segunda-feira, 22 de abril de 2013

Oposição pressionará Planalto para investigar mais Rosemary

Ex-servidora se hospedou na embaixada brasileira em Roma

BRASÍLIA - A oposição cobrará do Palácio do Planalto explicações sobre a sindicância interna que comprovou que a ex-chefe de gabinete da Presidência da República em São Paulo Rosemary Nóvoa Noronha valeu-se do cargo e de sua proximidade com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva para usufruir mordomias como a hospedagem na embaixada brasileira em Roma, durante viagem de férias. A intenção é verificar a extensão das investigações, já que as denúncias contra ela eram mais graves. A ex-assessora foi investigada pela Polícia Federal por formação de quadrilha, corrupção passiva e tráfico de influência para obter benefícios financeiros.

MDemocráticos quer CPI sobre as denúncias

O líder do MD (Mobilização Democrática) na Câmara, deputado Rubens Bueno (PR), disse ontem que pedirá à Casa Civil cópia da sindicância, feita em caráter sigiloso. Ele quer que o resultado dessa investigação seja anexado ao relatório do inquérito da investigação da PF, que foi remetido à 5ª Vara da Justiça Federal de São Paulo.

- Vamos pedir cópia da sindicância, porque é importante para que seja desvendado e esmiuçado o modus operandi da quadrilha que se instalou no governo. Queremos saber como ela, que era do gabinete do presidente Lula em São Paulo, atuava. Temos um pedido de CPI que está parado, mas vamos retomar a ofensiva - disse Bueno.

Com as novas revelações sobre o tratamento privilegiado dedicado à assessora por integrantes do governo, o MD (fusão do PPS e do PMN) tentará resgatar no Congresso a mobilização para a abertura de uma CPI destinada a investigar as denúncias contra Rosemary.

Segundo a edição desta semana da revista "Veja", a sindicância realizada por uma comissão especial, por determinação da Casa Civil, apurou que Rosemary se aproveitava de mordomias, como o tratamento especial dado a ela durante viagem de férias a Roma. Na ocasião, ela e o marido se hospedaram na embaixada brasileira, localizada na Piazza Navona, um dos mais luxuosos endereços de Roma. O resultado das investigações foi repassado à Controladoria Geral da União (CGU), que abriu um processo administrativo-disciplinar (PAD). Segundo a CGU, o PAD deve terminar no final de maio.

O líder do DEM na Câmara, deputado Ronaldo Caiado (GO), disse que é preciso ter acesso às investigações para saber a extensão dos fatos comprovados. Para ele, é suspeito que só o caso de uma viagem ao exterior tenha sido explorado pelo governo. O temor é que o governo não se aprofunde na questão de tráfico de influência.

- É preciso ver a abrangência das conclusões da sindicância. Houve ou não compra de pareceres? Houve transporte de valor em dinheiro vivo, ou seja, coisas de maior significado do que estar se hospedando na embaixada? Na época, apareceram denúncias de uma gravidade ímpar. Todo mundo sabe que Rosemary tinha amplo trânsito. Podem estar querendo dar uma visão mais "light" para o processo, botar água fria - disse Caiado.

Sindicâncias do governo sob suspeita

Na mesma linha, o vice-líder do PSDB no Senado, Álvaro Dias (PR), duvida que uma sindicância do governo federal puna Rosemary. Ele disse que a oposição tem que redobrar as apostas, principalmente em relação a uma ação por parte do Ministério Público.

- As sindicâncias do governo sempre ficam sob suspeição - disse Dias.

Além da CPI, o líder do MD renovará o pedido enviado ao ministro da Fazenda, Guido Mantega, em dezembro de 2012, para explicar a denúncia de tráfico de influência na contratação pelo Banco do Brasil de empreiteira da família de Rosemary.

Por parte do governo e do PT, a preocupação é não reviver o caso Rosemary no Congresso. O líder do governo na Câmara, deputado Arlindo Chinaglia (PT-SP), disse que não havia tomado conhecimento da reportagem, discurso repetido por outros petistas. Amigo de Lula, o deputado Devanir Ribeiro (PT-SP) também afirmou que não lera a reportagem, mas, informado sobre seu teor, afirmou que tudo deve ser esclarecido.

O Palácio do Planalto informou que não comentará a reportagem. O Itamaraty disse que havia "tomado conhecimento da reportagem", mas que ainda não produzira uma resposta oficial.

Fonte: O Globo

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