
- Nunca se falou de caixa dois com dinheiro público, porque historicamente
caixa dois é associado a doações privadas. Quando se identifica origem pública
do dinheiro, não há como falar de caixa dois - concordou Ayres Britto.
Gilmar também rejeitou a tese da defesa de que os parlamentares têm
imunidade em relação a seus votos, como diz a Constituição:
- O argumento da imunidade parlamentar de proteção a palavras e voto não faz
com que o parlamentar esteja imune a responder por corrupção passiva.
A ministra Rosa Weber absolveu os dez réus acusados de formação de quadrilha
no capítulo. Ela argumentou que, segundo o Código Penal, as pessoas se reúnem
para criar uma quadrilha com o objetivo de cometer crimes constantemente e
perturbar a paz social. Acrescentou que integrantes de quadrilhas sobrevivem às
custas do resultado dos crimes cometidos. Para Rosa, os partidos não ofenderam
a paz social ao receber dinheiro do valerioduto. Ela afirmou que os réus estavam
apenas interessados em garantir dinheiro no bolso. A ministra disse que houve
apenas o concurso de pessoas para realizar os crimes.
- Quadrilha, na minha compreensão, é a estrutura que causa perigo por si
mesma à sociedade, nada tem a ver com concurso de agentes. Não vislumbro prova
de prática desse crime, não vislumbro associação dos acusados para delinquir,
aqui há mera coautoria - disse Rosa.
A ministra Cármen Lúcia foi a única a concordar com a tese:
- O Código Penal estabelece como sendo necessário, para a caracterização da
formação de quadrilha ou bando, o estabelecimento de um liame com estabilidade
e permanência para a prática de crimes em geral. Neste caso, vejo muito mais o
concurso (de pessoas) do que a quadrilha, essas pequenas quadrilhas que foram
imputadas pelo Ministério Público.
Também houve divergência entre os ministros quanto ao crime de lavagem de
dinheiro. Rosa defendeu que, para caracterizar a prática, o réu precisa ter
realizado um novo ato para esconder a origem e o fim do dinheiro. Ela absolveu
do crime Genu, Bispo Rodrigues e Borba. Eles teriam apenas recebido o dinheiro
de forma velada, o que seria uma forma de consumar o crime de corrupção
passiva.
Ao condenar todos os réus por lavagem de dinheiro, Fux rebateu a tese. Afirmou
que é possível, com um só ato, cometer mais de um crime. Citou como exemplo o
tiro que acerta a vítima e ricocheteia em outras pessoas.
A votação desse capítulo continuará na próxima sessão, com os votos de Marco
Aurélio Mello, Celso de Mello e Ayres Britto. Dias Toffoli só votou em relação
a alguns réus e vai concluir seu posicionamento na segunda-feira.
Fonte: O Globo
STF condena delator do mensalão e vê compra de voto
Roberto Jefferson foi
condenado pelo fato de ele e o PTB terem se beneficiado; tese do caixa 2 foi
rejeitada
Sete anos após ter
revelado a existência de pagamentos a parlamentares da base do governo Lula, o
ex-deputado Roberto Jefferson foi condenado pela maioria do STF pelo fato de
ele e o PTB terem sido beneficiados. Ontem, Jefferson pediu licença da
presidência do partido. O deputado Valdemar Gosta Neto (PR-SP, ex-PL) e os
ex-deputados José Borba (ex-PMDB, hoje no PP), Pedro Corrêa (PP-PE), Romeu
Queiroz (PTB-MG) e Bispo Rodrigues (PL-RJ) também foram condenados. Com 29
sessões do julgamento do mensalão, seis dos 12 ministros rechaçaram, em seus
votos ou em apartes, a tese da defesa segundo a qual os pagamentos foram caixa
dois de campanha. Eles apontaram compra de votos no Congresso. O deputado Pedro
Henry (PP-MT) recebeu até ontem cinco votos pela condenação.
Supremo condena
delator do mensalão por corrupção e aponta compra de voto
Felipe Recondo, Eduardo Bresciani, Ricardo Brito, Mariângela Gallucci
BRASÍLIA - Sete anos depois de ter revelado a existência de pagamentos a
parlamentares da base do governo Luiz Inácio Lula da Silva, o ex-deputado
federal Roberto Jefferson foi condenado ontem pela maioria do Supremo Tribunal
Federal pelo fato de ele e seu PTB também terem se beneficiado do esquema. Outros
cinco políticos também foram condenados ontem pelo mesmo crime. Até agora, com
29 sessões do julgamento realizadas, 6 dos 10 ministros da Corte rechaçaram, em
seus votos ou em apartes, a tese da defesa segundo a qual os pagamentos foram
apenas caixa 2 de campanha. Eles apontaram compra de votos no Congresso
Nacional.
Além de Jefferson, os políticos condenados ontem pela maioria dos ministros
por corrupção passiva foram o deputado Valdemar Costa Neto (PR-SP),
ex-presidente do antigo PL, e os ex-deputados José Borba (ex-PMDB, hoje no PP),
Pedro Corrêa (PP-PE) - também condenado por lavagem de dinheiro -, Romeu
Queiroz (PTB-MG) e Bispo Rodrigues (PL-RJ). A votação foi encerrada antes que
houvesse votos suficientes para condenar ou absolver o deputado Pedro Henry
(PP-MT). Outros envolvidos também foram condenados (leia quadro na pág. A6).
Ex-assessor do antigo PL, Antônio Lamas foi absolvido de todos os crimes. O
julgamento será retomado na segunda-feira.
O ministro Luiz Fux concordou com o relator Joaquim Barbosa e afirmou que a
tese de caixa 2 não se encaixa no caso. "A corrupção, o receber dinheiro
ilícito não tem nenhuma semelhança com não escriturar as contas (caixa
2)." O argumento foi reforçado pelo presidente da Corte, Carlos Ayres
Britto, num aparte. "Nunca se viu caixa 2 com dinheiro público. Se o
dinheiro é público, como falar em caixa 2?"
Para o ministro Gilmar Mendes, o mensalão também financiou o esvaziamento
dos partidos de oposição, com a migração de deputados para a base do governo.
"A cooptação de apoio político, não em torno de ideias, mas de vantagem
financeira, inequivocamente corrompe o sistema democrático", disse Mendes.
As opiniões divergem do entendimento do revisor do processo, ministro
Ricardo Lewandowski, para quem não há provas suficientes para afirmar que houve
compra de votos no Congresso. "A meu ver, não ficou evidenciada (a compra
de votos), restando tal alegação no campo da mera inferência ou da simples
conjectura", afirmou o ministro em seu voto proferido na quarta-feira.
A tese de que o mensalão foi um esquema montado para o pagamento de dívidas
de campanhas eleitorais foi encampada pelos parlamentares que receberam
dinheiro e pelo ex-presidente Lula. Essa versão afasta o mensalão do governo
petista, mantendo o esquema apenas como um acerto entre partidos políticos.
O julgamento de ontem confirmou a antepenúltima fase do esquema do mensalão.
Até o momento, os ministros julgaram que dinheiro público foi desviado para
alimentar o esquema, que empréstimos bancários fraudados foram feitos também
para financiar o mensalão e ao mesmo tempo para disfarçar a origem dos
recursos, além da existência de um sistema de lavagem no Banco Rural.
Na semana que vem, o
tribunal julgará os nomes apontados como corruptores, responsáveis pela
"compra de parlamentares". Nesse grupo estão o ex-ministro da Casa
Civil, José Dirceu, e o ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares. Por fim, será
analisado se houve ou não formação de quadrilha no esquema de pagamentos de
parlamentares.
Fonte: O Estado de S. Paulo
STF condena Roberto Jefferson
Sete anos, três meses e
22 dias depois de revelar à Folha o mensalão, o ex-deputado federal Roberto Jefferson
(PTB) foi condenado pelo STF (Supremo Tribunal Federal) por corrupção passiva,
crime punido com pena de 2 a 12 anos de prisão. O Supremo confirmou a tese
central da acusação, de que o esquema foi organizado pelo PT para corromper
congressistas e partidos na primeira gestão de Lula.
