quinta-feira, 26 de julho de 2018

Marina avisa que não participará da campanha de Romário no Rio

Aliança com Miro Teixeira foi criticada pela presidenciável da Rede

Jeferson Ribeiro e Dimitruis Dantas | O Globo

-RIO E SÃO PAULO- A pré-candidata da Rede à Presidência, Marina Silva, criticou a aliança fechada entre o seu partido e o Podemos, do senador Romário, para o governo do Rio e disse que não participará de nenhum ato político da campanha no estado com a presença do ex-jogador. Ela avisou que divergia da articulação coordenada pelo deputado Miro Teixeira, um dos seus aliados mais próximos, e que deverá concorrer ao Senado na chapa do ex-atacante. Miro afirmou que os diretórios regionais tinham autorização para negociar coligações e não viu problemas na união com Romário, que é alvo de indícios de lavagem de dinheiro e ocultação de patrimônio, como revelou o GLOBO no mês passado.

— Eu manifestei minha divergência em relação a essa aliança, mas a decisão foi do diretório do Rio. Obviamente que não estaremos no palanque, tanto em função da divergência quanto pela candidatura do Podemos — afirmou Marina ontem, em São Paulo.

Marina deve concorrer à Presidência sem alianças com outros partidos e argumenta que uma das dificuldades para se aliar é justamente o filtro ético aplicado pela legenda. A tendência é que a ex-senadora forme uma chapa puro-sangue. Miro estava inclusive entre os três correligionários cotados para assumir a vaga de vice. Os outros dois são o presidente do Flamengo, Eduardo Bandeira de Mello, e o economista Ricardo Paes de Barros, um dos idealizadores do programa Bolsa Família.

— A Marina preferia minha candidatura (a governador), mas ela foi inviabilizada pela falta de alianças. E o partido deixou as composições locais a critério das direções estaduais — disse Miro Teixeira.

MUITO DINHEIRO DO FUTEBOL
Apesar da divergência de Marina, Miro não viu problemas em formalizar a aliança e nem acredita que a imagem da Rede ficaria arranhada ao ter Romário ao seu lado na campanha para o governo do Rio.

— Há uns três meses já havia lido essas notícias e não vi iniciativa do Ministério Público contra o Romário. Também nunca o vi metido em desvios do dinheiro público. Pelo que leio ganhou muito dinheiro como jogador de futebol. Arranhada fica a imagem dos autores de crimes — argumentou o deputado da Rede.

Romário terá que enfrentar na campanha as acusações sobre ocultação de patrimônio. Um relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), revelado pelo GLOBO, apontou indícios de irregularidades em movimentações do senador. Segundo o documento, Romário teria usado o nome da irmã para ocultar seus recursos. Além disso, o Podemos deve ter como candidato à Presidência o senador Alvaro Dias (PR), o que dificulta ainda mais uma aliança nacional entre os dois partidos.

Inicialmente, o plano de Miro era concorrer à reeleição para a Câmara dos Deputados porque a Rede precisa de candidatos fortes nos estados e, assim, vencer a cláusula de barreira. A regra diz que apenas partidos que elegerem ao menos nove deputados em nove unidades da federação poderão ter acesso a fundo partidário e tempo de televisão em campanhas a partir de 2019.

Mas, na avaliação da executiva estadual, a Rede também precisa de representantes no Senado. A disputa para a Câmara ainda pode privilegiar Bandeira de Mello, que se filiou recentemente à Rede e teria grandes chances de ser eleito.

— Eu disse ao Bandeira que ele tem grandes chances de ter até 300 mil votos nessa disputa para a Câmara — afirmou Miro.

Bandeira de Mello tem uma ligação pessoal forte com Marina e, por isso, é cotado para ser vice. Ele já disse diversas vezes que fará o que a presidenciável lhe pedir.

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