quinta-feira, 6 de novembro de 2025

O que a mídia pensa | Editoriais / Opiniões

Vitória nos EUA expõe dilemas dos democratas

Por O Globo

Seria uma lástima se, para derrotar o populismo de direita, os americanos abraçassem o populismo de esquerda

A vitória democrata nas eleições de terça-feira nos Estados Unidos foi inquestionável. Duas governadoras foram eleitas — a ex-piloto de helicóptero da Marinha Mikie Sherrill, em Nova Jersey, e a ex-agente da CIA Abigail Spanberger, que será a primeira mulher a governar a Virgínia. A maior cidade do país, Nova York, elegeu o primeiro prefeito muçulmano e o mais jovem em sua História, Zohran Mamdani, representante da ala radical dos autointitulados “socialistas democráticos”. E, na Califórnia, o governador Gavin Newsom conseguiu aprovar seu plano de redivisão distrital cujo objetivo é render mais cinco cadeiras ao Partido Democrata na Câmara.

A motivação é outra, por Merval Pereira

O Globo

Direita quer conseguir a adesão dos Estados Unidos para o combate ao que chamam de “narcoterrorismo”.

A insistência da direita em classificar de “terrorismo” as ações do crime organizado no país tem seu lado eleitoreiro, mas inclui também uma visão estratégica que parece inteligente até que seja revelada estúpida. Trata-se de conseguir a adesão dos Estados Unidos para o combate ao que chamam de “narcoterrorismo”. É o mesmo que pretendiam com os militares, em nível interno, com a decretação da Garantia da Lei e da Ordem (GLO) depois da baderna golpista de janeiro de 2023 na Praça dos Três Poderes, em Brasília. Ou com a atuação de Eduardo Bolsonaro nos Estados Unidos, que culminou com o tarifaço contra a economia brasileira, em busca da proteção a Bolsonaro por Trump, como queriam.

Caô contra o crime organizado, por Malu Gaspar

O Globo

Na gíria das ruas cariocas já incorporada Brasil afora, caô significa mentira, papo furado, enrolação. Foi o que mais se viu durante a crise que sobreveio à operação da polícia do Rio de Janeiro nos complexos do Alemão e da Penha.

Talvez pouca gente lembre que há dois anos, em outubro de 2023, o Rio foi aterrorizado por criminosos que queimaram 35 ônibus e um vagão de trem durante a operação que visava a prender o miliciano Zinho.

Na ocasião, Cláudio Castro (PL) se vangloriou de ter feito um “duro ataque” às milícias e disse que seu governo não descansaria enquanto não prendesse Zinho e dois outros bandidos perigosos, o também miliciano Tandera e o traficante Abelha. Zinho se entregou dois meses depois — à Polícia Federal (PF). Nunca mais se soube dos outros.

Coragem x revisionismo no STM, por Julia Duailibi

O Globo

Áudios das sessões do tribunal funcionam como excelente vacina contra o negacionismo histórico

No final de outubro, numa sessão do Superior Tribunal Militar (STM), o ministro Carlos Augusto Amaral Oliveira, tenente-brigadeiro do ar, achou por bem passar uma descompostura pública na presidente da Corte, Maria Elizabeth Rocha, sem a presença dela e na frente dos seus pares, a maioria homens. Amaral estava incomodado com um discurso feito pela ministra dias antes, em que ela se desculpou por “equívocos judiciários cometidos pela Justiça Militar Federal em detrimento da democracia e favoráveis ao regime autoritário”. Amaral sugeriu à ministra, doutora em Direito Constitucional e a primeira mulher a integrar e presidir a Corte mais antiga do país, de 1808, “estudar um pouco mais a história do tribunal”.

No dia 25 de outubro, a presidente do STM havia feito um discurso, em São Paulo, num evento inter-religioso em memória aos 50 anos do assassinato de Vladimir Herzog. “Na qualidade de presidente da Justiça Militar da União”, pediu perdão “a todos os que tombaram e sofreram lutando pela liberdade”. Foi uma manifestação curta e corajosa, feita por uma representante do Estado brasileiro e em consonância com o Estado brasileiro, que, em diferentes momentos desde 1978, reconheceu o assassinato de Herzog por agentes públicos.

