quinta-feira, 25 de setembro de 2025

Trump anteviu declínio bolsonarista. Por Maria Cristina Fernandes

Valor Econômico

A explicação para o comportamento de Trump não está na tabela periódica, mas na biografia do ‘aprendiz’ que não cerra fileira ao lado de perdedor

A unanimidade com a qual a Comissão de Constituição e Justiça do Senado rejeitou a proposta de emenda constitucional da blindagem é o resultado mais concreto e acachapante das manifestações de domingo. Prevaleceu o argumento definitivo do relator Alessandro Vieira (MDB-SE) sobre a autorização de apenas uma investigação, entre quase 300 pedidos, nos 13 anos de vigência da blindagem. A mudança da Constituição, em 2001, permitiu que um terço dos parlamentares do Congresso Nacional, nas contas do relator, seja réu ou investigado. A folga com a qual a PEC foi aprovada na Câmara vem daí. Aquela com a qual foi rejeitada no Senado vem da rua.

Trump e o Brasil. Por William Waack

O Estado de S. Paulo

O presidente dos Estados Unidos ignora estratégias e mesmo ideologias

Não se sabe se Donald Trump almeja “regime change” no Brasil ou só ajudar o amigo Jair Bolsonaro. Até agora, não conseguiu nenhum dos dois.

Ao contrário. O que o relatório do Departamento de Estado americano crítica no “regime” brasileiro prossegue inalterado, mesmo depois da Magnitsky contra Alexandre de Moraes. E Bolsonaro está indo para a prisão.

Pode ser que Trump, que tem infinita convicção sobre a própria genialidade, tenha confundido ambições (mudar o regime e ajudar Bolsonaro) com meios (tarifas e sanções) para alcançá-las. Ou seja, faltou estratégia. Além disso, profissionais da diplomacia nos Estados Unidos e no Brasil, brasileiros e estrangeiros, acham que Trump estava mal informado sobre o Brasil.

Conflito entre Poderes continua. Por Carolina Brígido

O Estado de S. Paulo

Enterro de PEC fortalece o Supremo, mas paz depende do ‘sepultamento’ do projeto de anistia

Na artilharia barulhenta da guerra entre o Supremo Tribunal Federal (STF) e o Congresso Nacional, a PEC da Blindagem era apenas um estalinho. Não chega a ser sinal de trégua a decisão do Senado de “sepultar” a proposta. Ironicamente, os parlamentares fizeram isso para se proteger ainda mais.

No caminho em busca do salvo-conduto para não serem processados, deputados e senadores esbarraram nos protestos do último domingo. Diante da voz das ruas, preferiram enterrar a PEC a correr o risco de perderem eleitores no ano que vem.

O Brasil entre a barbárie e a civilização. Por José Serra

O Estado de S. Paulo

Desvirtuamento do papel do BC, autodefesa corporativa no Congresso e paralisia no Executivo desenham quadro de desmanche institucional

É especialmente tensa a situação que o Brasil atravessa, e não dá para deixar de apontar que este é um momento de grande risco para a democracia. É algo novo para o País que emergiu do fim da ditadura. Não há dúvida de que os anos em que o PSDB governou o Brasil e o primeiro governo Lula, até a emergência do mensalão, mostraram um país ancorado em instituições sólidas. Lógico que crises ocorreram, mas o sentido era de construção democrática dos caminhos do futuro.

De lá para cá, não há como negar que o País perdeu o rumo. As posições foram se tornando cada vez mais antagônicas e deixou de existir uma força política de centro com projeto econômico e social para o País. Em verdade, é difícil dizer que os partidos políticos representem visões sobre o Brasil. É mais honesto caracterizá-los como grupamentos de oportunidade.

O resgate do Orçamento público. Por Felipe Salto

O Estado de S. Paulo

A apropriação do Orçamento público discricionário pelo Legislativo deveria estar no topo das preocupações nacionais

O Congresso Nacional chegou ao ápice em matéria de distanciamento do sentimento do povo. A agenda de políticas públicas pretendida pelo governo de plantão, independentemente do matiz ou da coloração, parece ficar em último plano na escolha de prioridades legislativas.

Não apenas exime-se de discussões relevantes, a exemplo do ajuste fiscal, como colabora para desorganizar ainda mais as contas públicas. O caso da desoneração da folha entrou para a História. O Executivo precisou acionar o Supremo Tribunal Federal (STF) para que este dissesse o óbvio: responsabilidade fiscal é preceito constitucional.

O roteiro do fracasso. Por Maria Hermínia Tavares

Folha de S. Paulo

Sucesso da resistência a Bolsonaro gera debates sobre combate à extrema direita

Donald Trump conseguirá destruir a democracia norte-americana?

Não se sabe ainda como terminará a guerra de Trump contra a democracia americana. Conseguirá destruí-la ou será derrotado em sua intentona autoritária?

De toda forma, o que já fez bastou para abalar as explicações que os cientistas políticos têm por verdadeiras. Uma delas reza que o sistema democrático seria inabalável em países com renda per capita acima de certo nível. Outro consenso estabelece que o tempo jogaria a favor da estabilidade do regime ao permitir que se enraizassem as instituições políticas que as garantem ou que se disseminassem os valores e atitudes com elas compatíveis. Outro consenso ainda sustenta que modelos democráticos com suficientes regras contramajoritárias facilitariam a oposição a investidas autoritárias, ao bloquear a concentração do poder decisório na Presidência.

