sexta-feira, 2 de maio de 2014

Opinião do dia: Roberto Freire

O clima de euforia gerado no governo Lula fez com que o país não se preocupasse com o futuro e apenas surfasse em uma onda de crescimento internacional, sem que se estabelecessem alicerces fundamentais para um crescimento sustentável e duradouro.

Roberto Freire, deputado federal (SP) e presidente nacional do PPS. Pronunciamento em 1º de maio em S. Paulo

Acordo com Labogen teve Padilha como testemunha

Termo de compromisso foi assinado, apesar de alertas feitos por técnicos do Ministério da Saúde

Cleide Carvalho – O Globo

SÃO PAULO - O termo de compromisso da Parceria para o Desenvolvimento Produtivo (PDP) de citrato de sildenafila com o Labogen — empresa usada pelo doleiro Alberto Youssef para remessas ilegais de dinheiro para o exterior — que reunia o Laboratório Farmacêutico da Marinha (LFM) e a indústria farmacêutica EMS, foi assinado em dezembro passado sem levar em conta alertas de setores técnicos do Ministério da Saúde. O documento foi assinado em 11 de dezembro pelo secretário de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos do ministério, Carlos Gadelha, e pelo capitão Almir Diniz de Paula, do LFM. O então ministro da Saúde Alexandre Padilha assinou o documento como testemunha.

No ato da assinatura, estava presente também Leonardo Meirelles, apontado como testa de ferro de Youssef e sócio da Labogen. Ele chegou a ser preso na Operação Lava-Jato e é um dos réus no processo, acusado de crime financeiro e lavagem de dinheiro.

O GLOBO teve acesso aos documentos do projeto de PDP, desfeito após a Operação Lava-Jato, da Polícia Federal (PF), revelar que o Labogen era uma empresa de fachada. O projeto era por cinco anos, com valor de R$ 134,4 milhões. Na análise, na qual consta um “de acordo” de Gadelha, os técnicos afirmam que o Labogen não possuía os documentos necessários, como o Certificado de Boas Práticas de Fabricação, embora fosse o responsável pelo desenvolvimento e fabricação do insumo. Dizem ainda que a EMS já fabricava as versões 25mg, 50mg e 100mg e tinha tecnologia para transferir ao LFM, e que a demanda apresentada estava superestimada. Isso porque o projeto previa 4,55 milhões de comprimidos de 20 mg por ano, enquanto as compras, de julho de 2012 a junho de 2013, tinham chegado a apenas a 2,161 milhões.

Dois dias antes da assinatura do compromisso, José Miguel do Nascimento Junior, diretor de Assistência Farmacêutica do ministério, enviou e-mail ao diretor responsável pelos projetos de parceria, Eduardo Jorge Oliveira, alertando que a necessidade maior era para o medicamento na versão 50 mg, e não na de 25 mg ou 20 mg, como previsto no projeto: “Favor atentar para o destaque em vermelho: Neste sentido, não deve haver PDP para a apresentação de 25 mg e sim, somente da sildenafila 50 mg”. Ele repassou junto um e-mail da área técnica, que havia sido consultada.

Os PDPs foram criados para incentivar a produção de remédios no Brasil. O projeto do Labogen e seus parceiros era apenas para produzir comprimidos de citrato de sildenafila de 20 mg, indicado para hipertensão arterial pulmonar. No texto repassado por Nascimento Junior, consta que a doença é de baixa prevalência e incidência. Diz ainda que em São Paulo o medicamento é comprado pelo governo estadual por apenas R$ 0,81, e no Rio de Janeiro, por R$ 0,95. Enquanto isso, o valor de aquisição previsto no projeto chegava a R$ 6,53 por comprimido no primeiro ano do acordo, e R$ 5,32 no último. Hoje o SUS paga R$ 5,88 por comprimido, mas 14 estados já compram mais barato. Os maiores preços são de Goiás (R$ 12,70) e Mato Grosso do Sul (R$ 11,66).

Labogen não tinha alvará da prefeitura
Os técnicos do Ministério da Saúde também ressaltaram na nota técnica, que analisou o projeto apresentado pelo LFM, que o citrato de sildenafila não tem mais patente, e que várias empresas já têm registro do princípio ativo na Anvisa. No e-mail repassado a Oliveira, o técnico lembra que o produto deve sofrer uma forte redução de preços em todos os estados, pois estão entrando genéricos no mercado. 

Mesmo assim, sugere que o preço a ser usado no primeiro ano do acordo para a sildenafila 50 mg, que deveria ser feita pela PDP, fosse de R$ 4,47, o mesmo do Mato Grosso do Sul, que aparece entre os que pagam mais caro pela versão de 20 mg. O preço pago atualmente pelo governo federal, segundo ele, é de R$ 5,32 e, portanto, ao usar o valor do Mato Grosso do Sul haveria um “desconto de 16% sobre o preço atualmente praticado”.

A fábrica do Labogen, em Indaiatuba (SP), foi visitada por técnicos do ministério no dia 20 de setembro. Apenas quatro dias antes, em 16 de setembro, foi enviada diretamente a Gadelha uma carta, e não um contrato, assinada pela EMS e pelo Labogen comunicando que as duas empresas haviam fechado parceria.

De acordo com o laudo da visita, quase todos os documentos ficaram de ser apresentados depois. O ex-frentista Esdra Ferreira, alçado a sócio do laboratório por Youssef, disse em depoimento à Polícia Federal que sua atividade era cuidar das licenças e levá-las a órgãos públicos. Informou que a fábrica do Labogen não tinha alvará da prefeitura de Indaiatuba, alvará dos bombeiros ou licença da Anvisa, mas que havia um “ok” do órgão em relação à planta e ao maquinário.

Contou que ele mesmo comprou pela internet, em cemitérios de equipamentos usados, 60 a 80 máquinas, que foram revestidas de chapas de alumínio para ficarem com cara de novas e que estariam prontas para serem usadas.

As escutas da PF mostram que, no mesmo dia da visita, a conversa entre Youssef e o deputado André Vargas (PT-PR) começou cedo. Pouco depois das 8h, Youssef mandou SMS a Vargas dizendo: “Hoje vou na indústria visita dos técnicos”. Por volta de 17h, mandou outra mensagem: “Terminou a visita fomos bem temos que aguardar relatório”. Vargas responde: “Vamos cobrar. Preciso do retorno sobre a estruturação”.

Leonardo Meirelles, do Labogen, afirmou à PF que os contatos com o Ministério da Saúde eram feitos por Marcus Cézar Ferreira de Moura, que trabalhou por alguns meses no setor de eventos do Ministério da Saúde e recebeu para atuar na campanha eleitoral que elegeu a presidente Dilma Rousseff. Segundo ele, Moura era atendido por Carlos Gadelha e Eduardo Jorge Oliveira.

Em troca de mensagens interceptadas pela PF, o grupo do doleiro comemorou a assinatura do acordo: “Tava todo mundo lá, tava o ministro, o tal de Jorge, Gadelha, cumprimentamos todo mundo”.

Procurado pelo GLOBO, Padilha afirmou em nota que não comentaria aspectos técnicos e que desde o início da apuração do caso se declarou a favor da suspensão da parceria, até o fim da investigação. Argumentou ainda que o termo de compromisso era apenas um início de processo e que haveria outros filtros até a assinatura do contrato definitivo, onde o preço poderia ser reavaliado com base nos preços praticados pelo SUS.

O Ministério da Saúde informou que o termo foi suspenso e que não fez pagamentos. Disse que o foco da parceria era mesmo a versão de 20 mg, “que é a dosagem de maior limitação no mercado” e que a versão de 50 mg seria residual. Na nota, diz que já havia negociado redução de 74% no preço, e que o Labogen tinha prazo até março para estar apto a integrar a parceria.

Em tom eleitoral, discurso de Dilma na TV carregou nas promessas

Texto do pronunciamento do 1º de maio teve dedo de marqueteiro e expectativa de virada na pré-campanha

Chico de Gois – O Globo

BRASÍLIA - O tom do discurso que a presidente Dilma Rousseff fez anteontem à noite em comemoração ao Dia do Trabalho destoou, e muito, dos pronunciamentos realizados anteriormente por ela na mesma ocasião. Com forte viés eleitoral, sua construção contou com a participação ativa do marqueteiro João Santana e do ministro da Secretaria de Comunicação Social da Presidência, Thomas Traumann, e desde terça-feira já era apontado pelo chefe da Casa Civil, Aloizio Mercadante, como um ponto de virada na pré-campanha da petista. Levantamento realizado pelo GLOBO demonstra que em nenhum momento, nos últimos três anos, Dilma fez tantas promessas como as anunciadas na quarta-feira. Nunca antes, também, ela recorreu a hipotéticos inimigos para defender políticas adotadas por seu governo e, pela primeira vez, concluiu sua declaração com uma frase que é um libelo à militância:

— Quem está ao lado do povo pode até perder algumas batalhas, mas sabe que no final colherá a vitória.

Nos pronunciamentos anteriores, Dilma era praticamente monotemática. Em 2011, em seu primeiro ano à frente da Presidência, ela foi quase messiânica: disse que os brasileiros sentem que dias melhores estão chegando, que o Brasil começa a realizar seus sonhos e que é preciso ampliá-los para vencer vários desafios. Entre esses desafios, ela apontou a necessidade de melhorar a infraestrutura, fazer o país crescer de forma harmônica e sustentável e retirar milhares de pessoas da miséria. Ela aproveitou a ocasião para informar que lançaria o programa Brasil sem Miséria e contou que, no dia anterior, tinha proposto o Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec).

