terça-feira, 23 de abril de 2013

Lula na toca de Eduardo - Tereza Cruvinel

Resignado ao fato de que o governador pernambucano será mesmo candidato contra Dilma Rousseff, o ex-presidente Lula está disposto a enfrentá-lo em casa

Na semana passada, o presidente do PT, Ruy Falcão, divulgou no Twitter o aviso de que, em breve, Lula e Dilma participarão de um grande ato no Recife. Num “banner” anexo, Lula, ainda de barba, acena da janela de um trem, valendo-se do verso da canção de Simone: “Pode se preparar, porque eu tô voltando”. Ou seja: Lula, que há pouco tempo ainda dizia acreditar numa recomposição com o governador Eduardo Campos, já conclui que ele será mesmo candidato contra Dilma e resolveu enfrentá-lo em casa, no estado onde também nasceu. Mesmo que o pretexto para o ato seja celebrar os 33 anos do partido e os 10 anos no poder.

Pernambuco é uma esquina estratégica para o PT no Nordeste. Foi lá que Dilma tirou quase 11 milhões de votos dos 12 milhões que teve de frente sobre José Serra, do PSDB, em 2010. Lula, nascido em Garanhuns, investiu muito no estado por razões telúricas e por afinidades políticas com Eduardo. Agora, em campos opostos, tudo indica uma luta renhida entre eles pelos votos do Nordeste, e de Pernambuco em particular. O governador, embora forte em seu estado, não é tido, ainda, como uma forte liderança em toda a região. Aécio Neves, que também fará suas investidas nordestinas, diz não temer nem Lula nem Campos pelo fato de terem nascido lá. Tasso Jereissati costuma dizer, conta ele, que o último líder nordestino que tivemos, com influencia sobre toda a região, foi Padre Cícero Romão Batista.

O PT está dividido e fragilizado no estado desde a eleição municipal do ano passado, quando rachou e facilitou a vitória do candidato de Campos. Rompida a aliança com o PSB, não tem ainda um candidato próprio para concorrer ao governo. Já o governador teria preferência por seu secretário Tadeu Alencar, e conta ainda com a alternativa do senador Armando Monteiro, do PTB, que o tem ajudado muito nos contatos com o grande empresariado nacional. Há algumas semanas o senador petista Humberto Costa vem advertindo o PT para a importância de “arrumarem a casa”. Pediu a Ruy Falcão a inclusão do Recife no programa de seminários da celebração petista e tem enfatizado a necessidade da unificação local. “Eu continuo achando que devíamos manter esta aliança que fez tanto bem ao Brasil e a Pernambuco. Se não for possível, respeitaremos a decisão do governador mas precisaremos ter nosso candidato”, diz ele.

A primeira tarefa de Lula será, agora, juntar os cacos do PT local e construir uma candidatura competitiva para garantir palanque a Dilma na toca de Eduardo. Depois, atuar como arqueiro dela na campanha, o que fará não só em Pernambuco. Está é uma ação que está posta para os próximos dias, embora o evento ainda não tenha data marcada. Se Lula não tem mais ilusões quanto à repactuação com Eduardo, agora só falta mesmo ele tirar o PSB do governo Dilma. Mas isso, Eduardo não decide sozinho. Os irmãos Cid e Ciro Gomes, do Ceará, que apoiam a reeleição de Dilma, embora digam que vão acatar a decisão do partido, não querem esta decisão antes do final do ano. E assim, a campanha segue esquentando, nos estados como no plano nacional.

Direito à verdade

A partir de maio, a Comissão da Verdade terá apenas um ano para concluir seus trabalhos e apresentar o relatório final. Como até agora os resultados são escassos, há desejo, embora não consenso, sobre um pedido de prorrogação à presidente Dilma. O que a Comissão apurou demais relevante era sabido: Rubens Paiva foi preso pelo DOPS antes de sumir e Vladimir Herzog não se matou, morreu sob tortura. A Comissão ajudou, jogou luz sobre os dois casos mas a verdade era conhecida. Para o segundo semestre, o conselheiro Claudio Fonteles promete novidades sobre a matança o Araguaia mas o déficit continuará
grande.

Se a prorrogação for pedida e atendida, a Comissão podia começar reorganizando sua estrutura e ajeitando as lentes de seu foco. É simples. A verdade sobre os crimes da ditadura tem três focos. 1. Quantos e quais são os brasileiros desaparecidos; 2. Quem, do outro lado, compunha a cadeira de comando do terror de Estado; 3. Qual foi o papel do regime brasileiro na Operação Condor. Os comandantes e seus executores não serão presos. Uns estão mortos, os vivos estão protegidos pela Lei da Anistia. Mas se toda a verdade não for revelada, o Estado não poderá assumir sua responsabilidade e pedir desculpas públicas, como ocorreu em outros países que enfrentaram a questão.

Nova exibição

A história do mensalão é um filme que passa muitas vezes. Agora, na fase de recursos, a fita será novamente exibida, com todos os detalhes. Na democracia, com a qual os ministros demonstraram tanta preocupação no julgamento, os recursos são previstos como parte do direito de defesa. Mas começa a circular nas mídias certo alarido, como se os embargos fossem meras manobras jurídicas, e não o exercício de uma prerrogativa, válida para todos. Um grande número de advogados passará noites lendo o volumoso acórdão para encontrar as fissuras de cada voto, que dizem existir. Mas a esperança de que a presidente nomeasse o novo ministro do STF em tempo de fazer diferença na corte, isso acabou. A diferença pode ser Teori Zavascki.

Fonte: Correio Braziliense

PSDB briga mais com Serra que com o PT - Raymundo Costa

O PSDB venceu duas e foi para o segundo turno de três das seis eleições presidenciais realizadas desde o restabelecimento das diretas, em 1989. O menor percentual obtido por um tucano, nas três disputas em questão, foi o de José Serra em 2002, quando passou para a etapa seguinte com 23% dos votos válidos. Em resumo, a história eleitoral recente do país mostra que os tucanos são os adversários do PT no embate de 2014, e é grande o espaço a ser preenchido por Aécio Neves, até lá. No entanto, o PSDB é um partido em franca deterioração.

O exemplo da eleição para o diretório municipal de São Paulo é um episódio local, sem repercussão nacional efetiva, mas está inserido no quadro geral de deterioração, inclusive com a corrupção dos princípios que fundamentaram a criação do PSDB, a ética que os tucanos deixaram de ver no PMDB dirigido com mão de ferro pelo ex-governador Orestes Quércia.

Até o último minuto havia acordo para a eleição do vereador Andrea Matarazzo para a presidência do diretório paulistano. Gente graúda, como o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e o governador Geraldo Alckmin, assinaram embaixo. Uma "conspiração" de última hora atribuída a um grupo de secretários do governador, se articulou para derrotá-lo.

Tucanos estão em franco processo de deterioração

Alckmin tirou o corpo fora. "O que recomendei: o Andrea presidente, e que todos fizessem um bom entendimento. Agora, eu não sou coronel para ficar obrigando as pessoas a votar. Acho que não foi uma boa decisão". Estranho, Alckmin não é coronel para obrigar "as pessoas a votar", mas é para "recomendar" o nome a ser eleito. Das duas, uma: ou o governador se omitiu ou também foi vítima da traição dos secretários. Aliás, lotear o secretariado com políticos com planos eleitorais não recomenda a gestão de Alckmin, ele mesmo potencial candidato em 2018.

A repercussão nacional da eleição do diretório local é outra e atende pelo nome de José Serra. O objetivo da conspiração não é Matarazzo, é José Serra. A prática de tiro ao alvo a Serra se tornou o esporte predileto dos tucanos, às vezes mais que do PT. Serra perdeu duas eleições presidenciais, uma para Lula e outra para a presidente Dilma Rousseff. Mas também ganhou dos petistas a prefeitura de São Paulo e o governo do Estado. Entrou em algumas eleições para atender missão partidária, inclusive a de 2004, quando derrotou uma prefeita bem avaliada, Marta Suplicy. No entanto, é tratado como um estorvo pelo PSDB.

A rigor, os tucanos batem mais em Serra do que nos adversários. Se viaja, é para não se encontrar com Aécio. Se conversa com o governador de Pernambuco, Eduardo Campos, está envolvido em uma inconfidência para apoiar o eventual candidato do PSB a presidente. Isso em um partido cujo presidente, na eleição de 2002, divulgou até nota oficial de apoio ao candidato de outra legenda.

Quem conhece e acompanha José Serra sabe que ele tem ficado meio de lado nas principais articulações do PSDB numa tentativa de se proteger e não ser esmagado de vez. Serra tem uma personalidade difícil. É fato. Mas muito do que se diz sobre ele é uma aceitação passiva do personagem construído pelos adversários nas disputas eleitorais.

É nesse contexto que amigos de José Serra acham que ele deve considerar seriamente a hipótese de deixar o PSDB e aceitar o convite para integrar o partido que deve surgir da fusão do PPS, o antigo "Partidão", com o PMN, ocorrida semana passada. Pelo menos, argumenta-se, acabaria com o pretexto para iniciativas de caráter pessoal, mas que terminam embaladas no invólucro comum do "é culpa do Serra", e forçaria os tucanos a construir um discurso novo, moderno e efetivamente de oposição ao governo.