Lula animadíssimo com Trump. Por Vinicius Torres Freire

Folha de S. Paulo

Presidente brasileiro diz que conversa sobre tudo e até ao vivo e em público com o americano

Comércio, paz e investimentos não vão comover os EUA, que ainda podem sabotar reunião

Na entrevista em que deu sobre suas reuniões e discursos na ONU, Luiz Inácio Lula da Silva pareceu animadíssimo de conversar com Donald Trump. Quase não deu pista do que possa ser conversado, até porque o presidente está deixando estar para ver como é que fica. No máximo, indicou que quer melhorar a "qualidade" da informação do americano sobre o Brasil, citando especificamente o caso do saldo comercial, assunto que pouco vai interessar ao americano.

A respeito de imposto de importação, "tarifas", Lula disse que é direito do americano de se preocupar com empregos e aumentar impostos de importação sobre esse ou aquele produto, "como eu também faço de vez em quando". Mas que é preciso levar em conta a OMC e o multilateralismo.

Volte, Eduardo. Por Ruy Castro

Folha de S. Paulo

Ele não tem saída: ou fica onde está ou vai preso assim que pousar em Brasília

E nada impede que a Interpol o busque nos EUA ou Trump se farte do nome Bolsonaro

Eduardo Bolsonaro não conseguirá se tornar líder da minoria para escapar à cassação de seu mandato de deputado federal. Eduardo Bolsonaro não escapará à cassação de seu mandato. Sem mandato, Eduardo Bolsonaro não terá seu salário nem as mumunhas ao alcance dos políticos como ele. Sem salários e mumunhas, terá de se valer de seu nada desprezível patrimônio, acumulado durante anos de pseudoatividade parlamentar à sombra da família. Família esta que, à vista fria de seus cúmplices na política, começa a esfarelar-se —eles já a querem pelas costas, por em breve condenada e dura de carregar. E todo patrimônio tem limite.

Na rua, sempre. Por André Borges

Folha de S. Paulo

Reação de cidadãos que guardam um mínimo de bom senso e indignação enterrou a PEC da Bandidagem

Esquema mafioso acabou por reaglutinar um sentimento que andava esfarelado havia um bom tempo

PEC da Bandidagem serviu não só para expor a desfaçatez de um clã de deputados que, neste momento, ocupa as cadeiras da Câmara. Num efeito bumerangue, o esquema mafioso também acabou por reaglutinar um sentimento que andava esfarelado havia um bom tempo: o poder das ruas.

Os protestos que tomaram cidades do país no domingo (21) e que conseguiram antecipar o enterro do plano infame no Senado não deveriam ser vistos como atos insuflados por esquerda ou direita.

Centrão vê 3º fracasso de PEC da Blindagem em 4 anos. Por Ranier Bragon

Folha de S. Paulo

Grupo que controla o Congresso tenta aprovar medida desde fevereiro de 2021

Senadores reduziram a pó os 350 votos da Câmara só após pressão nas redes sociais e nas ruas

Dezoito dias após ser eleito em primeiro turno e recolocar o centrão no comando da Câmara dos DeputadosArthur Lira (PP-AL) fez em 19 de fevereiro de 2021 um discurso emblemático no plenário.

Naquele dia a Casa aprovaria a manutenção da prisão do deputado bolsonarista Daniel Silveira por ordem do STF (Supremo Tribunal Federal). Lira precedeu a votação com o claro recado de que aquela "intervenção extrema sobre as prerrogativas parlamentares" deveria ser um "ponto fora da curva" a não ser repetido.

O que a mídia pensa | Editoriais / Opiniões

Trump traz esperança à Ucrânia

Por O Globo

É incerto até que ponto ele honrará suas declarações, mas a reviravolta, se mantida, será auspiciosa

Em mais uma reviravolta notável e surpreendente, o presidente americano, Donald Trump, afirmou que a Ucrânia poderá reconquistar todo o território perdido para as tropas russas — ou “até mais”. Depois de encontro com o ucraniano Volodymyr Zelensky, em Nova York para a Assembleia Geral da ONU, Trump escreveu numa rede social: “Considero que a Ucrânia, com o apoio da União Europeia, tem condições de lutar e recuperar todo o seu território em sua forma original”. Até então, ele vinha insistindo que Zelensky “não tinha cartas” para vencer e sugeria implicitamente que cedesse território para pôr fim ao conflito iniciado pelos russos em fevereiro de 2022. Como tudo o que vem de Trump, ainda é incerto o teor prático da mudança na posição americana em relação à Ucrânia (ele falou em fornecer armas para a Otan, a aliança militar ocidental, “fazer o que quiser”). Se mantida, porém, será uma mudança auspiciosa. Repetidas vezes, o russo Vladimir Putin demonstrou não ter interesse na paz.

Poesia | Nada é impossível de mudar, de Bertolt Brecht

 

Música | Chico César - Estado de Poesia