Bolsonaros só agem em benefício próprio, revela PF
O Globo
Mensagens deixam claro que objetivo de
Eduardo e Jair é tão somente escapar da Justiça
São estarrecedoras as revelações do relatório
da Polícia
Federal (PF) que dão sustentação a mais um indiciamento
de Jair
Bolsonaro e seu filho, o deputado federal Eduardo
Bolsonaro (PL-SP). O documento expõe ações recentes de ambos
para retaliar autoridades brasileiras responsáveis pelo julgamento da trama golpista
marcado para setembro. Na forma e no conteúdo, as mensagens trocadas por pai e
filho constituem um escândalo.
Em recados enviados na noite de 7 de julho, Eduardo deixa claro que sua única intenção é evitar a prisão do pai. Tudo gira em torno — e em benefício — da família Bolsonaro, a ponto de ele descrever como erro a anistia aos condenados por participar dos ataques violentos do 8 de Janeiro. “Se a anistia light passar, a última ajuda vinda dos EUA terá sido o post do Trump”, escreve. “Temos que decidir entre ajudar o Brasil, brecar o STF e resgatar a democracia OU enviar o pessoal que esteve no protesto que evoluiu para uma baderna para casa num semiaberto.”
Entre as provas contra Bolsonaro, a PF
ressalta que ele movimentou R$ 30,6 milhões em 12 meses e destaca as
transferências financeiras para Eduardo permanecer nos Estados Unidos, onde tem
defendido, de forma reiterada, sanções contra ministros do STF e outros agentes
públicos. Cita também mensagens do ex-presidente a um advogado que representa a
Trump Media & Technology Group em processo contra o ministro do STF
Alexandre de Moraes na Justiça americana.
É nítida a tentativa de usar os contatos no
governo americano — com ou sem anuência deles — apenas em benefício próprio, e
não das causas de liberdade e justiça que ambos propalam defender. No celular
de Bolsonaro, a PF encontrou outra prova de que o interesse dele é apenas ficar
livre: uma carta, editada ainda em 2024, com pedido de asilo político ao
presidente argentino Javier Milei. Não há evidência mais clara de que ele
pensava em fugir.
Bolsonaro pede ainda orientação para comentar
o tarifaço de Trump contra o Brasil. Na sede do PL, os policiais acharam
documento com título em inglês e perguntas sobre o que ele faria se voltasse ao
poder. Na interpretação da PF, era uma “entrevista levada a efeito por
profissional jurídico no interesse de grupo/organização estrangeira, com
finalidade de coleta de dados e informações estratégicas sobre temas
relacionados à soberania nacional”.
É espantoso que mensagens entre pais e
filhos, ainda que escritas com intimidade para consumo doméstico, descambem
para o nível de baixaria exposto no relatório da PF. É simplesmente
constrangedora a troca de xingamentos entre os Bolsonaros. Na superfície,
parece só grosseria. Na essência, o único objetivo é defender os interesses da
família Bolsonaro, seja lá quais forem as consequências nefastas para os
brasileiros afetados pelo tarifaço ou para as instituições atacadas por sanções
americanas.
Para além do linguajar chulo, incompatível
com lideranças políticas desse nível, fica evidente a articulação de Eduardo
com autoridades americanas contra o interesse nacional e a preparação de um
plano de fuga de Bolsonaro. No processo contra ele, acumulam-se evidências
graves de tentativa de obstrução da Justiça. No caso de Eduardo, a Câmara nem
precisa esperar a Procuradoria-Geral da República decidir se oferecerá denúncia
com base no relatório. Já há vasto conjunto de provas para julgá-lo por quebra
de decoro.
Retrocessos no Código Eleitoral não podem
prosperar no Senado
O Globo
Texto aprovado na CCJ ressuscita voto
impresso, enfraquece Lei da Ficha Limpa e punição por desinformação
O projeto de novo Código Eleitoral aprovado
na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado representa não apenas um
retrocesso, mas também uma ofensa ao eleitor. Entre outros pontos nefastos,
enfraquece a bem-sucedida Lei da Ficha Limpa, resgata a ideia descabida do voto
impresso, alivia penas para quem disseminar desinformação no período eleitoral
e reduz a quarentena de agentes públicos que queiram se candidatar. Nada disso
faz sentido.
Um dos trechos mais nocivos abranda a Lei da
Ficha Limpa, conquista que resultou da mobilização da sociedade brasileira. O
projeto prevê que políticos condenados por crimes contra economia popular,
saúde, meio ambiente, abuso de autoridade ou eleitorais poderão ficar
inelegíveis por no máximo oito anos, contados a partir da condenação por órgão
colegiado. Hoje esse prazo é contado a partir do final do cumprimento da pena.
Na prática, a manobra significa redução no prazo de inelegibilidade, uma vez
que eles não precisarão esperar o fim da pena.