Supremo
condena Jefferson e outros sete por corrupção
Tese de caixa dois é rejeitada
Quatro ministros concluem que objetivo do esquema era comprar votos, e não
financiar campanhas
Felipe Seligman, Flávio Ferreira, Márcio Falcão, Nádia
Guerlenda e Rubens Valente
BRASÍLIA - Por maioria de seis votos, os ministros
do STF (Supremo Tribunal Federal) condenaram ontem o ex-deputado Roberto
Jefferson (PTB) e mais sete réus do mensalão por corrupção passiva.
Jefferson, que revelou a existência do mensalão em entrevista à Folha em junho de
2005, foi condenado junto com os líderes partidários que acusou de aceitar
suborno para votar a favor do governo no Congresso.
Ao condená-los, o Supremo confirmou a tese central da acusação no processo,
segundo a qual o esquema foi organizado pelo PT para corromper parlamentares e
partidos políticos no primeiro mandato do ex-presidente Luiz Inácio Lula da
Silva.
Quatro dos dez ministros do Supremo já rejeitaram a principal tese da defesa
dos réus, que dizem que o objetivo do mensalão era financiar campanhas
eleitorais, e não comprar votos no Congresso.
A tese do caixa dois eleitoral foi empregada pelo ex-presidente Lula e pelo
PT desde o início do escândalo para explicar os pagamentos feitos pelo esquema,
que os petistas organizaram com a ajuda do empresário Marcos Valério Fernandes
de Souza.
Caso o Supremo aceitasse a tese do caixa dois, crime previsto no Código
Eleitoral, as eventuais penas já estariam prescritas hoje.
A sessão de ontem no STF foi suspensa quando faltava colher os votos de
quatro ministros. O julgamento será retomado na segunda-feira.
Além de Jefferson, os seis ministros que concluíram seus votos condenaram o
deputado Valdemar da Costa Neto (PR-SP), que liderava o antigo PL quando o
mensalão foi descoberto, e os ex-deputados Pedro Corrêa (PP-PE) e José Borba
(PMDB-PR).
O STF também condenou por corrupção passiva os ex-deputados Romeu Queiroz
(PTB-MG) e Carlos Rodrigues (PL-RJ). Foram condenados por lavagem de dinheiro
Costa Neto, Corrêa, o ex-assessor do PL Jacinto Lamas e o dono da corretora
Bônus-Banval, Enivaldo Quadrado.
A maioria dos ministros do STF seguiu o entendimento da Procuradoria-Geral
da República, que acusou Jefferson de receber R$ 4,5 milhões para que os
integrantes de seu partido votassem a favor do governo no Congresso.
Quatro ministros (Joaquim Barbosa, Luiz Fux, Gilmar Mendes e Ayres Britto)
deixaram explícita a conclusão de que houve compra de apoio parlamentar no
Congresso.
Ao fazer um aparte no meio de uma discussão sobre as diferenças entre o uso
de caixa dois e a prática de corrupção, o presidente do tribunal, Ayres Britto,
comentou: "Se o dinheiro é público, não há como falar em caixa dois".
Nas sessões anteriores do julgamento, o Supremo concluiu que o mensalão foi
financiado com recursos desviados dos cofres do Banco do Brasil e da Câmara dos
Deputados e empréstimos bancários fraudulentos.
Após analisar a coincidência entre alguns pagamentos do mensalão e a
transferência de deputados para partidos governistas em 2003, o ministro Gilmar
Mendes afirmou: "Vejam a gravidade dessa situação, a obtenção do apoio
político mediante o uso de recurso financeiro".
O ministro atacou a versão do caixa dois: "Falar em recursos não
contabilizados, como se se tratasse de falha administrativa durante o processo
eleitoral, é o eufemismo dos eufemismos. Nós estamos a falar de outra
coisa".
Fonte: Folha de S. Paulo
Nove réus condenados
Ministros do STF consideram Roberto Jefferson, Valdemar Costa Neto e mais sete
pessoas culpadas por crimes, como corrupção passiva e lavagem de dinheiro
Helena Mader, Diego Abreu
O ex-deputado federal Roberto Jefferson, que revelou ao Brasil o esquema do
mensalão, não escapou da condenação. A maioria dos ministros do Supremo Tribunal
Federal o considerou culpado do crime de corrupção passiva, que prevê pena de
dois a 10 anos de detenção. Apesar da má notícia para Jefferson, dois ministros
defenderam ontem uma redução de pena para o delator por conta da relevância de
suas contribuições para a revelação do esquema. Além do parlamentar cassado, o
STF também firmou maioria para condenar o deputado federal Valdemar Costa Neto
(PR-SP). Ele é o segundo parlamentar ainda no exercício do mandato a ser
considerado culpado por corrupção na Ação Penal 470.
Já há maioria para condenar oito réus do mensalão por corrupção no capítulo
em análise. Além de Jefferson e Valdemar, foram considerados culpados por esse
crime os ex-deputados federais Pedro Corrêa, Bispo Rodrigues, Romeu Queiroz e
José Borba e os ex-assessores parlamentares José Cláudio Genú e Jacinto Lamas.
Pelo menos seis dos 11 ministros já consideraram culpados por lavagem de
dinheiro Valdemar Costa Neto, Jacinto Lamas, Enivaldo Quadrado e Pedro Corrêa.
Ao todo, pelos dois crimes, são nove pessoas condenadas.
O ministro Luiz Fux foi o primeiro magistrado a falar publicamente a
respeito da possibilidade de redução de pena dos réus que contribuíram com as
investigações. O magistrado se baseou nos artigos 13 e 14 da Lei de Proteção a
Testemunhas para defender que réus primários que ajudaram a desvendar um crime
devem ter pena menor. Esses dispositivos legais mencionados por Fux estabelecem
que "o indiciado ou acusado que colaborar voluntariamente com a
investigação policial e o processo criminal na identificação dos demais
coautores terá pena reduzida de um a dois terços."
Gilmar Mendes conversa com Celso de Mello: julgamento recomeça na segunda
Fux abordou a possibilidade de redução da pena aos colaboradores da Justiça
Para Fux, "a lei, em vez de cortar a ponta do iceberg, prefere quebrar
o iceberg". Ele argumentou que diante de tantas citações que fez a
Jefferson, seria injusto não dar um tratamento privilegiado ao delator. "A
própria lei prevê privilégios a esses que, voluntariamente, ainda que
inconscientemente, contribuíram para a investigação." A ministra Cármen
Lúcia concordou com Fux. "Foi quase uma autoimolação dele (Roberto
Jefferson). Com seu silêncio, não se comprovaria nada", justificou a
magistrada.
Dinheiro público
Depois de os ministros Joaquim Barbosa e Luiz Fux reconhecerem claramente que
houve um esquema de compra de votos, Gilmar Mendes reiterou esse entendimento e
rechaçou a tese da defesa de que o mensalão não passou de um sistema de
arrecadação de recursos de caixa dois. "Essa supostamente inventiva tese
do caixa dois propalada como normal e natural no ambiente partidário não se
sustenta", comentou Gilmar, que lembrou que havia dinheiro público no
esquema. "Falar em recursos não contabilizados como se tratasse de mera
falha administrativa no processo eleitoral é o eufemismo dos eufemismos. Aqui,
estamos a falar de outra coisa", acrescentou o ministro. Apesar de ainda
não ter votado nesse capítulo, o presidente da Corte, Carlos Ayres Britto,
também mencionou o fato de que a presença de dinheiro público no esquema afasta
a tese de caixa dois.
Em seu voto, a ministra Rosa Weber abriu uma divergência que futuramente, na
análise dos crimes de corrupção ativa, poderá beneficiar o ex-ministro José
Dirceu, o ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares e o ex-presidente do PT Jose
Genoino. No entendimento de Rosa, que foi seguido pela ministra Cármen Lúcia,
não houve formação de quadrilha no esquema de mensalão. Para elas, os acusados
são apenas coautores do mesmo crime.
A viagem a Portugal realizada pelo ex-dirigente do PTB Emerson Palmieri ao
lado dos empresários Marcos Valério e Rogério Tolentino voltou a ser mencionada
pelos ministros na sessão de ontem. Segundo a denúncia, eles teriam ido pedir
propina a representantes da Portugal Telecom, o que foi refutado na
quarta-feira pelo revisor, Ricardo Lewandowski. Luiz Fux disse ontem que a
motivação da viagem teria sido mesmo a solicitação de vantagens indevidas.