Juros mantidos e dúvida das contas, por Míriam Leitão

O Globo

O BC manteve a Selic, apesar da queda da inflação. No governo, os números mostram a queda do déficit primário em relação às antigas administrações

Banco Central manteve os juros na estratosférica taxa de 15% e alertou que o cenário atual exige “cautela na condução da política monetária”. O Copom tem razão porque a estimativa de inflação está acima do teto da meta e a projeção é de que o índice ficará acima do centro da meta até 2028. O ministro Fernando Haddad disse que votaria para o corte dos juros e também tem razão porque a inflação e as projeções de mercado estão caindo. Há bancos grandes prevendo que o índice ficará dentro do intervalo de flutuação este ano, contudo, o mandato do BC é levar o IPCA para o centro, ou seja, 3%. Essa diferença de opinião entre Haddad e o Banco Central tem a vantagem de mostrar a independência da instituição e elevar a confiança do mercado na política monetária.

As lições da derrota, em casa, do inimigo da COP30, por Maria Cristina Fernandes

Valor Econômico

Presidente americano intensifica pressão contra a cúpula do clima; para enfrentá-lo, a política ambiental terá que aprender, com Mamdani, a ouvir as pessoas antes de tentar convencê-las

Donald Trump não será o único ausente da COP30, que terá sua largada nesta quinta com a cúpula dos líderes em Belém, mas caminha para ser aquele do qual mais se falará pelas costas. Não exatamente pelo anfitrião, que acabou de conseguir seu celular, mas pelos demais. Além de não enviar representantes, o governo americano estaria a pressionar delegados de outros países a também abandonar o acordo de Paris, que fixou as metas de mitigação do aquecimento global.

Nesta quarta, a economista francesa Laurence Tubiana, enviada especial da União Europeia para a COP30 e mentora do acordo de Paris, confirmou a Victoria Netto, do Valor, a postura agressiva do governo americano sobre negociadores para que abandonem a ideia do financiamento climático.

Desafio maior para o agro brasileiro na Ásia, por Assis Moreira

Valor Econômico

Brasília não tem como influenciar a agenda de Washington, mas o Brasil pode se tornar mais difícil de ser substituído mantendo-se como um fornecedor mais barato e mais ecológico

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva retornou de recente viagem à Indonésia, Malásia e participação na cúpula da Associação das Nações do Sudeste Asiático (Asean) apontando potencial de mais negócios do agro brasileiro nessa que é a região mais dinâmica da economia mundial. Isso pode acontecer, mas em menor escala do que esperado. O presidente americano, Donald Trump, esteve ao mesmo tempo na região e, usando o arsenal das tarifas, arrancou concessões imediatas de países asiáticos para comparem mais produtos americanos.

O comércio hoje não se decide apenas por fatores como custo e frete, e mais e mais por motivações políticas. Isso é ilustrado também na trégua acertada entre Trump e o presidente chinês, Xi Jinping.

Após meses de compras paralisadas, a China aceitou compromissos de importação de 12 milhões de toneladas de soja dos Estados Unidos até o fim deste ano, e de pelo menos 25 milhões de toneladas anuais até 2028. Historicamente, a China comprou entre 25 milhões e 30 milhões de toneladas de soja americana por ano nos últimos anos. Os americanos veem agora uma “base sólida” para o retorno a esses volumes.

BC não pode atuar a reboque do mercado, por Maria Clara R. M. do Prado

Valor Econômico

Há uma concorrência surda e desleal entre o setor produtivo e o sistema financeiro, principal parceiro do déficit do setor público

A decisão do Comitê de Política Monetária, colegiado do Banco Central, de manter a economia em estado de contração tem suscitado queixas por parte de grandes e pequenos empresários em posição diametralmente oposta à do chamado “mercado financeiro”. São realidades diferentes, enquanto a primeira é obrigada a incorrer em custos maiores quanto mais alta for a taxa de juros, bancos e fundos de investimento são favorecidos pela enxurrada de recursos em seus portfolios, atraída pelo rendimento dos juros elevados.

Há uma concorrência surda e, via de regra, desleal entre o setor produtivo do país e o sistema financeiro, principal parceiro do déficit do setor público. O maior endividamento do governo amplia a necessidade de atrair dinheiro para financiar os gastos públicos. Com isso, a Selic - taxa pela qual transitam os títulos públicos nas operações de compra e venda entre os bancos e o Banco Central na regulação da liquidez do sistema - tornou-se o principal referencial do custo de oportunidade da alocação do dinheiro na economia brasileira.

