- O Estado de S.Paulo
Rodrigo Maia ainda não conquistou os corações e mentes de toda a cúpula do PSDB, especialmente do trio paulista Geraldo Alckmin, João Doria e José Serra. É esse o grande entrave para o presidente da Câmara hoje dentro do partido. Os três acham que uma gestão Maia será apenas o prolongamento da atual crise, porém sob nova direção no Planalto. Além disso, para eles, uma vez na cadeira, Maia não sairá dela antes de 31 de dezembro de 2018.
Faz sentido. Maia está implicado na Lava Jato, vai herdar de Temer a baixa popularidade e será a cabeça a prêmio para quem ainda almeja fechar um acordo de delação premiada com o Ministério Público Federal – Eduardo Cunha, segundo a revista Veja, já está dando sinais de que pode citar Maia numa eventual colaboração.
O segundo motivo, talvez preponderante, atende pelo nome de eleição presidencial. Doria, Alckmin e Serra acham que não seria bacana para o PSDB um DEM turbinado pela Presidência da República em 2018. Uma vez no Planalto, na melhor hipótese para os tucanos, o DEM de Maia exigiria a candidatura de vice-presidente da chapa para integrar uma aliança com o PSDB.
Se exigir a vice e levar, automaticamente o DEM bloqueará a vaga que Doria e Alckmin sonham oferecer ao PSB, também cortejado pelo PT de Luiz Inácio Lula da Silva. Na outra ponta do raciocínio, sem a Presidência, os tucanos entendem que o DEM se coligaria ao PSDB por força da gravidade.
Para o PSDB, esse é o melhor cenário com Maia presidente; o pior seria o próprio Maia ser candidato à reeleição ou então apoiar outro candidato, tipo Ciro Gomes (PDT), amigo de Tasso Jereissati, o atual presidente do PSDB que tem forçado o desembarque dos tucanos do governo Temer.
Há também a visão em profundidade de Serra, Alckmin e Doria: tirar Temer é fazer o jogo de Lula e do PT, os grandes beneficiários de uma eventual troca de comando no Planalto nesta altura do certame.
Por esses singelos motivos, Maia ainda não é uma alternativa confiável para os planos do trio de tucanos paulistas – soma-se a eles o senador Aécio Neves (MG), que enxerga em Michel Temer uma alternativa para sua defesa política e jurídica.
O problema é que os deputados federais do PSDB estão morrendo de medo de não se reelegerem se permanecerem no apoio a Michel Temer. Mais ainda: tucanos importantes da Câmara já estão embarcados na canoa de Maia. Por fim, Fernando Henrique Cardoso parece desprezar todos os motivos do trio expostos acima.
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