sábado, 23 de março de 2013

A corrida de Eduardo Campos

O governador teve encontro com o tucano na semana passada. E almoça hoje com o ex-desafeto Jarbas Vasconcelos

Júlia Schiaffarino

RECIFE — As críticas do passado ficaram no passado. Ontem, sobraram elogios ao ex-governador de São Paulo José Serra (PSDB). Eles vieram do governador de Pernambuco e virtual candidato à Presidência da República, Eduardo Campos (PSB), que afirmou ter mais em comum com o tucano do que com muitos dos atuais aliados. “Esse campo político em que Serra sempre militou é mais próximo do nosso do que muita gente que está conosco hoje e que esteve conosco na base de sustentação do (ex) presidente Lula”, disse.

Em meio aos pontos convergentes, estariam “maior distribuição de renda e crescimento mais arrojado da política de inovação que agregue valor às exportações”. As declarações são dadas um dia após Serra afirmar que Campos seria um bom quadro para disputar a Presidência e na véspera de o socialista ir ao tradicional cozido oferecido, em ocasiões especiais, pelo senador Jarbas Vasconcelos (PMDB).

Esse almoço de sábado é conhecido pela lista restrita de convidados escolhidos pelo senador. Será a primeira vez que o governador participa dele, conforme o adiantado em primeira mão pela coluna de João Alberto, no Diario de Pernambuco. Os dois estavam rompidos há mais de 20 anos.

Tal como Serra, o senador é um forte oposicionista ao governo do PT. Em 2010, foi Jarbas quem fez a campanha do tucano, em Pernambuco, para a Presidência. Agora, o senador tem trabalhado nos bastidores de maneira a garantir o apoio de José Serra a um possível projeto nacional socialista.

Essa aliança faz-se importante na medida em que contribui com a formação de um palanque para o pernambucano em São Paulo, principal colégio eleitoral do país. Na semana passada, Eduardo Campos e José Serra conversaram pessoalmente.

O encontro ocorreu sem alarde. Tanto é que o senador tucano e também presidenciável, Aécio Neves, só teria sabido do fato depois. Questionado se essa aproximação não poderia prejudicar o relacionamento com Aécio, que briga pela presidência do partido com o ex-governador de São Paulo, o socialista desconversou: “Sempre tive boa relação com Serra. O próprio presidente Lula sabe disso. Sempre tivemos uma porta de conversa aberta.”

Em rota de aproximação com Serra, Eduardo disse que a experiência política do paulista poderia trazer contribuições para economia brasileira se manter estável diante de um cenário de crise. “A despeito do que possa ter nos separado em alguns momentos da vida brasileira, é importante dialogar em momentos como esse e refletir como o Brasil pode sair fortalecido desta crise global”, completou. Sobre o PT, ele negou que as declarações feitas, bem como a opinião do tucano sobre uma candidatura dele mudariam algo na aliança que o PSB mantém com o PT.

Fonte: Correio Braziliense

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