Potência econômica e país desenvolvido, por Marcello Averbug

Correio Braziliense

Ao longo dos últimos anos ampliou-se a ambição de atingir o status de potência econômica em detrimento do anseio pelo desenvolvimento integrado

Após a Segunda Guerra Mundial, mudou a maneira de interpretar os antes chamados países economicamente atrasados. Até 1945, predominava a ideia de que alguns deles iriam progredir espontaneamente graças ao adequado aproveitamento, via mercado, de suas vocações naturais e vantagens comparativas.

Ao final da guerra, ganhou força a convicção de que a fuga da condição de atrasado ou pobre, sob o regime capitalista, exigia algo mais incisivo: a execução de intensas políticas governamentais. Esse seria o caminho que conduziria ao progresso e a profundas melhorias nos indicadores sociais. O processo que atendesse a tais requisitos foi denominado como desenvolvimento integrado.

Nova York, da diáspora judaica à eleição de um prefeito muçulmano, por Luiz Carlos Azedo

Correio Braziliense

Mamdani representa uma síntese do mundo globalizado — africano, asiático, muçulmano e nova-iorquino —, em meio à polarização alimentada por Trump

Mais do que qualquer outra metrópole ocidental, Nova York é a mais cosmopolita cidade do mundo, graças a sucessivas ondas migratórias que, a cada geração, redefiniram seu perfil econômico, social e cultural. Essa vocação cosmopolita remonta ao episódio quase lendário de 1654, quando 23 judeus — expulsos do Recife após a derrota holandesa para os portugueses — desembarcaram na então colônia de Nova Amsterdã, que deu origem à cidade.

Vindos de Pernambuco a bordo do navio Valk, depois de escaparem de piratas, de prisões e da Inquisição, encontraram abrigo precário na cidade governada pelo calvinista Peter Stuyvesant. Mesmo assim, fundaram a primeira comunidade judaica estável das Américas, gênese do pluralismo que seria o germe da identidade nova-iorquina moderna: a convivência tensa, mas fértil, de culturas, crenças e etnias em permanente metamorfose.

Em Nova York, é a cidade, estúpido! Por Thiago Amparo

Folha de S. Paulo

É risível a estridência de republicanos e centristas com a vitória de Mamdani

Eleito concentrou campanha nos problemas reais da cidade, não em moinhos de vento

"It is the economy, stupid!" Tornou-se um jargão político lembrar o papel da economia nas eleições. A expressão "é a economia, estúpido" —atribuída à campanha de Bill Clinton que derrotou o republicano George W. Bush em 1992— força estrategistas a lembrarem que eleitores se preocupam, e muito, com as condições materiais de suas vidas: se seus filhos têm acesso à educação de qualidade, se a comida está cara, se os aluguéis não são exorbitantes, se os mais ricos pagam a parte que devem em impostos e assim por diante.

Chega a ser risível a estridência de republicanos e centristas diante da vitória do imigrante muçulmano e socialista democrático Zohran Mamdani —chamado por Trump de "lunático comunista completo". É uma mentira. Mamdani não vai estatizar os meios de produção numa das cidades mais ricas do mundo, nem nunca chegou perto de propor isso.

Voto distrital misto é uma luz nas trevas, por Luiz Carlos Bresser-Pereira

Folha de S. Paulo

Novo formato frearia a proliferação de partidos e ajudaria eleitor a escolher melhor seu deputado

No sistema atual, legenda do presidente eleito não forma bancada suficiente para apoiá-lo

O sistema eleitoral brasileiro de voto proporcional com listas abertas parece muito democrático, mas é uma aberração política. Se o Brasil fosse um país pequeno e relativamente homogêneo, como Dinamarca e Noruega, esse formato poderia ser uma boa solução, mas não diante das nossas características exatamente opostas.

Por isso, ao ler nesta Folha (1º/11) que o presidente da Câmara dos DeputadosHugo Motta (Republicanos-PB), e o relator Domingos Neto (PSD-CE) estão prestes a acelerar a tramitação do projeto de lei que estabelece o voto distrital misto, fiquei surpreso e animado. É uma luz nas trevas. A ideia é que o projeto possa ser aprovado pelas duas Casas do Congresso para valer nas eleições gerais de 2030.

