É imperioso abrir a economia brasileira, historicamente fechada ao mundo. Já foi mais, porém ainda precisa avançar muito nesta direção
Enquanto a grave crise política evolui, a equipe econômica trabalha, embora com limitações compreensíveis, devido à dificuldade para se aprovar a reforma da Previdência no Congresso. Mas o que depende da equipe e do governo de modo geral tem tramitado. Precisa ser assim. Um exemplo, a decisão aprovada pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) de reduzir-se a meta de inflação para aquém de 4,5%.
Uma questão que se encontra na esfera administrativa, e também não deve esperar, é a adesão do país à Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), onde se congregam as economias mais ricas e algumas de renda média. O Chile já participa do organismo, e Argentina, Peru, Bulgária e Romênia acabam de encaminhar o pedido de admissão. No caso do Brasil, já com alguma participação no organismo, o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, encaminhou há pouco a correspondência protocolar neste sentido.
O país participa de 23 comitês na OCDE e tem alto índice de normas em conformidade com regras da organização (58%). Para aderir de forma completa, terá de adotar novos instrumentos e práticas, saudáveis para o Brasil. Por exemplo, adequar-se a regras mundiais de investimentos e de não discriminação de empresas estrangeiras na concorrência de compras governamentais, item que costuma estar em acordos comerciais.
E é de fato imperioso abrir a economia brasileira, historicamente fechada ao mundo. Já foi mais, porém precisa avançar muito nesta direção. Dados do Banco Mundial (Bird), de 2015, sobre a participação no PIB do fluxo do comércio externo, que mede o grau de abertura do país, mostram que México e Chile, dois únicos latino-americanos membros plenos da OCDE, têm taxas de 73% e 60%, respectivamente. O Brasil, apenas 27%. A China, há duas décadas, uma economia comunista, apresenta 40% de índice de abertura. Mesmo a Índia, ainda muito autárquica, 42%; Rússia, o coração da exUnião Soviética, 49%, e a África do Sul, também membro do Brics, 72%.
Ser aceito pela OCDE ajuda o Brasil a reduzir o risco financeiro e a atrair investimentos. Creditese ao grau de fechamento da economia brasileira a dificuldade de a indústria modernizar-se. Acreditava-se que, protegido da concorrência externa, o Brasil desenvolveria a própria tecnologia, e assim por diante. Um erro, demonstrado pelo avanço da globalização. Sem participar de cadeias mundiais de suprimento, segmentos da indústria não se desenvolvem.
De acordo com o jornal “Valor”, os americanos resistem à candidatura brasileira, porque temem que a entidade vire uma “ONU da economia". Se havia um motivo relevante para Temer ter ido ao G-20, em Hamburgo, Alemanha, era fazer gestões para tentar acabar com as resistências americanas e outras. Mesmo com toda a sua fragilidade política.
Nenhum comentário:
Postar um comentário