— Convoco todos os brasileiros, sem exceção, para vencermos juntos a batalha contra a miséria — apregoou.

Em 2012, o tom foi diferente. Dilma passou a maior parte do pronunciamento defendendo a queda nas taxas de juros.

— A economia brasileira só será plenamente competitiva quando nossas taxas de juros, seja para o produtor, seja para o consumidor, se igualarem às taxas praticadas no mercado internacional.

Quando atingirmos esse patamar, nossos produtores vão poder produzir e vender melhor, e nossos consumidores vão poder comprar mais e pagar com mais tranquilidade — disse a presidente.

Dilma afirmou, na ocasião, que considerava “inadmissível” que o Brasil continuasse com um dos juros mais altos do mundo e criticou os bancos privados, dizendo que eles não poderiam continuar cobrando os mesmos juros para as empresas e para os consumidores, enquanto a taxa Selic caía.
Naquele mês, a Selic estava em 8,50% ao ano. Neste ano, a taxa voltou a aumentar e está em 11%.

Quando tratou de aumento do poder de compra dos salários, Dilma lembrou que o governo tinha retirado impostos da folha de pagamentos. No ano passado, Dilma elegeu a Educação como ponto principal de seu pronunciamento no Dia do Trabalho. Ela anunciou que estava enviando ao Congresso projeto para que os royalties do pré-sal fossem aplicados exclusivamente na Educação.
— Só uma Educação de qualidade pode garantir mais avanço para o emprego e para o salário — disse Dilma.

— O Brasil precisa de uma grande revolução no ensino, capaz de garantir o nosso futuro como nação líder e soberana no mundo — defendeu.

Dilma faz ofensiva contra o 'Volta Lula'

Andrea Jubé e Bruno Peres - Valor Econômico

BRASÍLIA E CAMAÇARI (BA) - Em queda nas pesquisas e acuada pelo coro de "volta, Lula", a presidente Dilma Rousseff deflagrou nesta semana uma ofensiva para mostrar que será a candidata do PT à Presidência, nem que para isso tenha de enfrentar o seu partido, seus aliados e seu maior cabo eleitoral, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Nos últimos dias, Dilma fez gestos ostensivos para consolidar sua candidatura. Elegeu um terreno estratégico, a Bahia, governada por Jaques Wagner (PT), de quem se tornou amiga próxima, como dique de contenção à avalanche pró-Lula. De lá, mandou recados duros aos aliados, e nas entrelinhas, ao próprio Lula.

Por sua vez, o ex-presidente adiou o projeto de percorrer o país com candidatos do PT para não alimentar as demandas para que se candidate no lugar de Dilma.

"O "volta, Lula" ganhou uma dimensão maior do que se esperava", atesta o senador Jorge Viana (AC), um quadro histórico do PT e amigo de longa data de Lula. Para ele, é preciso buscar com urgência uma solução para o problema. "Lula e Dilma juntos têm de achar a melhor saída para isso", defendeu.

Na primeira declaração pública sobre o coro pró-Lula a rádios da Bahia, Dilma minimizou o movimento. "É um ano eleitoral, é uma situação normal". Questionada sobre o manifesto do PR, que pediu Lula como candidato, ela ressaltou que prefere marchar com o apoio de sua base. Mas seguirá em frente, mesmo sem os aliados. "Não vou me importar com isso", atirou.

Simultaneamente, Wagner fez uma defesa enfática da pré-candidata a uma plateia de 6 mil beneficiários do programa "Minha Casa, Minha Vida", vitrine dilmista.

"Aquilo que era bom nos oito anos do Lula ficou ainda melhor nesses quatro anos da presidente Dilma", exaltou, chamando a presidente de "rainha dos pobres".

Dilma ainda aproveitou as rádios baianas para avisar que "gosta" de ser presidente e, nas reticências, sugeriu que pretende continuar fazendo isso. Detalhou números e ações governistas para justificar o apreço ao cargo. "Um milhão de cisternas é algo que faz eu gostar muito de exercer a Presidência", exemplificou.

Um aliado, que mantém reuniões frequentes com Dilma para analisar cenários e contabilizar votos, avalia que, finalmente, ela "incorporou a guerrilheira". Argumenta que uma mulher que viveu clandestina, foi presa e torturada não vai se entregar sem luta.

Foi essa disposição para a guerra que Dilma deixou transparecer em alguns trechos do pronunciamento em cadeia nacional de rádio e TV na última quarta-feira, em que alfinetou adversários e fez uma defesa contundente da Petrobras. "Se hoje encontramos um obstáculo, recomeçamos mais fortes amanhã, porque para mim as dificuldades são fonte de energia e não de desânimo", avisou. E como quem marcha em um front, avisou que vencerá. "Quem está ao lado do povo pode até perder algumas batalhas, mas sabe que no final colherá a vitória", concluiu. Nas conversas reservadas, tem sido veemente, afirmando a aliados que vencerá no primeiro turno, embora as pesquisas não apontem nessa direção.

A escalada do "volta, Lula" atormenta a cúpula petista. O assunto foi debatido na última terça-feira na sede do Instituto Lula em São Paulo. A incerteza sobre a candidatura fragiliza Dilma, que despenca nas pesquisas, afeta o partido, enerva a militância e espanta eleitores e financiadores.

A crise se refletiu nas campanhas estaduais. O comando da campanha dilmista rachou sobre a participação de Lula nas caravanas de pré-candidatos, como Alexandre Padilha em São Paulo, Fernando Pimentel em Minas Gerais e Gleisi Hoffmann no Paraná. Lula começaria a percorrer os Estados ao lado dos petistas, mas adiou os planos. Dilmistas avaliaram que incursões do ex-presidente país afora dariam fôlego ao "volta, Lula" e disseminariam esse sentimento no eleitorado.

Uma primeira ação para sufocar o "volta, Lula" ocorre hoje em São Paulo, quando Lula e Dilma abrem juntos o encontro nacional do PT, que vai discutir estratégias eleitorais e delinear o programa do próximo governo.

Pela enésima vez, Lula vai apresentar Dilma como candidata do PT à sucessão presidencial. Vai tentar convencer uma plateia de 800 delegados e milhares de militantes. Dilma se reuniu com o presidente nacional do PT, Rui Falcão, que integra o comando de sua campanha, na última segunda-feira, em Brasília, para afinar o discurso que fará para uma militância reticente e apreensiva.

Em outra frente, lideranças petistas multiplicam declarações de apoio a Dilma. "Lula é o nosso maior cabo eleitoral. A quem pede o retorno dele, eu mando votar na Dilma, porque aí ele volta em 2018", diz o líder do PT na Câmara, Vicentinho (SP).

"Dilma tem o direito à reeleição e vai exercer esse direito com o apoio do PT e de outros partidos", enfatizou o ministro das Relações Institucionais, Ricardo Berzoini.

Quem fatura com o embate interno no PT e a insatisfação dos aliados com Dilma são os seus adversários. O senador Aécio Neves (PSDB-MG) diz a interlocutores não cobiçar o apoio formal do PMDB, desde que os dissidentes estejam com ele nos Estados. "O PMDB está com Aécio no Rio", lembra uma liderança peemedebista, que rejeita a reedição da aliança com o PT se a candidata for Dilma. O ex-governador de Pernambuco Eduardo Campos (PSB) computa o apoio informal do PMDB no Rio Grande do Sul, onde tem o senador Pedro Simon como cabo eleitoral.

PT tenta 'dissipar' movimento 'Volta, Lula' com encontro

Partido se reúne em São Paulo para discutir diretrizes do programa de governo da campanha de Dilma à reeleição

Ricardo Galhardo - O Estado de S. Paulo

A direção do PT pretende usar o 14.º Encontro Nacional do partido que começa hoje em São Paulo para reforçar a pré-campanha de Dilma Rousseff à reeleição, buscar uma unidade de discurso a fim de estancar a queda da presidente nas pesquisas eleitorais e reduzir o coro pela volta do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

O evento vai reunir 5 mil delegados que terão a incumbência de definir as diretrizes do programa de governo e a tática eleitoral do partido para as eleições de outubro, mas o ponto alto do evento serão as participações de Lula e da presidente.

A direção petista e a coordenação da campanha de Dilma esperam que Lula reafirme o apoio à reeleição da presidente e descarte a possibilidade de disputar o Planalto em 2014. Com isso, o PT acredita no arrefecimento do "Volta, Lula". Segundo afirmou integrante da direção do partido em conversa reservada, o plano é que a questão seja "dissipada" ainda hoje.

Apesar da estratégia ensaiada, a cúpula petista teme reações isoladas pela volta do ex-presidente, principalmente por parte do grupo de parlamentares do qual fazia parte o deputado André Vargas (sem partido-PR), insatisfeito com a condução política do Planalto. O evento será fechado à imprensa, que só terá acesso ao ato de abertura com Lula e Dilma.

O presidente nacional do PT, Rui Falcão, também vai aproveitar a presença de dirigentes petistas de todo o País para reforçar a posição de Dilma indicando nomes para as coordenações locais da pré-campanha à reeleição mesmo nos Estados onde o partido ainda não definiu a candidatura a governador. O objetivo é mobilizar o partido nos Estados para sair em defesa do governo federal e tentar interromper a queda da aprovação à gestão Dilma e nas pesquisas de intenção de voto.

