Conversa entre Lula e Trump representa um bom começo
Por O Globo
Depois da quebra do gelo, negociação entre
Brasil e Estados Unidos deve se concentrar em interesses comuns
Foi um avanço inegável a conversa de 30
minutos entre os presidentes do Brasil, Luiz Inácio da Silva, e dos Estados Unidos, Donald Trump,
nesta segunda-feira por videoconferência. Mais de dois meses depois de Trump
ter oficializado a sobretaxa de 50% para as exportações brasileiras, enfim o
gelo se quebrou, dando início a negociações. A esperança é que sejam
produtivas. No mínimo, a conversa, resultado do breve contato que ambos
mantiveram durante a Assembleia Geral da ONU no mês passado, representou uma
bem-vinda distensão.
Entre os pontos abordados, Lula pediu a Trump que reveja o tarifaço e as sanções a autoridades brasileiras. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, que acompanhou a conversa, afirmou que o diálogo foi positivo. O vice-presidente, Geraldo Alckmin, considerou o contato melhor do que se esperava. Lula e Trump, segundo nota do Palácio do Planalto, concordaram em manter um encontro em pessoa e trocaram telefones para estabelecer via direta de comunicação. Lula reiterou a Trump o convite para que participe da COP30, em Belém, e disse a ele considerar o contato direto “uma oportunidade para restauração de relações amigáveis de 201 anos entre as duas maiores democracias do Ocidente”. Lembrou, por fim, que o Brasil é um dos três países do G20 com que os Estados Unidos mantêm superávit na balança de bens e serviços. Trump afirmou que a ligação foi “muito boa” e que a conversa “focou principalmente na economia e no comércio entre os dois países”. Disse que os dois se reunirão “num futuro não muito distante”, tanto no Brasil quanto nos Estados Unidos. “Nossos países se darão muito bem juntos”, concluiu.