O Estado de S. Paulo
O ex-presidente pode até fazer muito barulho no seu retorno ao Brasil, mas tem muito o que explicar
Ao aterrissar em Brasília hoje, depois de
três meses fora do Brasil, o expresidente Jair Bolsonaro deve trazer, em sua
bagagem, uma miríade de explicações para tentar se livrar das acusações graves
que recaem sobre ele nos escândalos das joias árabes, fatos que têm sido
revelados numa série de reportagens pelo Estadão desde o dia 3 de março.
Pesam sobre o ex-presidente casos graves,
como ocultação de bens milionários que deveriam, conforme determinam a lei e o
Tribunal de Contas da União, ser incorporados como bens do Estado brasileiro, e
não joias de diamantes para se esconder dentro das instalações de uma fazenda
de um amigo e seguidor, o ex-piloto de Fórmula 1 Nelson Piquet, em Brasília.
Todas as evidências, como apontam diversos juristas notáveis, indicam para, no mínimo, crime de peculato, que acontece quando um agente público – neste caso, o presidente – se vale do cargo que ocupa para ficar com bens que são da população, e não de seus cofres secretos.