Valor Econômico
Segundo levantamento de agosto, petista ganha
no segundo turno em todos os cenários
A pesquisa
Genial/Quaest de intenção de voto na eleição presidencial de 2026 ajuda
a explicar a quem beneficia, em um primeiro momento, a radicalização do país
estimulada pela agressão externa protagonizada pelo americano Donald Trump. O
presidente Luiz
Inácio Lula da Silva (PT) ganha no segundo turno em todos
os cenários, mas avança mais contra as alternativas da oposição com o sobrenome
Bolsonaro, todas indissociáveis do tarifaço.
De acordo com o levantamento divulgado na quinta-feira, Lula consegue 47%, ante 35% que preferem o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) inelegível por decisão da justiça eleitoral, réu em ação penal por golpismo e indiciado na quarta-feira (20) pela Polícia Federal por coação à justiça.
Em maio, na sondagem pré-intervenção de Trump
a favor do aliado brasileiro, os dois estavam com 41%. O que era empate virou
uma vantagem petista de 12 pontos percentuais.
É contra o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ),
incluído pela primeira vez nas simulações da pesquisa, que Lula abre a maior
vantagem: 48% a 32%. Contra o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), também indiciado quarta
pela Polícia Federal, a oscilação foi pequena, mas a diferença é ampla. Entre
maio e agosto, Lula subiu de 44% para 47% e o parlamentar reduziu de 34% para
32%. No caso da ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro (PL), havia um empate técnico
em maio: 43% a 39% para o petista. Agora Lula tem 47% e Michele, 34%.
Do quinteto de
governadores que se projetam como presidenciáveis de direita, quem se sai
melhor na foto é o de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos): ele perde para
Lula por 35% a 43%. Em maio a diferença era de um ponto percentual a favor do
petista: 41% a 40%. Na sequência vem Ratinho Júnior (PSD), do Paraná, que obteve
34%, ante 44% de Lula. Há três meses tinha 38% e Lula, 40%. As variações
de Ronaldo Caiado (União
Brasil), de Goiás, e Romeu
Zema (Novo), de Minas Gerais, são pouco significativas,
embora ambos se movimentem abertamente como pré-candidatos. Lula abre 47% a 31%
contra Caiado e 46% a 32% contra Zema. Eduardo Leite (PSD), do Rio Grande do
Sul, que não é levado muito a sério em seu próprio partido como presidenciável,
perde de 46% a 30%.
Do ponto de vista de
viabilidade eleitoral, o nome a ser considerado com mais atenção no momento é o
do governador do Paraná. Tarcísio dependeria de um aval direto da família
Bolsonaro, pouco provável depois de ter sido atacado nos últimos dias por dois dos
filhos políticos do ex-presidente, Eduardo e o vereador Carlos Bolsonaro. Ratinho Júnior
perde no segundo turno por dez pontos percentuais, mas é rejeitado por apenas
33%, seis pontos percentuais a menos que Tarcísio. Lula é descartado por 51%
dos eleitores, mesmo índice de Michelle. Jair e Eduardo são repudiados por 57%.
É nesse ponto que a pesquisa traz uma notícia
potencialmente devastadora para o clã Bolsonaro. O ex-presidente e seus filhos
estão há meses dizendo que só eles derrotariam Lula. O mapa das rejeições
sugere o inverso: que só eles perderiam de Lula. Os governadores
presidenciáveis têm maior potencial de votos.
Americanos são famosos pelo pragmatismo. Se interessar mais a Trump tirar Lula da Presidência do que restabelecer Bolsonaro, eis aí um caminho que poderia afastar a Casa Branca do clã. Mas uma ressalva precisa ser feita: as grandes batalhas estratégicas dos Estados Unidos são travadas em outros locais. O custo de uma aventura puramente ideológica e nada racional no Brasil é baixo.
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