As três eleições perdidas para o PT mostraram que o PSDB tem espaço para avançar. Mas os últimos acontecimentos na esfera tucana revelam um partido que caminha a passos largos para o cartorialismo, quando os tucanos, a exemplo do PMDB, também constituem uma federação partidária. Não tem um dono. Aécio Neves, reconhecidamente uma personalidade mais agregadora que Serra, tem a responsabilidade de retomar os princípios que nortearam a criação do PSDB.

Aécio não precisa presidir o partido para liderar o PSDB. A presidência da sigla, provavelmente, atrapalha mais que ajuda o candidato. A ele caberá, por exemplo, arbitrar conflitos locais. Alguém sempre ficará insatisfeito. E o momento de Aécio é de ir atrás da unidade do PSDB, mais ameaçada que nunca. Só a unidade levará o candidato a ampliar o eleitorado tucano.

Nunca é demais lembrar que o pior desempenho do PSDB no primeiro turno, em 2002, se deu quando havia outros candidatos competitivos na disputa: Lula (46%), Serra (23%), Anthony Garotinho (17,06%) e Ciro Gomes (11,97). Um cenário que parece se configurar novamente para 2014, com Dilma favorita e Aécio, Marina Silva e Eduardo Campos brigando por míseros pontos para chegar ao segundo turno. Aí a história pode ser outra.

A Confederação Nacional da Indústria (CNI) divulga hoje a 18ª edição da agenda legislativa da indústria para 2013, ano ímpar, quando as propostas têm mais chance de ser votadas, mas que já está prejudicado pela antecipação do campanha eleitoral. Ainda assim, a CNI resolveu apostar suas fichas em alguns poucos projetos, como a MP dos Portos e a extinção dos 10% extras que as empresas pagam para, em casos de demissão sem justa causa, compensar o FGTS de perdas de planos econômicos passados. A conta de R$ 38 bilhões foi quitada em 2012. Se o Congresso não votar até junho, as empresas vão desembolsar mais R$ 3,3 bilhões.

Circula nas redes sociais e em listas do PT convite para a discussão do Estatuto da Juventude sob o patrocínio da CUT e da Juventude do PT de Pernambuco. Será amanhã, 24, em horário de expediente. Com as bênçãos de Severine Cavalcanti, secretária nacional de Juventude, órgão vinculado à Secretaria Geral da Presidência da República.

Fonte: Valor Econômico

De ponta cabeça - Eliane Cantanhêde

As bombas nos EUA ainda não totalmente explicadas, a economia da Europa devagar, as ameaças da Coreia do Norte, as incertezas em relação ao Irã, as intempéries na Ásia e a fome na África.

Não bastasse, temos agora na América do Sul dois polos que se contrapõem ferrenhamente. De um lado, a Venezuela chavista está vazia de Chávez e entupida de problemas. De outro, o Paraguai volta aos poucos à Unasul e ao Mercosul com um presidente eleito, Horacio Cartes, podre de rico num país muito pobre, além de suspeito de con- trabando, lavagem de dinheiro e "otras cositas más".

Tempos difíceis virão. O Brasil precisa urgentemente recuperar a força e o equilíbrio da sua diplomacia, para exercer a liderança que lhe cabe naturalmente, como país maior, mais populoso, mais rico e de maior inserção internacional na região.

O primeiro passo é voltar à cabeceira da mesa, mas o principal é deixar a ideologia de lado e atuar com real diplomacia e mais pragmatismo. Os problemas internos dos outros são problemas internos dos outros.

Até aqui, o Brasil tratou de modos distintos as questões internas do Paraguai e da Venezuela. O ex-bispo Fernando Lugo foi deposto em tempo recorde, mas pelo Congresso e pela Justiça e com apoio da Igreja Católica e um certo conformismo da população. Apesar disso, o Brasil articulou a suspensão do Paraguai do Mercosul e da Unasul.

Já Maduro foi eleito por margem muito apertada de votos e num processo sob suspeição --tanto que há recontagem--, mas Dilma correu a reconhecer a vitória e cumprimentá-lo já no primeiro minuto. Dois pesos, duas medidas.

A demora de Dilma para telefonar ao paraguaio Cartes e a versão de que há pressões para que o Congresso do país aprove a Venezuela no Mercosul são maus prenúncios. Liderança é uma coisa, arrogância é outra bastante diferente.

Fonte: Folha de S. Paulo

PMDB diz que Beltrame será vice de Pezão

O presidente do PMDB do Rio, Jorge Picciani, afirmou ontem que o secretário de Segurança Pública do Estado, José Mariano Beltrame, aceitou ser candidato a vice-governador na chapa de Luiz Fernando Pezão em 2014. Beltrame, no entanto, disse que ainda não tomou a decisão.

Pressão sobre Beltrame

PMDB diz que secretário de Segurança aceitou ser vice de Pezão em 2014; assessoria nega

Cássio Bruno

O PMDB do Rio já dá como certa a presença do secretário estadual de Segurança Pública, José Mariano Beltrame, na chapa do pré-candidato ao governo e atual vice-governador, Luiz Fernando Pezão, em 2014. O presidente regional do partido, Jorge Picciani, afirmou ontem ao GLOBO que Beltrame aceitou ser o vice de Pezão, apesar de o secretário sempre ter negado a possibilidade de entrar na política. Segundo o peemedebista, o próprio governador Sérgio Cabral convenceu Beltrame a disputar o pleito.

- O Sérgio (Cabral) me disse que já está tudo certo. Falta apenas a filiação. Ele (Beltrame) teve liberdade total dentro da secretaria e vinha se convencendo (a aceitar o convite). Não houve nomeações políticas de delegados e comandantes de polícia, por exemplo. Todas as nomeações foram técnicas - disse Jorge Picciani.

Esta foi a primeira vez em que o PMDB se pronunciou publicamente sobre a presença de Beltrame na chapa encabeçada por Pezão. Por meio de sua assessoria, porém, Beltrame disse que ainda não tomou qualquer decisão.

A intenção do PMDB e de Cabral é que Beltrame acumule dois cargos numa suposta administração de Pezão: o de vice-governador e o de secretário de Segurança Pública. De acordo com Picciani, o objetivo é garantir a mesma política do atual governo no setor, cuja principal bandeira é a implantação das Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs) em regiões do Rio dominadas por traficantes e pelas milícias.

- O Beltrame ganhou respeito da sociedade e resgatou décadas de abandono na segurança. A política de segurança do Rio será permanente, e isso (Beltrame ser o vice na chapa) ajudará a dar maior tranquilidade, porque ele tem influência e grande visão na área social - ressaltou Picciani.

Beltrame ainda não se filiou ao PMDB ou a qualquer outro partido da base aliada de Cabral. Tem até 5 de outubro (um ano antes da eleição) para fazer isso, como prevê a legislação eleitoral. O nome do secretário também foi incluído nas pesquisas de intenção de votos encomendadas pela legenda.

Com Beltrame na chapa de Pezão, a estratégia dos peemedebistas é ganhar projeção, principalmente com o eleitorado da Zona Sul do Rio, já que as UPPs serão o carro-chefe da campanha do partido no ano que vem. A dobradinha poderia ser reforçada ainda com a pré-candidatura de Cabral ao Senado.

Cabral, também por meio de sua assessoria, não quis comentar, alegando ser cedo para antecipar o processo eleitoral. Já o vice-governador Pezão, ao ser indagado sobre o assunto, apenas sorriu e desconversou:

- Deixa quieto. Isso é só em 2014. Falta muito tempo ainda. Vamos devagar.

Beltrame comanda a Secretaria de Segurança Pública desde o início do governo Cabral. Nos últimos meses, ele vinha sofrendo pressão do governador e do PMDB para ser o vice de Pezão diante da dificuldade de o vice-governador emplacar nas pesquisas.

A tensão aumentou no mês passado, quando o ex-presidente Lula afirmou não poder tirar o direito de o senador Lindbergh Farias (PT) também ser candidato ao governo do Rio. Em 2010, Lula já pedira a Lindbergh para que ele retirasse a pré-candidatura e apoiasse a reeleição de Cabral. À época, Lula prometeu ao petista uma chance em 2014.

O provável palanque duplo da presidente Dilma Rousseff no Rio tem provocado uma crise na aliança estadual PMDB-PT. Os peemedebistas ameaçaram não apoiar a reeleição de Dilma caso Lindbergh não desista de concorrer. A gota d"água para Cabral foram as inserções do programa do PT na TV, exibidas no mês passado. Estrela dos filmes assinados pelo marqueteiro João Santana, o mesmo de Lula e Dilma, Lindbergh criticou o suposto favorecimento do governo de Cabral a áreas nobres da cidade.

Além de Pezão e Lindbergh, o deputado federal Anthony Garotinho (PR), ex-governador, é outro pré-candidato ao governo, assim como o vereador Cesar Maia (DEM), que se apresentou como concorrente em 2014 na esperança de ter em seu palanque o senador Aécio Neves (PSDB-MG), pré-candidato à Presidência. Garotinho também ofereceu apoio ao tucano. Por enquanto, Aécio Neves não encontrou um nome do PSDB para disputar o governo do Rio.