"Foram efetivamente conferir se seria possível extrair daquele negócio
verbas para a prática de mais um delito de corrupção."
Lewandowski voltou ao tema e, para embasar seu entendimento, citou o
relatório final da CPI dos Correios. Disse ainda que a viagem dos réus a
Portugal estaria relacionada a "outros mensalões anteriores, em outras unidades
da Federação". "Essa viagem, à qual se dá grande importância, está
relacionada a outro esquema que precede esse. Envolve o Banco Opportunity e
Daniel Dantas", garantiu o revisor. Lewandowski fez menção ao chamado
mensalão mineiro, do qual Marcos Valério também é réu.
Panorama
Confira a situação dos réus já julgados no item 6 da denúncia do mensalão:
Condenados
Pedro Corrêa (PP-PE)
Já há maioria de 7 a 0 pela condenação do ex-deputado federal e ex-presidente
do PP por corrupção passiva. Quanto a acusação de lavagem de dinheiro o placar
está em 6 a 1 pela culpabilidade de Corrêa. E 4 a 2 quanto à condenação por
quadrilha.
João Cláudio Genú
Já há maioria de 6 a 1 pela condenação do ex-assessor do falecido deputado José
Janene (PP) por corrupção passiva. O placar quanto à lavagem de dinheiro e
formação de quadrilha é de 4 a 2 pela condenação do acusado de ter sido o
intermediário do valerioduto para o PP.
Enivaldo Quadrado
Já são sete votos a zero pela condenação do ex-sócio da corretora Bônus Banval
por lavagem de dinheiro. Quanto à acusação de formação de quadrilha o placar é
de 4 a 3 pela condenação.
Valdemar Costa Neto (PR-SP)
Já há maioria de 6 a 0 pela condenação do deputado federal por corrupção
passiva e lavagem de dinheiro. Quanto à acusação de formação de quadrilha, o
placar parcial é de 4 a 2 pela condenação. Ele é acusado de ter recebido mais
de R$ 10 milhões do PT em repasses feitos pelas agências do empresário Marcos
Valério.
Bispo Rodrigues
Já há maioria de 6 a 0 pela condenação do ex-deputado federal do PL do Rio de
Janeiro por corrupção passiva. Quanto ao crime de lavagem de dinheiro, o placar
parcial é de 4 a 2 pela absolvição.
Jacinto Lamas
Já há maioria de 6 a 0 pela condenação do ex-tesoureiro do PL por corrupção
passiva e lavagem de dinheiro. Em relação a formação de quadrilha, está sendo
considerado culpado, o placar é de 4 a 2. Segundo a acusação, Lamas buscava
semanalmente envelopes de dinheiro em espécie e entregava os recursos para o
então presidente do partido Valdemar Costa Neto.
Roberto Jefferson
Já há maioria de 6 a 0 pela condenação dele por corrupção passiva. Quanto à
lavagem de dinheiro, o placar já é contrário ao ex-deputado e está em 5 a 1.
Jefferson recebeu R$ 4 milhões em espécie das empresas de Marcos Valério.
Romeu Queiroz
Já há maioria de 6 a 0 pela condenação por corrupção passiva do ex-deputado
federal pelo PTB de Minas Gerais, atualmente deputado estadual pelo PSB. Em
relação ao crime de lavagem de dinheiro, ele vai sendo condenado por cinco
votos a um.
José Borba
Já há maioria de 6 a 0 pela condenação do ex-deputado pelo PMDB do Paraná e
atualmente prefeito de Jandaia do Sul (PP-PR) por corrupção passiva. Quanto ao
crime de lavagem de dinheiro, ele vai sendo inocentando por 4 a 2. Borba é
acusado de receber dinheiro do esquema.
Absolvido
Antonio Lamas
O ex-assessor do PL foi inocentado por todos os seis ministros que votaram em
relação as suas condutas de todas as acusações. A Procuradoria Geral da
República sugeriu sua absolvição por falta de provas.
Situação indefinida
Emerson Palmieri
O placar parcial é de 5 a 1 pela condenação do tesoureiro informal do PTB na
época do escândalo pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro.
Palmieri teria intermediado a propina do mensalão em favor do PTB.
Pedro Henry (PP-MT)
Cinco ministros votaram pela condenação do deputado federal e ex-líder do PP
pelo crime de corrupção passiva e dois pela absolvição. Em relação à acusação
de lavagem de dinheiro, o placar parcial é de quatro votos a três pela
condenação. Quanto ao crime de formação de quadrilha, ele vai sendo inocentando
por quatro a dois.
Breno Fischberg
O placar é de 4 a 2 pela condenação do ex-sócio da Bônus Banval por lavagem de
dinheiro e também de 4 a 2 pela absolvição do crime de formação de quadrilha.
Fonte: Correio Braziliense
Ministra pede que jovens mantenham crença na política
Cármen Lúcia mandou um recado aos eleitores e
destacou que "a condenação não pode ser uma descrença" na atividade
pública
Mariângela Galucci, Ricardo Brito, Eduardo Bresciani e Felipe Recondo
BRASÍLIA - Ao votar a favor da condenação de políticos que receberam
dinheiro do esquema do mensalão, a ministra Cármen Lúcia Antunes Rocha passou
ontem um recado aos eleitores brasileiros, afirmando que eles não devem perder
a crença na política, principalmente às vésperas da eleição municipal.
Além de integrar o Supremo Tribunal Federal (STF), Cármen Lúcia é presidente
do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e, nesse cargo, comandará as eleições de
outubro. "Eu não gostaria que a dez dias de uma eleição o jovem brasileiro
desacreditasse da política por causa de erro de um ou de outro", afirmou.
A ministra ressaltou que "a política é necessária". Mas a
presidente do TSE reconheceu que "ela deve ser muito difícil". Para
Cármen Lúcia, não deve ser uma tarefa fácil fazer com que os 513 deputados
federais cheguem a consenso durante votações. "Um governo que não tenha
maioria parlamentar tende a não se sustentar", disse. "Ele cai",
afirmou a ministra, dizendo em seguida que, se não cair, pouca coisa será feita.
Cármen Lúcia defendeu a necessidade de os agentes públicos serem rigorosos
no cumprimento das leis. "Quem exerce um cargo político deve exercê-lo com
mais rigor", disse a ministra, acrescentando que, na opinião dela, existem
bons políticos no País.
"Meu voto não é absolutamente de desesperança na política. É a crença
nela e na necessidade de que todos nós agentes públicos nos conduzamos com mais
rigor no cumprimento das leis", afirmou. "A condenação não pode ser
uma descrença na política."
Política ou guerra. Cármen Lúcia ressaltou que o tribunal julga um processo
penal sobre pessoas acusadas de cometer erros. "A gente vota com tristeza
em um caso desse, mas tem que votar", afirmou. No entanto, ela fez questão
de frisar que isso não significa que os políticos sejam sempre corruptos.
"Este é um julgamento de direito penal em que nós julgamos pessoas que
eventualmente tenham errado e contrariado o direito penal. Mas que, obviamente,
isso não significa, principalmente para os jovens, que a política seja necessariamente
ou sempre corrupta. Pelo contrário: a humanidade chegou ao momento em que nós
chegamos porque é a política ou a guerra", afirmou.
A ministra ressaltou que um malefício no espaço público significa um furto à
sociedade. "Pela escola que não chega, pelo posto de saúde que não se tem,
pelo saneamento básico que tantas centenas de cidades brasileiras não têm,
exatamente pelo escoadouro dessas más práticas, dessas criminosas
práticas", exemplificou. "Principalmente se tem o furto da esperança
de uma sociedade", concluiu.
Cármen Lúcia está na presidência do TSE desde abril deste ano. Ao tomar
posse do cargo, ela apelou aos eleitores para que votassem com honestidade.
"O caminho mais curto para a Justiça é a conduta reta de cada um de nós,
cidadãos. O homem probo ainda é a maior garantia da Justiça na sociedade. A
eleição mais segura e honesta é aquela em que cada cidadão vota limpo",
declarou.