O PT também quer usar seu 14.º Encontro Nacional para amplificar a campanha pela aprovação de uma constituinte exclusiva para a reforma política.

Planalto define estratégia para crítica a adversários

Campanha petista planeja atacar propostas econômicas de Aécio, citando 'retrocesso', e discurso político de Campos, explorando 'incoerência'

Débora Bergamasco - O Estado de S. Paulo

BRASÍLIA - A coordenação da campanha à reeleição da presidente Dilma Rousseff já traçou a estratégia para reagir às críticas dos adversários. O plano prevê atacar as propostas econômicas do presidente do PSDB, Aécio Neves, e acusar Eduardo Campos (PSB) de ser incoerente, porque agora se posiciona contra o governo ao qual pertenceu até o fim do ano passado.

Contra o tucano, Dilma deve insistir que, se ele for eleito, o País entrará em uma grave recessão. A ideia é dizer que o PSDB cortará os financiamentos do BNDES, o que causaria desaquecimento na economia, e que Aécio pretende acabar com as desonerações para determinados setores industriais, o que provocaria demissões. O plano é propagar que o emprego dos brasileiros poderá estar em risco por causa de medidas de austeridade na economia. A campanha deve enfatizar ainda o argumento de que o projeto econômico do seu concorrente privilegia o mercado. Especialmente em encontros com empresários, Aécio tem dito que não terá medo de, se eleito, adotar "medidas impopulares" para resolver o que ele considera problemas atuais na economia brasileira.

A petista também já preparou a estratégia para tentar revidar os ataques de Campos. Tentará demonstrar que suas críticas são incoerentes, pois o PSB integrava o atual governo até o fim do ano passado. No Palácio do Planalto também já existe o levantamento dos principais investimentos federais das gestões de Dilma e do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva em Pernambuco, governado por Campos nos últimos oito anos. As ações no Estado nordestino serão o principal mote da propaganda eleitoral de Campos.

Pronunciamento. A estratégia começou a ser colocada em campo nesta semana. Na noite de anteontem, em pronunciamento em cadeia nacional de rádio e TV, Dilma fez críticas à oposição que, segundo ela, aposta no "quanto pior, melhor".

Afirmou também que seu governo nunca será do "arrocho salarial" nem da "mão dura contra o trabalhador". Na fala, ela apresentou ainda outras armas de defesa que serão usadas em sua corrida à reeleição. Trata-se de minimizar os problemas de sua gestão e se eximir da culpa. Dilma deu atenção especial àqueles que lhe têm sido caros nesta pré-campanha, como o aumento de preços, o custo da energia e irregularidades na Petrobrás.

"Em alguns períodos do ano, sei que tem ocorrido aumentos localizados de preço, em especial dos alimentos. E esses aumentos causam incômodo às famílias, mas são temporários e, na maioria das vezes, motivados por fatores climáticos", disse.

No mesmo dia, pela manhã, o ministro das Relações Institucionais, Ricardo Berzoini, em conversa com jornalistas, atacou os adversários nessa linha. Falou que o pré-candidato do PSB "tem, entre os vários motivos para que ele (Campos) tenha condições de ser candidato, os diversos investimentos federais que foram feitos em Pernambuco".

Sobre Aécio, o ministro preferiu apontar o que considera diferenças em relação à condução da economia. "Ele (Aécio) disse que não teria medo de adotar medidas impopulares. Eu acho que o governante, de fato, não pode temer medidas difíceis. Mas, quando eu lembro do governo Fernando Henrique (PSDB) e que ele (Aécio) foi líder do PSDB, e que foi presidente da Câmara, quando ocorreram grandes malefícios para os trabalhadores, eu tenho certeza de que, quando ele fala de medidas impopulares, ele sabe do que ele está falando".

Documento do PT com diretrizes do programa de Dilma também afirma que as oposições anunciam medidas "amargas" e "impopulares" caso eleitas.

Na semana que vem a direção do partido vai orientar a bancada petista na Câmara a colocar em votação o projeto de lei que prevê a realização de um plebiscito popular para decidir sobre a reforma política mesmo que a proposta tenha poucas chances de ser aprovada. A estratégia do PT é fazer com que os setores da base aliada contrários ao projeto se exponham.

Na última semana algumas lideranças tentaram incluir moções de apoio a José Dirceu e José Genoino, condenados no processo do mensalão e presos na penitenciária da Papuda. A direção do PT, no entanto, ainda não decidiu como vai lidar com o assunto. A possibilidade mais provável é que um grupo de amigos de Dirceu e Genoino faça uma intervenção.

Setores do partido reclamam da falta de posições públicas da cúpula diante da demora do Supremo Tribunal Federal em avaliar o pedido de progressão de pena para o regime semiaberto de Dirceu e da ordem para Genoino voltar para a Papuda apesar de seus problemas de saúde.

Ato político da Força Sindical em São Paulo vira palanque da oposição

Aécio Neves (PSDB) e Eduardo Campos (PSB) criticaram Dilma; ministro do Trabalho saiu em defesa do governo

Fausto Macedo - O Estado de S. Paulo

O ato político promovido pela Força Sindical transformou-se em palanque da oposição neste 1.º de Maio em São Paulo. Os presidenciáveis Aécio Neves (PSDB) e Eduardo Campos (PSB), opositores do governo Dilma Rousseff (PT), criticaram a petista para uma multidão de 1 milhão de trabalhadores, segundo estimativa da central, na Praça Campo de Bagatelle.

Eles atacaram a presidente principalmente por ela ter usado cadeia de rádio e TV na noite desta quarta feira, 30, para anunciar medida provisória de correção da tabela do Imposto de Renda em 4,5% e reajuste de 10% para o Bolsa Família. "Ela fez proselitismo político", disse Aécio. "Ela (Dilma) foi ontem à televisão falando que quer dialogar com a classe trabalhadora e hoje está fechada no Palácio do Governo, não veio aqui olhar para vocês, explicar porque a inflação voltou, porque o crescimento sumiu e porque a decência anda em falta no atual governo."

Campos, por seu lado, após o pronunciamento, declarou que, se eleito, vai blindar a Petrobrás de influências e ingerências políticas e cobrou profissionalismo na gestão da estatal petrolífera.
O deputado Paulinho da Força (Solidariedade) radicalizou o discurso, ao falar dos escândalos que cercam a Petrobrás. Ele disse que Dilma vai parar no presídio da Papuda, em Brasília. O ministro do Trabalho, Manoel Dias, saiu em defesa da presidente e do governo. "Ele (Paulinho) não precisava ofender a presidente. Os trabalhadores tiveram aumento real de salário nesses últimos anos, 40,9% acima da inflação. O aumento do salário mínimo já está em 78% acima da inflação. Geramos 21 milhões de empregos em 10 anos."

O secretário geral da Presidência da República, Gilberto Carvalho, deixou o evento contrariado. "Esse tipo de reação dele (Paulinho) eu não levo a sério. Não podemos levar a sério esse tipo de declaração feita nesse momento. Já estou acostumado. Eu não vou fazer guerra nenhuma. Esse tipo de manifestação não é ouvido pela gente. O que eu ouço é a fala séria do João, do Miguel do Juruna, de todo o pessoal da Força."

Carvalho disse que não foi ao palanque de Paulinho, mas dos trabalhadores. "Espera aí, esse é o palanque respeitável de milhares e milhares de trabalhadores da Força."

À saída, o secretário da Presidência apontou para Aécio. "Quem anunciou medidas impopulares é o Aécio."

Aécio diz que Dilma protagonizou 'cena patética' na TV

Em evento da Força Sindical, tucano criticou pronunciamento da presidente em cadeia nacional de rádio e televisão

Francisco Carlos de Assis - O Estado de S. Paulo

SÃO PAULO - O provável candidato do PSDB à Presidência da República, o senador Aécio Neves, disse nesta quinta-feira, 1º, que a presidente Dilma Rousseff protagonizou uma cena "patética" ao se referir ao pronunciamento da petista em cadeia nacional de rádio e televisão nesta quarta-feira, 30.

"A presidente protagonizou uma cena patética ontem", disse Aécio ao chegar ao evento que a Força Sindical promove nesta quinta-feira em São Paulo em comemoração ao Dia do Trabalho. "Ela usou assuntos de Estado para fazer proselitismo político", declarou.

Ao lembrar que Dilma falou em seu pronunciamento sobre diálogo com os trabalhadores, o tucano a ironizou e disse que não a vê em nenhum evento da classe. "A presidente diz que quer dialogar com os trabalhadores, mas hoje está trancada no Palácio do Planalto."

O senador também criticou o reajuste de 4,5% da tabela do Imposto de Renda que, segundo ele, ficou abaixo da inflação. "Ao reajustar o Imposto de Renda abaixo da inflação de 6%, a presidente esconde os dados."

Em seu discurso, Aécio disse que mantém compromisso com "o resgate da Petrobrás das garras daqueles que fazem negócios em interesse próprio".

