Folha de S. Paulo
Presidente pretende aproveitar verba e
espaço na TV para reviver fórmula infame da última campanha
Jair Bolsonaro alugou um carro de som
turbinado para sua campanha à reeleição. No discurso de filiação ao PL, o
presidente mostrou que pretende usar a verba do partido, o espaço na TV e os
palanques nos estados para repetir a fórmula infame que explorou na disputa de
2018.
Aquele deputado do baixo clero não escondia
sua agenda. Candidato por uma sigla nanica, Bolsonaro citava planos para
reduzir a proteção ambiental, prometia uma
abordagem ultraconservadora na educação e agitava o fantasma do
socialismo para amedrontar eleitores. Agora, ele quer uma máquina partidária
maior para repetir a dose.
Ao lado do anfitrião Valdemar Costa Neto, o presidente pediu apoio da plateia do centrão para que o Congresso revogue decretos ambientais e facilite a abertura de resorts em áreas preservadas de Angra dos Reis (RJ). Reclamou das leis brasileiras e disse que elas protegem "de forma excessiva" a região amazônica.
O presidente também levou ao palanque
montado pelo PL suas flâmulas de ultradireita. Citou o lema integralista
"Deus, pátria e família", falou em indicar ministros para o STF com
"o perfil mais para o lado de cá" e mencionou uma
aliança antiesquerdista com seus novos parceiros. "Nós tiramos o
Brasil da esquerda. Nós todos tiramos", disse.
O centrão nunca deu bola para essa
conversa, tanto que o bloco apoiou com gosto Lula e Dilma Rousseff. No próprio
evento de filiação de Bolsonaro, o presidente do PL ignorou a agenda
bolsonarista típica. Valdemar afirmou que a sigla apoiava bandeiras como o
Auxílio Brasil, o marco do saneamento, o 5G e investimentos em infraestrutura.
Os movimentos desses veteranos da política
se pautam por outros valores. Em setembro, Bolsonaro criou encrenca com o
presidente do Banco do Nordeste, apadrinhado pelo PL. O motivo era um contrato
da instituição com uma entidade ligada a petistas. Valdemar
apoiou a troca do dirigente –não porque estivesse contaminado pelo
antipetismo, mas porque tinha interesses no negócio.
Nenhum comentário:
Postar um comentário