A ministra disse que os juízes fazem direito, mas não fazem milagres. Por
esse motivo, pediu ajuda dos eleitores e da imprensa na fiscalização. "Não
há eleições seguras e honestas sem a ação livre e vigilante da imprensa",
disse na ocasião.
Fonte: O Estado de S. Paulo
Governo do PT é uma fraude - Roberto Freire
A fraude dos governos petistas dos
presidentes Lula e Dilma começa a ser desmascarada pelos fatos. No discurso,
governam para os pobres, em nome dos pobres e contra “as elites golpistas”. Na
prática, cobram mais impostos dos pobres, desmontam o Sistema Único de Saúde, o
SUS, que atende a população que não pode pagar saúde particular, e ainda
comprometem o futuro de milhões de jovens que não recebem a devida formação
para terem sucesso na vida profissional.
Essa é a verdadeira face dos governos
do PT. A presidente Dilma vetou há pouco a lei que desoneraria os produtos da
cesta básica, ou seja, estes produtos essenciais consumidos por todos os
brasileiros poderiam ficar mais baratos. Ao mesmo tempo, tem optado por fazer
concessões ao grande capital financeiro e industrial, inclusive multinacionais,
como a recente desoneração de IPI dos automóveis. É uma escolha política de
privilegiar o rico em detrimento do pobre.
Esse é somente um exemplo de um sistema
tributário regressivo e injusto que atua como concentrador de renda. Em nove
anos e meio de governo, o PT não se dignou a tentar modificá-lo. Na saúde, um
dado criminoso contra a população: nos últimos sete anos o SUS desativou quase
42 mil leitos de hospitais, segundo análise do Conselho Federal de Medicina
(CFM). O país tem 354 mil leitos, portanto, a redução representa 11,8% do total
em atividade hoje. Isso significa menos assistência médica à população que não
pode pagar pelo Hospital Sírio Libanês, que depende da efetivação do direito
universal à saúde previsto na nossa Constituição.
O futuro da nação também é comprometido
pela péssima gestão petista. Na educação, ministério comandado durante anos
pelo atual candidato petista à prefeitura da capital de São Paulo, Fernando
Haddad, o desastre foi demonstrado pela Pesquisa Nacional por Amostra de
Domicílios (Pnad). Segundo a Pnad, a taxa de escolarização do grupo de 15 a 17
anos de idade — que deveria estar no ensino médio — caiu de 85,2% para 83,7% em
dois anos. Isso representa 1,72 milhão de jovens fora da escola.
Como o nível de ocupação de 15 a 17
anos de idade também reduziu, significa que estes jovens também não trabalham.
Não adianta criar empregos se os jovens não estão devidamente capacitados para
ocupá-los. Os anos petistas criaram um exército de jovens desocupados sem
futuro e sem perspectivas.
Da mesma forma que repetiram à exaustão
que o mensalão não existiu, e agora, oito anos depois, o Supremo Tribunal
Federal está dizendo a verdade dos autos e dos fatos devidamente comprovados, o
PT repete que eles são os únicos defensores dos pobres e que a oposição é
composta de uma elite golpista e egoísta. Acontece que nenhuma farsa dura para
sempre e as máscaras começam a cair. A oposição vigilante tem a obrigação de
mostrar a verdade dos fatos, e é isso que estamos cotidianamente fazendo.
Roberto Freire, deputado federal (SP) e presidente do PPS
Fonte: Brasil Econômico
O PT na hora do lobo - Fernando Gabeira
A Hora do Lobo é um filme de Ingmar Bergman. Os antigos a chamavam assim
porque é a hora em que a maioria das pessoas morre... e a maioria nasce. Nessa
hora os pesadelos nos invadem, como o fizeram com o personagem Johan Borg,
interpretado por Max von Sydow.
Como projeto destinado a mudar a cultura política do País, o PT fracassou no
início de 2003. Para mim, que desejava uma trajetória renovadora, o PT
sobrevive como um fósforo frio. Entretanto, na realidade, é uma força
indiscutível. Detém o poder central, ocupou a máquina do Estado, criou um
razoável aparato de propaganda e parece que o dinheiro chove em sua horta com a
regularidade das chuvas vespertinas na Floresta Amazônica. Mas o PT está diante
de um novo momento que poderia levá-lo a uma crise existencial, como o
personagem de Bergman, atormentado pelos pesadelos. Pode também empurrá-lo mais
ainda para o pragmatismo que cavou o abismo entre as propostas do passado e a
realidade do presente.
O PT sempre usou duas táticas combinadas para enfrentar as denúncias de
corrupção. A primeira é enfatizar seu objetivo: uma política social que
distribui renda e reduz as grandes desigualdades nacionais. Diante dessa
equação que enfatiza os fins e relativiza os meios, alguns quadros chegam a
desprezar as críticas, atribuindo-as às obsessões da classe média,
etiquetando-as como um comportamento da velha UDN, partido marcado pela
oposição a Getúlio Vargas e pela proximidade com o golpe que derrubou João
Goulart. A segunda é criar uma versão corrigida para os fatos negativos, certo
de que a opinião pública ficará perdida na guerra de versões. Esta tática é a
que enfatiza o desprezo da política moderna pelas evidências, como se o
confronto fosse uma guerra em que a verdade é vitimada por ambos os lados.
Acontece que essa fuga das evidências encontra seu teste máximo no
julgamento do mensalão. O ministro Joaquim Barbosa apresenta as acusações com
grande riqueza de detalhes. As teses corrigidas foram sendo atropeladas pelos
fatos. Não era dinheiro público? Ficou claro que sim, era dinheiro público
circulando no mensalão. Ninguém comprou ninguém, eram apenas empréstimos entre
aliados. Teses que se tornam risíveis diante da origem e do volume do dinheiro.
O PT salvando o PP de José Janene, Pedro Correa e Pedro Henry da fúria dos
credores?
O relatório de Joaquim Barbosa apresenta o mensalão como uma evidência
reconhecida pela maioria do Supremo, dos órgãos de comunicação e dos
brasileiros. Como ficará a tática do PT diante dessa realidade? Negar a
evidência? É um tipo de reação que, mesmo em tempo de prosperidade econômica,
não funciona quando os fatos são inequívocos.
Ao longo de minhas viagens observei que o mensalão não havia afetado as
eleições municipais. Mas o processo está em curso. Algumas cidades já estão
afetadas, como São Paulo e Curitiba. Nesta ocorre algo bastante irônico: o
candidato Gustavo Fruet (PDT) é acusado de ter o apoio do PT e por isso perde
votos. Fruet foi um dos deputados que investigaram o mensalão na CPI dos
Correios.
A reação do PT diante da possível condenação de seus líderes vai ser
decisiva. Encontrará forças para reconhecer seu erro, aceitar o julgamento do
STF e iniciar um processo de autocrítica? Tudo indica que não. A teoria
conspiratória domina suas declarações. O mensalão foi uma invenção da mídia
golpista, dizem alguns. Na nota dos partidos aliados, que deviam ser chamados
de partidos submissos, acusa-se uma manobra da oposição, como se tudo isso
tivesse sido construído por ela, que descansa em berço esplêndido.
Numa entrevista raivosa, um dos réus, Paulo Rocha (PT-PA), alega que as
denúncias do mensalão ocorrem porque Lula abriu o mercado brasileiro aos países
árabes. A tese conspiratória é tão clássica que os judeus não poderiam ser
esquecidos.
O ex-presidente Lula parece viver realmente a hora do lobo. Percorre o
Brasil atacando adversários e diz que, tal como venceu o câncer, vai derrotar
os candidatos de oposição. Se o ressentimento e o rancor brotam com tanta
facilidade dos lábios do líder máximo, o que esperar do exército virtual de
combatentes pagos para atirar pedras?
Este é um momento crítico na história do PT. Deve contestar estas evidências
com a mesma eloquência com que contestou outras. Mas as de agora são
transmitidas ao vivo, foram submetidas ao exame de ministros do Supremo, estão
coalhadas de fatos, depoimentos, provas.
