segunda-feira, 22 de setembro de 2025

O que a mídia pensa | Editoriais / Opiniões

Lula deve adotar tom sereno em discurso na ONU

Por O Globo

Provocações a Trump não resultarão em benefícios. Ele deveria manter a tônica nos valores caros ao Brasil

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva abrirá a 80ª Assembleia Geral da ONU nesta terça-feira em conjuntura sui generis. Os recém-completados oito meses do segundo mandato de Donald Trump transformaram a diplomacia, abalaram o comércio global e levaram as relações entre Brasil e Estados Unidos ao nível mais baixo da História. Na tentativa de influenciar o julgamento de Jair Bolsonaro e seus apoiadores por golpe de Estado, Trump pôs o Brasil no nível mais alto do tarifaço aos exportadores e impôs sanções a autoridades. Seria ainda mais injusto se novas medidas estiverem a caminho. Como a motivação dele é política, o impasse está dado. Tal situação, porém, não exime Lula da necessidade de adotar um tom sereno e responsável. Ele deve evitar declarações inflamatórias ou desafiadoras, apenas para agradar a seu eleitorado e tentar posar de líder global, quando o Brasil não tem musculatura nem pretensão a isso. Provocações não resultarão em benefícios.

Manifestantes vão às ruas em todas as capitais contra a PEC da Blindagem e anistia

Marcelo Toledo / Folha de S. Paulo

Atos também criticaram o ex-presidente Jair Bolsonaro e o presidente da Câmara, Hugo Motta

Artistas impulsionaram manifestações em capitais como Salvador, Belo Horizonte e Maceió

Manifestantes foram às ruas em todas as 27 capitais neste domingo (21) para protestar contra a PEC da Blindagem, em atos que também contaram com críticas à proposta de anistia aos condenados no 8 de Janeiro, ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e ao presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB). A presença de artistas impulsionou manifestações em alguns locais.

Os atos aconteceram logo de manhã em Brasília, Salvador, Maceió, Natal, São Luís, Teresina, João Pessoa, Belo Horizonte, Cuiabá, Campo Grande, Manaus e Belém, e ganharam tração à tarde com as manifestações em São Paulo, Rio de Janeiro, Vitória, Curitiba, Porto Alegre, Florianópolis, Fortaleza, Recife, Aracaju, Macapá e Goiânia. As últimas ocorreram na região Norte, entre o final da tarde e início da noite, em Rio Branco, Porto Velho, Palmas e Boa Vista.

Os protestos foram convocados às pressas no decorrer da semana pelas frentes Povo Sem Medo e Brasil Popular, ligadas ao PSOL e ao PT e que reúnem movimentos como o MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) e o MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto).

A manifestação foi chamada em protesto contra o Congresso Nacional após a votação da PEC da Blindagem e da urgência para o projeto da anistia.

Na capital baiana, o protesto em frente ao Cristo da Barra reuniu milhares de pessoas e foi encorpado com as presenças de artistas como a cantora Daniela Mercury e o ator Wagner Moura, que discursaram enquanto os presentes gritavam frases como "sem anistia", "fora PEC da impunidade" e "fora PEC da bandidagem". A atriz Nanda Costa também esteve no ato.

Disputa política em torno do Orçamento não se resume às emendas parlamentares. Por Lara Mesquita

Folha de S. Paulo

Protagonismo do Legislativo cresce com o achatamento dos recursos de alocação livre e dos investimentos

Ministério do Planejamento prevê que 92,4% das despesas primárias são despesas obrigatórias

No final de agosto, o governo federal apresentou a Proposta de Lei Orçamentária Anual (PLOA) para 2026. A peça prevê arrecadação superior a R$ 6,5 trilhões, dos quais R$ 4,3 trilhões destinados ao orçamento fiscal, que exclui as despesas com seguridade social e investimentos de empresas estatais.

Concentrando-nos nas despesas, a proposta do Ministério do Planejamento prevê que 92,4% das despesas primárias, aquelas que incluem os serviços ofertados à população e os investimentos públicos, são despesas obrigatórias.

Levitsky e a defesa da democracia nos EUA e no Brasil. Por Marcus André Melo

Folha de S. Paulo

A tese que a ausência de experiência com o autoritarismo explica a falha dos controles nos EUA não se sustenta

A pergunta fundamental é por que a defesa da democracia não foi exitosa em outros países com passado autoritário

O abuso de poder sob Trump é contraintuitivo considerando a renda per capita, a longa experiência democrática dos EUA e a independência histórica do Judiciário nos EUA. Levitsky argumentou recentemente que o fracasso da defesa da democracia sob Trump deve-se fundamentalmente ao fato de que os EUA não passaram pela experiência de governos autoritários.

A ausência de autoritarismo no passado explicaria assim a inação —a grande capitulação— no presente. E estendeu sua análise para o Brasil: aqui o passado autoritário tornou a sociedade vigilante.

Atos em todas as capitais do país pressionam Câmara a vetar anistia, e Senado já fala em sepultar blindagem.