Paulinho da Força acusa Dilma de 'roubar' Petrobrás

O deputado participa de festa do Dia do Trabalho, organizado pela Força Sindical em São Paulo

Francisco Carlos de Assis - O Estado de S. Paulo

SÃO PAULO - O deputado federal Paulo Pereira da Silva, o Paulinho da Força (Solidariedade-SP), afirmou na tarde desta quinta-feira, 1º, durante breve discurso que fez no ato político na festa do Dia do Trabalho, que a Força Sindical promove em São Paulo, que "pelos roubos que tem feito na Petrobrás, a presidente Dilma Rousseff, deveria estar presa".

Sempre do lado do provável candidato do PSDB à Presidência da República, Aécio Neves, Paulinho afirmou do palanque que fará de tudo para ajudar a eleger o tucano.

Ele criticou ainda a ausência da presidente Dilma no evento. "Quem tem coragem mostra a cara e quem não tem manda representantes", disse o sindicalista e deputado na presença dos ministro do Trabalho, Manoel Dias, e do secretário-geral da Presidência da República, Gilberto Carvalho, ambos representando a presidente da República.

Ato pelo Dia do Trabalho vira palco de ataque entre oposição e governo

Ministro Gilberto de Carvalho é vaiado ao defender Dilma em evento da Força Sindical, em São Paulo

Ao lado de Aécio, Paulinho da Força diz que Dilma é quem deveria ser presa

Renato Onofre, Sérgio Roxo – O Globo

SÃO PAULO - O ato da Força Sindical em comemoração pelo Dia do Trabalho nesta quinta-feira em São Paulo virou palco de ataques entre oposição e governo. O ministro Gilberto Carvalho foi vaiado ao defender as medidas anunciadas pela presidente Dilma Rousseff na noite de quarta feira, em cadeia nacional de rádio e televisão. Os pré-candidatos à Presidência, Aécio Neves (PSDB e Eduardo campos (PSB), criticaram a política econômica. O presidente licenciado da Força, o deputado federal Paulinho da Força, afirmou que Dilma devia estar na presídio da Papuda, em Brasília, e chegou a pedir ao público que mandasse uma banana para a presidente.

Paulinho e Aécio Neves subiram juntos ao palco e atacaram presidente. Gilberto Carvalho estava no palanque, porém, mais afastado. Mas ouviu Paulinho dizer que Dilma não comparecia e “mandava subalternos”.

- Temos uma corrupção desenfreada. O governo que deveria dar exemplo está atolado na corrupção. É o governo que, se fizer o que a presidente Dilma falou ontem, quem vai parar na Papuda é ela - declarou Paulinho da Força.

Aécio questionou novamente as medidas anunciadas pela Dilma:

- A presidente da República protagonizou ontem um momento patético da vida pública deste país. Ela utilizou um instrumento de Estado, que é a cadeia de rádio e televisão, para fazer proselitismo político para atacar adversário. As medidas que ela anuncia vêm na direção daquilo que já vimos defendendo há muito tempo. O reajuste não atende ao crescimento inflacionário. E ela mente no momento que diz que o reajuste de 10% não chega ao teto estabelecido pela ONU de U$ 1,25 por dia - afirmou Aécio.

Ele disse ainda que Dilma “acha que a crise da Petrobras é culpa da oposição, mas é daqueles que fizeram dela um balcão de empregos”.

Já Gilberto Carvalho menosprezou a fala de Paulinho e disse não temer vaias.

- Não temos medo de vaia. O trabalhador brasileiro sabe que os 12 anos do PT foram os melhores para os trabalhadores - falou Carvalho, que não quis polemizar sobre as declarações de Paulinho. –

Eu não vou comentar o Paulinho da Força. Eu respeito os trabalhadores da Força Sindical. Prefiro me relacionar com eles - falou.

Ao discursar, o ministro do Trabalho, Manoel Dias, saiu em defesa de Dilma.

- Essa reunião não é para ofender ninguém. Eu quero contestar o meu amigo Paulinho. Ele não precisava ofender a presidente.

Eduardo Campos, em discurso, se comprometeu a, num eventual governo, não mexer com o direito dos trabalhadores.

- Nós temos que nos comprometer que o Brasil não vai para o caminho certo com a retirada de direitos dos trabalhadores - disse Campos.

Depois da fala do pré-candidato do PSB, Paulinho pediu novamente que o público repetisse o gesto da banana para Dilma. Campos ficou constrangido com o gesto e disse, em entrevista, que o debate deve se dar com ideias.

O ex-governador de Pernambuco também criticou o pronunciamento da Dilma em rede nacional.
- O que nós vimos foi mais uma fala eleitoral do que a fala de presidente da República. O fato da presidente anunciar o aumento do Bolsa Família é uma maneira de reparar as perdas da inflação que ela mesmo deixou acelerar - comentou.

Público vaia petistas e atira latas durante festa da CUT em SP

Prefeito Fernando Haddad foi embora sem discursar

Ex-ministro da Saúde e pré-candidato ao governo paulista, Alexandre Padilha fez apenas saudação

Lino Rodrigues – O Globo

SÃO PAULO - Políticos petistas como o prefeito de São Paulo, Fernando Haddad (PT), o pré-candidato ao governo do estado Alexandre Padilha (PT) e o ministro Ricardo Berzoini foram impedidos de fazer os discursos programados para a festa do 1º de Maio, liderada pela Central Única dos Trabalhadores (CUT), Central dos Trabalhadores (CTB) e Central dos Sindicatos Brasileiros (CSB), na tarde desta quinta-feira, no Vale do Anhangabaú, centro de São Paulo. O público vaiou e atirou papéis, latas e garrafas em direção ao palco todas as vezes que os nomes de políticos foram anunciados.

Pela programação do evento em comemoração pelo Dia do Trabalho, os discursos políticos deveriam durar uma hora, mas acabaram abreviados em poucos minutos. O primeiro a subir no palanque seria Haddad. Mas tão logo seu nome foi anunciado pelo apresentador do evento, o público, estimado em 3 mil pessoas segundo a Polícia Militar (80 mil pessoas de acordo com a organização), começou a vaiar e a arremessar objetos. Indignado, o prefeito foi embora sem sequer falar com a imprensa.

O apresentador tentou acalmar o público exaltado durante vários momentos, pedindo calma várias vezes, e chegou a dizer que “o ato político era importante”. O ministro de Relações Institucionais, Ricardo Berzoini, também foi recebido com vaias e impedido de discursar.

No momento de anunciar Alexandre Padilha, o locutor não o apresentou como pré-candidato, apenas como ex-ministro. Padilha, ao pegar o microfone, logo lançou uma pergunta: - Quem é contra o racismo?. As pessoas ergueram os braços e Padilha aproveitou o momento e resumiu seu discurso à saudação única “bom dia, boa tarde e boa noite”. E logo deixou o palco e foi embora.

O senador petista Eduardo Suplicy também só agradeceu o público e a festa seguiu com os shows programados.

Freire diz que crise econômica não é enfrentada com seriedade

- Portal do PPS

Presidente do PPS participou de evento promovido pela Força Sindical e que contou com a presença dos pré-candidatos à Presidência Eduardo Campos (PSB) e Aécio Neves (PSDB); representantes do governo foram vaiados

O deputado federal Roberto Freire (SP), presidente nacional do PPS, participou nesta quinta-feira (1º) do ato político e da festa em celebração ao Dia Internacional do Trabalhador promovidos pela Força Sindical, em São Paulo. O evento, que teve como lema “Avançar na Democracia com Desenvolvimento Social”, também contou com a presença dos pré-candidatos à Presidência Eduardo Campos (PSB) e Aécio Neves (PSDB), entre outras lideranças.

Em seu pronunciamento, Freire lembrou que a crise enfrentada pelo Brasil neste momento é reflexo da irresponsabilidade do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva na condução da política econômica. “O clima de euforia gerado no governo Lula fez com que o país não se preocupasse com o futuro e apenas surfasse em uma onda de crescimento internacional, sem que se estabelecessem alicerces fundamentais para um crescimento sustentável e duradouro”, afirmou.

O presidente do PPS disse que o governo brasileiro não enfrenta a crise econômica com seriedade, mas com “lorotas e mentiras”. Freire ainda lembrou que a luta dos trabalhadores brasileiros sofreu um grande revés durante o governo Lula, com o fim do fator previdenciário, que havia sido aprovado na Câmara dos Deputados com o voto integral da bancada do PPS.

Críticas e vaias ao governo
A inflação, o desemprego e a crise econômica permearam os discursos dos diversos deputados federais, estaduais e líderes sindicais presentes. Com um tom bastante crítico ao governo federal, Campos e Aécio também ressaltaram o momento difícil vivido pelo país.

O ex-governador de Pernambuco revelou estar preocupado com a falta de capacidade do governo de Dilma Rousseff em resolver o problema da inflação, “o grande inimigo dos trabalhadores do Brasil”, e disse que sanar essa questão será sua prioridade caso seja eleito presidente.

Dilma não compareceu ao evento e enviou como representantes do governo o secretário-geral da Presidência da República, Gilberto Carvalho, e o ministro do Trabalho, Manoel Dias, que foram vaiados pelo público que acompanhava o ato.

O deputado Paulo Pereira da Silva (SDD-SP), presidente licenciado da Força Sindical, citou o recente episódio de racismo contra o jogador brasileiro Daniel Alves, do Barcelona, e pediu que a população fizesse um gesto de “dar uma banana” para Dilma pela ausência da presidente. “Os candidatos ao Planalto que têm respeito pela classe trabalhadora estão presentes. Quem tem medo de encarar o trabalhador de frente, fica no Palácio”, criticou.

