Folha de S. Paulo
Anvisa, TCU e cientistas pedem a medida;
Europa discute obrigatoriedade
As notícias da
nova variante do coronavírus causaram agitação ligeira por
poucos dias. Interessam menos do que os cancelamentos de Carnaval. O que se fez
a respeito?
A importação de vírus velhos ou novos
continua quase livre no Brasil. Anvisa e TCU recomendaram a exigência do
passaporte da vacina. Países europeus adotam a vacinação compulsória de seus
cidadãos ou começaram a
discutir a hipótese.
Aeroportos e portos estão abertos às nações amigas que cobram certificados de vacina de gente que chega do Brasil (e de quem não nos cobra também). A gente não liga muito, talvez nem mesmo se sobrevier nova onda de desgraça. Com a epidemia matando solta, em abril, não se tocou no assunto. Estamos "de boas" com o vírus, afora os parentes e amigos dos mortos e das vítimas de sequelas —de saúde, psicológicas, sociais, assunto para o qual pouco ligamos também.
Nesta quarta-feira, o TCU (Tribunal de
Contas da União) recomendou que o governo federal exija certificados de
vacinação de quem venha do exterior para o Brasil e que explique o motivo se
não o fizer. Houve quem cogitasse no TCU obrigar o governo a impor a restrição,
ideia derrubada, ainda bem, porque o TCU não pode governar ou legislar. Mas o
TCU fez a coisa certa.
Na semana passada, a Anvisa (Agência
Nacional de Vigilância Sanitária) recomendou que a vacinação contra a
Covid-19 se tornasse
obrigatória para quem queira entrar no Brasil, o que fez por meio de
duas notas técnicas. Por aqueles dias, Jair
Bolsonaro queria derrubar as poucas restrições que existem.
O senador Omar Aziz (PSD-AM), que presidiu
a CPI da Covid e agora preside a Frente Parlamentar do Observatório da
Pandemia, disse na segunda-feira que apresentaria um projeto para dar peso
legal a mais determinações da Anvisa, talvez entre elas diretrizes sobre
obrigatoriedade de vacina.
Foi tudo, fora protestos de alguns
secretários de saúde e de montes de cientistas e profissionais de saúde, que
voltaram a falar ingloriamente sobre o assunto, sobre a necessidade de testes e
de rastreamento (quem passou que vírus para quem). Talvez a ômicron faça com
que alguns governos estaduais e municipais revejam
a liberação do uso de máscaras.
Exigir vacina contra a Covid para entrar no
Brasil vai mudar o jeitão atual da epidemia por aqui? Provavelmente não. Pode
ajudar a evitar desgraça nova ou atenuar mais influxos de vírus velhos. Não
precisamos de mais doentes e mais contaminações —nem que seja apenas um.
Precisamos menos ainda de gente tola ou perversa, que não toma vacina de
propósito, irresponsáveis que podem ser atraídos para um país de portos abertos
para o coronavírus.
Nenhum comentário:
Postar um comentário