Fonte: O Globo

Matadores do padre Henrique são revelados

MEMÓRIA

Comissão da Verdade revela documentos que apontam os autores materiais do assassinato do auxiliar de dom Helder e comprovam a motivação política do crime

Ayrton Maciel

Quarenta e três anos após o episódio que traumatizou a Igreja Católica, chocou a opinião pública e repercutiu contra o regime militar no exterior, a verdade aparece sobre a motivação e os autores materiais do trucidamento do padre Antônio Henrique Pereira da Silva Neto, padre Henrique, da Arquidiocese de Olinda e Recife. De posse de documentos inéditos produzidos pelo Serviço Nacional de Informação (SNI) e pelo Ministério da Justiça, em 1970 - um ano após a morte do religioso (27 de maio de 1969) -, a Comissão Estadual da Memória e Verdade Dom Helder Câmara trouxe à tona, ontem, os autores materiais do crime. Os documentos foram obtidos por pesquisadores da Comissão Estadual e outros enviado pela Comissão Nacional da Verdade. Padre Henrique era auxiliar do então arcebispo dom Helder .

Com base em informe confidencial (nº 685) dirigido ao chefe do SNI, em Brasília, general Carlos Alberto da Fontoura, de 30 de junho de 1970, os responsáveis são identificados como "jovens radicais da direita em co-autoria com investigadores da Polícia Civil", que usaram veículo oficial da SSP/PE. O informe, lastreado nos autos do processo de investigação, que o promotor José Ivens Peixoto de Carvalho (já falecido) deveria usar para pronunciar os acusados, o que nunca fez - devido à interferência do Ministério da Justiça e do SNI - acusa como autores materiais do crime: o estudante Rogério Matos do Nascimento, o menor Jerônimo Gibson Duarte Rodrigues (17 anos na época, sobrinho de José Bartolomeu Lemos Gibson, já falecido, delegado-diretor do Departamento de Investigação da SSP/PE), e os investigadores de polícia Rível Rocha (falecido) e Humberto Serrano de Souza. Este último citado pela primeira vez no caso.

Ladeado pelos componente da Comissão Estadual, o relator do "caso padre Henrique", Henrique Mariano, ressaltou que "os documentos comprovam que o assassinato teve motivação política", derrubando as versões propagadas pelo regime militar de crime passional e crime comum. "Foi um crime político. Visava atingir dom Helder", afirmou Mariano, que destacou o papel de padre Henrique, que tinha um trabalho de conscientização social em sindicatos. O pacote de documentos recebidos pela Comissão Estadual inclui transcrições de escutas telefônicas (grampos) na residência do arcebispo, na Rua das Fronteiras, e no Seminário de São Bento, e um relatório do Centro de Informações da Marinha (Cenimar) que vincula dom Helder e padre Henrique à Equipos Docentes da América Latina (Edal), de forte inserção social no Nordeste, com sede em Fortaleza.

O informe confidencial do SNI acabou gerando uma portaria (nº 114-BC) do ministro da Justiça, Alfredo Buzaid (já falecido), designando os consultores jurídicos Leonardo Greco e Haroldo Ferreira para proceder investigação relacionada ao crime. Leonardo Greco, que mora em São Paulo, chegou a vir ao Recife, em 1970, onde se encontrou com o promotor José Ivens Peixoto, que caminhava para pronunciar os quatro identificados. Reúne-se ainda com o chefe da Agência do SNI, General Ascendino Bezerra Araújo Lins, o comandante da 7ª Região Militar, general Ednardo D’Ávila Melo, e o secretário de Segurança, Armando Samico. De volta a Brasília, Grego escreve extenso parecer (nº CJ:144/70) que no final diz ter feito recomendações, entre elas, uma ao promotor: "Para impedir o desastroso desenlace do processo, obtive do promotor público José Ivens, depois de ter-lhe revelado o nosso ponto de vista sobre o caso, o compromisso de não concluir as suas alegações sem antes receber expressa orientação do Ministério da Justiça sobre o rumo que deve imprimir ao processo".

Greco diz, ainda, no parecer, que o promotor José Ivens estava sendo conduzido a um equívoco "pela perniciosa atuação da família da vítima e da defesa dos acusados", por isso as recomendações tinham o objetivo de desfazer esse erro. Com as medidas, acredita ele que "o crime do padre Henrique" chegará "a bom termo", com a responsabilização dos seus "reais autores", evitando o uso político contra a ditadura.

Fonte: Jornal do Commercio (PE)

Campeões 2.0 - Míriam Leitão

Na política dos "campeões nacionais", o BNDES resolveu testar a hipótese de que uma política que deu errado uma vez, se repetida, daria certo. A proposta foi a mesma que mobilizou o governo militar: escolher algumas empresas para serem receptoras de recursos públicos. Elas se tornariam fortes, e o capitalismo brasileiro teria boa capacidade de competir com os outros países do mundo.

O presidente do BNDES, Luciano Coutinho, anunciou em entrevista ao "Estado de S. Paulo" que a política vai ser abandonada por falta de setores para se criarem os campeões. É uma interpretação curiosa. E distante dos fatos.

O que o BNDES fez nos últimos tempos foi uma extravagante ajuda e uma inaceitável intervenção em alguns setores, como o de frigoríficos. A decisão de escolher os campeões foi feita quando o Brasil já havia se tornado o maior exportador de carne. Portanto, ganhava o campeonato sem o BNDES.

O banco distribuiu empréstimos subsidiados, aportou capital, comprou lotes inteiros de debêntures, transformou-as em capital em dois dos frigoríficos para que eles comprassem outros no Brasil e no exterior. Marfrig não vai bem, JBS virou o maior do mundo, mas alguns negócios no exterior não foram bem sucedidos, e a exportação brasileira de carne não aumentou. O grupo Bertin foi convencido a vender para o JBS seu negócio e entrar em outra área. Foi novo desastre retumbante. Bertin entrou em energia, disputou vários leilões, ganhou, mas não conseguiu realizar os projetos.

Nada, no entanto, se compara ao desastre da decisão de fazer um grande campeão em laticínios. Pouco depois de ser constituída, em sociedade com o BNDES, a LBR Lácteos Brasil entrou em recuperação judicial e está assim até hoje.

Coutinho cita áreas em que o BNDES teria feito campeões: petroquímica, siderurgia, celulose, suco de laranja e cimento. Na petroquímica, a decisão que resultou na criação da Brasken, do grupo Odebrecht, em sociedade com a Petrobras, foi anterior à gestão atual do BNDES.

Na celulose, o Brasil já tinha grandes empresas, mas o surgimento da Fibria foi resultado de uma operação de salvamento. Aracruz e Votorantim Papel e Celulose estavam muito expostos a ativos cambiais em 2008, quando a crise internacional fez o dólar subir muito. Várias empresas tiveram dificuldades. Entre elas, as duas. E o BNDES entrou salvando e tornando possível a fusão.

A internacionalização dos setores de suco de laranja foi decisão das empresas e muito anterior ao atual governo. A concentração no setor de cimentos também já é antiga.

Fica difícil encontrar o ganho para o país e a economia brasileira dessa insistência na proposta de que o Estado deva conduzir o capitalismo, que o financiador estatal deve direcionar as decisões do setor privado, e que se houver muita concentração em cada setor o Brasil será mais rico.

Isso já deu errado em 1970. E dará errado toda vez que for tentado. O que se cria com isso é uma distribuição arbitrária de privilégios e um empresário Estado-dependente. A multinacional bem sucedida é uma empresa capaz de competir no exterior e essa capacidade não será dada através de dinheiro barato ou sociedade com o banco estatal.

Nesse aspecto, é muito mais eficiente melhorar as condições gerais de competitividade do país para que as boas empresas, as que forem bem geridas e tiverem boa estratégia, possam crescer aqui e no exterior.

O Brasil está com baixo ritmo de crescimento há vários trimestres, o investimento encolheu no ano passado, algumas empresas escolhidas estão em apuros financeiros, dos quais querem ser tiradas com mais dinheiro público. É o que o país colhe por ter persistido num erro cometido nos anos 1970.

Fonte: O Globo

A arte e a vontade de viver - Arnaldo Jabor

Saí de ferias em busca de um pouco de beleza e civilização. E fui direto para o Museu Picasso. Ele não nos faz sonhar com algo que não esteja presente, palpável, vivo

Como alguns devem ter notado, tirei férias recentemente e fui correndo para Paris. Essa vida de articulista e comentarista pode envenenar a alma. Além dos processos que tenho enfrentado, minha profissão é prestar atenção nos ‘malfeitos’ políticos, eufemismo do governo para roubalheiras e cinismo. É como trabalhar no Instituto Butantã - um dia a cobra te morde. Por isso, de repente começa a pintar a depressão não apenas pelas coisas que acontecem no país, mas, pior, pelas coisas que ‘não’ acontecem. Vejam nos jornais como as notícias são sobre fracassos: a meta não atingida, a obra inacabada, a lei que não pegou, o assassino que foi solto; em suma, nosso problema principal é a paralisia secular, descrita uma vez por Mario Henrique Simonsen brilhantemente: "O Brasil é um país sob anestesia, mas sem cirurgia". E a ideologia do partido no poder é manter essa paralisia em nome do Estado e seus comedores. É deprimente o que o Brasil ‘não’ faz.

Por isso, saí de ferias, em busca de um pouco de beleza e civilização. E fui direto para o Museu Picasso. Na saída, minha mulher, Ananda Rubinstein, disse, iluminada: ‘Picasso me dá vontade de viver!’ É isso mesmo. Ele não nos faz sonhar com algo que não esteja presente, palpável, vivo. Ele não tinha uma "mensagem" para passar ao mundo ou besteiras assim. Ele pintava a própria mudança, seu viver, seu envelhecer, suas comidas e amores, até os maravilhosos e eróticos quadros de velhos apalhaçados, de mosqueteiros loucos nos últimos meses de seus 92 anos. Picasso pintava a forma das coisas desconhecidas. Peguem um acrobata seu, um beijo na praia, um minotauro estuprando uma virgem, peguem suas amantes viradas ao avesso e ali só existirão o corpo e suas peripécias. A arte deve ensinar a viver.