Ao contestar as evidências o PT não inventa um caminho. Paulo Maluf foi
acusado durante anos de desviar dinheiro para o exterior e sempre negou. A
condenação e a eventual prisão de líderes não afastam o PT do poder, mas
transformam o encontro nos jardins da casa de Maluf em algo mais que uma
simples oportunidade fotográfica. O PT não só verteu milhões para os caixas do
partido Maluf, como aceitará a tática malufista de negar as evidências, mesmo
quando são esmagadoras.
Em defesa de Maluf pode-se dizer que ele nunca prometeu a renovação ética da
política brasileira. Usa apenas um mesmo e fiel assessor de imprensa para
rebater críticas nos espaços de cartas de leitores. Descendente de árabes,
Maluf jamais, ao que me consta, culpou uma conspiração sionista por sua
desgraça. Sempre foi o Maluf apenas, sem maiores mistificações.
Montado numa máquina publicitária, apoiado por uma miríade de intelectuais,
orientado por competentes marqueteiros, o PT viverá em escala partidária a
aventura individual de Maluf: negar as evidências. Até o momento nada indica
que assumirá a realidade. Seu caminho deve ser negar, negar, como o marido
infiel nas peças de Nelson Rodrigues - por sinal, o inventor da expressão
"óbvio ululante".
O mensalão não é um cadáver no armário, invenção de opositores ou da
imprensa. Nasceu, cresceu e implodiu nas entranhas do governo. É difícil
sentar-se em cima dos fatos. Ele são como uma baioneta: espetam.
Fonte: O Estado de S. Paulo
Pontos divergentes - Merval Pereira
Lavagem de dinheiro e formação de quadrilha são os dois pontos que dominaram
a atenção dos juízes do Supremo Tribunal Federal neste 29º dia de julgamento do
processo do mensalão, pontos que podem ser decisivos na definição final sobre o
núcleo político petista, acusado de comandar o esquema criminoso, especialmente
o ex-ministro José Dirceu, definido como o "chefe da quadrilha" pelo
Ministério Público.
As ministras Cármen Lúcia e Rosa Weber, por enquanto em minoria nesse item,
abriram divergência com o relator e o revisor afirmando que não houve formação
de quadrilha no esquema do mensalão. Ambas alegaram em seus votos que a
formação de quadrilha ou bando se define pela associação permanente para a
prática de crimes. Para Rosa Weber , o que caracteriza esse tipo de crime
"não é a perturbação da paz pública em si", mas a decisão "de
sobreviver à base dos produtos auferidos em ações criminosas indistintas".
Acompanhando a divergência, a ministra Cármen Lúcia disse que o que
caracteriza o crime de quadrilha é a prática de "crimes em geral, o que
não vislumbrei". Para ela, a acusação do Ministério Público de que o
esquema previa "pequenas quadrilhas com outras quadrilhas" não
convence, e o que houve foi "reunião de pessoas para práticas criminosas,
mas para atender a vantagens especificas de alguns réus, e não para atingir a
paz social".
Por essa definição do que seja "formação de quadrilha", é de se
supor que as duas ministras verão da mesma forma a acusação contra o núcleo
político do PT nesse ponto específico. Esse crime, porém, tem penas pequenas,
de 1 a 3 anos, e sua inexistência eventual não deve influenciar muito na
condenação final dos réus considerados culpados.
Mas, se for vencedora, essa tese fará perder força a acusação inicial da
Procuradoria-Geral da República, que define José Dirceu como o "chefe da
quadrilha", embora nada impeça que os membros do núcleo político sejam
considerados responsáveis pela corrupção ativa dos parlamentares, em regime de
coautoria, e não de quadrilha.
Haverá também a redução da carga política pejorativa que a expressão
"chefe da quadrilha" faz o ex-ministro José Dirceu carregar.
A outra causa de controvérsias no Supremo tem sido a lavagem de dinheiro,
embora o único caso em que houve placar apertado tenha sido o do deputado
federal João Paulo Cunha, condenado por 6 a 5.
Nos demais resultados, não houve um mínimo de quatro votos absolutórios até
o momento para abrir caminho a embargos infringentes que, em tese, podem
provocar um novo julgamento pelo próprio STF.
A discussão entre os ministros é sobre se a condenação por corrupção passiva
já engloba o ato de esconder o dinheiro, perfazendo um crime só, ou se a
tentativa de ocultar a propina caracteriza uma lavagem de dinheiro.
Alguns casos foram fáceis de definir, quando o réu enviou alguém em seu
lugar para receber o montante ou se utilizou mecanismos financeiros para
escamotear esse dinheiro, como nos casos do uso das corretoras Bonus Banval ou
Garanhuns, em que houve concordância sobre a caracterização de lavagem de
dinheiro. Mas houve questionamentos também sobre se determinado réu tinha noção
de que a origem daquele dinheiro era ilegal, fato básico para haver a intenção
de lavar o dinheiro.
Embora pareça improvável que qualquer um dos envolvidos num esquema dessa
dimensão não soubesse que estava envolvido em uma tramoia, houve ministros que,
em dúvida, votaram a favor da absolvição do réu.
Mesmo que atitudes como essas irritem o relator Joaquim Barbosa, são elas
que definem a independência do Supremo. Mesmo as discussões mais evitáveis
estão servindo para demonstrar que ali naquele colegiado cada cabeça é uma
sentença, e todos têm a liberdade de discordar. Essas divergências de
entendimento sobre a caracterização de crimes fazem com que os resultados de 10
a 0 ou 8 a 2 na condenação dos réus, como tem acontecido com frequência durante
este julgamento, sejam fruto de um consenso nascido da jurisprudência da Corte,
o que faz com que as críticas eventuais percam a força diante de maioria tão
acachapante.
Esses placares tão definitivos servem também para evitar embargos
infringentes, que poderiam retardar a execução das eventuais penas aos réus.
Fonte: O Globo
A hora H - Dora Kramer
Semana que vem o julgamento do mensalão vai pegar
fogo. Dentro e fora do Supremo Tribunal Federal, onde começará a ser examinada
a parte da denúncia relativa aos personagens que põem o PT direta e
nominalmente no banco dos réus: José Dirceu, José Genoino e Delúbio Soares.
Até agora só desfilaram coadjuvantes naquela
passarela. Operadores financeiros, facilitadores de negócios, espertalhões,
aprendizes e professores de feiticeiros.
Gente permanentemente conectada na oportunidade de
levar alguma vantagem, para a qual importa pouco quem esteja no comando. Basta
que os comandantes liberem a livre navegação pelas águas do poder.
Esse pessoal já está condenado, sem despertar
grandes suscetibilidades. A reação às condenações diz respeito ao indicativo de
que podem também alcançar os réus que de fato interessam - os representantes
mais graduados, entre os citados na denúncia, do projeto beneficiário do esquema
de financiamento.
Pois é a partir daí é que os ânimos realmente se
acirram.
Quem se espanta com divergências entre ministros do
Supremo ou se apavora com o tom mais incisivo de um ou de outro não leva em
conta as implicações de uma decisão colegiada envolvendo legislação, doutrina,
agilidade de raciocínio, capacidade de encadeamento lógico e muito conhecimento
acumulado em trajetórias jurídicas distintas entre si.
De outra parte, quem vê despropósito na acusação de
que o STF funciona como tribunal de exceção a serviço de uma urdidura
conspiratória, não sabe o que é o furor de uma fera ferida.
Muito mais além do que já houve ainda está para
acontecer.
Os ministros do Supremo vão discutir dura,
detalhada e por vezes até asperamente todos os aspectos do processo, dos crimes
imputados aos réus e das circunstâncias em que foram ou não cometidos, para
mostrar as razões pelas quais condenam ou absolvem.
Nada há de estranho, inusitado ou inapropriado
nisso. Não é nos autos que os juízes falam? Pois estão falando neles e deles. É
o foro adequado para a discussão. Se a interpretação da lei não fosse inerente
à função do magistrado, um bom programa de computador que cruzasse a legislação
com as acusações daria conta do recado.
Descontados excessos de rispidez de um lado (do
relator) e exageros na afetada afabilidade de outro (do revisor), os debates
são apropriados e indispensáveis em caso de alta complexidade e grande
repercussão como esse.