Por Lucas Salgado, Cibelle Brito, Samuel LimaSarah TeófiloGeralda Doca / O Globo

Manifestação deste domingo foi a maior organizada por apoiadores do governo Lula desde as eleições de 2022, e ficou no patamar de protestos bolsonaristas recentes

 — Rio, São Paulo e Brasília -  Em atos públicos que reuniram apoiadores do governo Lula, movimentos sociais e parte da população que nas últimas semanas demonstrou descontentamento com decisões do Congresso, mais de 80 mil pessoas foram às ruas no Rio e em São Paulo, ontem, para se manifestar contra a PEC da Blindagem e a proposta de anistia a condenados pela tentativa de golpe. As manifestações, que também foram realizadas em todas as outras 25 capitais, contaram com artistas e tiveram como principais alvos parlamentares do Centrão e aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) que articulam as duas propostas. No Senado, o relator da PEC e o presidente do colegiado que analisará a proposta de blindagem afirmaram que o texto deve ser derrotado já na sessão desta quarta-feira.

Como mostrou O GLOBO neste domingo, a maioria dos senadores já disseram ser contrários à PEC, que busca ampliar as travas para a abertura de processos criminais contra parlamentares e ainda inclui presidentes de partidos no rol dos beneficiados. O volume das manifestações de ontem gerou preocupação entre aliados de Bolsonaro, segundo a colunista Bela Megale, e também aumentou a pressão sobre a Câmara, que aprovou a PEC na semana passada, para barrar o avanço de uma anistia “ampla e irrestrita” que poderia beneficiar o ex-presidente e outros envolvidos nos ataques à democracia.

Mais de 30 cidades têm atos contra a anistia e a PEC da Blindagem

Por O Estado de S. Paulo

Mobilizações promovidas pela esquerda reuniram manifestantes em mais de 30 cidades, incluindo todas as capitais

Artistas, políticos e movimentos sociais de esquerda protestaram em mais de 30 cidades brasileiras, incluindo as capitais, contra a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da Blindagem e a anistia a condenados pela tentativa de golpe em 8 de Janeiro de 2023. Os maiores atos ocorreram em São Paulo e no Rio de Janeiro.

Na capital paulista, manifestantes levaram uma grande bandeira do Brasil, em um contraponto à dos Estados Unidos, que foi exibida por apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) durante ato a favor da anistia, no dia 7 de Setembro. Segundo o Monitor do Debate Público da USP, 42,4 mil pessoas compareceram ontem à Avenida Paulista. No Rio, de acordo com o mesmo instituto, foram 41,8 mil.

Os atos em todo o País foram marcados por críticas ao Congresso, após a aprovação do requerimento de urgência do projeto que anistia os condenados pelos ataques do 8 de Janeiro, e surpreenderam aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) pelo tamanho. Foram as maiores manifestações da esquerda em tempos recentes. Nas ruas, havia cartazes pedindo que Bolsonaro cumprisse a pena de 27 anos e 3 meses, imposta pelo Supremo Tribunal Federal (STF).

Constrangimento nas ruas. Por Diogo Schelp

O Estado de S. Paulo

O PT estaria apto a explorar o ânimo popular, mas fica meio ridículo ao pregar ética na política

O mérito não é dos artistas. O público significativo que compareceu aos protestos realizados neste domingo foi, acima de tudo, resultado de uma onda de indignação legítima e espontânea, formada ao longo da última semana contra as votações no Congresso Nacional, que fizeram avançar o pacote da impunidade – composto pelo PL da Anistia, para livrar Jair Bolsonaro e outros golpistas condenados da cadeia, e pela PEC da Blindagem, para reduzir enormemente as chances de que políticos com foro privilegiado paguem por seus crimes.

O golpe e os historiadores do futuro. Por Denis Lerrer Rosenfield

O Estado de S. Paulo

Não faz nenhum sentido equiparar os partícipes da turba do dia 8 de janeiro com os mentores de um golpe naquele momento já condenado

Ao ler o noticiário do julgamento do Supremo Tribunal Federal (STF) sobre a tentativa de golpe de Estado, fica-se com a impressão de que ele teria sido abortado graças a alguns ministros do Supremo, que defenderam sozinhos a democracia. É como se fossem os únicos atores relevantes. Ademais, quase apagaram a distinção entre os coordenadores dessa tentativa e a turba que depredou a sede dos Três Poderes no dia 8 de janeiro, como se fossem, por sua vez, eventos concatenados, obedecendo a uma mesma orientação, a última etapa de um processo previamente programado. Imaginem o que dirão os historiadores do futuro quando se debruçaram sobre esses fatos e avaliarem suas respectivas narrativas.

Em crise, ONU busca reinvenção. Por Oliver Stuenkel

O Estado de S. Paulo

A ONU enfrenta uma crise sem precedentes, mas ainda não pode ser dada como vencida

Às vésperas da abertura de sua Assembleia-Geral, a ONU enfrenta a crise mais grave desde sua criação. A relação com os EUA nunca esteve tão desgastada. Donald Trump suspendeu a participação americana em várias agências multilaterais, reduziu e atrasou contribuições financeiras. A instituição, para sobreviver, recorre a medidas de austeridade inéditas.