Picasso mudou o olho humano. Cézanne já tinha pintado a geometria da natureza, declarando: "Eu sou a consciência da paisagem que se pensa em mim". Cézanne recortou o espaço e Van Gogh captou o tempo. Olhem um Van Gogh e vejam o tempo passando sobre as coisas. Nada para em Van Gogh: a igreja se move, os lilases ventam, a matéria fervilha em cada pincelada, as cadeiras, as camas, as coisas passam, parece que vemos os átomos girando, os girassóis rodando, vemos a morte passando no rosto do doutor Gachet.

Depois, Picasso chega e pinta os dois: o espaço-tempo. Uma de suas viúvas disse que Picasso não podia ficar com a mão parada. Mexia em tudo: de um peixe comido ele tirava a espinha e fazia uma cerâmica, de um selim de bicicleta ele esculpia uma cara de boi, o regador em um homem, um automóvel em macaco, um beijo na praia em uma fome voraz entre corpos, virava mulher em flor e flor em mulher.

Fez cerca de 36 mil quadros, além de esculturas, tudo. No museu, vemos que ele se recusava a ser "importante", a ser "metafísico", ser um pintor "acima" da vida. Em sua arte, há uma permanente luz até de caricatura. Picasso é um pintor popular. Por isso, as filas se formam para ver seus quadros. Picasso era um rude espanhol, um torcedor de futebol, um comedor de mulheres, um sacana aficionado por touradas e que não queria humilhar ninguém. Picasso era um espantoso retratista da realidade, só que a "realidade" para ele não era essa série de arestas e volumes verossímeis a que estamos acostumados, pousados no horizonte da perspectiva - era transiente e louca. Por outro lado, Picasso nunca acreditou na babaquice do abstracionismo metafísico, que almeja uma "essência" de algo finalmente flagrado, "para longe", "mais além" da aparência suja do mundo. Os grande artistas buscam a realidade pois, como disse Woody Allen, "ninguém sabe o que é a realidade, mas ainda é o único lugar onde se come um bom bife".

Picasso sempre amou justamente esta face "suja" do mundo; sempre viveu em busca da figura, sim, da figura, mas que, para ele, era muito mais complexa que as chatas realidades que o burguês chama de "naturais". Para ele, nada existia além do olho que, esse sim, pode ser ampliado como um telescópio ou caleidoscópio, se não estiver domesticado por ideologias ou narcisismo de ‘gênios’. Picasso nunca precisou do Dada ou do surrealismo para sair "fora" da aparência. Picasso não deformava nada, como costumam dizer - seu olho negro profundo que nos fita sem parar parece dizer: "Eu vejo todos os lados das caras, dos corpos, eu vejo as figuras dentro das outras, eu vejo o espaço entre as pessoas, as linhas invisíveis que as ligam, os vazios dentro delas, eu vejo também o ridículo da beleza como algo ‘sublime’ a se chegar. Não há nada a se atingir, por isso a minha frase ‘Não procuro; acho’ é tão mal interpretada.

Ela não quer dizer que eu tenho talento milagreiro ou algo assim. Não. Essa frase quer dizer que eu não sei, antes, para onde estou indo; eu só chego ao quadro ao final. Raramente sei o que farei, a priori; por isso, (cá entre nós), não gosto muito de ‘Guernica’, feito para criticar a guerra... É legal, mas meio alegórico"....

Picasso era um grafiteiro. Não buscava auras. Seus quadros são até mal acabados, nas coxas, como o cotidiano. Não foi por acaso que Jean-Michel Basquiat, o gênio-pichador, comprou um Picasso com o primeiro milhão que ganhou. Basquiat também, do fundo do desespero que viveu quando era um mendigo desconhecido, nunca desprezou a vida, com seus quadros espantosos e sofridos. Picasso nunca teve a romântica amarelidão do sofrimento em busca do "sentido" ou do "belo". Pintava a própria experiência, felicíssimo, de bermudas, comendo, trepando e fumando, nunca acreditou que o "artista só é grande se sofrer".

Nós não vemos Picasso; ele é que nos vê. Por isso, faz tanto sucesso. Ele nos explica. Picasso sabia que a morte acontece, mas não existe. Só existe a vida. Ele é uma lição de sabedoria para a arte contemporânea, tão caída nas agruras de uma distopia ‘bodeada’ que faz do futuro um cemitério deprimente. Como Picasso mostrou, a "obra de arte deve ser exultante", frase de Stravinsky que ele provou em sua obra. Saí do museu pensando no PMDB e PT, mas com mais vontade de viver.

Fonte: O Tempo (MG)

Dia Nacional do Choro: NARA LEÃO - "Odeon" (Ernesto Nazareth & Vinicius de Moraes)

Navegar é preciso - Fernando Pessoa

Navegadores antigos tinham uma frase gloriosa:
"Navegar é preciso; viver não é preciso".

Quero para mim o espírito [d]esta frase,
transformada a forma para a casar como eu sou:

Viver não é necessário; o que é necessário é criar.
Não conto gozar a minha vida; nem em gozá-la penso.
Só quero torná-la grande,
ainda que para isso tenha de ser o meu corpo
e a (minha alma) a lenha desse fogo.

Só quero torná-la de toda a humanidade;
ainda que para isso tenha de a perder como minha.
Cada vez mais assim penso.

Cada vez mais ponho da essência anímica do meu sangue
o propósito impessoal de engrandecer a pátria e contribuir
para a evolução da humanidade.

É a forma que em mim tomou o misticismo da nossa Raça.

segunda-feira, 22 de abril de 2013

OPINIÃO DO DIA – Eduardo Campos: querem anular a eleição

Querem inviabilizar uma candidatura de Marina e esvaziar minha possível candidatura. Ou seja, querem anular a eleição. Quando conseguirem isso, vão partir para cima dos estados e arrasar as candidaturas adversárias em Minas, São Paulo e Pernambuco.

Eduardo Campos, governador de Pernambuco e presidente do PSB. O Globo, 21/4/2013

Manchetes de alguns dos principais jornais do País

O GLOBO
Julgamento do massacre – Carandiru: Condenados podem ficar impunes
Terror em Boston: Para polícia, suspeitos planejavam mais ataques
Pré-sal: Sonda tem risco de virar 'gringa'

FOLHA DE S. PAULO
Emergência infantil tem espera de até 6 h em SP
Prisão de PMs do Carandiru pode demorar mais 10 anos
Opositor vence no Paraguai e quer diálogo com o Brasil
'Cristiano é mais fantástico que Messi', diz Felipão

O ESTADO DE S. PAULO
BNDES abandona política de apoio a 'campeãs nacionais'
Mercado resiste a Dilma e busca opções
Perseguições: Esperança de brasiguaios

VALOR ECONÔMICO
Setor privado responde por 20% do petróleo exportado
Pesquisa da Embrapa toma novos rumos
Para FMI, Brasil tem baixo PIB potencial
Mudanças não tiraram vigor da poupança

BRASIL ECONÔMICO
Subsídios chineses prejudicam 67% dos exportadores brasileiros
"Se a guerra fiscal não tiver um fim, país ficará caótico"

ESTADO DE MINAS
Farra milionária de horas extras no TRE
21 de abril: Barbosa sai em defesa das cotas

O TEMPO (MG)
Assembleias perdem poder e representação para a União
Aécio Neves vira protagonista
Queda na safra preocupa avicultores
Horacio Cartes ganha eleições

CORREIO BRAZILIENSE
Munição para mais ataques
Domésticas: Nova polêmica

GAZETA DO POVO (PR)
Pesquisa indica opções para quem quer um negócio próprio
Pena severa é aplicada a 30% dos jovens infratores
PEC 37 levaria a “polícias de governo”, diz procurador
Milionário vence eleição paraguaia
Polícia diz que suspeitos de atentado em Boston planejavam mais ataques
Rossoni promete acabar com sessão secreta em escolha de conselheiro

ZERO HORA (RS)
Por escrito, suspeito depõe sobre atentado
Seu bolso: Espere um pouco para se des aposentar

JORNAL DO COMMERCIO (PE)
O feijão nosso de cada dia vai ficar mais caro
Ensino técnico dá mais chance de emprego

O que pensa a mídia - editoriais de alguns dos principais jornais do País

http://www2.pps.org.br/2005/index.asp?opcao=editoriais

Oposição pressionará Planalto para investigar mais Rosemary

Ex-servidora se hospedou na embaixada brasileira em Roma

BRASÍLIA - A oposição cobrará do Palácio do Planalto explicações sobre a sindicância interna que comprovou que a ex-chefe de gabinete da Presidência da República em São Paulo Rosemary Nóvoa Noronha valeu-se do cargo e de sua proximidade com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva para usufruir mordomias como a hospedagem na embaixada brasileira em Roma, durante viagem de férias. A intenção é verificar a extensão das investigações, já que as denúncias contra ela eram mais graves. A ex-assessora foi investigada pela Polícia Federal por formação de quadrilha, corrupção passiva e tráfico de influência para obter benefícios financeiros.