A peculiaridade aqui é o conflito de temperamentos
e da interpretação dada pelo revisor ao seu papel. Ele deveria revisar o
trabalho de Barbosa, mas na prática faz uma espécie de voto em separado. O
relator que passou cinco anos examinando os autos, conduzindo interrogatórios e
acompanhando todas as fases do processo, irrita-se.
Já do lado de fora há a reação, claro. E por parte
dos que se veem desde já como perdedores se traduz de uma forma aflita, cuja
tendência é ficar cada vez mais aflitiva. Mas, por mais desrespeitosa, ilógica
e raivosa que se apresente, precisa também ser vista com uma boa dose de
naturalidade. Até na crítica.
Simpatizantes da causa, petistas se sentem
ameaçados, injustiçados e usam a dinâmica que conhecem para reagir: a
desqualificação, os desaforos à deriva, a argumentação sem pé nem cabeça.
A questão central é: isso vai influir no resultado
do julgamento? Evidentemente a resposta é não.
Por isso o melhor é enxergar o cenário pela ótica
da ponderação e da normalidade sem procurar em qualquer turbulência motivos
para crises que ponham em risco isso ou aquilo.
Se 20 anos atrás o Brasil interrompeu o mandato de
um presidente logo na primeira eleição direta depois de duas décadas de
ditadura e o mundo não se acabou, convenhamos, não é nessa altura da democracia
que haverá de acabar.
Nem fazer do País uma piada de salão.
Fonte: O Estado de S. Paulo
A desvantagem de quem se recandidata - Maria Cristina Fernandes
Marcio Lacerda (PSB), Eduardo Paes (PMDB) e José Fortunatti (PDT) são, nesta
ordem, os prefeitos de capital melhor avaliados do país (Datafolha, 28/08). As
pesquisas indicam que os prefeitos do Rio, Belo Horizonte e Porto Alegre
lideram com folga a disputa eleitoral e têm grandes chances de reeleição.
Deste minúsculo universo não é possível tirar a conclusão de que prefeitos
candidatos à reeleição sempre levam a melhor. A boa avaliação de suas gestões
pode estar relacionada com sua vantagem eleitoral mas até esta inferência tem
que ser matizada. O quarto prefeito de capital melhor avaliado pelo Datafolha,
Luciano Ducci (PSB), cuja nota é apenas 0,3 pontos abaixo daquela recebida por
Fortunatti está atrás de Ratinho Jr (PSC) na disputa por Curitiba.
O foco nas capitais e grandes municípios tem levado a conclusões
precipitadas sobre o instituto da reeleição, principalmente quando a disputa em
jogo é a municipal. A opinião ligeira que trata o Brasil como um grande curral
de votos vê nas disputas locais o locus por excelência do mandonismo secular
que, amparado no uso da máquina, só teria ganho força com a reeleição.
Quanto menor e mais pobre a cidade, mais difícil é a reeleição
Artigo publicado no mais recente número da Novos Estudos/Cebrap dos
pesquisadores Thomas Brambor e Ricardo Ceneviva jogam por terra a tese de que o
candidato à reeleição parte em vantagem. Estudos anteriores baseavam-se nas
capitais e cidades com segundo turno. Nesse universo, a taxa de reeleição ronda
os 70%.
Por mais que este colégio eleitoral represente as 83 maiores cidades do
país, generalizar seus resultados para o conjunto de 5.563 municípios envieza e
distorce os fatos.
Desde que a reeleição foi instituída já se realizaram sete disputas, três
das quais municipais. Foi sobre essas três disputas (2000, 2004 e 2008), em que
concorreram 42.493 mil candidatos que os pesquisadores se debruçaram.
Fizeram vários recortes, dos quais excluíram aqueles que se elegeram por
largas margens de voto da primeira vez para evitar que fatores difíceis de
mensurar, como carisma, melassem a comparação.
Entre os recortes há aqueles de prefeitos candidatos à reeleição que, na
primeira disputa, haviam ganho por margem de 1% até 5% dos votos. Incluíram
ainda um levantamento para duplas de candidatos que voltariam a se encontrar
nas eleições seguintes, quando apenas um deles estaria no cargo disputando na
condição de prefeito.
Em todos os recortes a fatia de prefeitos elegíveis que tentou a reeleição
varia de 65% a 74%. O dado já indica as dificuldades de quem está no cargo.
Fosse fácil, os prefeitos candidatos à reeleição se aproximariam da totalidade.
Dos que resolvem se candidatar, cerca de metade se reelege. O que significa
que, dos elegíveis, gira em torno de um terço aqueles que são bem sucedidos em
ficar dois mandatos na prefeitura.
Nas duplas de candidatos que se encontram em eleições consecutivas, quando
um deles já está no cargo, a taxa dos que permanecem no poder é apenas de 40%
dos elegíveis. Prefeitos que reencontram seus oponentes quatro anos depois
perdem, em média, 4,4% de sua margem de votos.
Foi mais difícil para quem era prefeito em 2000 e 2004 buscar a reeleição do
que para aqueles que se recandidataram em 2008. Isso pode ter a ver com a
economia que melhorou ao longo da década. A disputa de 2008 aconteceu no mês
seguinte à queda do Lehmann Brothers, quando os efeitos sobre a economia
brasileira ainda eram irrisórios.
Cruzados com PIB per capita e população, os dados de Brambor e Ceneviva
também levam à conclusão de que a desvantagem dos prefeitos é maior nas cidades
pequenas e mais pobres.
O artigo não avança nas razões do fenômeno, mas o acesso mais restrito
dessas cidades a fontes de financiamento deve ser parte da explicação.
A execução das políticas públicas sob sua responsabilidade também ajuda a
entender por que é tão difícil ser prefeito.
Das sondagens que se tem notícia nem o melhor avaliado deles, Márcio
Lacerda, alcança a popularidade da presidente Dilma Rousseff que, esta semana,
bateu novo recorde.
Os prefeitos desgastam-se porque estão sob sua alçada as principais
políticas públicas: saúde, boa parte da educação, transporte e a infraestrutura
urbana.
Essas atribuições de políticas públicas nem sempre são acompanhadas de
recursos. Na saúde, por exemplo, que os eleitores dizem ser o maior problema de
suas cidades, os gastos municipais aumentaram mais que os federais e estaduais
e estariam, como mostrou o repórter Luciano Máximo, do Valor (27/09), numa
média de 22% das receitas próprias, mais do que manda a Emenda 29 (15%).
Os prefeitos gastam mais do que são obrigados com o principal problema da
população e ainda assim penam para se reeleger. Que a competição política
aumente na proporção inversa da população e renda só contraria a tese de que a
democracia claudica nos grotões.
O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso envia esclarecimentos sobre a
coluna da semana passada. Em resumo, diz o seguinte:
"Depois de vários inquéritos nada foi comprovado em relação ao Sivam e
não há ação na Justiça. Processos sobre eventuais interferências de membros do
governo em benefício de um consórcio vencedor foram arquivados pela Justiça. O
caso Marka/Cidam, com o qual o governo nada teve a ver, pois sempre respeitou a
autonomia do BC, ainda é objeto de decisões judiciais cuja questão é saber se
havia ou não "risco sistêmico" quando o mercado derrubou a regra
cambial vigente e se houve ou não informação privilegiada dada por pessoas do
BC a bancos. Sobre a acusação de compra de votos da reeleição houve
investigação na CCJ da Câmara, não houve denúncia nem processo. Dois deputados
acreanos foram cassados e outros três renunciaram ao mandato. O PSDB jamais foi
mencionado. É absurdo atribuir-se à "compra de votos" a aprovação por
folgada maioria. Sondagens de opinião pública, editoriais e forças políticas
(com exceção dos petistas e malufistas que temiam minha vitória) foram
favoráveis à sua aprovação".
Fonte: Valor Econômico
Pesquisa Datafolha: S. Paulo, Rio, BH, Recife, Curitiba e Porto Alegre
Russomanno cai pela 1ª vez; Haddad cresce e empata com Serra, diz Datafolha
SÃO PAULO - O candidato
do PRB à Prefeitura de São Paulo, Celso Russomanno, caiu cinco pontos
percentuais e tem 30% das intenções de votos, de acordo com pesquisa Datafolha
concluída nesta quinta-feira.
