Com críticas duras à administração Dilma Rousseff - política e economicamente falando -, o governador de Pernambuco já começou a passar em revista as possíveis tropas.
Estado por Estado, bancada por bancada, Eduardo Campos tem conversado com dissidentes dos partidos (de governo e oposição) onde há potencial de alianças em 2014. Não se apresenta claramente como candidato a presidente - deixa uma porta aberta para recuar, se necessário -, mas diz o suficiente para o interlocutor compreender do que se trata, enxergá-lo como um atrativo e discorrer livremente sobre os respectivos cenários regionais.
Na semana passada, o governador fez alguns desses encontros cujos efeitos em breve deverão começar a aparecer: deputados federais de variados partidos vão a Pernambuco para visitar Eduardo Campos. Sob qualquer pretexto.
Podem alegar curiosidade a respeito de obras como podem também dizer que querem ver de perto os efeitos da seca, bem como a razão pode ser a medida provisória que retira os portos das administrações estaduais. Tanto faz, já que a ideia é transmitir sinais exteriores de abundância.
No meio político isso se chama "adensar o entorno". É justamente o que tem tentado fazer o governador. O discurso está redondo, na opinião de quem ouviu. Bate na maneira de a presidente administrar e na forma de se relacionar com aliados.
Poupa o ex-presidente Lula, a quem se diz grato, mas deixa patente que eleitoralmente não deve nada a Dilma. Ao contrário, desenvolve o raciocínio de que em 2002 e 2006 os aliados surfaram, por assim dizer, na onda de Lula, mas em 2010 deram o sangue para eleger a sucessora.
Nesse ponto entra o assunto da entrega ou não desde logo dos cargos federais do PSB. Eduardo Campos alega que não pode criar problemas para o partido, notadamente aos prefeitos e governadores.
Vai estender a corda e, se quiser adotar uma análise que ouviu de um dos candidatos a combatente em sua tropa, tem argumento pronto: os cargos atuais representam um acordo da eleição de 2010, mas não significam a promessa de compromisso futuro, muito menos eterno.
Resumo: Eduardo Campos está buscando base política para avaliar a conveniência de se lançar e, se assim decidir, o fará na condição de candidato do contraponto, nunca do confronto.
Querer e poder. Duas evidências emergiram da derrubada dos vetos presidenciais à lei de distribuição dos royalties do petróleo. Uma: o governo federal não exerce poder moderador sobre sua maioria no Congresso e não enfrenta questões polêmicas. É bravio em céu de brigadeiro.
Outra: quando quer, o Legislativo não se submete ao Executivo. O problema é que essa disposição só dá sinal de vida quando está em jogo o interesse dos parlamentares de jogar para a plateia de seus Estados.
Sem lei. A canoa das ilegalidades do MST virou (não é de hoje), porque deixaram ela virar. O governo federal revogou, na prática, legislação que impunha restrições e punições a invasores e os governos estaduais, responsáveis diretos pela segurança do público, em sua maioria fazem vista grossa.
Um grupo de 500 sem-terra vem de invadir a fazenda da senadora Kátia Abreu, assumindo tratar-se de um "ato de sabotagem" contra o agronegócio e a favor da reforma agrária.
Os funcionários da fazenda recolheram-se em seus alojamentos e ali ficaram até que os invasores armados com foice resolvessem terminar o "protesto" que nada lhes custou.
Entram, destroem o que bem entendem e saem sem serem importunados porque as autoridades não enxergam nessas e em tantas outras violências afronta alguma ao Estado de Direito.
Fonte: O Estado de S. Paulo
Nenhum comentário:
Postar um comentário