Folha de S. Paulo
Aldrabões, em Portugal, são farsantes,
descarados
É raro, mas quando acontece é para celebrar
—ganhar um irmão numa palavra. É o que se dá quando descobrimos alguém que usou
um termo que um dia aprendemos, adotamos e, como em nosso meio ninguém mais o
fazia, passamos a achar de nossa propriedade. Até que a lemos em outrem. Pois é
como me sinto agora em relação a Gregorio Duvivier: irmão em aldrabão.
Em sua coluna desta quarta (1°/12), ele se referiu às 100 mil palavras que os portugueses nos trouxeram da Corte, mas reservaram algumas para uso próprio no seu lado do Atlântico. Uma dessas, aldrabão —que, em oito letras, três das quais o a, e um humilde til, define em Portugal o farsante, mentiroso, trapaceiro, impostor, descarado, aquele que comete fraudes, patranhas, aldrabices.