Outro trecho nocivo, aprovado por destaque,
ressuscita o voto impresso. O tema não havia sido incluído no texto-base por
falta de consenso, mas acabou chancelado por 14 votos a 12 numa sessão
esvaziada. Apresentado pelo senador Esperidião Amin (PP-SC), prevê que “a urna
imprimirá o registro de cada voto, que será depositado de forma automática e
sem contato manual do eleitor, em local previamente lacrado”. Estabelece ainda
que a votação não será concluída até que o eleitor confirme a correspondência
entre o teor do voto e o registro impresso.
A ideia é tão estapafúrdia que foi criticada
pelo próprio relator, senador Marcelo Castro (MDB-PI). A proposta já foi
barrada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) e rejeitada pelo próprio Parlamento
em votação anterior. “Quero crer que estamos incorrendo em
inconstitucionalidade pela segunda vez”, disse Castro. A insistência decorre da
tese absurda segundo a qual as urnas eletrônicas não são seguras. O
ex-presidente Jair Bolsonaro e seus aliados levantaram todo tipo de suspeita
sobre o sistema eleitoral brasileiro, sem jamais comprovar nenhuma. Está mais
que demonstrado que ele é confiável. O voto impresso significa apenas mais
despesa em troca de nada.
O texto aprovado também recua na punição mais
rigorosa a quem divulgar “fatos sabidamente inverídicos sobre partidos ou
candidatos” capazes de influenciar o eleitorado. Para a desinformação
eleitoral, mantém a pena atual de detenção de dois meses a um ano, além de
multa. Uma versão anterior previa um a quatro anos. Houve mudança também na
quarentena para agentes de segurança, integrantes do Judiciário e do Ministério
Público que queiram se candidatar. Inicialmente, o período estipulado era de
quatro anos. Caiu para um ano, prazo curto demais, incapaz de desestimular
oportunistas.
O projeto ainda vai a plenário no Senado e, como foi modificado, voltará à Câmara. Todos os equívocos e retrocessos precisam ser barrados. Não faz sentido aprovar um novo Código pior que o atual. Ainda há tempo de agir.
Nem alívio de precatórios evita desafio
fiscal de 2027
Valor Econômico
Regras para despesas do regime fiscal estão
em xeque
A retirada do limite de pagamento de
precatórios e sua incorporação de 10% do total a cada ano, constante da PEC 66,
perto de segunda e última votação no Senado, dará alguma ajuda à consecução da
meta fiscal, mas não evitará o desafio fiscal de 2027. Ele colocará à prova a
manutenção do regime fiscal, cujas regras terão de ser mudadas devido ao
estrangulamento além do factível das despesas de custeio e investimentos da
máquina do Estado pelo crescimento das despesas obrigatórias. A Instituição
Fiscal Independente (IFI) traçou vários cenários, e todos mostram que a
expansão acima do limite de despesas dos gastos previdenciários e sociais, e da
indexação às receitas do teto constitucional para saúde e educação, é um
constrangimento absoluto.
O próximo governo teria um encontro marcado
com a volta integral dos precatórios à contabilidade da meta de resultado
primário em 2027. Além de a meta fiscal subir para 0,5% do PIB, com um limite
inferior também positivo de 0,25% do PIB, a conta dos títulos dessa dívida,
caso repetisse o montante de 2026, de R$ 115 bilhões, seria de R$ 48,5 bilhões
a mais do que no exercício anterior. O esforço fiscal necessário para cumprir
não a meta, mas seu piso inferior, exigiria um contingenciamento de despesas de
R$ 166,5 bilhões, muito superior aos 25% da dotação orçamentária permitidos
pelo regime fiscal. Com a PEC, as despesas ultrapassariam seu limite em R$ 79
bilhões, obrigando a uma contenção em montante não realizado até agora e
superior ao limite máximo de corte dos gastos discricionários.
O governo tem procurado elevar a arrecadação
para também aumentar as despesas, com sucesso decrescente. Uma batalha judicial
contra decisão do Congresso permitiu que houvesse aumento do IOF - dois terços
de sua arrecadação é proveniente do crédito a empresas e pessoas físicas e o
restante provém em partes iguais de operações de câmbio e com títulos e valores
mobiliários. A MP 1303, ainda não aprovada, eleva o Imposto de Renda sobre
aplicações financeiras (LCI, LCA, CRA, CRI, debêntures incentivadas) e apostas,
aumenta a CSLL das fintechs, restringe as compensações tributárias e taxa mais
juros sobre capital próprio. Não se sabe se o governo conseguirá tudo o que
quer, pois há resistência ao pacote, em especial na taxação dos investimentos
financeiros.