MDemocráticos quer CPI sobre as denúncias

O líder do MD (Mobilização Democrática) na Câmara, deputado Rubens Bueno (PR), disse ontem que pedirá à Casa Civil cópia da sindicância, feita em caráter sigiloso. Ele quer que o resultado dessa investigação seja anexado ao relatório do inquérito da investigação da PF, que foi remetido à 5ª Vara da Justiça Federal de São Paulo.

- Vamos pedir cópia da sindicância, porque é importante para que seja desvendado e esmiuçado o modus operandi da quadrilha que se instalou no governo. Queremos saber como ela, que era do gabinete do presidente Lula em São Paulo, atuava. Temos um pedido de CPI que está parado, mas vamos retomar a ofensiva - disse Bueno.

Com as novas revelações sobre o tratamento privilegiado dedicado à assessora por integrantes do governo, o MD (fusão do PPS e do PMN) tentará resgatar no Congresso a mobilização para a abertura de uma CPI destinada a investigar as denúncias contra Rosemary.

Segundo a edição desta semana da revista "Veja", a sindicância realizada por uma comissão especial, por determinação da Casa Civil, apurou que Rosemary se aproveitava de mordomias, como o tratamento especial dado a ela durante viagem de férias a Roma. Na ocasião, ela e o marido se hospedaram na embaixada brasileira, localizada na Piazza Navona, um dos mais luxuosos endereços de Roma. O resultado das investigações foi repassado à Controladoria Geral da União (CGU), que abriu um processo administrativo-disciplinar (PAD). Segundo a CGU, o PAD deve terminar no final de maio.

O líder do DEM na Câmara, deputado Ronaldo Caiado (GO), disse que é preciso ter acesso às investigações para saber a extensão dos fatos comprovados. Para ele, é suspeito que só o caso de uma viagem ao exterior tenha sido explorado pelo governo. O temor é que o governo não se aprofunde na questão de tráfico de influência.

- É preciso ver a abrangência das conclusões da sindicância. Houve ou não compra de pareceres? Houve transporte de valor em dinheiro vivo, ou seja, coisas de maior significado do que estar se hospedando na embaixada? Na época, apareceram denúncias de uma gravidade ímpar. Todo mundo sabe que Rosemary tinha amplo trânsito. Podem estar querendo dar uma visão mais "light" para o processo, botar água fria - disse Caiado.

Sindicâncias do governo sob suspeita

Na mesma linha, o vice-líder do PSDB no Senado, Álvaro Dias (PR), duvida que uma sindicância do governo federal puna Rosemary. Ele disse que a oposição tem que redobrar as apostas, principalmente em relação a uma ação por parte do Ministério Público.

- As sindicâncias do governo sempre ficam sob suspeição - disse Dias.

Além da CPI, o líder do MD renovará o pedido enviado ao ministro da Fazenda, Guido Mantega, em dezembro de 2012, para explicar a denúncia de tráfico de influência na contratação pelo Banco do Brasil de empreiteira da família de Rosemary.

Por parte do governo e do PT, a preocupação é não reviver o caso Rosemary no Congresso. O líder do governo na Câmara, deputado Arlindo Chinaglia (PT-SP), disse que não havia tomado conhecimento da reportagem, discurso repetido por outros petistas. Amigo de Lula, o deputado Devanir Ribeiro (PT-SP) também afirmou que não lera a reportagem, mas, informado sobre seu teor, afirmou que tudo deve ser esclarecido.

O Palácio do Planalto informou que não comentará a reportagem. O Itamaraty disse que havia "tomado conhecimento da reportagem", mas que ainda não produzira uma resposta oficial.

Fonte: O Globo

Mensalão: sai hoje a íntegra do acórdão

"Esse julgamento ainda promete", diz ministro, sobre análise de recursos

Carolina Brígido

BRASÍLIA - Adormecido há quatro meses, o processo do mensalão entra hoje em nova fase, com a publicação da íntegra dos votos dos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) - documento com cerca de oito mil páginas e a reprodução de tudo o que foi dito em plenário nos quatro meses e meio de julgamento. Amanhã, começa a contar prazo de dez dias para os advogados dos réus apresentarem recursos.

A expectativa da defesa dos condenados é reverter a situação de seus clientes. Porém, o STF sequer decidiu se os condenados têm direito aos embargos infringentes - recurso capaz de mudar o resultado do julgamento. Entre os ministros, não há consenso sobre o cabimento dessa apelação.

No primeiro momento, os advogados apresentarão embargos declaratórios, recurso usado para esclarecer contradições ou omissões no acórdão (resumo do julgamento), sem mudar a decisão. É possível alterar, porém, o tempo de pena ou o regime de cumprimento. Quando esses recursos forem julgados, será aberto prazo para apresentação de embargos infringentes. Mas o STF nunca recebeu esse tipo de recurso em uma ação penal.

A lei 8.038, de 1990, não prevê os embargos infringentes para ações penais. No entanto, o regimento interno do STF, editado antes da lei, admite esse recurso. Caberá ao plenário decidir se há ou não essa possibilidade. Se houver, os embargos serão sorteados para outro relator, excluídos o relator do processo do mensalão, Joaquim Barbosa, e o revisor, Ricardo Lewandowski.

O ministro Marco Aurélio Mello observou que a lei se refere às regras de recursos no STF e no Superior Tribunal de Justiça (STJ). Se o STF admitir esse recurso, réus do STJ não terão o mesmo tratamento, já que o regimento interno dessa Corte não prevê embargos infringentes em ação penal.

- Posso afiançar que jamais enfrentamos essa tese. Esse julgamento ainda promete - concluiu Marco Aurélio.

Se esse tipo de recurso for aceito, há chance, em tese, de alguns réus terem condenações revertidas. Os embargos infringentes podem ser propostos quando um réu foi condenado, mas obteve ao menos quatro votos pela absolvição. Como dois ministros que participaram no julgamento se aposentaram, e há novos integrantes no STF, há possibilidade de mudança.

- Tudo é possível. Será um novo colegiado em termos de integrantes, embora deva vingar o princípio da impessoalidade - disse Marco Aurélio.

O advogado José Luís de Oliveira Lima, contratado pelo ex-ministro José Dirceu, contou que quatro profissionais de seu escritório foram designados para ler as mais de oito mil páginas do acórdão.

- A gente vai ler o acórdão inteiro para poder fazer a peça (recursos) - disse.

Fonte: O Globo

Contrato feito após ida de Lula à Costa Rica é investigado

Petista, que viajou bancado pela OAS, nega relação com obra da empreiteira que tem valores questionados

Projeto da Odebrecht no Panamá, que ele visitou por conta da empresa, também é alvo de suspeitas

Fernando Mello

BRASÍLIA - Licitações vencidas por construtoras brasileiras no exterior para execução de obras que tiveram o apoio de Luiz Inácio Lula da Silva são investigadas por suspeita de corrupção e irregularidades.

Na semana passada, o chefe do Ministério Público da Costa Rica, Jorge Chavarría, determinou a abertura de investigação sobre a concessão, por 30 anos, da rodovia mais importante do país à OAS, que desembolsará US$ 524 milhões. Estima-se que ela recupere o valor em cinco anos e arrecade US$ 4 bilhões na vigência do contrato.

O Ministério Público investigará se houve tráfico de influência e enriquecimento e associação ilícitos. O inquérito se baseia em petição de advogados, segundo a qual o contrato tem "a finalidade de enriquecer a OAS".

Os advogados alegam ainda que houve pagamento de propina. "A história não conhece um caso tão evidente de corrupção em nosso país."

A comissão de controle da Assembleia Nacional também abriu investigação. "A rodovia será a mais cara da América Latina: cada quilômetro custará US$ 9 milhões", disse o deputado José María Villalta. No Brasil, o custo de 1 km é um terço disso, segundo o Dnit (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transporte).

Parlamentares também questionam o fato de o ministro de Obras Públicas e Transportes, Pedro Castro, ter assessorado a OAS antes de assumir o cargo, além de o contrato isentar a empresa de pagar alguns impostos.

Viagens

A OAS recebeu a concessão após viagem de Lula em agosto de 2011, paga pela empreiteira. Naquele momento a empresa tentava entrar no mercado local, mas a imprensa questionou o papel do ex-presidente nas negociações.

Meses depois, o governo anunciou a concessão. Como a Folha revelou, empreiteiras bancaram viagens para quase metade dos países visitados por Lula depois que ele deixou o Planalto. O petista declarou que elas servem para "vender" produtos brasileiros no exterior.

"A OAS patrocinou a visita de Lula, o sentou com a presidenta [Laura Chinchilla] e o processo da rodovia se acelerou", disse Nuria Badilla, que fez passeata contra a obra na semana passada.

Unesco

No Panamá, obra da Odebrecht gera polêmica por estar em área eleita pela Unesco como Patrimônio da Humanidade. Lula visitou parte do projeto em 2011, em viagem bancada pela empresa, e depois teve jantar com o presidente panamenho e o diretor da empreiteira no país.

Vencida pela Odebrecht, a licitação de US$ 777 milhões previa um túnel sob o mar. Após a concorrência, o governo autorizou a construção de um aterro. Com aditivos aprovados, o valor a ser pago até 2016 é de US$ 782 milhões.

Segundo Ramón Arias, advogado que assina pedido de investigação feito pela Sociedade de Engenheiros, a ponte custa menos que o túnel e gera ganho ilegal de US$ 480 milhões para a empreiteira.