Eu defendo o voto distrital misto desde 1961, quando soube que o novo sistema eleitoral da Alemanha era dessa natureza. No sistema alemão, o eleitor deposita dois votos: um para seu candidato no distrito e o outro para o partido político que apoia —que, como os demais, tem uma lista fechada de candidatos a serem possivelmente eleitos pelo voto proporcional, ordenados conforme decisão da legenda. Assim, apurados os votos, os primeiros das listas serão eleitos, observando-se o número de votos que a sigla obteve.

Até quando vai o arrocho do BC, por Vinicius Torres Freire

Folha de S. Paulo

Projeção de inflação do BC para o segundo trimestre de 2027 cai para 3,3%, mas não basta

Selic fica em 15%, BC espera mercado de trabalho mais frio e expectativa de IPCA menor

A estimativa de inflação do Banco Central para o segundo trimestre de 2027 caiu de 3,4% para 3,3% (em 12 meses, em um ano), lê-se no comunicado em que a autoridade monetária anunciou Selic ainda em 15% ao ano.

A meta de inflação é de 3%. Parece que se está perto da meta, nas contas do BC, pois. Mas o BC, ao que parece, quer ver contenção maior em emprego e salário e expectativa de inflação menor. Corte da Selic, por ora, só a partir de março de 2026.

Parêntese: por que interessa o segundo trimestre de 2027? É o "horizonte relevante" para o BC, aquele momento em que a política monetária, de juros, deveria estar fazendo mais efeito.

Queda dos juros para o ano eleitoral, por Adriana Fernandes

Folha de S. Paulo

Manutenção desagrada governo e deverá ter consequências na escolha de Lula para os dois novos diretores

Presidente do BC parece querer fazer todo o trabalho de ancoragem das expectativas de inflação enquanto a pressão política ainda está suportável

manutenção da taxa Selic no patamar de 15% pela terceira vez consecutiva eleva as cobranças sobre o presidente do Banco CentralGabriel Galípolo, que passou a enfrentar uma artilharia mais pesada de críticas de integrantes do governo contra a política de juros altos.

No comunicado da decisão desta quarta (5), Galípolo e os demais diretores foram duros ao insistir na avaliação de que será preciso manter a taxa no nível atual por um período "bastante" prolongado. O bastante, nesse caso, tem peso e pode, inclusive, empurrar o início da queda dos juros de janeiro para março de 2026.

Chacina é a única saída para questão da segurança? Por Maria Hermínia Tavares

Folha de S. Paulo

No mesmo mês, duas concepções opostas de como lidar com o crime organizado

Ações precisam ser multidimensionais, como são as atividades das máfias

sangrenta operação policial promovida na semana passada pelo governador Cláudio Castro foi a sua quarta desde 2021, quando ele passou a comandar o estado do Rio de Janeiro. Denominada Contenção, teve o mesmo intuito e seguiu o mesmo roteiro das anteriores, delas diferindo apenas na multiplicação dos cadáveres que deixou expostos.

Em todas elas, armamentos e munições foram apreendidos, prisões feitas —e muita gente morreu: 28 pessoas na Favela do Jacarezinho, em maio de 2021; entre 23 e 25 na Vila Cruzeiro, no mesmo mês do ano seguinte; 19 em julho de 2022, no Complexo do Alemão. Não há o mais remoto indício de que essas mortes tenham servido para diminuir o controle do crime organizado sobre aqueles territórios. Esse será o provável resultado da operação que, agora, custou a vida de mais de uma centena de pessoas, no Complexo do Alemão.

Troca de favores, por William Waack

O Estado de S. Paulo

Lula ganhou nos erros dos adversários, mas adotou agora tática arriscada

Lula decidiu desafiar uma convenção do marketing político segundo a qual, se a onda é forte, o melhor é passar por baixo dela. E passou a criminalizar a atuação da polícia na megaoperação no Rio, que desfruta hoje de um apoio na população tão inédito quanto o número de mortos registrado no confronto com uma organização criminosa preparada para combater.