Considerando que tudo o que foi proposto seja
aceito, a IFI estima um aumento de receita de R$ 39 bilhões em 2026 e R$ 31
bilhões no ano seguinte, com o maior montante decorrente do IOF, R$ 27,8
bilhões (Receita Federal). Nem todo esse dinheiro, mais o alívio da PEC dos
precatórios, será suficiente para manter as regras do regime fiscal intactas.
Ainda assim, seria necessário conter R$ 130,7 bilhões de gastos. A conclusão
das simulações, segundo a IFI, serviu para confirmar “que a atual regra de
limite de despesa como definida hoje, e mesmo na hipótese de promulgação da PEC
66/2023, perderá efetividade em 2027”.
O impulso fiscal à economia tem diminuído
porque o déficit primário formal é menor, de 0,25% do PIB este ano. No entanto,
como ficou mais uma vez evidente no pacote destinado a diminuir os efeitos do
tarifaço do presidente Donald Trump contra o Brasil, há cada vez mais recursos
que são retirados da meta. Além dos R$ 48 bilhões de precatórios e ajuda ao Rio
Grande do Sul, serão mais R$ 9,5 bilhões agora, ainda a serem aprovados pelo
Congresso. Já sob ameaça das tarifas americanas, o governo zerou em junho o contingenciamento
de R$ 20 bilhões, o que, por prudência fiscal, não deveria ter feito.
Embora haja pouca dúvida de que a meta
fiscal, em seu limite inferior, será cumprida este ano, ela exigirá um esforço
nada trivial em 2026, ano eleitoral. A IFI estima um déficit primário real de
R$ 75,3 bilhões, com abatimento de R$ 58 bilhões de precatórios da meta do
governo, faltando R$ 17,5 bilhões adicionais para se chegar ao déficit zero, a
banda inferior admitida pelo regime fiscal. Esses cálculos já incluem R$ 39
bilhões de receitas a mais de que poderia dispor o Tesouro, caso todo o pacote
de aumento de arrecadação de 2025 seja bem-sucedido em um Congresso agora
conflagrado e que tem imposto dissabores em série aos desejos do Planalto.
Como se previa, o regime fiscal criado pelo governo Lula aumentou gastos, não evitou um crescimento significativo da dívida bruta e mal produziu um resultado primário em que despesas apenas se igualassem a receitas. Em nenhum momento o governo pensou em atingir pelo menos o alvo central da meta, preferindo sempre o seu piso. Poderia ter um desempenho menos frustrante caso políticas expansionistas, como aumento real de salário mínimo, que indexa Previdência e vários benefícios sociais, não estivesse a ele acoplado. Não se sabe como o Planalto vai se comportar em um ano eleitoral, em uma difícil campanha pela reeleição de Lula. Se o presidente vencer, terá de desfazer um apertado nó fiscal que ele próprio decidiu apertar. Se não, deixará a seu sucessor a difícil missão de consertar as contas públicas.
Mensagens expõem crueza e farsa dos
Bolsonaros
Folha de S. Paulo
Revelação de conversas rudes do ex-presidente
Jair e seu filho fujão Eduardo atesta a vileza de seus objetivos
Como se não bastasse a acusação de tentativa de golpe, Bolsonaro terá agora de lidar com uma outra, a de ter tentado coagir autoridades
Seria emprestar demasiada nobreza à opereta
do clã Bolsonaro equipará-la à tragédia do
rei Lear. A peça de Shakespeare trata
de intrigas, traições, hipocrisia e ingratidão na relação entre um pai no
outono do poder e suas filhas herdeiras.
Esses temas transparecem das mensagens
recuperadas pela Polícia Federal do celular do
ex-presidente Jair
Bolsonaro (PL), divulgadas na quarta-feira (20), mas em
registro de briga de bar portuário, não no dos célebres torneios de diálogos do
bardo inglês.
O patriarca Jair vislumbra o cárcere e tem
uma herança a transmitir sob a forma da bênção a um candidato ao Planalto.
Eduardo, o filho fujão, teme que a preferência do progenitor migre para o
governador de São Paulo, Tarcísio de
Freitas (Republicanos), e trama para embotar esse desfecho.
Incita o governo Donald Trump a
sabotar a economia brasileira. Se as duas filhas mais velhas de Lear bajulam o
pai, Eduardo insulta o seu: "VTNC,
seu ingrato do c.". Alvejar o governador é seu objetivo:
"Tarcísio nunca te ajudou em nada no STF. Sempre esteve de braço cruzado
vendo vc se f. e se aquecendo para 2026".
Pela hipocrisia traiçoeira, na peça
seiscentista, e pela truculência rústica, no dramalhão brasileiro, o resultado
é igual —o pai se lasca. As maquinações de Eduardo pioram a situação judicial
de Jair. Caíram as chances de penas menores, de cumprimento domiciliar ou de
perdão presidencial.
