Reconhecimento da Palestina é gesto relevante, mas inócuo
Por O Globo
Movimento mundial resulta de isolamento
diplomático de Israel, porém não deverá ter efeito prático
Reino Unido, França, Canadá, Austrália,
Bélgica e Portugal reconheceram nos últimos dias o Estado da Palestina —
posição adotada pelo Brasil desde 2010. Com isso, passa de 150 o total de
países que formalizaram o reconhecimento. No último dia 12, a Assembleia Geral
das Nações Unidas aprovou por ampla maioria de 142 votos a favor e apenas 10
contrários (com 12 abstenções) uma resolução conclamando a comunidade
internacional a dar “passos tangíveis” e “irreversíveis” para a implementação
da solução de dois Estados, Israel e Palestina, convivendo lado a lado em paz,
na região hoje palco de guerra brutal.
O movimento em prol do reconhecimento da Palestina é reflexo do isolamento diplomático inédito de Israel, de consequências ainda imprevisíveis. Resulta da campanha militar sangrenta promovida pelo governo Benjamin Netanyahu na Faixa de Gaza contra o grupo terrorista Hamas depois dos ataques bárbaros de 7 de outubro de 2023. Trata-se de gesto simbólico relevante, cuja intenção imediata é pressionar Netanyahu a recuar nos planos de ocupar Gaza e a aceitar um cessar-fogo no conflito que já matou dezenas de milhares de civis palestinos. Na prática, porém, tem tudo para ser inócuo.