"Engenheiros calculam que o custo da obra é de menos de US$ 300 milhões", disse Arias. A Unesco notificou o Panamá, que pode perder o título se não alterar a obra.

Fonte: Folha de S. Paulo

Mercado resiste a Dilma e busca opções

O Estado ouviu dez influentes integrantes do mercado financeiro. Eles disseram unanimemente ter fortes resistências a Dilma Rousseffe, em especial, a seu ministro da Fazenda, Guido Mantega. O "mercado" divide suas preferências na eleição presidencial do ano que vem entre Aécio Neves e Eduardo Campos, mesmo fazendo ressalvas aos dois.

Setor financeiro resiste a Dilma, mas aponta fragilidades de Aécio e Campos

Cenários de 2014. "Estado" ouviu 10 influentes integrantes do mercado sobre os principais personagens políticos do País que se articulam para disputar a eleição presidencial; sob a condição de anonimato, eles esboçaram opiniões convergentes sobre atual cenário

Julia Duailibi, Sonia Racy

A lua de mel que o mercado financeiro viveu com o governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva dissipou-se na gestão da presidente Dilma Rousseff. A atual política econômica tornou-se alvo de críticas do setor que, a um ano e meio da eleição, mostra preferência pelos nomes do senador Aécio Neves (PSDB-MG) e do governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB).

O Estado conversou com dez influentes integrantes do mercado, entre os quais banqueiros, economistas de instituições financeiras, operadores e donos de fundos de investimento. Com o compromisso de não se identificarem, eles traçaram um diagnóstico convergente sobre a gestão Dilma. Emitiram, ainda, opiniões sobre a sucessão do ano que vem e os demais presidenciáveis.

Apesar da resistência à presidente e, especificamente, ao ministro da Fazenda, Guido Mantega, os integrantes do mercado avaliam que Dilma vencerá a eleição. E no 1.º turno. Aécio e Campos já buscam aproximação com o mercado, tradicional financiador de campanhas. Neste ano, os dois se reuniram com donos de bancos e gestores de fundos. Dilma, que manteve pouco diálogo com o setor nos dois primeiros anos de mandato, acatou conselho de Lula e, a partir de janeiro, começou a conversar com banqueiros no Planalto.

Dilma desperta mais restrição no mercado que Lula. Após anos de desconfiança mútua, o petista começou a mudar o paradigma em 2002, quando prometeu honrar os contratos por meio da Carta ao Povo Brasileiro. "Lula foi fantástico para pobres e ricos. Dilma, nem para ricos nem para pobres, que estão vendo a inflação corroer salários", disse o dono de um fundo de investimento.

A conjuntura econômica no governo Lula favoreceu a relação. Na sua gestão, contou com cenário externo favorável, que, aliado a uma política de aumento real do salário mínimo e de ampliação dos mecanismos de transferência de renda, permitiu crescimento econômico. Lula manteve integrantes do governo FHC na equipe, e o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, era executivo de banco.

Dilma recebeu um real valorizado de R$ 1,65 por dólar e assiste à queda no preço das commodities. Além da conjuntura, há o estilo: com ela haveria menos diálogo e mais resistência à iniciativa privada e interferência no BC. Na semana passada, a taxa de juros aumentou 0,25 ponto porcentual e foi para 7,5%, após declarações polêmicas da presidente sobre o tema que afetaram o mercado.

"A imagem de Dilma está em processo de deterioração galopante no mercado. Ela dá sinais conflituosos, interfere na economia com mão pesada e não tem agenda de reformas", afirmou o diretor de um banco estrangeiro. Segundo um operador, Dilma não deve falar sobre juros, pois "descredencia" o Banco Central. Para um investidor, a presidente tem uma visão contrária à iniciativa privada ao tentar, por exemplo, diminuir as taxas de retorno dos investidores.

A posição de integrantes do mercado é ponderada por alguns acadêmicos. Para Francisco Lopreato, da Unicamp, a mudança no patamar de juros na gestão Dilma está por trás da insatisfação. "Você tem que tirar um pouco o doce da boca da criança e, provavelmente, eles vão chorar mesmo."

Em 2011, primeiro ano de gestão Dilma, o BC inaugurou quedas sucessivas na Selic, estreando a primeira em agosto, quando foi de 12,5% para 12%. "Alexandre Tombini ( presidente do BC) não é tão market friendly. Meirelles deixava mais claro o passo que iria tomar. Agora, a relação mudou. Ficou mais incerta", disse Lopreato.

"A presidente fez mudanças importantes na economia, todas elas, aliás, reclamadas por amplos segmentos empresariais: redução dos juros, estabilização cambial, redução do custo da energia, desoneração da folha de pagamentos, investimento em infraestrutura em parceria com o setor privado etc. Como em qualquer mudança, há sempre interesses contrariados, mas creio que são minoritários", disse Ricardo Carneiro, diretor do Banco Interamericano de Desenvolvimento.

Reuniões. Apesar das críticas a Dilma, o mercado já "precifica" a eleição de 2014. "Como ela vai ganhar no primeiro turno, deve minguar o financiamento para os outros candidatos. Ninguém vai por dinheiro sabendo que o candidato vai perder", afirmou o dono de um fundo de investimento.

Aécio desperta a confiança do setor em relação à condução da economia. "Ele é música para os ouvidos do mercado. Ele é visto como o resgate da agenda de FHC. É mais ortodoxo", disse o economista de um banco estrangeiro.

Há resistências, porém, sobre seu modo de vida. "Ninguém acredita que, de fato, queira ser presidente. Sua vida pessoal é incompatível com a vida pública. E sua atuação como senador é uma piada", disse o diretor de um banco estrangeiro. "Não sei se aguenta ser presidente, com uma rotina dura. Parece ficar dividido entre isso e abrir mão da sua vida atual", disse o dono de um fundo de investimentos.

Campos ainda é visto como uma incógnita, mas que suscita interesse. "A opinião dele não está clara, mas não há rejeição do mercado a ele", declarou o banqueiro brasileiro.

"Campos tem história em Pernambuco, está com discurso muito alinhado, aberto a ouvir. É uma luz no fim do túnel, uma alternativa a Dilma", disse o diretor do banco estrangeiro. "Ele não é a primeira opção de ninguém que conheço, mas é definitivamente uma opção", afirmou o economista.

Fonte: O Estado de S. Paulo

Aécio Neves vira protagonista

Pré-candidato à Presidência, tucano entrega Grande Colar ao presidente do STF, Joaquim Barbosa

Senador do PSDB recebeu saudação "mais que especial" do governador

Gustavo Prado e Paulo Nascimento

Depois de anos sem participar da entrega da maior comenda oferecida pelo Estado - a Medalha da Inconfidência -, o senador e pré-candidato à Presidência da República, Aécio Neves (PSDB), assumiu papel de protagonista na solenidade do 21 de Abril, ontem, em Ouro Preto.

O tucano - que mesmo quando estava à frente do governo deixou de participar de algumas edições - foi o escolhido pelo cerimonial do Palácio Tiradentes para entregar o Grande Colar ao principal homenageado do dia, o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Joaquim Barbosa.

Mesmo sem ter discursado, a presença de Aécio foi destacada pelo seu sucessor no governo de Minas, Antonio Anastasia (PSDB). No início do discurso, o governador endereçou uma "saudação mais que especial" ao senador. A participação na solenidade faz parte da estratégia do tucano de ter um "diálogo mais próximo da sociedade".

Aécio também foi a única autoridade que falou com a imprensa e aproveitou para alfinetar o PT, elogiando a atuação de Barbosa como relator do mensalão, maior escândalo do governo Lula. "Eu não tenho dúvidas de que o recente julgamento do STF, que hoje é presidido pelo ministro Joaquim Barbosa, é um marco importante para a institucionalidade da própria democracia brasileira".

Evento. Em seu discurso como orador, Joaquim Barbosa ressaltou o prazer de voltar a Minas Gerais, sua terra natal, e lembrou-se da história de luta dos mineiros pela liberdade, destacando o caráter cívico e histórico da homenagem. "Foi nestas terras altaneiras que o alferes Joaquim da Silva Xavier lançou os primeiros alicerces do ideário republicano e, não podemos jamais esquecer, do postulado fundador da liberdade".

Barbosa ainda defendeu o dever do poder público em garantir a liberdade dos indivíduos. "O poder do Estado emana do povo, e a este o Estado deve responder, com a obrigação de prover melhores condições de vida, oportunidades de engajamento político e de exercício da cidadania para todos".

Já o governador Antonio Anastasia fez um discurso exaltando a história dos direitos conquistados durante o processo da Inconfidência Mineira.

Entre as 164 personalidades agraciadas com a Medalha da Inconfidência, estavam a ministra da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, o ministro de Ciência e Tecnologia, Marco Antônio Raupp, e os ministros Sebastião Alves dos Reis e Laurita Hilário Vaz, do Superior Tribunal de Justiça (STJ).