Como se não bastasse a acusação de tentativa
de golpe, Jair Bolsonaro terá agora, graças à descortesia estrepitosa de
Eduardo, de lidar com uma outra, a de ter tentado
coagir autoridades incumbidas do processo associando-se a um
governo estrangeiro.
A inépcia do filho poderá custar ao pai mais
tempo na cadeia, e não faltou nessa urdidura nem quem, como autêntico bobo da
corte, lhe advertisse disso: "Esse seu filho Eduardo é um babaca",
disse o pastor Silas
Malafaia, agora também investigado.
Se as primogênitas de Lear ao menos
experimentaram o gosto do poder conquistado pela traição, o destino de Eduardo
tende a ser outro. Ao ostracismo autoimposto devem se somar sanções judiciais e
políticas que o impedirão não apenas de disputar eleições, mas também de
usufruir da liberdade caso resolva retornar.
Boas tragédias possuem a capacidade de
induzir no espectador reflexões sobre a confecção complexa e contraditória do
tecido humano. Não há nada disso na história das trocas de cotoveladas na
família Bolsonaro.
Seu valor didático é escancarar a farsa
armada por pessoas desqualificadas para disfarçar seus objetivos mesquinhos. Os
Bolsonaros só estão interessados em poder e sobrevivência. Se tiverem de
atropelar a nação, o pai ou o filho para isso, irão em frente. É tolice
deixar-se conduzir pela ilusão de radicalismo que fabricam.
A exposição crua dos seus métodos e objetivos
terá prestado um serviço útil se ajudar eleitores e forças políticas a tomarem
distância dessa família tóxica.
Trump é um renovador de incertezas na Guerra
da Ucrânia
Folha de S. Paulo
Histrionismo de presidente em reuniões com
Putin, Zelenski e líderes europeus pouco acrescentou para soluções de paz
Diante desse cenário adverso, uma saída frágil e sob guerra latente, como a vigente na península coreana há 72 anos, não é algo a se desconsiderar
O voluntarismo errático do presidente Donald Trump na
intermediação de uma solução de paz entre Rússia e Ucrânia provou-se
pouco eficaz. Pelos resultados de suas recentes
reuniões com o russo Vladimir
Putin, no Alasca, e com o ucraniano Volodimir
Zelenski e líderes europeus, em Washington, não há indicações
de que tal atuação ainda venha a frutificar.
Trump se revela, no campo mais desafiador da
diplomacia, um renovador de incertezas. Suas iniciativas e declarações
públicas, aparentemente mais motivadas por ambições pessoais do que por uma
estrita compreensão do direito internacional, minam as chances de um
cessar-fogo.
Não passa incólume sua aversão à neutralidade
para atuar como intermediador. Seu indisfarçável
favoritismo veio mais uma vez à tona pouco depois do encontro
com Putin, na sexta-feira (15), ao recuar em seu objetivo de extrair de Moscou
um compromisso de cessar-fogo imediato.
O americano extrapolou seu papel ao respaldar a
premissa de Putin de iniciar negociações sobre garantias de
segurança somente após a concessão de
20% do território da Ucrânia. No mais, expôs rasa compreensão sobre
uma guerra que se arrasta há mais de três anos com razoável ameaça para toda a
Europa.
A presença de Zelenski e de seis líderes
europeus na Casa Branca três dias depois pode ter sido engendrada por Trump
como ária adicional à sua ópera bufa. Mas, desde então, o líder já não poderá
—ou não deveria— ignorar a prioridade de segurança na região.
Muito além da questão da cessão territorial,
que o próprio Zelenski já considerou como uma possibilidade, assegurar que
Putin não avance para o Ocidente é termo essencial para qualquer arranjo de
paz. Foi o que os europeus tiveram de lhe ensinar.
Impedir que a Rússia tenha participação
e poder de veto
em uma futura instância garantidora tornou-se tão imperativo
como consolidar um compromisso de defesa comum do Ocidente à Ucrânia diante de
qualquer ameaça vinda de Moscou. Essa foi a lição adicional.
Humilhado no
Salão Oval por Trump em fevereiro, Zelenski desta vez deixou os EUA
com a exigência de um entendimento sobre as garantias de segurança no prazo de
dez dias. Os bombardeios russos no oeste ucraniano, enquanto as conversas
corriam, evidenciaram o acerto das potências europeias ao respaldá-lo.
Diante desse cenário adverso, uma futura solução de paz frágil e guerra latente, como a vigente na península coreana há 72 anos, não é algo a se desconsiderar.