As festividades pelo Dia do Trabalhador tiveram início às 7h. Além do ato político, o evento reúne artistas e conta com diversas apresentações de grupos musicais.

Dilma mente sobre reajuste do Bolsa Família, diz Aécio

Reajuste é insuficiente para cobrir perda com inflação, dizem Aécio e Campos em comemoração de 1º de Maio

Ministros e políticos do PT são hostilizados e vaiados até em evento organizado pela CUT, simpática ao governo

Daniela Lima, Flávio Ferreira e Machado da Costa – Folha de S. Paulo / EBC

SÃO PAULO - As comemorações do Dia do Trabalho no maior colégio eleitoral do país foram marcadas ontem pela hostilidade do público com os representantes do governo e por ataques de políticos da oposição à presidente Dilma Rousseff.

Os dois principais adversários da petista na corrida eleitoral deste ano protagonizaram o evento da Força Sindical, a segunda maior central do país, na capital paulista.

Recepcionados pelo deputado Paulinho da Força (SDD-SP), principal liderança política da central, o senador Aécio Neves (PSDB-MG) e o ex-governador Eduardo Campos (PSB-PE) fizeram críticas ao reajuste de 10% no Bolsa Família anunciado por Dilma em cadeia nacional de rádio e televisão na quarta-feira.

Em outro evento, organizado pela CUT (Central Única dos Trabalhadores), que é a maior do país e é alinhada ao PT, latas e garrafas foram arremessadas pelo público quando a presença de ministros foi anunciada no palco.

"A presidente da República, infelizmente, mente aos brasileiros no momento em que diz que o reajuste de 10% no Bolsa Família permite que a remuneração alcance aquele patamar mínimo estabelecido pela ONU [Organização das Nações Unidas], de US$ 1,25 por dia, com uma renda mínima para se estar acima da linha da pobreza", afirmou Aécio no ato da Força.

"O valor teria que chegar a R$ 83 e não a R$ 77", disse.

O reajuste no Bolsa Família ainda será detalhado pelo governo. Procurado, o Planalto não comentou a fala de Aécio até a conclusão desta edição.

No pronunciamento na quarta, Dilma atacou a oposição e anunciou outras medidas de interesse dos trabalhadores, como o reajuste da tabela do Imposto de Renda e a promessa de manter a valorização do salário mínimo.

"A presidente foi ontem à televisão falar que quer dialogar com o trabalhador, mas hoje está fechada no palácio. Não veio olhar para vocês e explicar porque a inflação voltou, o crescimento sumiu e a decência anda em falta no atual governo", disse Aécio.

Em entrevista, Campos disse que a petista "enxuga gelo" ao reajustar o Bolsa Família sem conter a inflação. Ao discursar, afirmou que "o Brasil tomou o caminho errado" e que é preciso "mudar".

Paulinho da Força fez diversos ataques à presidente. Chegou a pedir, por duas vezes, que o público desse uma "banana" para Dilma. "Vamos erguer o braço! Toma aqui, presidente!" Aécio e Campos ficaram visivelmente constrangidos a seu lado.

No momento mais exaltado, Paulinho disse que Dilma poderia ser presa por causa de irregularidades na Petrobras. "Se fizer tudo o que disse na televisão ontem, quem vai acabar na Papuda é ela", afirmou, citando o presídio onde os petistas condenados no mensalão cumprem pena.

Quem subiu no palanque para defender o governo foi hostilizado. Principal interlocutor do Planalto junto aos movimentos sociais, o secretário-geral da Presidência, Gilberto Carvalho, foi vaiado.

"Pode vaiar. É parte da democracia", disse. Ele atacou Aécio, a quem classificou como uma nova versão do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (1995-2002). "Eles governaram o país sob um arrocho salarial enorme."

No evento da CUT, a hostilidade do público impediu o prefeito de São Paulo, Fernando Haddad (PT), o ministro do Trabalho, Manoel Dias, e o das Relações Institucionais, Ricardo Berzoini, de falar. Berzoini, vaiado ao ser anunciado, quando interrompeu um dos shows da festa, tentou falar e não conseguiu.

Pré-candidato do PT ao governo de São Paulo, Alexandre Padilha, tentou outra abordagem. "Quem aqui é contra o racismo? Quem aqui acha que somos todos iguais?" Falou das diferenças salariais entre homens e mulheres e deixou o local antes que as vaias recomeçassem.

O senador Eduardo Suplicy (SP) foi o único petista aplaudido. O presidente da CUT, Vagner Freitas, defendeu o governo e afirmou que a oposição representa o "retrocesso". "Temos que reconhecer os avanços que conquistamos nos últimos 12 anos", disse. "Ainda há muito a ser feito, mas não podemos esquecer das vitórias."

Aliados de Campos e Marina não se entendem sobre candidatura em SP

Integrante da Rede vetam nome do presidente do PSB. Ameaça de apoio à reeleição de Alckmin renasce

Sérgio Roxo

SÃO PAULO - O anúncio da chapa presidencial no começo do mês ainda não foi suficiente para aproximar militantes da Rede e do PSB. As diferenças ficaram claras com o aprofundamento, ocorrido nos últimos dias, do impasse para a escolha do nome que vai encabeçar a chapa ao governo de São Paulo.

A indefinição fez renascer a possibilidade de o partido de Campos apoiar a reeleição do governador Geraldo Alckmin (PSDB). O tucano esteve na noite de segunda-feira em um jantar oferecido pelo empresário João Doria Jr. ao pré-candidato a presidente do PSB. Um dos caminhos do tucano para atrair o grupo de Marina seria oferecer o posto de senador da chapa ao vereador Ricardo Young, um dos principiais aliados de Marina, apesar de ser filiado ao PPS. A hipótese é rechaçada pela Rede.

Inicialmente favorável a uma aliança com Alckmin, o PSB-SP aceitou a proposta de uma candidatura própria em São Paulo por pressão da Rede. A ideia é que candidatura Campos-Marina precisa de um palanque exclusivo no maior estado do país, já que o candidato oficial do governador paulista é o senador Aécio Neves (PSDB-MG).

O presidente do PSB no estado, o deputado federal Marcio França, foi indicado pré-candidato. Mas, em uma reunião na semana passada com Marina, os integrantes da Rede vetaram o parlamentar.

- Entendemos que ele não é o nome mais adequado para representar o movimento de renovação na política que queremos - afirma Célio Turino, porta-voz da Rede em São Paulo.

Em convenção que durou 18 horas no último sábado, o próprio Turino e o ambientalista João Paulo Capobianco, coordenador da campanha presidencial de Marina em 2010, foram escolhidos como possíveis candidatos. Para evitar mais atrito, as pré-candidaturas do ex-deputado federal Walter Feldman e do sociólogo Mateus Prado foram retiradas. Fundador do PSDB e ocupante de cargos públicos desde os anos 1980, Feldman vinha sendo criticado pela direção do PSB com os mesmo argumentos sempre que eram colocadas objeções a França pelos integrantes da Rede. Já Prado se desgastou ao afirmar em um debate interno ter "vontade de bater em França" quando ele fala que poderia disputar no voto, em convenção partidária, com Feldman quem será o candidato.

Como a Rede não teve o registro homologado pelo Tribunal Superior Eleitoral, os seus integrantes, entre eles Marina, se filiaram ao PSB. O grupo pode, em São Paulo, decidir apoiar um candidato de outro partido, como Vladimir Safatle, do PSOL.

Dirigentes do PSB ameaçam colocar em voto na convenção de junho a possibilidade apoio a Alckmin.

- O apoio ao Alckmin teria mais de 90% dos votos - afirma o prefeito de Campinas, Jonas Donizette (PSB), um dos principais articuladores do partido no estado.

Campos e Marina tentam manter o otimismo, apesar de reconhecerem as dificuldades de um acordo.

- A convenção vai ser em junho e até lá estaremos empenhados para que, com base num consenso progressivo. tenhamos o melhor nome - afirmou a ex-senadora.

-Essas coisas não são simples. Requerem muita conversa, muito diálogo e paciência. E nós temos tudo isso e vamos chegar um bom termo até a convenção - reconheceu o pré-candidato a presidente.

Tabela do Imposto de Renda, com defasagem de 61,42%, será corrigida em 4,5%

Bianca Pinto Lima e Gustavo Santos Ferreira – Agência Estado

A presidente Dilma Rousseff anunciou quarta-feira que a tabela do Imposto de Renda (IR) será corrigida. A afirmação foi feita durante pronunciamento em cadeia nacional de rádio e televisão em homenagem ao Dia do Trabalho.

Dilma disse que assinou uma Medida Provisória para que a mudança seja efetivada, mas não especificou os valores da correção durante o programa. No entanto, segundo o Palácio do Planalto, o reajuste será de 4,5% – porcentual utilizado desde 2007. “Isso vai significar um importante ganho salarial indireto e mais dinheiro no bolso do trabalhador”, afirmou a presidente.

Mas a tabela progressiva do IR acumula ao longo dos últimos 17 anos uma defasagem bem maior do que isso. As faixas de cobrança do imposto fecharam 2013 com uma discrepância de 61,42% em relação à inflação oficial, segundo cálculos do Sindicato dos Auditores Fiscais da Receita Federal (Sindifisco). Entre 1996 – quando houve o congelamento da tabela – e 2013, o IPCA foi de 206,64%, contra um reajuste de 89,96% nas faixas de cobrança do tributo.

