Três dias após pedir R$ 1,1 bi ao BNDES, Joesley Batista foi ao banco para encontro com seu presidente, Luciano Coutinho. Com aval relâmpago, operação é questionada pelo TCU.
Antes de aval relâmpago, visita ao banco
Registros da portaria do BNDES revelam encontros de Joesley e Coutinho após pedido de R$ 1,1 bi
Eduardo Bresciani, O Globo
BRASÍLIA - Registros de entrada da sede do BNDES no Rio mostram que o empresário Joesley Batista, dono da JBS, esteve no gabinete do então presidente do banco, Luciano Coutinho, às vésperas de decisões controversas sobre duas operações que teriam provocado prejuízo de R$ 711 milhões à instituição financeira, nos cálculos do Tribunal de Contas da União (TCU). Os dados foram obtidos pelo GLOBO por meio da Lei de Acesso à Informação. Em sua delação, Joesley afirma não ter negociado propina com Coutinho ou funcionários do banco, mas diz ter feito pagamentos de US$ 150 milhões ao PT acertados com o ex-ministro da Fazenda Guido Mantega.
Uma das operações questionadas pelo TCU trata da liberação de R$ 1,1 bilhão para o grupo de Joesley adquirir uma empresa de carnes americana, a National Beef, a australiana Tasman Group e a divisão de carnes da Smithfield Beef Group. O apoio foi pedido em 11 de fevereiro de 2008. Nove dias depois, o enquadramento da operação já foi feito pela área técnica e, no dia 4 de março, a diretoria aprovou o aporte. Em um relatório sobre o caso, o TCU observou que essa tramitação em 22 dias é fora do padrão do BNDES, que demoraria, em média, 210 dias para realizar esse tipo de operação.