Trump reduziu aportes e bloqueou avanços em áreas que considera “woke” – gênero, clima, desenvolvimento sustentável. Richard Gowan, na revista Foreign Policy, observou que a estratégia não é abandonar a ONU, mas ter uma presença reduzida, contribuindo menos sem abrir mão do poder de veto no Conselho de Segurança.

País está na direção errada. Por Carlos Alberto Sardenberg

O Globo

Provavelmente, a população atribui seu emprego e sua renda não ao governo, mas ao esforço pessoal

A pergunta, feita comumente pelos institutos de pesquisa, parece simples: o país está caminhando na direção certa ou errada? Na primeira impressão, a questão refere-se ao governo central, responsável por levar a nação para este ou aquele lado. Então, sim, há nas respostas uma avaliação do governo federal. A última pesquisa Genial/Quaest, de setembro, trouxe má notícia para o governo Lula. Para 58% dos entrevistados, o país caminha na direção errada — resultado estável em relação à pesquisa do mês anterior. Para 36%, estamos na direção certa.

Isso combina com outra avaliação: 51% dos brasileiros desaprovam o governo Lula, ante 46% que aprovam. Tem lógica: se o governo vai mal, o país não pode ir bem. Mas não é apenas isso. O cidadão mora no seu município, não na Federação, de modo que o ambiente percebido em seu entorno deve influenciar na avaliação geral. Considerando que as pessoas não distinguem bem as atribuições de cada nível de administração, a culpa tende a ser atribuída ao “governo em geral”.

Pensamento maniqueísta é ferramenta de uso cotidiano. Por Miguel de Almeida

O Globo

Adjetivos de rejeição se resumem sempre aos mesmos, independentemente de cidade, até de classe social: ladrão, fascista etc.

A polarização é uma arma para corações fracos. Sem ela, há o imobilismo. Qualquer pesquisa mostraria que a diversidade traz indecisão e confusão, enquanto a escolha posta entre A ou B resulta num conforto de alma. Afinal, a múltipla oferta requer algo além do sim e do não.

Você não pode esquecer: pensar cansa.

Basta dar um pulo no boteco da esquina e fazer uma pesquisa por conta própria. Observe a comida por quilo. Ela ajudou o brasileiro a ganhar peso: na dúvida, serve-se muito do tudo à frente. A antiga fórmula de feijão arroz carne e salada oferecia uma receita vencedora em equilíbrio energético. Havia a sabedoria do prato feito. Escolhiam pelo glutão, que não precisava pensar.

Com as redes sociais e a chegada ao palco de uma turba desacostumada ao debate público, o pensamento maniqueísta transformou-se na ferramenta de uso cotidiano.

— Suco de laranja ou limão?

— Laranja!

— Limão, laranja ou caju com morango?

— Humm, como é que é?

Políticos blindados contra o povo. Por Bruno Carazza

Valor Econômico

Sistema político brasileiro dá cada vez mais liberdades para políticos aprovarem o que bem entenderem em benefício próprio

A pressão popular, com milhões de pessoas nas ruas nesse domingo em todo o país, será suficiente para fazer com que deputados e senadores desistam de aprovar o pacote de benesses que os deixarão a salvo de qualquer responsabilização por crimes praticados durante seus mandatos (e mesmo fora deles)?

Essa pergunta certamente vai nortear os debates durante esta semana, mas há uma questão que a precede em importância: por que nossos parlamentares se tornaram tão desconectados da sociedade, a ponto de perderem o pudor de propor e aprovar algo que é claramente impopular, por colocarem seus interesses pessoais acima dos desejos da maioria da população?

Anti-bolsonarismo recupera as ruas em atos contra anistia e PEC da Blindagem

Por Maria Cristina FernandesMarcelo OsakabePaula Martini, Giullia Colombo e Tiago Angelo / Valor Econômico

Artistas como Chico, Caetano e Gil, movimentos populares e partidos progressistas lideram atos em ao menos 23 capitais, em crítica a decisões do Congresso que dificultam a punição de políticos

São Paulo, Rio e Brasília - Milhares de pessoas foram às ruas neste domingo (21), em ao menos 23 capitais do país, contra a chamada PEC da Blindagem e também contra a anistia a golpistas do 8 de janeiro. As manifestações, convocadas por políticos, movimentos populares, artistas e influenciadores, foram marcadas também por críticas ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e ao presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB).

No Rio, o ato teve a participação de cantores como Chico Buarque, Caetano Veloso, Gilberto Gil, Paulinho da Viola e Djavan, que reforçaram o coro de “sem anistia” na praia de Copacabana, mesmo local de manifestações bolsonaristas. A manifestação teve a presença de 41,8 mil pessoas, segundo o Monitor do Debate Político, da USP em parceria com a ONG More in Common. É um público semelhante, dentro da margem de erro do levantamento, aos 42,7 mil bolsonaristas que participaram o 7 de setembro no mesmo local.

Adiamento, de Fernando Pessoa

 

Música | Lysia Condé - Não volto não (Tico da Costa)

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