Lula deve adotar tom sereno em discurso na ONU
Por O Globo
Provocações a Trump não resultarão em
benefícios. Ele deveria manter a tônica nos valores caros ao Brasil
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva abrirá a 80ª Assembleia Geral da ONU nesta terça-feira em conjuntura sui generis. Os recém-completados oito meses do segundo mandato de Donald Trump transformaram a diplomacia, abalaram o comércio global e levaram as relações entre Brasil e Estados Unidos ao nível mais baixo da História. Na tentativa de influenciar o julgamento de Jair Bolsonaro e seus apoiadores por golpe de Estado, Trump pôs o Brasil no nível mais alto do tarifaço aos exportadores e impôs sanções a autoridades. Seria ainda mais injusto se novas medidas estiverem a caminho. Como a motivação dele é política, o impasse está dado. Tal situação, porém, não exime Lula da necessidade de adotar um tom sereno e responsável. Ele deve evitar declarações inflamatórias ou desafiadoras, apenas para agradar a seu eleitorado e tentar posar de líder global, quando o Brasil não tem musculatura nem pretensão a isso. Provocações não resultarão em benefícios.