Assistimos, nesta última semana, a várias manifestações mais claras das intenções político-éleitorais dos possíveis candidatos ás eleições presidenciais de 2014.
Aos poucos, a ambiguidade típica desses primeiros momentos que precedem a disputa política vai se dissipando e os contornos das ambições e projetos pessoais/partidários vão ganhando uma fisionomia mais nítida. Quem são os postulantes, os pré-candidatos? Quais são os seus palanques e alianças?
De um lado, a coligação partidária que está no poder: PT, PMDB, PDT, PC do B, PTB, PR e outros pequenos partidos. A presidenta Dilma e seu partido estão se convencendo de que é preciso se antecipar a uma eventual decisão do PSB e seu presidente de romperem a aliança e organizarem um palanque próprio. Não estão mais disposto a pagar para ver (ou esperar) para onde vai o PSB. Daí uma confirmação e extensão da sua aliança com o PMDB, traduzida em mais ministérios e mais espaço para este partido dentro do governo.
Aliás, é da presidenta a alegação da absoluta necessidade de um ampla coligação partidária (leia-se PMDB) para a garantia da governabilidade do país, assaltada por questões federativas e tributárias. Por outro lado, o governador de Pernambuco - surfando na onda de um forte ufanismo midiático - deixou claro que não aceita essa coligação majoritária e passou a fazer fortes críticas ao governo federal.
Acham os analistas que o governador de Pernambuco ainda não se definiu, apesar das declarações do seu companheiro de partido, Ciro Gomes, de que a anúncio desta candidatura deveria ser feito logo, e não depois de comer a última fatia do bolo da administração federal. Na verdade, só o próprio postulante ao cargo é senhor da hora, do momento e da circunstancia adequada em que será feito esse anuncio, se é que ele o fará.
De todo jeito, o cálculo razoável seria Campos esperar as eleições de 2018 para se lançar candidato à sucessão de Dilma e contar com todo o apoio do Palácio do Planalto e seus aliados. Até lá, manter-se-ia na base do governo, gozando das "benesses" e do prestígio do governo federal. Uma mudança de posição agora levaria a uma ruptura com a presdienta Dilma, seguida das conhecidas retaliações aos adversários do governo federal.
Pior, poderia despertar muitas desconfianças e suspeitas no eleitorado nordestino que tem votado sistematicamente no PT. Os altos índices de aprovação de Dilma parecem não ter se contaminado com os problemas conjunturais da estiagem no NE e os deslizamentos nos morros do Rio de Janeiro.
Esses índices são fruto dos inúmeros programas de transferência de renda, que se concentram nas regiões mais pobres do Brasil. Além do que, já em campanha eleitoral, a presidente Dilma pode f azer desses problemas um factóide político. Afinal, ela tem a chave do cofre e pode fazer o que quiser.
É possível fazer muitas críticas à política macroeconomica do PT - chamada de "neo-desenvolvimentismo" - e nós já fizemos algumas por aqui. O que é certo é que Eduardo Campos é o menos indicado para fazê-lo, neste momento. Soa falso e eleitoreira a sua crítica. Ele teria mais a perder com ela do que a ganhar.
Michel Zaidan Filho, cientista político e professor da Universidade Federal de Pernambuco.
Nenhum comentário:
Postar um comentário