O congelamento durou até 2001. Nos anos seguintes, quase todos os reajustes que ocorreram foram inferiores ao IPCA (veja o gráfico abaixo). A partir de 2007, as correções passaram a ser definidas por lei e ficaram em 4,5% – o centro da meta de inflação perseguida pelo governo. Em 2013, contudo, o IPCA ficou novamente acima desse patamar, em 5,91%, aumentando a defasagem em 1,35%.

Para o ano-calendário de 2014 (IR de 2015) ainda não havia definição sobre o reajuste, até essa quarta-feira. Mas para o final deste ano, de acordo com a última pesquisa Focus, o mercado espera inflação de 6,5%. Portanto, caso a previsão se confirme, a defasagem da tabela continuará aumentando – apesar da correção anunciada por Dilma.

Esse descasamento também vale para os valores das deduções. O limite anual para abatimento de gastos com educação, por exemplo, já se aproxima do valor de uma única mensalidade nas principais escolas do Brasil.

O anúncio desta quarta-feira foi recebido pela Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) com cautela. Por um lado, o presidente da OAB, Marcus Vinicius Furtado Coêlho, comemora a decisão. “É sinal de que a luta por uma tributação mais justa entrou na pauta presidencial”, diz.

Em contrapartida, Furtado Coêlho lamenta a correção anunciada pelo Planalto ser de 4,5%. “Não basta estipular uma correção equivalente à meta de inflação do governo”, diz. “É preciso que a tabela do IR respeite a inflação que de fato tenha ocorrido no período.”

De acordo com o presidente da Ordem, se a inflação de fato encerrar o ano acima do centro da meta, “a OAB continuará exigindo o cumprimento da Constituição”.

A OAB tem dois processos sobre o tema correndo no Supremo Tribunal Federal. Um, sob relatoria do ministro Luís Roberto Barroso, pede que a tabela seja corrigida pela inflação medida pelo IPCA. Outro, nas mãos da ministra Rosa Weber, quer que, assim como a saúde, os gastos com educação sejam integralmente dedutíveis no IR.

Efeito da defasagem. O estudo do Sindifisco observa que a discrepância crescente penaliza, sobretudo, os contribuintes de mais baixa renda. Quem ganha até R$ 2.761 por mês deveria ser isento de IR, segundo os cálculos do Sindifisco, mas acaba sendo tributado atualmente pelas alíquotas de 7,5% e 15%.

A classe média também arca com uma carga tributária bem maior do que deveria. Trabalhadores quem ganham R$ 3 mil mensais, por exemplo, são descontados na fonte em R$ 129,39. Se a tabela fosse integralmente corrigida, o valor seria de R$ 17,89, de acordo com a pesquisa. Isto é, o Fisco fica com R$ 111,50 a mais, uma diferença de 623,25%.

Já no extremo oposto, o efeito é bem menor. Quem recebe R$ 100 mil por mês deixa na fonte R$ 26.709,43. Se houvesse o reajuste, o desconto seria de R$ 26.223,86, uma diferença de apenas 1,85%.

Salário mínimo. A defasagem ainda se soma ao aumento do salário mínimo, também superior à correção da tabela. Neste ano, o mínimo foi elevado para R$ 724, uma alta de 6,78% ante os R$ 678 vigentes em 2013.

O resultado disso é o aumento da tributação sobre o assalariado. Em 1996, a isenção do imposto beneficiava quem recebia até 6,55 salários mínimos, segundo levantamento da consultoria Ernst & Young. Em 2014, essa relação despencou para 2,47. Assim, brasileiros antes isentos por causa da baixa renda vão paulatinamente ingressando na condição de contribuintes.

No pronunciamento desta quarta-feira, a presidente assumiu o compromisso de continuar a política de valorização do salário mínimo, que, segundo ela “tem sido um instrumento efetivo para a diminuição da desigualdade e para o resgate da grande dívida social que ainda temos com os trabalhadores mais pobres”.

(Com Bernardo Caram, da Agência Estado)

6 milhões não encontram emprego, e 62 milhões nem procuram; entenda os números do trabalho no país

- Folha de S. Paulo / EBC

Iniciada e interrompida neste ano, a pesquisa ampliada do IBGE sobre o mercado de trabalho ajuda a entender como o desemprego cai a despeito do fraco desempenho da economia.

Os dados mostram que cresce o número de brasileiros empregados, que no final do ano passado eram 92 milhões, ou 57% das pessoas em idade de trabalhar.

Mas também cresce o número dos que não trabalham nem procuram emprego -e, como não procuram, não são considerados desempregados.

Esse contingente chegou a 62 milhões de brasileiros, ou 39% das pessoas em idade de trabalhar.

Falta esclarecer com mais clareza a composição desse grupo: quantos são os que optaram por estudar mais, os que recebem amparo assistencial e os que simplesmente desistiram.

Os desempregados são apenas 4% das pessoas em idade de trabalhar, ou 6% dos que procuram emprego.

Roberto Freire: Pela transparência, contra o segredo de justiça

- Brasil Econômico

Estarrecida com a série infindável de escândalos que atingem o centro do poder especialmente desde que o PT assumiu o governo federal, a sociedade brasileira não suporta o aparelhamento da máquina pública e a tese, equivocada por princípio, de que o Estado é propriedade de determinados grupos políticos. Como forma de se proteger diante dos abusos daqueles que priorizam seus próprios interesses em detrimento do espírito público, a cidadania vem criando mecanismos que ampliam a fiscalização sobre seus representantes, em nome da transparência, como a Lei da Ficha Limpa e o fim do voto secreto no Congresso Nacional.

No mundo de hoje, ao contrário do que desejam os corruptos que se locupletam como dinheiro público, o cidadão está cada vez mais próximo de seus representantes e a margem para malfeitos, por incrível que pareça, é menor do que já foi. Seguindo esse princípio, apresentei um projeto de lei (PL 5.481/2013) que veda a decretação do chamado segredo de justiça nos processos criminais relacionados à administração pública. A proposta, em tramitação na Câmara dos Deputados e sujeita à apreciação conclusiva pelas comissões, foi apensada ao PL 998/2011, do então deputado Jonas Donizette (PSB/SP).

De acordo coma atual legislação, fica a cargo dos juízes a decisão sobre o segredo de justiça—pelo qual investigações ou processos judiciais são mantidos em sigilo —, geralmente adotado quando se considera que há risco de exposição desnecessária da intimidade do réu. O que se vê na prática, entretanto, é que a subjetividade do texto da lei gera distorções e profundas divergências entre os próprios magistrados. Não raro, o simples fato de possuir um cargo público serve como pretexto para que o investigado mantenha seu processo sob sigilo.

Estabelecido como regra geral no artigo 93, IX, da Constituição de 1988, o princípio da publicidade assevera que "todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário serão públicos". Embora tenha se transformado em um recurso utilizado de forma indiscriminada, o segredo de justiça deve se restringir a circunstâncias excepcionais, já previstas em lei federal, desde que "não prejudique o interesse público à informação". Esses casos específicos constam dos Códigos de Processo Penal (na fase de inquérito policial) e de Processo Civil, em seu artigo 155 (ações de Estado: casamento, filiação, separação dos cônjuges, guarda de menores etc.).

Afora essas exceções, não é razoável que se decrete o segredo de justiça, sobretudo para crimes contra o erário. O ideal de transparência que a sociedade contemporânea demanda, traduzido pelo princípio da moralidade previsto no texto constitucional, responsabiliza quem assume um cargo público pela administração de bens que pertencem a toda a sociedade e devem ser fiscalizados em vários níveis. Em tempos de lulopetismo,em que autoridades tentam transformar graves ilegalidades em "piadas de salão", ou que um ex-presidente da República vem a público para afrontar o STF e contestar suas decisões, é fundamental que os brasileiros tenham à disposição ferramentas de defesa que resguardem seus direitos.

A publicidade absoluta dos atos processuais é uma vitória da transparência. Para desgosto de Lula e do PT, que apreciam blindar seus filiados denunciados e processados, os políticos não estão acima da lei.

Deputado federal por São Paulo e presidente nacional do PPS

Marina Silva: Novos labores

- Folha de S. Paulo /EBC

Primeiro de Maio, eu me lembro. No início dos anos 80 ajudei a criar a CUT no Acre, com Chico Mendes, e acompanhei sua grande dificuldade em fazer a maioria dos dirigentes sindicais da época aceitar a luta dos seringueiros em defesa da floresta. Mesmo os que queriam transformar a antiga estrutura, dos tempos de Getúlio Vargas, ainda resistiam às novas lideranças, bandeiras e formas de organização. Mais tarde, o que se renovou também viu chegar a estagnação.

Releio no livro "Psicanálise e Política" (Zahar, 2006), de Ricardo Goldemberg: parece inevitável que, depois da ruptura, o movimento busque a estrutura, esvazie a potência do ato político e reproduza "a fixidez do regime anterior". Administrar o sucesso e a vitória envolve poder, estrutura, cargos e recursos. Este é, digamos, o capital do trabalho.

Mas tudo muda.

Na civilização em crise, o planeta mostra dramaticamente seus limites. Operários e camponeses convivem com novos labores e variadas formas de contrato e remuneração. Algumas reivindicações antigas transformam-se em direitos consagrados, políticas de Estado ou estrutura das empresas. Agora há demanda por novos direitos. Ao mesmo tempo, multiplicam-se alternativas de inspiração cooperativista, empreendedorismo social, economia criativa. E novas tecnologias estendem o lugar do trabalho do chão da fábrica à nuvem virtual.

