Correio Braziliense
Guilherme Derrite não é um
caso isolado: ele expressa uma cultura política de extrema-direita que concebe
o Estado como força tutelar e disciplinadora, não como mediador de direitos da
sociedade
A disputa entre o governo federal e os
governadores de oposição sobre a política de segurança pública e a legislação
penal não é apenas técnica ou operacional, mas política, histórica e
federativa. O impasse na definição do Sistema Único de Segurança Pública
(SUSP), adiada mais uma vez na Câmara, revela a persistência de um modelo de
poder local armado, forjado há mais de um século, e que hoje se expressa na
política nacional por meio de figuras como o deputado Guilherme Derrite
(PP-SP), relator do PL Antifacção. Derrite é policial militar formado na
cultura da antiga Força Pública paulista, que durante décadas funcionou como um
verdadeiro exército estadual.
Criada em 1831 e consolidada na República Velha, a Força Pública de São Paulo foi a mais poderosa corporação policial do país. Seu efetivo, treinamento e armamento rivalizavam com os do Exército. Em 1932, ela constituiu o núcleo militar da Revolução Constitucionalista, quando São Paulo se insurgiu contra Getulio Vargas em nome da Constituição, mas, também, da autonomia estadual. Derrotada militarmente, a Força Pública manteve o prestígio político e a identidade castrense.



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