Esta é a primeira queda fora da margem de erro do
candidato desde o início da campanha. Apesar da queda, o candidato do PRB segue
líder. A margem de erro é de dois pontos percentuais para mais ou para menos.
O levantamento mostra também crescimento de
Fernando Haddad (PT), que saiu de 15% para 18%, e voltou a aparecer em empate
técnico com José Serra (PSDB), que aparece com 22% das intenções de voto. Na
pesquisa anterior, divulgada na semana passada, Serra tinha 21%.
Gabriel Chalita (PMDB), que tinha 8%, aparece com
9% das intenções de voto. Soninha (PPS) aparece com 4%. Os candidatos Paulinho
(PDT), Carlos Giannazi (PSOL) e Ana Luiza (PSTU) têm 1%. Os demais candidatos
não pontuaram na pesquisa.
Nas simulações de segundo turno, Russomanno
triunfaria contra qualquer adversário. Com Serra, venceria por 50% a 34%. No
cenário com Haddad, Russomanno tem 49% e o petista, 34%.
Serra continua com o maior índice de rejeição no
levantamento, com 45%. Fernando Haddad tem 24% e Russomanno aparece com 22%,
mesmo índice de Soninha (PPS) e Paulinho (PDT).
O Datafolha fez 1799 entrevistas entre quarta (26)
e quinta-feira (27). A pesquisa é uma parceria com a TV Globo e está registrada
no Tribunal Regional Eleitoral com o número SP-01182/2012.
Vantagem de Lacerda cai a 13 pontos em BH, mas ele ainda venceria no
primeiro turno
Paulo Peixoto
BELO HORIZONTE - O petista Patrus Ananias diminuiu a distância em
relação ao atual prefeito de Belo Horizonte, Marcio Lacerda (PSB), mas não o
suficiente para evitar a reeleição já no primeiro turno, segundo pesquisa
Datafolha divulgada nesta quinta-feira (27) em parceria com a TV Globo.
Segundo o levantamento, Lacerda passou de 49% para
45% em um intervalo de duas semanas, enquanto Patrus oscilou de 31% para 32%.
Entre as duas pesquisas, a diferença recuou de 18 para 13 pontos.
A pesquisa foi realizada nesta terça (25) e quarta
(26). A margem de erro é de três pontos percentuais, para mais ou para menos.
Com a disputa polarizada entre os dois, contudo,
pouco ajuda a Patrus a intenção de voto que têm os demais cinco candidatos. A
soma não passa de 5%. Vanessa Portugal (PSTU) tem 3%. Maria da Consolação
(PSOL) e
Alfredo Flister (PHS), 1% cada um. Tadeu Martins (PPL) e Pepê (PCO) não atingiram 1%.
Alfredo Flister (PHS), 1% cada um. Tadeu Martins (PPL) e Pepê (PCO) não atingiram 1%.
Para a disputa ocorrer em dois turnos, é preciso
que a soma dos seis outros candidatos seja superior ao número de votos do líder
da disputa.
Pelos votos válidos, que excluem brancos, nulos e
eleitores indecisos, e é o critério de divulgação oficial dos resultados pela
Justiça Eleitoral, Lacerda tem 55%, e Patrus, 39%.
A rejeição aos dois principais candidatos é
parecida. Lacerda é rejeitado por 20%, e Patrus, por 21%.
Mesmo podendo ser a disputa em apenas um turno, o Datafolha fez a simulação de segundo turno, e Lacerda também venceria. Teria 49% dos votos, contra 37% do candidato petista.
Lula e Dilma
Patrus faz o que pode para tentar reverter o
quadro. Faz campanha por toda a cidade e todos os dias. E pelo seu programa
eleitoral já passaram os seus principais cabos eleitorais. Primeiro foi o
ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Atualmente, continua no ar, embora com
menos aparições na TV e no rádio, a presidente Dilma Rousseff.
Os padrinhos, contudo, não foram até aqui capazes
de alterar o quadro. Na primeira pesquisa Datafolha, em 19 e 20 de julho, a
diferença a favor do prefeito era de 17 pontos. Após uma semana de horário
eleitoral, em 28 e 29 de agosto, com intensa participação de Lula, a diferença
era de 16 pontos.
Dilma entrou no ar na noite de 10 de setembro,
quando a diferença era 18 pontos. Com a pesquisa de agora, a diferença baixou
cinco pontos. O PT mineiro tentou trazê-la para um comício, mas a presidente
não veio.
A pesquisa Datafolha apontou 9% de indecisos. E 9%
dos eleitores dizem que votarão em branco ou nulo.
Foram ouvidos 1.277 eleitores. A pesquisa está
registrada no TRE (Tribunal Regional Eleitoral) de Minas com o número MG- 00650/2012.
Paes mantém liderança isolada no Rio, aponta Datafolha
RIO - O prefeito
do Rio, Eduardo Paes (PMDB), candidato à reeleição, mantém a liderança nas
intenções de voto na cidade, de acordo com pesquisa do Datafolha divulgada
nesta quinta-feira (27). Pela primeira vez desde o início da campanha, o
deputado Marcelo Freixo (PSOL) não apresentou alta significativa.
De acordo com o levantamento, encomendado pela Folha
em parceria com a TV Globo, Paes tem 55% das intenções de voto, contra 19% de
Freixo. Ambos oscilaram positivamente um ponto percentual em relação à pesquisa
anterior, realizada há duas semanas.
Os demais candidatos estão empatados tecnicamente.
Os deputados Rodrigo Maia (DEM), Otávio Leite (PSDB) e Aspásia Camargo (PV)
aparecem com 4%, 3% e 2%, respectivamente --mesma pontuação apresentada no
último levantamento. Cyro Garcia (PSTU) e Fernando Siqueira (PPL) alcançaram
1%. Antônio Carlos (PCO) não pontuou.
Declararam votar nulo 8% dos entrevistados,
enquanto 7% deles disseram não saber em quem votar. O Datafolha ouviu 1.461
pessoas entre terça (25) e quarta-feira (26). A pesquisa foi registrada sob o
número 126/2012 no Tribunal Regional Eleitoral do Rio.
O resultado mostra larga vantagem do peemedebista.
Ele teria hoje, segundo a pesquisa, 65% dos votos válidos. O Datafolha simulou
um segundo turno entre Paes e Freixo. Segundo o levantamento, o prefeito
venceria com 61% dos votos, contra 30% do socialista.
Paes manteve a liderança após dois adversários
lançarem mão de trunfos nas últimas semanas a fim de atrair eleitores do
prefeito. Freixo realizou comício na última sexta-feira para tentar alavancar a
candidatura. Maia usou declaração do ex-governador Anthony Garotinho (PR)
criticando a aproximação do prefeito com evangélicos a fim de atrair fiéis do
grupo religioso. De acordo com a pesquisa, os artifícios ainda não tiveram
impacto.
Rejeição
Maia segue como o mais rejeitado entre os
candidatos, segundo o Datafolha. O levantamento aponta que 41% dos eleitores
declararam que não votariam no candidato do DEM. Aspásia e Cyro Garcia têm 17%
de rejeição. Paes, 16% e Freixo, 10%.
Candidato do PSB lidera disputa pela Prefeitura de Recife
Fábio Guibu
RECIFE - O candidato do PSB a prefeito de Recife, Geraldo
Julio, conquistou mais oito pontos percentuais em duas semanas e alcançou 42%
das intenções de voto, aponta pesquisa Datafolha divulgada nesta quinta-feira
(27).
O levantamento, encomendado pela Folha, em
parceria com a TV Globo, indica também que o candidato do PSDB, Daniel Coelho,
ultrapassou numericamente o petista Humberto Costa na segunda colocação.
O tucano oscilou positivamente três pontos no mesmo
período, passando de 19% para 22%. Já o petista manteve a trajetória de queda
apontada nos levantamentos anteriores e caiu de 23% para 17%. Como a margem de
erro da pesquisa é de três pontos percentuais, para mais ou para menos, ambos
estão em empate técnico no segundo lugar.
