O PSDB venceu duas e foi para o segundo turno de três das seis eleições presidenciais realizadas desde o restabelecimento das diretas, em 1989. O menor percentual obtido por um tucano, nas três disputas em questão, foi o de José Serra em 2002, quando passou para a etapa seguinte com 23% dos votos válidos. Em resumo, a história eleitoral recente do país mostra que os tucanos são os adversários do PT no embate de 2014, e é grande o espaço a ser preenchido por Aécio Neves, até lá. No entanto, o PSDB é um partido em franca deterioração.
O exemplo da eleição para o diretório municipal de São Paulo é um episódio local, sem repercussão nacional efetiva, mas está inserido no quadro geral de deterioração, inclusive com a corrupção dos princípios que fundamentaram a criação do PSDB, a ética que os tucanos deixaram de ver no PMDB dirigido com mão de ferro pelo ex-governador Orestes Quércia.
Até o último minuto havia acordo para a eleição do vereador Andrea Matarazzo para a presidência do diretório paulistano. Gente graúda, como o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e o governador Geraldo Alckmin, assinaram embaixo. Uma "conspiração" de última hora atribuída a um grupo de secretários do governador, se articulou para derrotá-lo.
Tucanos estão em franco processo de deterioração
Alckmin tirou o corpo fora. "O que recomendei: o Andrea presidente, e que todos fizessem um bom entendimento. Agora, eu não sou coronel para ficar obrigando as pessoas a votar. Acho que não foi uma boa decisão". Estranho, Alckmin não é coronel para obrigar "as pessoas a votar", mas é para "recomendar" o nome a ser eleito. Das duas, uma: ou o governador se omitiu ou também foi vítima da traição dos secretários. Aliás, lotear o secretariado com políticos com planos eleitorais não recomenda a gestão de Alckmin, ele mesmo potencial candidato em 2018.
A repercussão nacional da eleição do diretório local é outra e atende pelo nome de José Serra. O objetivo da conspiração não é Matarazzo, é José Serra. A prática de tiro ao alvo a Serra se tornou o esporte predileto dos tucanos, às vezes mais que do PT. Serra perdeu duas eleições presidenciais, uma para Lula e outra para a presidente Dilma Rousseff. Mas também ganhou dos petistas a prefeitura de São Paulo e o governo do Estado. Entrou em algumas eleições para atender missão partidária, inclusive a de 2004, quando derrotou uma prefeita bem avaliada, Marta Suplicy. No entanto, é tratado como um estorvo pelo PSDB.
A rigor, os tucanos batem mais em Serra do que nos adversários. Se viaja, é para não se encontrar com Aécio. Se conversa com o governador de Pernambuco, Eduardo Campos, está envolvido em uma inconfidência para apoiar o eventual candidato do PSB a presidente. Isso em um partido cujo presidente, na eleição de 2002, divulgou até nota oficial de apoio ao candidato de outra legenda.
Quem conhece e acompanha José Serra sabe que ele tem ficado meio de lado nas principais articulações do PSDB numa tentativa de se proteger e não ser esmagado de vez. Serra tem uma personalidade difícil. É fato. Mas muito do que se diz sobre ele é uma aceitação passiva do personagem construído pelos adversários nas disputas eleitorais.
É nesse contexto que amigos de José Serra acham que ele deve considerar seriamente a hipótese de deixar o PSDB e aceitar o convite para integrar o partido que deve surgir da fusão do PPS, o antigo "Partidão", com o PMN, ocorrida semana passada. Pelo menos, argumenta-se, acabaria com o pretexto para iniciativas de caráter pessoal, mas que terminam embaladas no invólucro comum do "é culpa do Serra", e forçaria os tucanos a construir um discurso novo, moderno e efetivamente de oposição ao governo.
As três eleições perdidas para o PT mostraram que o PSDB tem espaço para avançar. Mas os últimos acontecimentos na esfera tucana revelam um partido que caminha a passos largos para o cartorialismo, quando os tucanos, a exemplo do PMDB, também constituem uma federação partidária. Não tem um dono. Aécio Neves, reconhecidamente uma personalidade mais agregadora que Serra, tem a responsabilidade de retomar os princípios que nortearam a criação do PSDB.
Aécio não precisa presidir o partido para liderar o PSDB. A presidência da sigla, provavelmente, atrapalha mais que ajuda o candidato. A ele caberá, por exemplo, arbitrar conflitos locais. Alguém sempre ficará insatisfeito. E o momento de Aécio é de ir atrás da unidade do PSDB, mais ameaçada que nunca. Só a unidade levará o candidato a ampliar o eleitorado tucano.
Nunca é demais lembrar que o pior desempenho do PSDB no primeiro turno, em 2002, se deu quando havia outros candidatos competitivos na disputa: Lula (46%), Serra (23%), Anthony Garotinho (17,06%) e Ciro Gomes (11,97). Um cenário que parece se configurar novamente para 2014, com Dilma favorita e Aécio, Marina Silva e Eduardo Campos brigando por míseros pontos para chegar ao segundo turno. Aí a história pode ser outra.
A Confederação Nacional da Indústria (CNI) divulga hoje a 18ª edição da agenda legislativa da indústria para 2013, ano ímpar, quando as propostas têm mais chance de ser votadas, mas que já está prejudicado pela antecipação do campanha eleitoral. Ainda assim, a CNI resolveu apostar suas fichas em alguns poucos projetos, como a MP dos Portos e a extinção dos 10% extras que as empresas pagam para, em casos de demissão sem justa causa, compensar o FGTS de perdas de planos econômicos passados. A conta de R$ 38 bilhões foi quitada em 2012. Se o Congresso não votar até junho, as empresas vão desembolsar mais R$ 3,3 bilhões.
Circula nas redes sociais e em listas do PT convite para a discussão do Estatuto da Juventude sob o patrocínio da CUT e da Juventude do PT de Pernambuco. Será amanhã, 24, em horário de expediente. Com as bênçãos de Severine Cavalcanti, secretária nacional de Juventude, órgão vinculado à Secretaria Geral da Presidência da República.
Fonte: Valor Econômico
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