Fonte: O Tempo (MG)

Na conta de Tiradentes

Presidente do Supremo Tribunal Federal diz em Ouro Preto que decisão da corte sobre a constitucionalidade das cotas sociorraciais em universidade seguiu ideais do alferes

Daniel Camargos e Felipe Canêdo

O presidente do STF disse ainda que muito deve ser feito para que o país tenha "pelo menos uma aceitável igualdade de oportunidades para todos os nossos concidadãos"

Ouro Preto – Um ano depois de o Supremo Tribunal Federal (STF) julgar ser constitucional a adoção de políticas de cotas raciais em instituições de ensino no Brasil, o presidente da corte, ministro Joaquim Barbosa, defendeu as cotas e disse que a decisão seguiu os ideais de Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes. "No Brasil contemporâneo há progressos recentes na promoção do ideário de igualdade de Tiradentes, como é o caso do reconhecimento da desigualdade e da exclusão social histórica de que foi vítima um segmento-chave da comunhão nacional, os negros, fato que levou o nosso STF a chancelar as políticas de ações afirmativas para grupos sociais hipossuficientes em universidades públicas", declarou Barbosa.

O presidente do STF disse ainda que muito deve ser feito para que o país tenha "pelo menos uma aceitável igualdade de oportunidades para todos os nossos concidadãos". Para Barbosa, o Estado tem o dever de garantir a igualdade de todos, principalmente com políticas públicas para quem se encontra em situação de vulnerabilidade. Para referendar a política de cotas o presidente do STF citou Aristóteles e também Rui Barbosa: "O princípio da igualdade consiste em tratar igualmente os iguais e desigualmente os desiguais na medida em que eles se desigualam".

A decisão do Supremo completa um ano na sexta-feira, dia 26. Na ocasião foi votado por unanimidade que é constitucional a adoção de políticas de cotas raciais em instituições de ensino. Dos 11 ministros do tribunal, somente Dias Toffoli não participou do julgamento porque elaborou parecer a favor das cotas quando era advogado-geral da União. A ação julgada, protocolada pelo DEM, questionou o sistema de cotas raciais na UnB, com reserva de 20% das vagas do vestibular exclusivamente para negros e vagas para índios independentemente de vestibular.

Orador oficial da solenidade de entrega da Medalha da Inconfidência, em Ouro Preto, Barbosa recebeu o Grande Colar, homenagem máxima do governo mineiro, durante a cerimônia. Antes da solenidade, pediu um fisioterapeuta de prontidão, por causa de suas fortes dores lombares, e teve um tenente da área médica da Polícia Militar à disposição.

Ausentes. Dois dos homenageados na cerimônia ligados à presidente Dilma Rousseff (PT) não foram até Ouro Preto receber suas medalhas. A ministra-chefe da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, e a ministra do STF Rosa Maria Webber. Entre o primeiro escalão do governo federal, somente o ministro da Ciência e Tecnologia, Marco Antônio Raupp, foi à antiga capital mineira.

Já o senador Aécio Neves, provável nome do PSDB como candidato à Presidência da República em 2014, sentou ao lado direito de Barbosa e durante vários momentos da cerimônia os dois conversaram ao pé do ouvido. Do lado esquerdo de Barbosa estava o governador Antonio Anastasia (PSDB). Aécio, entretanto, em entrevista após a entrega das medalhas, descartou que a presença de Joaquim Barbosa teve um teor político. "Estamos homenageando um mineiro que é reconhecido não apenas no Brasil, mas no mundo, pela importância que tem", afirmou o senador, que aproveitou para citar o recente julgamento do STF do mensalão, que condenou nomes importantes do PT.

Fonte: Estado de Minas

A 'lei falcão' do PT - Aécio Neves

O Senado fez valer a máxima de Bertolt Brecht, segundo a qual a verdade é filha do tempo, e não da autoridade.

A Casa devolveu, simbolicamente, o mandato de senador ao líder comunista Luís Carlos Prestes, cassado em 1948. Fez justiça a um brasileiro merecedor de respeito mesmo entre aqueles que discordavam do seu projeto para o país.

Quis o destino que essa reparação se desse no mesmo momento em que o governo federal colocava em marcha seu rolo compressor para impedir novas candidaturas nas eleições presidenciais de 2014.

A iniciativa, já aprovada pela Câmara dos Deputados, é um casuísmo que relembra os artifícios utilizados durante a ditadura, quando mudanças nas regras eleitorais eram feitas para garantir que a oposição fosse sempre derrotada.

Em 1976, os militares limitaram a propaganda eleitoral na TV apenas à exibição de retrato, nome, número e um brevíssimo currículo do candidato. A medida ficou conhecida como Lei Falcão --um tipo de atitude que o PT ressuscita agora com outra roupagem.

A prevalecer a legislação que o governo federal quer aprovar, uma das principais lideranças políticas do país, a ex-ministra Marina Silva, viverá uma situação paradoxal: a de ter a sua candidatura cassada pelo governo antes mesmo de tê-la registrada. Dificuldades também serão criadas para outras iniciativas.

É necessário que a sociedade perceba o significado de mais esse gesto autoritário, que contribui para cercear o debate político. A incoerência do governismo salta aos olhos: durante dez anos, por conveniência, abandonou o necessário projeto de reforma política, para, só agora, atuar de forma pontual na defesa dos seus interesses eleitorais.

Garantir que os mandatos pertençam aos partidos é saudável. O inaceitável é que, numa mesma legislatura, determinada regra só tenha validade quando funciona a favor do governo, ganhando impedimentos de toda ordem quando vem na direção oposta. Por isso, é fundamental que qualquer decisão nessa matéria seja aplicada só a partir de 2015.

Se não for assim, ficará claro que criar partido a favor do governo pode. De oposição, não pode. Por que o esforço para impedir o debate mais amplo? Por que negar aos brasileiros o direito de ter mais opções eleitorais e de encontrar aquela que melhor responda aos seus anseios?

Ao que tudo indica, o governo federal começou a enxergar o país do pibinho, da volta da inflação, da retomada do aumento dos juros, da infraestrutura enferrujada, das promessas não cumpridas e do descarrilamento da Petrobras.

Independentemente do número de candidatos nas próximas eleições, essas são algumas das questões às quais o governo não terá como fugir.

Aécio Neves, senador (PSDB-MG)

Fonte: Folha de S. Paulo

União pela democracia – José Serra

Na semana passada, fui convidado pelo PPS para apresentar minha visão sobre o momento político que o Brasil vive, na conferência que promoveram em Brasília. Minha palestra foi feita na sexta feira, dia 12 de abril. Falei de improviso e não me animei a procurar alguma transcrição. Abaixo, faço um resumo parcial, em 13 tópicos, baseado na minha memória, no que a imprensa publicou e nos ítens que havia anotado, como roteiro para o discurso. Como de praxe, poderia dizer, e é verdade, que vários amigos me pediram o texto, mas também tive vontade de fixar melhor e compartilhar o esquema de ideias que desenvolvi. Omiti muita coisa, a fim de concentrar-me mais no tempo presente.

União pela democracia

1. É bom estar aqui com vocês, numa reunião da esquerda democrática. Sinto-me entre amigos. Comecei minha trajetória política na velha Ação Popular (AP), no movimento estudantil. Trabalhávamos junto com o PCB. São rios que voltam a confluir.

2. Tínhamos diferenças e muitas convergências. Entre elas a generosa dedicação ao futuro do nosso país, do seu povo, na direção da democracia e da justiça social. O antigo PCB foi uma das primeiras forças políticas da esquerda que começou a compreender o caráter estratégico e o valor universal da democracia. Isso nos une. Sempre rejeitei, e continuarei rejeitando, a ideia de que é preciso limitar a democracia para ampliar direitos sociais.

3. É justamente o contrário. Apenas a ampliação e a consolidação da democracia política permitem assegurar de maneira permanente os avanços e as conquistas sociais. Todas as experiências que propuseram o contrário acabaram em deformações autoritárias, e em perdas econômicas e sociais para o povo.

4. Eis o desafio que se coloca hoje para nós: defender os avanços democráticos como único caminho para marchar com rapidez e segurança na economia e na luta para reduzir as desigualdades.

5. Hoje, o estado brasileiro foi capturado por um grupo político, organizado dentro do PT e em suas franjas, que não hesita e não hesitará em enfraquecer a democracia para perpetuar-se no poder. Não aceitam a independência dos poderes, não aceitam a imprensa livre, não aceitam a hipótese da alternância no poder. Reabilitaram e fortaleceram tudo o que havia de mais atrasado e ruim na política brasileira. Hoje, expressam como nunca a vanguarda do atraso.

6. Essa captura do estado está na raiz das nossas dificuldades econômicas, cada dia mais claras. O objetivo do governo deixou de ser o bem estar geral e a construção nacional, passou a ser exclusivamente a alimentação da turma no poder. O Estado tem sido, como nunca, privatizado. Vejam o que acontece, só para dar um exemplo, com as agências reguladoras, cujas nomeações são feitas dentro de um verdadeiro mercado persa.

7. O modelo econômico lulista foi a heranca que o atual governo recebeu de Luiz Inácio Lula da Silva e de sua então coadjuvante, Dilma Roussef. Que, aliás, mesmo na presidência, continua sendo coadjuvante de Lula. Um modelo puxado pelo consumo, principalmente de importados, com baixo investimento e empregos de menor qualidade e altíssima carga tributária. O investimento, além de baixo, é mal feito. A lista é, infelizmente, longa. Vejam como se arrasta a Transnordestina, a Transposição do São Francisco, a refinaria Abreu e Lima, as obras da Copa, a modernização dos portos, as estradas federais pelo Brasil afora… Conseguiu-se fazer a mais incompetente concessão de estradas até então registrada. E por cima querem implantar um trem bala, o projeto mais alucinado da história brasileira, de 75 bilhões de reais, tudo com dinheiro público. Um projeto para o qual não há demanda, nem existe nenhuma prioridade séria que o justifique. Enquanto isso, as cidades do Rio, São Paulo, Salvador, Belo Horizonte, Fortaleza, Recife e tantas outras capitais carecem de metrô. O custo Brasil da nossa economia acrescenta 25% aos preços dos produtos brasileiros que concorrem com importações ou disputam mercado externo.

