Oferta de Trump abre caminho, mas exige cautela
Por O Globo
Apesar de haver razão para ceticismo, diálogo
dele com Lula pode aliviar crise entre Brasil e Estados Unidos
Foi surpreendente, e ao mesmo tempo
alvissareira, a declaração do presidente americano, Donald Trump, na 80ª
Assembleia Geral da ONU cogitando um encontro com o presidente Luiz Inácio Lula
da Silva na semana que vem. “Na verdade, ele gostou de mim, eu gostei dele.
Tivemos uma química excelente”, disse Trump em seu discurso. Os dois se encontraram
na antessala reservada, logo depois de Lula abrir a Assembleia. A conversa
durou menos de um minuto, mas foi o suficiente para quebrar o gelo. Ainda que
haja motivo para ceticismo quanto aos resultados, a oferta de diálogo deveria
ser prioridade para Lula.
Ela acaba com 55 dias de agravamento nas tensões entre as duas maiores democracias das Américas. No fim de julho, os Estados Unidos anunciaram um tarifaço de 50% sobre produtos brasileiros e sanções contra autoridades, com a intenção de influenciar o julgamento de Jair Bolsonaro por golpe de Estado e as regras impostas às plataformas digitais. Lula não tentou falar com Trump, mas todos os esforços do governo brasileiro para abrir negociações não deram em nada. Nesta semana, os americanos impuseram novas sanções contra brasileiros. A reunião entre os dois pode abrir caminho à solução da crise mais grave já registrada entre Brasil e Estados Unidos.