Considerando que segurança pública é a preocupação n.º 1 do eleitor, o tipo de assunto no qual governos petistas apanham fácil, peitar a onda em favor da megaoperação é postura de alto risco. O que levaria um político experiente a optar por um cálculo que só promete desvantagens?

STF entra de cabeça em nova polêmica, por Carolina Brígido

O Estado de S. Paulo

Nem todo ministro compartilha o mesmo conceito de institucionalidade de Edson Fachin

Há pouco mais de um mês no comando do Supremo Tribunal Federal (STF), Edson Fachin já viu fracassar seu plano de manter a Corte longe da rinha política. Ele preferia que o tribunal se manifestasse sobre a megaoperação no Rio de Janeiro em decisões judiciais, mas outros ministros optaram por declarações públicas. Alexandre de Moraes foi além: viajou até a capital fluminense para se reunir com autoridades locais.

A intenção de Fachin era dar uma contribuição institucional para solucionar a crise no Rio. Entretanto, nem todo ministro do STF compartilha o mesmo conceito de institucionalidade. O governador Cláudio Castro chamou de “maldita” a decisão do tribunal que criou regras para a realização de operações policiais na cidade. Diante do silêncio de Fachin, Gilmar Mendes e Flávio Dino saíram em defesa do tribunal.

O novo teste para Lula e para a direita, por Carlos Pereira

O Estado de S. Paulo

A violência não se explica por variáveis macroeconômicas. Ela invade o cotidiano e redefine prioridades

Como quase tudo na vida, os equilíbrios alcançados na política, mesmo quando ótimos, não são estáticos nem perenes. A durabilidade de um equilíbrio político depende da capacidade das instituições e dos líderes de oferecer respostas congruentes com as expectativas da maioria da sociedade diante de choques e imprevistos.

Choques podem ter naturezas variadas. Às vezes são endógenos, nascem do próprio sistema político – como o surgimento de um novo líder carismático. Outras vezes são exógenos, resultado de eventos externos, como uma crise econômica internacional ou uma pandemia.

Se o tarifaço imposto pelos EUA foi um presente para Lula – que antes estava nas cordas e voltou à condição de favorito à reeleição em 2026 –, a dificuldade de oferecer uma resposta consistente às expectativas da sociedade diante da crise da segurança pública e da violência do crime organizado tem o potencial de fragilizá-lo.

Ninguém quer cortar gastos no Brasil, por Felipe Salto

O Estado de S. Paulo

Ou bem avançamos com uma reforma fiscal e orçamentária, para valer, ou o País caminhará a passos largos para o vinagre

O mais recente episódio da saga para dilapidar as contas públicas ocorreu nesta semana, no Congresso Nacional. Aprovou-se medida para blindar uma parte dos gastos da Defesa Nacional, afastando-se as chamadas regras fiscais.

Em paralelo, há um cardápio de propostas a serem aprovadas, com urgência, sem as quais o governo terá de mudar a meta fiscal de 2026. Não se verifica nem um fiapo do vigor presente na defesa dessa nova contabilidade criativa nos gastos com Defesa quando se trata de apoiar a agenda do ajuste.

Para ter claro, a blindagem dos R$ 33 bilhões de gastos com programas e ações orçamentários na área de Defesa Nacional é um escárnio. Fere a lógica básica do novo arcabouço fiscal ( Le i Complementar n . º 200/2023) e comprova que, na hora do vamos ver, ninguém está disposto a cortar gastos.

Boa notícia sobre voto distrital, por Roberto Macedo

O Estado de S. Paulo

Há ainda muito chão pela frente. Cabe também uma melhoria do sistema atual

Matéria na Folha de S. Paulo no dia 1.º deste mês v e i o com este título: Relator diz que voto distrital afasta facções e tem sinal positivo dos maiores partidos. O relator do projeto é o deputado Domingos Neto (PSD-CE), que disse também que a “urgência do projeto pode ser aprovada em novembro”, o que facilitaria o trâmite. O presidente da Câmara, Hugo Motta, defendeu a mudança do sistema eleitoral para 2030, o que já demonstra que não será tão simples. E o sistema distrital seria misto, acomodando em parte o sistema atual.

Poesia | Aos que virão depois de nós, Bertolt Brecht

 

Música | Milton Nascimento, Lo Borges - Nada será como antes