Ruína de Bolsonaro é chance para a direita
O Estado de S. Paulo
Tendo ficado claro que o ex-presidente só
pensa em si mesmo e está se lixando até para aliados, cabe aos verdadeiros
conservadores abjurar o clã que lesa o Brasil para se safar da Justiça
O indiciamento de Jair e Eduardo Bolsonaro
pelos crimes de coação no curso do processo e abolição violenta do Estado
Democrático de Direito escancarou, de uma vez por todas, aquilo que já estava
implícito no comportamento do clã: sua única preocupação é garantir, a qualquer
custo, que o ex-presidente jamais seja responsabilizado pela pletora de crimes
que o fizeram réu perante o Supremo Tribunal Federal (STF) na Ação Penal 2.668,
que trata da tentativa de golpe de Estado. Qualquer outro objetivo, seja de interesse
nacional, partidário ou voltado a um movimento político mais amplo, não tem a
menor importância para Bolsonaro e sua grei.
O relatório da Polícia Federal (PF),
divulgado com autorização do ministro Alexandre de Moraes, indica que
Bolsonaro, Eduardo e o pastor Silas Malafaia tramaram desavergonhadamente meios
concretos de interferir no bom andamento da Ação Penal 2.668. Do ponto de vista
jurídico-penal, a tipificação dessas condutas ainda tem de passar pelo crivo da
Procuradoria-Geral da República. Entretanto, do ponto de vista político, o
material obtido pela PF não poderia ser mais devastador para os Bolsonaros.
As conversas trazidas a público confirmam a
supremacia dos interesses mesquinhos da família sobre o interesse nacional e
até mesmo sobre os de seu grupo político, o que atesta a absoluta falta de
compromisso do bolsonarismo com o Brasil. A imposição de uma sobretaxa de 40%
sobre as exportações brasileiras pelo presidente dos EUA, Donald Trump, somada
às sanções impostas ao ministro Moraes pelo governo americano no âmbito da Lei
Magnitsky, evidenciam o preço da cruzada delinquente de Jair e Eduardo
Bolsonaro, este homiziado nos EUA desde março: incalculável prejuízo para o
País em nome da impunidade de um só homem.
Em mensagens ao pai, Eduardo foi explícito ao
dizer que a tal “anistia ampla, geral e irrestrita” jamais passou de um
artifício retórico. O que importa, disse ele, é tão somente livrar Bolsonaro da
cadeia. Caso contrário, segundo Eduardo, Trump poderia sustar suas ações para
subjugar o STF em favor do pai. Esse reconhecimento expresso de que uma solução
intermediária – o que o vulgo “zero três” chamou de “anistia light”, ou seja,
um perdão que aliviasse apenas a situação dos bagrinhos do 8 de Janeiro – não
satisfaria ao clã só reforça a convicção de que toda a energia negativa da
família sempre esteve direcionada a um único fim: livrar Jair Bolsonaro, e
apenas ele, da cadeia.
Nesse projeto personalista, atropelar aliados
é fato da vida. O governador Tarcísio de Freitas, por exemplo, tido como
candidato a herdeiro do espólio eleitoral de Jair Bolsonaro, tornou-se alvo da
fúria de Eduardo apenas por tentar abrir canais de diálogo com autoridades
americanas a fim de reduzir os impactos do tarifaço, particularmente duros para
São Paulo. Em termos chulos, o filho do ex-presidente não só insultou o pai,
como ameaçou desferir mais agressões contra Tarcísio caso Bolsonaro continuasse
a defendê-lo em público. Em respeito ao leitor, decidimos não reproduzir a
vulgaridade das conversas.
A cada revelação, fica mais evidente que a
causa bolsonarista jamais foi a defesa da democracia, da soberania, da
liberdade de expressão ou dos idiotas úteis que tomaram Brasília de assalto
naquele dia infame. Trata-se de um projeto de autopreservação familiar que explora
seguidores e sacrifica o Brasil. É nesse contexto que os verdadeiros
conservadores, aqueles que repudiam a ruptura e prezam as instituições
democráticas, devem avaliar a conveniência de permanecer ao lado de um golpista
desqualificado como Jair Bolsonaro. Com tudo o que se sabe, só o fanatismo
explica a fidelidade canina de alguns ao “mito”. Lideranças com pretensões
eleitorais que se consideram decentes não podem continuar a se associar a um
clã que já demonstrou ser capaz de trair os interesses mais vitais do País em
troca da liberdade do líder da facção.
É de justiça reconhecer que, no campo da
direita, já há quem se movimente pela construção de uma alternativa política
democrática ao governo Lula da Silva, considerando que Bolsonaro é um zumbi
político. Que assim seja, pois o Brasil não pode seguir refém de uma família
que intoxica o destino nacional com sua desgraça particular.
