Por Cristian Klein | Valor Econômico
RIO - Em busca de aliados e de um candidato a vice em sua chapa à Presidência da República, a ex-senadora Marina Silva (Rede Sustentabilidade) tem conversado com quatro legendas neste período de negociações finais que antecedem as convenções partidárias. Porta-voz da sigla - junto com Laís Garcia - cargo equivalente ao de presidente - Pedro Ivo Batista afirma que PV, PHS e Pros estão no radar de Marina, que aparece em empate técnico com Jair Bolsonaro (PSL-RJ) na liderança das pesquisas nos cenários sem o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Batista diz que as conversas incluem ainda o Podemos, "mesmo tendo candidato" a presidente - o senador pelo Paraná Alvaro Dias.
As negociações mais avançadas são com o Pros e o PHS, com os quais já houve três e duas conversas respectivamente. Nesta quinta-feira, será agendado um encontro com o presidente nacional do PV, José Luiz Penna, embora tratativas prévias tenham sido travadas com outros dirigentes do partido, afirma Batista. De acordo com o porta-voz do Rede, o Pros levantou o nome de Maurício Rands, ex-deputado federal do PT e do PSB por Pernambuco, e o PHS acaba de indicar o ex-procurador-geral de Justiça de Minas Gerais, o advogado criminalista Castellar Modesto Guimarães Filho.
Os dois nomes se juntam às opções internas do próprio Rede: o presidente do Flamengo Eduardo Bandeira de Mello e o economista Ricardo Paes de Barros, criador do programa Bolsa Família durante o governo Lula. Marina tem citado ainda o deputado federal Miro Teixeira (RJ), decano da Câmara, mas o objetivo do parlamentar é concorrer ao Senado, como apurou o Valor. "É uma gentileza, pois ela nunca me convidou", diz Miro Teixeira, que já acertou coligação na chapa majoritária do senador Romário (Podemos), pré-candidato ao governo do Rio.
Para Pedro Ivo Batista, o vice de Marina Silva pode ser do próprio partido, mesmo se fechada aliança com alguma das legendas em questão. O dirigente nega dificuldade de coligação com o PV, de onde Marina saiu, rompida com o presidente, depois de concorrer pela primeira vez à Presidência em 2010. "Isso já faz oito anos. Não creio que seja o problema. Está superado. Já estivemos juntos nas eleições municipais e estamos agora em alguns Estados", diz.
Ao mesmo tempo, Batista afirma que a escolha do vice não deve ser só do Rede Sustentabilidade, e por isso Marina espera a chegada de aliados para tomar a decisão. Sobre o perfil dos nomes mais cotados internamente, o porta-voz afirma que Bandeira de Mello se qualifica ao posto muito mais "pela capacidade técnica, de gestão do que pelo futebol", por presidir um clube popular. "Ele é um grande gestor, o conhecemos quando era do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), na criação do Fundo Amazônia. Saneou o Flamengo do ponto de vista administrativo. Isso é o mais importante. Não estamos pensando pelo lado do futebol, que mexe com elementos de paixão, e algo que é muito diversificado no Brasil", diz.
Quanto a Ricardo Paes de Barros, o dirigente do Rede nega que o economista tenha pouco a acrescentar eleitoralmente à chapa. "É uma figura pública de alta capacidade, já foi secretário do governo federal, muito respeitado", diz. Na mesma linha, Miro Teixeira indaga: "O criador do Bolsa Família não agrega votos?"
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