Mendonça (DEM) também oscilou negativamente, de 8% para
5%. Edna Costa (PPL) obteve 2%, enquanto Jair Pedro (PSTU) e Roberto Numeriano
(PCB) foram citados por 1% dos entrevistados, cada um.
Disseram que votariam em branco ou nulo 6%,
enquanto 5% afirmaram estar indecisos. O Datafolha ouviu 1.146 eleitores em
Recife nesta terça (25) e quarta (26).
Votos válidos
Pela primeira vez nesse processo eleitoral, o
Datafolha divulgou também os votos válidos, critério que exclui brancos, nulos
e indecisos, e é a forma de divulgação oficial dos resultados pela Justiça
Eleitoral.
Nessa situação, Geraldo Julio, com 47% das
intenções de voto, ficaria a três pontos percentuais, mais um voto, de vencer
no primeiro turno.
Daniel Coelho aparece com 25%, seguido de Humberto
Costa, com 19%, e Mendonça, com 5%. Edna Costa surge em seguida, com 2% das
citações. Jair Pedro e Numeriano têm 1% cada um.
Segundo turno
O Datafolha também simulou duas situações para um
eventual segundo turno. Nas duas, Geraldo Julio aparece como vencedor, com mais
de 50% dos votos.
Contra Humberto Costa, o candidato socialista teria
59%, e o petista, 28%.
Nessa situação, a pesquisa mostra que 52% dos
eleitores de Daniel Coelho votariam em Geraldo Julio e 28% em Humberto Costa.
Na segunda simulação, com a disputa no segundo
turno envolvendo Geraldo Julio e Daniel Coelho, o socialista teria 51% das
intenções de voto, contra 38% do tucano.
Nesse quadro, os eleitores do petista ficariam
divididos. Enquanto 44% afirmaram que votariam no candidato socialista, 42%
declararam apoio ao tucano.
Rejeição
A pesquisa mostrou ainda o quadro de rejeição aos
candidatos. Humberto Costa continua em primeiro lugar, com 43%, cinco pontos
percentuais acima do índice apurado duas semanas atrás, que era de 38%.
Mendonça aparece em segundo lugar, com 37%, ante
36% no levantamento anterior. Em terceiro lugar, estão tecnicamente empatados
Jair Pedro e Edna Costa, com 32% e 31%, respectivamente.
O levantamento mostra ainda que Roberto Numeriano é
rejeitado por 24%, enquanto Geraldo Julio e Daniel Coelho também estão em situação
de empate técnico. O socialista é rejeitado por 18% e o tucano, por 17% dos
eleitores.
Dos entrevistados, 4% disseram que votariam em
qualquer um e outros 4% não votariam em nenhum dos candidatos.
A pesquisa foi registrada no Tribunal Regional Eleitoral
de Pernambuco com o número PE-00161/2012.
Ratinho Junior assume liderança na disputa em Curitiba, segundo
Datafolha
SÃO PAULO - O candidato
Ratinho Junior, do PSC, assumiu a liderança isolada na disputa pela Prefeitura
de Curitiba, mostra pesquisa Datafolha em parceria com a RPC TV divulgada nesta
quinta-feira (27).
O deputado federal e filho do apresentador do SBT
aparece com 32% das intenções de voto, deixando para trás, na segunda
colocação, com 25%, o atual prefeito da cidade e candidato à reeleição, Luciano
Ducci (PSB).
No levantamento anterior, nos dias 10 e 11 deste
mês, Ratinho, também com 32%, e Ducci, então com 26%, estavam tecnicamente
empatados, apesar da vantagem numérica do candidato do PSC.
A margem de erro da pesquisa é de três pontos
percentuais, para mais ou para menos. O Datafolha ouviu 1.201 eleitores nesta
terça (25) e quarta-feira (26). A pesquisa foi registrada na Justiça Eleitoral
com o número 00326/2012.
Na terceira colocação está Gustavo Fruet, do PDT,
com 17%. O pedetista e ex-deputado federal pelo PSDB foi um dos mais ferozes
integrantes da CPI que investigou o mensalão durante o governo Lula e agora faz
campanha com o apoio do PT.
Rafael Greca, do PMDB, é o quarto, com 11%,
tecnicamente empatado com Fruet, mas no limite máximo da margem de erro. Greca
subiu quatro pontos nessa pesquisa, enquanto Fruet, um ponto.
Levando em conta apenas os votos válidos, quando
são excluídos nulos, brancos e eleitores indecisos, Ratinho aparece com 36%,
seguido por Ducci (29%), Fruet (20%) e Greca (12%).
Para vencer já no primeiro turno, o candidato
precisa de 50% dos votos válidos mais um voto.
Segundo turno
O Datafolha fez também simulações de segundo turno.
Numa eventual disputa entre Ratinho e Ducci, o
candidato do PSC venceria com 48% dos votos, ante 40% do atual prefeito.
Num confronto com Fruet, Ratinho também venceria
(50% a 39%). Já em um confronto Fruet versus Ducci, há um empate técnico, 46%
para o pedetista e 42% para Ducci.
O Datafolha também mediu a rejeição dos candidatos.
Prefeito de Curitiba, Ducci lidera, com 29%, seis pontos acima do registrado no
levantamento anterior. Greca tem 26%, Ratinho Junior, 23%, e Fruet, 13%.
José Fortunati amplia vantagem na disputa em Porto Alegre, aponta
Datafolha
Felipe Bächtold
PORTO ALEGRE - O prefeito de Porto Alegre, José Fortunati (PDT),
ampliou sua vantagem na corrida eleitoral na cidade e está em condições de
definir a disputa já no primeiro turno, de acordo com o Datafolha.
Ele obteve 47% das intenções de voto, quase o dobro
da segunda colocada, Manuela D'Ávila (PC do B), que registrou 24%.
Manuela, que em agosto chegou a ficar tecnicamente
empatada com o prefeito na liderança, caiu seis pontos percentuais em relação à
pesquisa anterior, feita há duas semanas, enquanto Fortunati subiu seis.
A pesquisa, feita em parceria com o grupo RBS,
ouviu 1.152 eleitores entre terça (25) e quarta-feira (26). A margem de erro é
de três pontos percentuais, para mais ou para menos.
Pela primeira vez, o Datafolha também apresentou os
números em votos válidos, critério que exclui brancos, nulos e indecisos, e é a
forma como o resultado oficial da eleição é divulgado pela Justiça Eleitoral.
Se Fortunati ultrapassar os 50% dos votos válidos,
já vence a eleição. Por esse critério, que exclui brancos e nulos, ele aparece
atualmente com 56%, contra 29% de Manuela.
O Datafolha também mostrou oscilação do candidato
do PT na cidade, Adão Villaverde. Ele passou dos 7% da sondagem anterior para
9% --pelo critério de votos válidos, tem 10%.
Em quarto lugar nas intenções de voto, está Roberto
Robaina (PSOL), que obteve 2% em todos os levantamentos do Datafolha na
campanha. Wambert di Lorenzo (PSDB) tem 1%.
Apelos
Em sua campanha, Manuela vem fazendo apelos para a
realização do segundo turno, citando que nessa etapa há tempos iguais de TV
para a divulgação de propostas.
Com a maior coligação, o prefeito falou em um
debate que a candidata do PC do B e o PT promove uma "dobradinha" de
ataques contra a sua gestão, visando o segundo turno.
Villaverde, porém, subiu o tom de críticas contra
Manuela nos últimos dias. Questionou, por exemplo, os apoios que ela recebeu,
como o da senadora Ana Amélia Lemos (PP), adversária do PT no Estado.
O Datafolha fez também uma simulação de segundo
turno, em que Manuela perde para Fortunati por 53% a 32%.
Segundo o instituto, a candidata e Villaverde têm
mais do que o dobro da taxa de rejeição do prefeito, com 22% cada um
--Fortunati tem a menor rejeição, 10%. O tucano Wambert di Lorenzo foi o mais
rejeitado pelos eleitores entrevistados: 24%.
A pesquisa foi registrada no Tribunal Regional
Eleitoral sob o protocolo RS-00224/2012.
Fonte: Folha de S. Paulo
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