terça-feira, 17 de fevereiro de 2015

Líderes da oposição acionarão Cardozo na Comissão de Ética

• Ministro também deverá ser chamado ao Congresso explicar reuniões com advogados de empreiteiras

Isabel Braga e Simone Iglesias – O Globo

BRASÍLIA - A oposição vai acionar a Comissão de Ética Pública da Presidência da República contra o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo. Os partidos querem explicações sobre as reuniões que o ministro teve com advogados de empreiteiras envolvidas na Operação Lava-Jato, algumas delas não registradas em sua agenda. Além da ação junto à comissão, líderes da oposição também se articulam para tentar aprovar uma convocação para que Cardozo vá ao Congresso dar explicações.

- Estamos diante de um visível caso de conflito de interesses. A presidente precisa dizer claramente ao país para quem ela governa: se é para o PT e seu projeto de poder ou para o país - disse o líder do PSDB no Senado, Cássio Cunha Lima (PB).

O líder do DEM na Câmara, Mendonça Filho (PE), propôs uma ação conjunta dos partidos de oposição na defesa da independência na investigação.

- Não cabe ao ministro trocar figurinhas com advogados de empresas investigadas pela Polícia Federal. Isso cria um ambiente para as mais variadas versões. A corrente majoritária do PT já atua há algum tempo para embolar o processo da Lava-Jato e isentar petistas e aliados - criticou Mendonça.

Parlamentares do PT apoiaram as reuniões de Cardozo com defensores das empreiteiras. Para o deputado Afonso Florence (PT-BA), faz parte do trabalho do ministro receber advogados. Quanto ao fato de algumas reuniões não aparecerem na agenda, Florence ponderou que não foi uma decisão política:

- Não há uma tentativa de esconder. Muitas vezes isso nem passa pelo ministro. São circunstâncias técnicas.

O deputado Paulo Teixeira (PT-SP) também deu apoio.

- (Cardozo) É um ministro que conversa com a advocacia, diferentemente do ministro demissionário do STF que não recebia os advogados - disse ele, em referência ao ex-ministro Joaquim Barbosa, que pediu a demissão de Cardozo.

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