Quando um adolescente, na Índia, recebe um pedido pela internet e providencia a entrega de uma pizza em Nova York, estamos, sem dúvida, diante de uma transformação no mundo do trabalho que exige outra igualmente grande na organização e no ideário dos trabalhadores. E não adianta tirar do baú velhas bandeiras ou ensaiar algum neogetulismo para criar novos pais e mães da pátria.

As jornadas de junho do ano passado revelaram uma infinidade de desejos pulsando na sociedade. Depois delas, vimos uma reanimação nos movimentos sindicais em várias categorias profissionais, num esforço para sacudir o marasmo, romper os laços de dependência e recuperar a potência esvaziada.

Há um caminho possível: os novos significados do trabalho ensejam novas utopias. E mais iniciativa. Tememos as demissões que podem vir, por exemplo, numa grave crise energética. Mas quantos empregos podem ser criados com as energias renováveis e programas de eficiência energética? E com o reflorestamento, a gestão das águas, a reciclagem de materiais, enfim, as amplas potencialidades do desenvolvimento sustentável?

O desejo organizado do povo trabalhador pode inaugurar um mundo de saúde e qualidade de vida, educação e ciência, cultura e criatividade. É preciso apontar as antenas para o futuro.

Ex- senadora e ex- ministra do Meio Ambiente

Merval Pereira: Nau dos insensatos

- O Globo

As intervenções pontuais do governo em setores da economia têm provocado consequências maléficas em outros, como, por exemplo, na questão elétrica. Ou na redução forçada dos juros, que acabou sendo revertida pela realidade, e hoje temos juros mais altos do que antes, para tentar controlar a inflação crescente.

Querendo reduzir compulsoriamente a tarifa de energia, o governo praticamente obrigou as empresas a aceitar uma renovação de contratos em novas bases, provocando prejuízos e impedindo que investimentos necessários fossem feitos.

As tarifas acabaram não caindo como o prometido em um pronunciamento propagandístico na televisão, e o governo está com um problema para o Tesouro enfrentar, que pode chegar a R$ 50 bilhões segundo algumas estimativas. O desequilíbrio financeiro em consequência da Medida Provisória 579, de 2012, já obrigou o governo a colocar R$ 18 bilhões no setor, para financiar a redução arbitrária da tarifa, afetando as contas públicas.

O malabarismo para financiar outros R$ 11 bilhões está provocando uma crise na Câmara de Compensação de Energia Elétrica (CCEE), com diretores pedindo demissão por não concordarem com essa contabilidade criativa, o que pode obrigar o Tesouro a garantir de alguma maneira esse empréstimo, anulando a tentativa de não aumentar o rombo nas contas públicas.

Depois desse imbróglio todo, ainda restará para o próximo governo um tarifaço e o perigo de um apagão.

Caminhamos para uma situação semelhantes à ocorrida em 1998, com sinais trocados. Naquele ano de reeleição, o governo Fernando Henrique Cardoso adiou o mais que pôde a desvalorização do Real, que acabou vindo em janeiro de 1999, no primeiro mês do segundo mandato.

Agora, o governo tenta adiar um programa de racionamento de energia para não sofrer eleitoralmente, mas todos os especialistas advertem que se nada for feito o racionamento virá, com mais força, já em novembro deste ano, um mês depois de fechadas as urnas, seja quem for o eleito.

Uma herança maldita que Dilma pode estar deixando para si mesma, assim como o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, retarda uma campanha de racionalização do uso da água em São Paulo, para não ter prejuízos nas urnas. Corremos o risco de ter, fechadas as urnas, apagão de energia e água.

Tudo isso para dizer que soluções atípicas, como as que a presidente Dilma anunciou em cadeia nacional de rádio e televisão na véspera do Dia do Trabalho, não significam medidas racionais para o bem da população, e acabam produzindo efeitos contrários.

Mesmo a carga positiva que essas medidas populistas possam trazer para uma candidatura em risco é duvidosa.

O aumento de 10% para os integrantes do Bolsa Família não fará com que mais beneficiários do plano votem em Dilma, a grande maioria já deve estar com ela. Mas fortalece a percepção do restante da população de que o programa social é utilizado como arma eleitoral, e aumenta o rombo nas contas públicas.

Prometer que a tabela do Imposto de Renda será reajustada no próximo ano no mesmo dia em que terminava o prazo para a declaração do IR deste ano parece uma burla ao cidadão comum. Além de o reajuste anunciado ser inferior à inflação, não parece lógico que o governo tome uma decisão dessas em ano eleitoral, para valer em um mandato que pode não ser o seu.

A garantia de continuar, além de 2015, com uma política de reajuste do salário mínimo com ganhos reais é uma vantagem para a candidatura governista, que os oposicionistas só equipararão caso a campanha eleitoral entre numa corrida demagógica que vencerá aquele que prometer mais coisas impossíveis de cumprir. Essa política, aliás, está sendo questionada no Supremo Tribunal Federal.

O que se desenha ao final é um quadro de irresponsabilidade fiscal que se agrava com o populismo eleitoral. Como as medidas anteriores, essas também terão consequências indiretas em vários outros setores, provocando a alta da inflação futura e a necessidade de aumentar os juros mais ainda, neutralizando os benefícios que porventura trouxessem aos trabalhadores do Brasil. E assim a nau dos insensatos navega em águas turbulentas.

Eliane Cantanhêde: Perna curta

- Folha de S. Paulo / EBC

O pronunciamento de Dilma Rousseff para o Primeiro de Maio, a dois dias da convenção de dilmistas e lulistas, que ocorre hoje em São Paulo, foi um risco político com requintes de crueldade.

A mesma Dilma que aumentou o IOF para viagens internacionais bem no início das férias agora anuncia a correção de 4,5% na tabela do IR na fonte no último dia para a entrega das declarações deste ano. O Leão lambia os beiços enquanto os brasileiros ouviam a presidente anunciar um saco de bondades --para o ano que vem e o próximo governo.

Alguém acredita que Dilma possa ganhar um só voto da classe média e da massa de contribuintes com essa jogada marqueteira?

Na outra ponta, a presidente anunciou um aumento de 10% no Bolsa Família, que atinge em torno de 36 milhões de pessoas de um universo de eleitores já naturalmente de Dilma, ou melhor, de Lula.

Alguém acredita que Dilma possa ganhar um só voto a mais dos beneficiários do programa a partir do pronunciamento na TV?

Bem, então o capital adorou o discurso, certo? Pelo contrário, só viu mais gastos e mais inflação.

Assessores palacianos julgam o pronunciamento capaz de estancar a queda na popularidade e nas intenções de voto, vendendo Dilma como "boazinha" diante de Aécio e Campos, "malvados" prontos para sacar medidas impopulares.

Parece pouca areia para o caminhão de críticas à presidente, ao seu governo e ao seu partido. E, além disso, o histórico de pronunciamentos de Dilma é meio constrangedor.

Num, ela meteu o dedo na cara dos bancos privados, jactando-se da queda dos juros. Mas... os juros voltaram a subir e já são maiores do que quando ela assumiu.

Noutro, capitalizou politicamente a redução na conta de luz. Mas... a conta já voltou a subir e vem aí aumento impostos para cobrir medidas estabanadas no setor elétrico.

Esperteza costuma ter perna curta.

Luiz Carlos Azedo: Trabalhar pra quê?

O governo tapa o sol com peneira ao fugir de um diagnóstico sobre o que acontece com 62 milhões de brasileiros em idade de trabalhar que não procuram emprego. Um cruzamento com dados do Ipea mostraria que, entre eles, estão cerca de 10 milhões de jovens "nem-nem"

- Correio Braziliense

Detonada pelo Palácio do Planalto, que mandou suspendê-la depois de um questionamento da senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR), ex-ministra-chefe da Casa Civil, da tribuna do Senado, a pesquisa ampliada do IBGE sobre o mercado de trabalho (Pnad Contínua) mostra uma realidade que ainda vai dar muito o que falar e influenciará os resultados da campanha eleitoral: temos um exército de 62 milhões de brasileiros em idade de trabalhar — ou seja, 39% da chamada população economicamente ativa — que desistiram de procurar emprego. Quem são, por que não procuram um posto de trabalho? São perguntas que passaram o Primeiro de Maio, Dia do Trabalhador, sem a devida resposta.

O Brasil tem 92 milhões de trabalhadores, com nível de ocupação da ordem de 57% da população em idade de trabalhar. Oficialmente, os desempregados no Brasil pós-Lula são apenas 4% dessas pessoas, isto é, 6% dos que procuram emprego. Pelas estatísticas do Ministério do Trabalho, o desemprego no Brasil é menor do que o da maioria dos países europeus. No entanto, Coreia do Sul (3,9%), Japão (3,6%), Noruega (3,5%) e Suíça (3,2%) desmentem a tese de que temos a menor taxa de desemprego do mundo, como propaga o marketing oficial.