O preço da soberba
O Estado de S. Paulo
Animado com sinais de recuperação de sua
popularidade, governo Lula comete erros primários na articulação política,
esquece que não tem maioria no Congresso e sofre duas derrotas no mesmo dia
O excesso de confiança do governo Lula da
Silva nas últimas semanas cobrou um preço alto no Congresso. A mobilização da
oposição impôs derrotas caras ao Executivo, que, num mesmo dia, perdeu os
cargos mais importantes da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do
Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) e assistiu à Comissão de
Constituição e Justiça (CCJ) no Senado aprovar o retorno do voto impresso nas
eleições.
Em ambos os casos, a articulação política do
governo cometeu erros primários, como não perceber que senadores e deputados
alinhados ao Executivo, inclusive alguns pesos pesados de ambas as Casas, não
estavam fisicamente em Brasília para participar das votações nos dois
colegiados.
Dando como certo o cumprimento de um acordo
para indicar o senador Omar Aziz (PSD-AM) para a presidência e o deputado
Ricardo Ayres (Republicanos-TO) para a relatoria da CPMI, o líder do governo no
Congresso, Randolfe Rodrigues (PT-AP), deu-se ao luxo de chegar atrasado para
uma reunião que era decisiva.
Com o cochilo, a senadora Tereza Cristina
(PP-MS) se aproveitou do fato de ser a mais velha entre os presentes para
assumir a condução dos trabalhos e estabelecer o ritmo da votação. Assim, o
senador Carlos Viana (Podemos-MG) derrotou Aziz na disputa pela presidência da
CPMI por 17 votos a 14.
Na sequência, Viana escolheu para a relatoria
do colegiado o deputado Alfredo Gaspar (União-AL), ex-procurador-geral de
Justiça de Alagoas, que por sinal foi pego de surpresa por sua indicação. O
parlamentar foi relator de representação do Partido Liberal que tentou
suspender a ação penal que corre no Supremo Tribunal Federal (STF) contra o
deputado Alexandre Ramagem (PL-RJ) por tentativa de golpe de Estado.
Já na apreciação do Código Eleitoral na CCJ
do Senado, o senador Esperidião Amin (PP-SC) apresentou destaque para votação
em separado de uma emenda para retomar o voto impresso, com a impressão de uma
cédula e depósito em urna lacrada após a conferência do eleitor. Aprovada por
14 votos a 12, a proposta ainda tem um longo caminho pela frente e é improvável
que entre em vigor, haja vista que já foi declarada inconstitucional pelo STF.
Por maior que seja o empenho do comando da
CPMI do INSS em desgastar o governo, a oposição será minoria no colegiado e o
calendário parece bastante desfavorável. O fato de que as investigações só vão
começar após o ressarcimento dos aposentados e pensionistas que tiveram
benefícios descontados de maneira irregular retira boa parte do apelo da
comissão.
As convocações do ex-ministro da Previdência
Carlos Lupi e de Frei Chico, vice-presidente do Sindicato Nacional dos
Aposentados, Pensionistas e Idosos (Sindnapi) e irmão de Lula, podem causar
danos à imagem do presidente. Mas a longevidade do esquema, que pode ter
começado por volta de 2016, joga contra todos os partidos indiscriminadamente.
Já o voto impresso não move corações e mentes
nem no PP, partido do senador que apresentou a emenda, nem no PL de Jair
Bolsonaro, cuja prioridade, neste momento, é defender uma anistia que possa
livrar a cara do ex-presidente de uma provável condenação.
Na última ocasião em que o tema foi apreciado
na Câmara, em 2021, recebeu apenas 16 votos favoráveis da bancada do PP,
composta então por 40 deputados, e 11 do PL, formada por 41 parlamentares, a
despeito da evidente tentativa de intimidação do governo Bolsonaro por meio de
um desfile de tanques na Esplanada dos Ministérios realizado no mesmo dia.
Animado com o resultado de pesquisas que
indicam a recuperação de sua popularidade e com o presente que o presidente dos
EUA, Donald Trump, lhe deu ao associar o tarifaço à impunidade de Jair
Bolsonaro, Lula talvez tenha se esquecido de que nunca teve maioria no
Congresso e de que ainda precisa dele para governar.
Um dia antes das duas derrotas do governo no
Congresso, o PP e o União Brasil formalizaram a federação que terá a maior
bancada da Câmara e uma das maiores do Senado. Era mais que esperado que aproveitassem
o ensejo para mandar um recado ao Executivo. E a mensagem é clara: o Centrão
não vai facilitar a vida do governo.
A desidratação da Lei Cidade Limpa
O Estado de S. Paulo
Multas em queda e sem reajuste há 18 anos
mostram conivência com quem suja a cidade
Uma reportagem do Estadão feita com base em
dados obtidos por meio da Lei de Acesso à Informação (LAI) mostrou com números
como a Lei Cidade Limpa em São Paulo atravessa um processo de desmonte.
