Por Fabio Murakawa | Valor Econômico
BRASÍLIA - O governador do Espírito Santo, Paulo Hartung (MDB) anunciou ontem que não disputará reeleição, um dia depois de ter sinalizado aliados que repensaria sua decisão de não concorrer. Com isso, boa parte da base governista deve migrar para dois de seus grandes rivais no Estado: a senadora Rose de Freitas (Podemos) e o ex-governador Renato Casagrande (PSB).
Na terça-feira, líderes de 13 partidos base de Hartung pediram que ele reconsiderasse a decisão de não concorrer. Com sua desistência, os partidos aliados vinham tendo grandes dificuldades para encontrar um nome de consenso.
Hartung ouviu os apelos e ficou de dar uma resposta, congelando os acertos que vinham sendo feitos por Rose e Casagrande com os partidos locais.
Hartung aguardava, entre outras coisas, uma decisão do PSDB. Seu vice, César Colnago, presidente estadual da legenda, defendia a manutenção da aliança. Entretanto, o senador Ricardo Ferraço (PSDB-ES) já havia costurado um acordo com Casagrande.
O mal-estar no PSDB chegou a tal ponto, que Ferraço e Hartung marcaram uma reunião com o presidenciável tucano Geraldo Alckmin, em Brasília, para resolver o impasse. A reunião, de fato, ocorreu. Porém, antes que a dupla desembarcasse na capital federal, Hartung já havia anunciado que, de fato, não disputaria a reeleição.
"O governador me telefonou hoje cedo e disse que não vai concorrer", disse Colnago ao Valor à saída do encontro com Alckmin.
Ferraço, por sua vez, afirmou que a chapa com Casagrande será mantida. "O Hartung nunca disse que iria concorrer. Se falou, foi por terceiros", disse o senador. "Nossa chapa, no Estado, será com Casagrande."
Além do PSDB, o socialista terá os apoios do PDT e do DEM, comandado no Estado por Theodorico Ferraço, pai do senador.
Na segunda-feira, em entrevista ao Valor , Casagrande afirmou que pretende manter o apoio a Ciro Gomes no âmbito nacional. Ferraço e Theodorico apoiam a candidatura de Geraldo Alckmin.
Outro que pode entrar nessa composição é o senador Magno Malta (PR), que negocia diretamente com Casagrande.
Rose de Freitas, por sua vez, deve ter o apoio da maior parte dos partidos da base de Hartung.
Presidente estadual do MDB, o deputado federal Lelo Coimbra já vinha conversando com a senadora e estava quase fechado com ela quando Hartung ensaiou o recuo, anteontem.
Outro envolvido nas conversas é José Carlos Fonseca Júnior (PSD), ex-secretário da Casa Civil de Hartung e é um de seus principais articuladores. "Está muito próximo de esse movimento todo fechar com a Rose", diz ele. "Hoje mesmo começamos a conversar com vários partidos desse movimento para tomar uma decisão."
Questionado sobre se o grupo pretende indicar um vice para Rose, Fonseca Júnior disse que isso é provável, mas um nome deve surgir apenas perto do fim da janela para as convenções partidárias, no dia 5 de agosto.
Uma pesquisa do instituto Futura colocou na semana passada Casagrande com 58,4% das intenções de voto, seguido por Rose, com 12,8%. A pesquisa foi registrada no Tribunal Regional Eleitoral (TRE-ES) sob o número ES-09041/2018. O Futura entrevistou 800 pessoas, em 20 municípios do Espírito Santo, entre 10 e 13 de julho. A confiabilidade é de 95% e a margem de erro é de 3,5 pontos percentuais para mais ou para menos.
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