Por Fabio Murakawa, Vandson Lima e Fábio Graner | Valor Econòmico
BRASÍLIA E JOANESBURGO - Pré-candidato do PSDB à Presidência, Geraldo Alckmin passou o dia ontem em Brasília em contatos com políticos do PSDB e partidos integrantes do bloco denominado Centrão, para definir a composição de sua chapa com um candidato a vice-presidente indicado pela aliança.
O ex-ministro Marcos Pereira, presidente do PRB, assim como o presidente do PP, senador Ciro Nogueira, disseram, ao sair de encontro com Alckmin, ainda ter esperanças de que o empresário Josué Alencar (PR), nome que unifica o bloco, aceite ser vice na chapa. Pereira afirmou ter conversado longamente com o empresário. Segundo Pereira, Josué é o único consenso dentro do bloco. Ele disse não ter objeção ao ex-deputado Aldo Rebelo, que trocou o PCdoB pelo SD. Mas não apoia a indicação de outro cotado, o ex-ministro Mendonça Filho (DEM).
"Só acho que o vice não pode ser do DEM, porque seria muita coisa", afirmou, referindo-se ao fato de que muito provavelmente a presidência da Câmara continuará com Rodrigo Maia (DEM-RJ), caso Alckmin seja eleito com o apoio do Centrão. O dirigente do PP foi enfático ao defender o empresário mineiro. "Para mim, é Josué", insistiu Nogueira, depois da conversa com o tucano.
Segundo um dos dirigentes do Centrão, Josué já deu sinais concretos de apoio a Alckmin, como o artigo publicado ontem no jornal "Folha de S. Paulo". O empresário estaria se inclinando a aceitar o desafio, mas, segundo essa avaliação, enfrentaria resistência da família.
As negociações de ontem culminaram com um jantar na casa do presidente do PP, Ciro Nogueira, sem que tivessem anunciado conclusões até o fechamento desta edição. Na reunião da noite estavam sendo esperados dirigentes do PP, PRB, DEM, PR e SD. Hoje, às 10 hs, no Hotel Windsor, os presidentes dos cinco partidos que integram o bloco darão uma entrevista para oficializar o apoio à candidatura presidencial do tucano.
O ministro das relações exteriores, Aloysio Nunes (PSDB), em viagem à África para a reunião dos BRICs, disse ao Valor que o apoio do Centrão à candidatura de Alckmin é um fato importante. "Pela questão do tempo de televisão, que é importante sobretudo em uma campanha curta como essa e sem os meios financeiros que havia nas eleições anteriores", disse.
"Além disso, tem a capilaridade desses partidos, sua representatividade nacional", acrescentou após participar de painel na reunião de Joanesburgo.
O ministro, um dos principais caciques do PSDB, destacou que no Brasil não se governa se não houver ampla composição política. "Isso aconteceu no governo Fernando Henrique, no governo Lula e está acontecendo atualmente", afirmou. "Quem quiser assumir a presidência e governar vai ter que formar maioria no Congresso. Não há outra maneira de governar no Brasil. Quem tentou, quebrou a cara".
Sobre o envolvimento dos partidos do Centrão em episódios de corrupção, Nunes afirmou que as práticas precisam ser superadas e os responsáveis punidos. "Escândalos de corrupção ocorreram em vários partidos, inclusive no nosso, e é preciso fazer com que essas práticas sejam superadas e os responsáveis sejam punidos e a gente possa tocar a vida", disse.
Para Nunes Ferreira, a Lava-Jato, mesmo com alguns exageros, tem saldo positivo de purgar o sistema dos vícios que distorcem a democracia. "Esse problema [da corrupção] não é propriedade monopolista de nenhum partido, isso se disseminou pelo organismo político brasileiro".
Aloysio disse que o governo não interferiu para que o Centrão fechasse com o PSDB.
Alckmin também recebeu uma comitiva de políticos brasilienses, para conversas sobre a disputa ao governo do Distrito Federal: o tucano Izalci Lucas, o senador Cristovam Buarque (PPS) e o deputado Rogério Rosso (PSD). Até o ex-governador José Roberto Arruda, hoje no PR - preso no exercício do mandato, em 2010, e no ano passado - apareceu na sede tucana, mas, segundo o articulador político Marconi Perillo, não se encontrou com o presidenciável. (Colaborou Marcelo Ribeiro)
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