Passados 18 anos de vigência das regras que varreram a sujeira de fachadas,
empenas cegas, outdoors, postes e outros equipamentos urbanos, essa legislação
vive uma crise, com recuo nos registros de multas, queixas de morosidade na
fiscalização e crescente judicialização. E o poder público, que deveria ser o
responsável por garantir a aplicação da lei, é o responsável por sua
degeneração, que pode ser vista nas irregularidades espalhadas pelas ruas da
capital paulista.
Prova disso é que, de 2020 a 2024, houve uma
média de 200 multas por ano, ante mais de 500 nos quatro anos anteriores. Para
ter uma ideia, em 2011, auge da fiscalização, foram aplicadas 4.591 multas.
Esse refluxo não ocorreu porque os infratores tomaram jeito, mas porque uma
mudança legislativa proposta pela Prefeitura e aprovada na Câmara no início
desta década passou a determinar a expedição de uma “notificação orientativa”
antes da aplicação da multa. Com isso, o infrator ganha até 30 dias para fazer
ajustes. Ocorre que esse tipo de advertência ou ação pedagógica não se
justifica, haja vista que é procedimento comum apenas durante a implementação
de uma lei, o que não é, por óbvio, o caso da Lei Cidade Limpa, conhecida por
todos há quase duas décadas.
Ademais, o desestímulo ao cumprimento da lei
também pode ser verificado na inércia da Câmara e da Prefeitura em reajustar o
valor da multa aplicada aos infratores. Desde que a lei entrou em vigor, em
2007, a pena para quem polui visualmente a cidade está congelada em R$ 10 mil
para anúncios de até 4 metros quadrados, com acréscimo de R$ 1 mil para cada
metro quadrado adicional de irregularidade. Caso tivesse sido corrigida pelo
Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), a inflação oficial do
País, essa multa seria hoje de R$ 28 mil. O resultado desse afrouxamento
contínuo é que os valores arrecadados com as multas despencaram de R$ 76
milhões, em 2011, para R$ 4,5 milhões, no ano passado.
Tudo isso evidencia o flagrante afrouxamento
da Lei Cidade Limpa, que implica também sua perda de protagonismo. As
sucessivas flexibilizações fizeram com que os infratores ou os potenciais
infratores já não tenham mais medo de sofrer as duras punições de antigamente.
Na prática, a leniência do poder público é um incentivo para que se burle a lei.
E, para piorar, tramita na Câmara um projeto de lei para liberar anúncios maiores pela cidade e até em espaços vetados, como vias, praças, viadutos e empenas cegas, além de propor a criação de uma “Times Square” em São Paulo. Como se vê, as autoridades públicas, em vez de mirarem o futuro, com o aprimoramento da lei, investimentos em fiscalização, maior rigor na punição e moralização da publicidade, seguem na direção do passado, a fim de restituir em São Paulo o caos de outrora promovido pela poluição visual. A isso não se pode dar outro nome senão retrocesso.
Paternidade: licença volta aos holofotes
Correio Braziliense
O que não faltam são projetos estabelecendo
períodos de licença de 15, 20 e 60 dias, além de uma estabilidade de 30 dias no
emprego após o término do afastamento
Em 9 de agosto, um sábado, o tema
licença-paternidade pautou o dia em quatro cidades brasileiras.
Simultaneamente, foram realizadas manifestações em São Paulo, Brasília, Recife
e Rio de Janeiro. Pais, mães e crianças foram às ruas para chamar a atenção
para a necessidade de rever a legislação e aumentar o afastamento para 30 dias.
Os atos foram organizados pela Coalizão Licença-Paternidade (CoPai), que
protestou contra o fato de que os atuais cinco dias de licença a que os pais
têm direito a princípio seriam temporários, mas seguem sendo adotados há 37
anos.
Nos últimos dias, as peças do xadrez, ainda
que a passos de tartaruga, começam a se movimentar. No dia 15, a ministra
Cármen Lúcia, do Supremo Tribunal Federal (STF), negou uma liminar pedida por
Marcelo Kosminsky, procurador da Fazenda Nacional, que tentava obter 120 dias
de licença-paternidade.
Kosminsky, que foi pai há menos de um mês,
tem direito a 20 dias de afastamento da função de coordenador-geral da Fazenda
junto a tribunais superiores, como Superior Tribunal de Justiça (STJ), o
Tribunal Superior do Trabalho (TST) e o Tribunal Superior Eleitoral (TSE). O
magistrado se justificou dizendo que o Congresso está sendo omisso ao não
regulamentar a licença-paternidade, prevista na Constituição de
1988.
O próprio STF já reconheceu essa omissão por
parte do Congresso. Em 2023, a Corte estipulou um prazo de 18 meses para que os
parlamentares regulamentassem o benefício, prazo que se esgotou em junho. Desde
então, nada aconteceu. A ministra Cármen Lúcia rejeitou a liminar por questões
processuais, mas determinou que Congresso Nacional, Presidência da República e
Procuradoria-Geral da República (PGR) se manifestem sobre a ação.
