Correio Braziliense
Belém precisa enfrentar o
autoengano dos chefes de Estado e líderes de grandes corporações; discursos
inflamados e compromissos frágeis são a contradição da conferência
“Se os xamãs desaparecerem, o céu cairá. Os
brancos terão matado todos eles com sua fumaça de epidemia e seus metais.
Então, ele desabará porque não haverá mais ninguém para sustentá-lo. Tudo
virará noite outra vez, e os espíritos das florestas e das águas se vingarão de
nossa loucura”. Há um elo profundo entre esse alerta dos xamãs Yanomami — que
sustentam o céu com seus cantos e rituais — e a cena devastadora do tornado que
atingiu o Paraná na véspera da abertura da COP30, em Belém.
Na cosmovisão Yanomami, descrita acima por Davi Kopenawa em A Queda do Céu, o desmatamento e o garimpo ilegal não são apenas agressões materiais, mas forças que corroem o equilíbrio espiritual do mundo. Quando o homem destrói a floresta, o céu começa a desabar. Por isso mesmo, na abertura da COP30, houve tensão simbólica e política. Ao afirmar que “é momento de impor uma nova derrota aos negacionistas”, na abertura da conferência do clima, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva resgata o fio civilizatório da luta global contra a destruição ambiental e a desinformação.




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