sexta-feira, 17 de outubro de 2025

A dinamite do bananinha, por Bernardo Mello Franco

O Globo

Deputado mira caciques do Centrão, mas depende do grupo para salvar seu mandato

Depois de articular o tarifaço contra o Brasil, Eduardo Bolsonaro arranjou outro passatempo: atacar os aliados do pai. Nas últimas semanas, o Zero Três alvejou governadores de direita, parlamentares e dirigentes de partidos do Centrão. Agora volta a mira contra a senadora Tereza Cristina.

Na quarta-feira, o deputado em fuga insinuou que a ex-ministra da Agricultura teria usado o prestígio de sua família para se eleger. Acrescentou que ela só estaria preocupada com dois tipos de interesses: os pessoais e os dos “grandes capitais”.

Eduardo se irritou porque Tereza Cristina não incluiu seu nome numa lista de presidenciáveis para 2026. Em entrevista ao GLOBO, a ruralista cobrou “maturidade” na escolha do candidato a herdar os votos de Jair Bolsonaro. Questionada sobre as chances do Zero Três, foi direta: “Não adianta colocar alguém que não tenha viabilidade”.

Dos Estados Unidos, o deputado já havia comprado briga com os principais aspirantes à cadeira de Lula. Chamou Tarcísio de Freitas e Ratinho Júnior de “abutres”. Disse que Romeu Zema só pensa na “turminha da elite financeira”. Acusou o presidente do PL, Valdemar Costa Neto, de “canalhice”. Afirmou que o chefão do PP, Ciro Nogueira, “confunde seu interesse com o do Brasil”.

Eduardo atacou até Nikolas Ferreira, o menino prodígio do bolsonarismo. Escreveu que o jovem deputado se associou a uma blogueira “abjeta”, que já defendeu a prisão do ex-presidente. “É triste ver a que ponto o Nikolas chegou”, tuitou.

Pode não parecer, mas os ataques do Bananinha obedecem a uma lógica. Ele atua para dinamitar a construção de qualquer candidato que não tenha o sobrenome Bolsonaro. O risco é implodir as chances de uma vitória das direitas em 2026.

Enfraquecido pela abertura de diálogo entre Lula e Donald Trump, o Zero Três ainda pode pagar caro pela virulência com os aliados do pai. A operação para salvar seu mandato no Conselho de Ética depende dos votos do Centrão, que hoje quer vê-lo pelas costas. E o presidente da Câmara, Hugo Motta, já avisou que estuda cassá-lo por excesso de faltas.

 

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