A licença-paternidade no Brasil, prevista na
criação da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), é de apenas cinco dias
consecutivos, contados a partir do nascimento do filho. No caso das mães, o
afastamento é de 20 dias — uma diferença bastante desproporcional, uma vez que
cada vez mais se discutem os direitos igualitários de pai e mãe na criação dos
filhos, além da igualdade entre gêneros.
Um levantamento da Organização Internacional
do Trabalho (OIT) de 2022 mostra que, globalmente, 115 países oferecem o
benefício aos pais, com duração média de nove dias. Desse total, 102 países têm
licença-paternidade remunerada. Eslováquia, Islândia e Espanha destoam, com,
respectivamente, afastamentos de 197, 183 e 112 dias.
No Brasil, a deputada federal Tabata Amaral
fez, em suas redes sociais, uma defesa enfática em torno da ampliação da
licença para 30 dias, com progressão até 60 dias, alegando que a Previdência
Social, e não as empresas, arcaria com um custo de apenas 0,5% do seu
orçamento, como ocorre com a licença-maternidade.
O que não faltam são projetos estabelecendo
períodos de licença de 15, 20 e 60 dias, além de uma estabilidade de 30 dias no
emprego após o término do afastamento. Se algum for aprovado, beneficiará não
somente os pais, mas a família como um todo e, principalmente, os bebês. Não
faltam evidências de que as primeiras semanas de vida são essenciais para o
desenvolvimento integral dos pequenos.
CPMI não pode se tornar rinha partidária
O Povo (CE)
A quarta-feira foi um dia de surpresa
negativa para os aliados do governo. A oposição mobilizou-se rapidamente e
conseguiu modificar o cenário a seu favor, assumindo o comando da comissão
investigadora
Buscar os responsáveis pela fraude que
atingiu um dos setores mais vulneráveis da sociedade, para que sejam punidos
nos termos da lei, tem de ser o objetivo central da Comissão
Parlamentar Mista de Inquérito.
A oposição conseguiu impor uma derrota
inesperada ao governo na composição da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito
(CPMI) que investigará os descontos indevidos nas aposentadorias e
pensões do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS).
No processo de instalação da CPMI, os
presidentes do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), e da Câmara dos Deputados,
Hugo Motta (Republicanos-PB), em concordância com o governo federal,
articularam para indicar os principais cargos da CPMI.
Pelo acordo, a presidência da comissão
seria exercida pelo senador Omar Aziz (PSD-AM) e a relatoria seria ocupada pelo
deputado Ricardo Ayres (Republicanos-TO).
É provável que os negociadores do governo
tenham confiado demais na articulação — que teve o envolvimento
direto dos presidentes das duas casas legislativas — considerando o assunto
resolvido.
No entanto, a quarta-feira, data da
instalação da CPMI, foi um dia de surpresa negativa para os aliados do governo.
A oposição mobilizou-se rapidamente e conseguiu modificar o cenário a seu favor,
superando a influência dos presidentes das duas casas — e dos líderes petistas
encarregados do assunto.
Na votação para indicar o presidente da CPMI, a
oposição derrotou os candidatos governistas. O mais votado para presidir a
comissão que vai investigar as fraudes no INSS foi o senador oposicionista
Carlos Viana (Podemos-MG), que indicou como relator o deputado Alfredo Gaspar
(União-AL), também do campo oposicionista.
Ficou evidente a falta de articulação do
governo, o que levou a ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann
(PT), a convocar uma reunião com aliados para discutir o assunto. O líder
do governo no Congresso, senador Randolfe Rodrigues (PT-AM), assumiu a
responsabilidade pela derrota, admitindo ter subestimado os adversários.
Faz tempo que o governo enfrenta
dificuldades, por problemas criados pelo próprio Executivo, como foi a má
condução na crise do Pix. E, agora, com Randolfe, um político experiente
da base governista, cometendo erros primários, que levou à perda do
comando da CPMI.
A rigor, uma CPMI tem de delimitar o objeto
de suas investigações, firmando o compromisso de funcionar como instrumento
de apuração independente. Ou seja, tem de fazer uma investigação,
apontando eventuais responsáveis pelas fraudes, independentemente de
considerações partidárias ou ideológicas.
É de se esperar, mesmo sem muita expectativa,
que o melhor aconteça, e que o plenário da comissão não se transforme em uma
rinha partidária, com vistas à eleição do próximo ano.
Buscar os responsáveis pela fraude que
atingiu um dos setores mais vulneráveis da sociedade, para que sejam punidos
nos termos da lei, tem de ser o objetivo central da CPMI.
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