8. O ex-presidente Lula merecia virar verbete do Guinness Book of Records. Três prêmios. O primeiro, por ter quebrado a maior empresa brasileira, monopolista, com preços altos, demanda dinâmica e grandes reservas de produção: a Petrobras. Segundo, por ter jogado pela janela os efeitos da maior bonança externa que a economia brasileira já teve, torrando os dólares em consumo – em detrimento da produção doméstica e dos empregos de melhor qualidade –, mantendo desnecessariamente os juros nas nuvens e os investimentos em infraestrutura no chão. O terceiro prêmio é impressionante e chocante: Lula trabalhou algo em torno de dez anos (não mais do que isso, é verdade) como operário industrial, chegou à presidência da República e promoveu a desindustrialização do país. Hoje, graças ao governo de um ex-operário, a participação da indústria manufatureira no PIB voltou ao nível de 1947!

9. O resultado é a paralisia. O governo não tem pensamento nem plano estratégico, seu único projeto é eleitoral. Outro dia a imprensa relatava que as autoridades calculavam que um PIB de 2% seria suficiente para reeleger a presidente, e que isso lhes basta.

10. Pouco lhes importa se o crescimento baixo e a desindustrialização envenenam e condenam no médio e no longo prazos o projeto nacional de desenvolvimento. A conta deles é de chegada, eleitoral. Basta-lhes a mediocridade, se isso for suficiente para continuarem no poder. O país que se dane.

11. A herança do governo Lula, que teve Dilma como coadjuvante, foi bastante adversa para o governo Dilma. Desequilíbrios econômicos, perversão da máquina estatal como nunca antes neste país, ministros e ministros a serem demitidos por suspeitas de lambanças, políticas sociais universais, como educação e saúde, “avançando” para trás ou fugindo para diante. Na prática, como tem sido o mandato do atual governo Dilma? Dois anos de perplexidade diante da herança recebida, dois anos de campanha eleitoral! Tudo menos governar de verdade, antecipar-se aos acontecimentos, cuidar do nosso país.

12. Mas vamos ter claro: a herança do governo Dilma para o próximo vai ser ainda pior, não só pelo que recebeu como pelo que não resolveu. Sua herança, que seria mais adversa ainda se conquistasse a reeleição, vai ser do nível da que foi deixada pelo último governo militar, da que foi transmitida pelo governo Sarney ao de Collor e deste para o Itamar. Não haveria a mesma superinflação, mas os grandes estragos fiscais, econômicos, institucionais e, talvez pior do que tudo, na alma e no corpo da nação.

13. Hoje estamos juntos aqui porque juntos buscamos uma alternativa. Ela está clara. Defender com unhas e dentes a democracia, contra os arreganhos autoritários. Defender a economia contra o pensamento colonizado, de que devemos nos conformar com o papel de “celeiro do mundo”, papel a que parece estarmos condenados desde a Colônia.

Não há muita dúvida sobre o que é preciso fazer pelo país agora. O desafio maior está em reunir as forças políticas, econômicas e sociais indispensáveis para isso. Eu sou racional demais para permitir que paixões negativas do passado decidam sobre minhas ações futuras. E estas vão estar dedicadas a essa união de forças, com uma ou mais candidaturas, para promover as grandes reformas que o país requer. Acho que é por isso que estamos aqui, e contem comigo nessa caminhada.

José Serra, ex-prefeito e governador de S. Paulo

MDemocráticos: reunião define direção

Criado na última quarta-feira (17) da fusão do PPS com o PMN, o partido Mobilização Democrática (MD) reúne hoje, pela primeira vez, lideranças em Pernambuco. Na pauta do encontro estarão a escolha da nova direção, a elaboração de um mapa da estratégia para consolidar o partido no Estado e um diagnóstico da situação fiscal e financeira, além do procedimento a ser adotado para as futuras filiações. O encontro ocorre na sede do ex-PPS, na Ilha do Leite, às 19h.

Para o comando da nova sigla, a presidente estadual do ex-PPS, Débora Albuquerque, conta que vai trabalhar para emplacar um nome do seu grupo político, que pode ser ela mesma, o vereador do Recife Raul Jungmann ou o ex-vice-prefeito de Olinda Marcílio Domingues. "A determinação que temos da direção nacional é que, nesta fusão, o partido que ficar com a presidência terá minoria na executiva", explica.

A legenda começará também a analisar nomes para a eleição de 2014. Pelo ex-PPS, alguns já cotados para disputar uma vaga na Assembleia Legislativa são Vilmar Cappellaro, de Petrolina, no Sertão, que na eleição de 2010 para deputado estadual teve quase 15 mil votos, e Sivaldo Albino, com atuação em Garanhuns, no Agreste, que obteve mais de 11 mil votos no mesmo ano, para o mesmo cargo. Para deputado federal, Jungmann é cotado, embora ele afirme que, neste momento, está focado no atual mandato.

O novo partido também trabalhará para ter um nome forte na Região Metropolitana, que pode ser Débora Albuquerque. Como vice na chapa do deputado estadual Daniel Coelho (PSDB) para prefeito do Recife, em 2012, a coligação obteve cerca de 245 mil votos. No ex-PMN, o quadro mais expressivo é Ramos, que exerce o primeiro mandato de deputado estadual, após ser vereador no Recife por duas vezes.

Fonte: Jornal do Commercio (PE)

O feijão nosso de cada dia vai ficar mais caro

Sem estoque pela Conab, o grão básico na mesa do brasileiro vai tomar o lugar do tomate como o novo "vilão" da inflação.

Feijão com arroz ameaçado

Inflação. Grão básico na mesa dos brasileiros deve substituir o tomate como vilão da alta de preços e puxar outros produtos

SÃO PAULO - A refeição do dia a dia do brasileiro deverá continuar cara. Depois do aumento da salada puxada pela disparada do preço do tomate, será a vez do arroz com feijão pesar no orçamento do consumidor. É que, segundo o economista e sócio-diretor da Global Financial Advisor, Miguel Daoud, o tomate pode sair de cena na pressão inflacionário de hortaliças e verduras, mas o feijão tomará o lugar de vilão da inflação no grupo alimentar de grãos ao longo das próximas semanas. "A inflação de alimentos não vai dar sossego. O preço do feijão já está subindo", alertou Daoud.

Segundo o especialista, o aumento de preço está ligado ao fato de o governo, via Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), não ter reunido condições para fazer preço mínimo (estocagem) no ano passado. Isso ocorreu porque, segundo ele, o preço do saco de feijão no atacado permaneceu durante todo o ano de 2012 acima do preço do mínimo.

Segundo o AE Agronegócios, serviço especializado da Agência Estado, no Paraná - maior produtor de feijão do País -, o preço da saca de 30 quilos do grão subiu 25,85% para R$ 154,66 só no período de 8 a 11 de abril em relação ao acompanhamento da semana anterior quando a saca era negociada no atacado a R$ 122,89.

Soma-se a isso a informação da própria Conab na semana passada, que ao divulgar o sétimo levantamento de safra do grão, disse que considerando as três safras do ano, a produção do feijão tende a ser ainda menor nos próximos levantamentos, em virtude do "clima chuvoso no Sul do País e seco no Nordeste". No total, a expectativa é de que a safra 2012/13 poderá chegar a de 2,987 milhões de toneladas de feijão, em comparação com 2,919 milhões de toneladas na safra anterior, representando um aumento pequeno de 2,3%.

Na ponta do consumidor, segundo mostrou o Índice de Preços ao Consumidor (IPC) da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe), só na segunda quadrissemana, período de 30 dias encerrados no último dia 15, o preço do feijão subiu 5,06%.

O economista explica que a questão nem passa pelo peso do produto na composição do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que é pequeno, mas pela capacidade que ele tem de disseminar inflação. Para se ter uma ideia, o peso dos feijões carioca, mulatinho, preto e fradinho, somados, no IPCA é de 0,43%. O problema, de acordo com o economista, é que por ser um produto frequente na dieta diária do brasileiro, o feijão tem poder para disseminar inflação por toda a refeição dentro e fora do domicílio.

"Uma inflação dessa natureza acaba se espalhando, porque atinge o orçamento das pessoas comuns. Quando a sensação de inflação está apenas com os agentes econômicos, o ministro da Fazenda ou o presidente do Banco Central falam e as expectativas acabam sendo controladas. Mas quando atinge a população, não adianta nem Mantega e nem Tombini falarem porque as pessoas comuns não os ouvem", observou Daoud.

Efeito cascata

Ainda de acordo com diretor da Global Financial Advisor, a disseminação da alta de preço de um produto como o feijão acontece porque ao ver o aumento, o vendedor de outros produtos também reajustam seus preços. "Foi o que aconteceu com o tomate. Ao ver o preço da fruta subir, o vendedor de vagem, de pimentão e de outros legumes resolveram aumentar seus preços também", explicou, Daoud, acrescentando que esse tipo de movimento acaba batendo em outros segmentos da economia. Para ele, veremos barbeiros, cabeleireiros e tintureiros elevando preços por conta de estarem pagando mais caro pela refeição.

Fonte: Jornal do Commercio (PE