• Legenda irá distribuir carnês para contribuições mensais; dirigentes da sigla falam em perda de R$ 1 milhão ao mês
Ricardo Galhardo - O Estado de S. Paulo
SÃO PAULO - Diante de uma queda de 42% das receitas vindas do Fundo Partidário e do efeito da Operação Lava Jato, que afugentou os financiadores privados, o PT vai recorrer à sua militância para tentar reforçar o caixa partidário em 2015.
Nas próximas semanas, o partido vai lançar uma campanha nacional de arrecadação entre seus filiados. A intenção é distribuir carnês aos voluntários para que eles façam contribuições mensais e garantam a estabilidade financeira da legenda neste ano.
Segundo o tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, as doações de empresas privadas ao partido simplesmente deixaram de existir. “Os empresários não querem nem saber de conversa”, disse ele recentemente a petistas.
Vaccari, que é investigado na Lava Jato por suspeita de intermediar o pagamento de propinas ao PT, tem dito que a operação é uma tentativa de criminalizar as doações feitas ao partido – segundo ele, legais e contabilizadas. “Estão tentando forçar a compreensão de que qualquer doação é propina”, defende o tesoureiro, que nega qualquer participação no esquema.
O PT ainda não calculou o impacto da Lava Jato e da pulverização de legendas nas contas partidárias. Alguns dirigentes falam em uma perda de R$ 1 milhão ao mês, correspondentes a cerca de 10% do orçamento petista, que foi de R$ 123 milhões em 2013.
Sem avião. Embora o partido não admita oficialmente, a falta de recursos já pode ser sentida. No dia 6 de fevereiro o diretório nacional se reuniu em Belo Horizonte antes da festa de 35 anos do PT. Além das comemorações, a Escola Nacional de Formação e a Secretaria de Comunicação promoveram encontros de dirigentes estaduais. Muitos deles tiveram que ir de carro até a capital mineira, pois a direção nacional se recusou a bancar passagens aéreas.
Na reunião que precedeu a comemoração dos 35 anos, Vaccari destacou a previsão de dificuldades financeiras em 2015 e pediu ao partido que aperte o cinto, já que o ano promete ser conturbado.
Além das atividades normais do partido que incluem duas sedes nacionais (uma em São Paulo e outra em Brasília) com dezenas de funcionários, uma escola nacional de formação política e uma agência nacional de notícias, o PT vai ter uma série de atividades fora do previsto neste ano.
Eleição extraordinária. As principais serão a segunda etapa do 5º Congresso Nacional do PT marcada para junho, em Salvador, mas que será precedida por dezenas de debates e encontros locais, e o Processo de Eleições Diretas Extraordinário, em novembro, no qual mais de 600 diretórios municipais que não cumpriram as metas de mulheres, jovens e negros em sua composição realizarão novas eleições.
Isso não impede que a direção do PT continue fazendo planos ambiciosos. O maior deles é colocar no ar um canal de TV na internet para divulgar conteúdo de interesse do partido.
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