Valor Econômico
Revisão de gastos tributários é necessária
não apenas pelos ganhos fiscais, mas para aprimorar políticas de incentivos
O sistema financeiro brasileiro está em
polvorosa - e não apenas pelo enroladíssimo Banco Master ou pelas investigações
indicando que o PCC está infiltrado na Faria Lima. Fintechs e bancos 100%
digitais vêm abocanhando fatias expressivas de um negócio antes dominado pelos
bancos tradicionais, públicos e privados.
De acordo com o Relatório de Economia
Bancária do Banco Central, o número de clientes ativos no sistema bancário
passou de 77 milhões em junho de 2018 para 152 milhões em dezembro de 2023
(dado mais recente). Nesse período, a participação de mercado dos cinco maiores
bancos (Caixa, Bradesco,
Itaú, Banco do Brasil e Santander) foi reduzida de mais de 60% para menos de
45% do total. Enquanto isso, surfando na tecnologia e no pix, instituições como
Nubank, PicPay, MercadoPago, Inter, PagSeguro e outros bancos digitais saíram
do zero para deter mais de 35% do mercado.
Essa pressão competitiva sentida pelos
bancões tradicionais gerou uma guerra nos negócios e nos bastidores. Na semana
passada, a Febraban divulgou estudo da consultoria Oliver Wyman demonstrando
que a concorrência trazida pelas fintechs não foi capaz de reduzir o custo de
crédito no país. “Esses benefícios ainda não chegaram, em termos de preços, de
juros cobrados. Os incentivos regulatórios [para as fintechs] precisam resultar
em benefícios para o consumidor”, declarou o presidente da Febraban, Isaac
Sidney, para o repórter Álvaro Campos, na edição de 29/09 do Valor.