Emergentes e economias avançadas devem crescer este ano de forma mais consistente, prevê o Banco Mundial, mas populismo em alta gera instabilidade
Relatório do Banco Mundial (Bird), divulgado em janeiro, mostra sinais mais consistentes de recuperação da economia mundial, indicando que o mundo se afasta dos efeitos negativos da crise de 2008, que levou o mundo à chamada Grande Recessão. Segundo a instituição, o crescimento global deverá avançar 2,7%, após uma expansão de 2,3% em 2016, a pior performance desde o início da crise. Este avanço será puxado sobretudo pela recuperação dos preços das commodities exportadas por países emergentes, inclusive a cotação do petróleo, além da continuidade da recuperação nas economias avançadas, como a dos EUA.
O relatório do Banco Mundial calcula que os países desenvolvidos devem crescer num ritmo de 1,8% este ano, frente a 1,6% em 2016. A economia americana, prevê o Bird, deve ter uma expansão de 2,2% em 2017, contra uma taxa estimada de 1,6% no ano passado. Esses números não consideram os efeitos das promessas eleitorais de Donald Trump, de corte de impostos, mais gastos em infraestrutura e desregulamentação do mercado financeiro. A zona do euro e o Japão avançarão respectivamente 1,5% e 0,9%, um ritmo mais fraco, porém ainda de expansão.
O previsto aumento de juros pelo Federal Reserve (Fed, o banco central americano), após anos de taxas historicamente muito baixas, deverá afetar o ritmo de recuperação. O Bird alerta sobre impactos deste aumento, especialmente sobre o endividamento corporativo em economias emergentes. “O que acontece nos EUA não fica nos EUA”, lembrou Kose. Um crescimento mais acelerado nos EUA, por outro lado, provavelmente levará a um aumento das cotações das commodities, estimulando países emergentes, que devem crescer 2,3% em conjunto, após dois anos de estagnação. O Bird prevê inclusive o fim das recessões em Brasil e Rússia.
“Após anos de crescimento global desapontador, nos sentimos encorajados por ver prospectos econômicos mais robustos no horizonte”, afirmou Jim Yong Kim, presidente do Bird. Ayhan Kose, autor do estudo do Bird, intitulado Prospectos Econômicos Globais, disse, por sua vez, que “a boa notícia é que se trata de uma recuperação que surge após o fundo do poço, se se pensar 2016 como o fundo do poço”.
De fato, esta é a boa notícia. O Bird, porém, alerta que há “riscos significativos”, sobretudo de natureza política. Ou seja, a vitória de Trump nas eleições americanas, levando para a Casa Branca um governo nitidamente nacional-populista, e o avanço de líderes extremistas antiglobalização à esquerda e à direita na Europa representam graves ameaças para o comércio mundial, o equilíbrio fiscal, e a continuidade de uma ordem econômica integrada globalmente, responsável pela estabilidade mundial.
Nenhum comentário:
Postar um comentário