Esse é um dos mitos da era pós-Lula que a pesquisa ampliada do IBGE derrubaria. A tese do pleno emprego se ampara em dados de apenas seis regiões metropolitanas, que mostram desemprego na casa dos 5%. A Pnad Contínua mostra taxa mais alta, de 7,1% na média de 2013, e, sobretudo, desigualdades regionais: no Nordeste, o desemprego médio do ano ficou em 9,5%. Nossa taxa real de desemprego estaria acima à dos Estados Unidos, que foi de 6,7% em março. A pesquisa ampliada permitiria comparações com taxas apuradas no passado por amostras de domicílios. Números do Ipea mostram que o desemprego atual é semelhante, por exemplo, ao medido na primeira metade nos anos 1990.

O governo tapa o sol com peneira ao fugir de um diagnóstico sobre o que acontece com 62 milhões de brasileiros em idade de trabalhar que não procuram emprego. Um cruzamento com dados do Ipea sobre a juventude mostraria que entre são cerca de 10 milhões os jovens nem-nem, com menos 30 anos, que também não estudam, ou sejam, que tendem a permanecer fora do mercado de trabalho para o resto da vida. Nesses milhões de não empregados, digamos assim, certamente há deficientes físicos que não encontram colocação, negros que são discriminados, mulheres que se dedicam apenas ao lar, pessoas acomodadas pelo Bolsa Família, encarcerados nos presídios, concurseiros em busca de um cargo público etc. Quantos são eles? Aparentemente, o governo não quer saber ou, pior, não quer revelar. Com certeza, porém, a resposta não está no velho samba de quadra do falecido Enildo Barbudinho, famoso radialista e sambista de Niterói, cujo nome intitula a coluna.

Primeiro de Maio
O ato da Força Sindical em comemoração pelo Dia do Trabalho ontem em São Paulo virou um meeting da oposição. Secretário-geral da Presidência, o ministro Gilberto Carvalho foi vaiado, embora seja um velho conhecido dos sindicalistas. Recebeu apupos ao falar das medidas anunciadas pela presidente Dilma Rousseff na quarta feira, em cadeia nacional de rádio e televisão, ou seja, o aumento de 10% no valor do Bolsa Família e a atualização da tabela do Imposto de Renda da Pessoa Física.

As estrelas do evento foram o senador Aécio Neves (PSDB-MG) e o ex-governador de Pernambuco Eduardo Campos (PSB), que desceram o pau na atual política econômica e foram muito aplaudidos, uma cena inusitada para os trabalhadores paulistas. O presidente licenciado da central sindical, o deputado federal Paulinho da Força, que preside o Solidariedade, exagerou nas críticas à presidente Dilma Rousseff: chegou a pedir ao público que mandasse uma banana para a presidente.

Claudia Safatle: Dilma Rousseff é candidata à reeleição

Para o PT, o grande adversário é Aécio e não Eduardo Campos

- Valor Econômico

Dilma Rousseff é candidata à reeleição. A presidente da República deixou isso claro ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e ao Partido dos Trabalhadores. Ela não está disposta a abrir mão da candidatura para dar lugar a Lula, o que atenderia à crescente campanha pelo "Volta Lula", patrocinada nos últimos meses pela base aliada, segundo informação de interlocutor muito próximo do ex-presidente.

A disposição de Dilma para conquistar um segundo mandato ficou evidente no pronunciamento de quarta feira, em comemoração ao Dia do Trabalho, quando anunciou o reajuste de 10% para o Bolsa Família, antecipou a correção da tabela do Imposto de Renda de 4,5% no próximo ano, comprometeu-se em continuar com a valorização do salário mínimo e fez um discurso político de forte defesa da sua gestão.

Disse que não vai tolerar a corrupção de quem quer que seja, mostrou foco nos "mais pobres" e na "classe média" e ressaltou que, por ser um governo de mudanças, "encontra todo tipo de adversários, que querem manter seus privilégios e as injustiças do passado, mas nós não nos intimidamos".

Hoje, no Encontro Nacional do PT para apresentação das diretrizes do programa de governo, Lula e Dilma estarão juntos para, uma vez mais, reafirmar o que deve ser entendido como o fim do movimento "Volta Lula".

Consagrada para a disputa de outubro, Dilma não necessariamente unirá a base aliada em torno de sua campanha. Há quem considere muito provável que uma fração dos aliados migre para a candidatura de Eduardo Campos, do PSB. Nesse sentido, não falta quem realce que Campos e Lula, embora hoje em terrenos opostos, cultivam uma relação de amizade "fraternal". Tanto que o ex-governador de Pernambuco era o candidato de Lula para a sucessão de 2018. Aécio Neves, do PSDB, é, portanto, o adversário a ser enfrentado e, na ótica do PT, liquidado.

Um fio desencapado atormenta os petistas e tira o sono do ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo. O governo desconhece qual é o poder destruidor da Polícia Federal que, embora subordinada à Cardozo, tem total independência de ação e está insatisfeita com o tratamento recebido do governo. O fato de ter suas verbas podadas e de ter sido dispensada do esquema de segurança dos grandes eventos que o país sedia (Copa do Mundo e Olimpíada), nas mãos do Exército, foi um elemento a mais de irritação. Teme-se que candidaturas petistas possam ser abaladas por denúncias, ou suspeitas de envolvimento em atos de corrupção, a exemplo do que ocorreu recentemente com o candidato de Lula ao governo de São Paulo, Alexandre Padilha. Supõe-se no Planalto que o escândalo da Petrobras e outras denúncias que possam surgir estejam sendo expostas na mídia, a conta-gotas, por delegados e funcionários da PF. "Essa campanha vai ser sórdida," comentou um frequente interlocutor de Lula, referindo-se ao potencial de novos escândalos envolvendo outras candidaturas.

Internado no dia 26 no Hospital Sírio Libanês, por causa de uma crise de labirintite, Lula estaria sob "estresse", segundo relato de quem esteve com ele nas últimas semanas. Viria desse estado de esgarçamento emocional, agravado pela queda de Dilma nas pesquisas de intenção de voto, a desastrada entrevista concedida à TV RTP, de Portugal. Nela o ex-presidente atacou a lisura do julgamento do mensalão, pelo Supremo Tribunal Federal: "O tempo vai se encarregar de provar que no mensalão você teve praticamente 80% de decisão política e 20% de decisão jurídica". Referindo-se aos petistas condenados e presos disse: "Não se trata de gente da minha confiança".

Em espirituosa observação de um amigo do ex-presidente, a principal razão do estresse de Lula é porque ele percebe que está "perdendo a divindade".

Um bom termômetro da preocupação do empresariado paulista com a possibilidade de Dilma Rousseff conquistar mais quatro anos de mandato foi o evento promovido pelo banco Itaú, na segunda feira.

A instituição convidou seus maiores clientes para ouvir Aécio Neves. O candidato apresentou o ex-presidente do Banco Central Armínio Fraga como o nome forte de seu eventual governo. Após a explanação de Fraga sobre como está a economia e o que deve ser feito para recolocá-la nos trilhos do crescimento, ambos foram aplaudidos de pé.

O maior receio do setor privado em geral é que, vitoriosa nas eleições, Dilma Rousseff se sinta encorajada a redobrar a aposta nas suas convicções, reproduzindo a forma intervencionista e autoritária com que gere a economia do país. "Se Dilma vencer, o risco é de que na posse, em janeiro de 2015, seu governo complete oito anos. Ou seja, comece envelhecido", comentou um aliado de Lula que conviveu e conhece bem a presidente.

A Confederação Nacional da Indústria começa a fazer o dever de casa para se apresentar aos candidatos à sucessão presidencial. Elegeu dez temas que o setor considera prioritários para recuperar a produtividade, ganhar competitividade e voltar a crescer a taxas mais expressivas. São eles: educação, ambiente macroeconômico, segurança jurídica e burocracia, eficiência do Estado, desenvolvimento de mercados, relações de trabalho, financiamento, infraestrutura, tributação e inovação.

Segundo Robson Andrade, presidente da CNI, a ideia é mostrar "onde estamos" e "onde queremos chegar". Para isso, cada tema será acompanhado de um diagnóstico do que está errado e o que deve ser feito para melhorar. A indústria vai apresentar os projetos já escritos para os candidatos em fim de junho. Para julho, espera ter encontros com cada um dos presidenciáveis para arrancar deles compromissos firmes com a agenda do setor.

Serão 42 projetos envolvendo desde uma nova redação para legislações relativas a pagamentos de tributos e redução da burocracia a um conjunto de propostas normativas para o licenciamento ambiental, passando pela legalização das negociações coletivas no mercado de trabalho.

Diário do Poder – Cláudio Humberto

- Jornal do Commercio (PE)

• Dilma não está disposta a ceder candidatura a Lula
Podem tirar o cavalinho da chuva quem integra a numerosa bancada do “Volta, Lula”, no Congresso. Uma ex-ministra e dois ministros próximos avisam que a presidenta Dilma adora governar, tomou gosto pelo exercício do poder, vai tentar a reeleição até o fim, e não está disposta a entregar a candidatura ao ex-presidente Lula. Ao contrário de deixá-la abatida, “Volta, Lula” parece desafiá-la a ir à luta, afirmam.

• Troco, só depois
Na bancada do “Volta, Lula” estão quase todos os deputados do PT e vários de partidos aliados. Dilma tem anotados nome por nome.

• Centro do mundo
Em suas palestras, Lula se jacta de suas “três vitórias”. Nem cita Dilma como vencedora. No fundo, trata-a como um “poste”. Ela soube disso.

• Palavra empenhada
Dilma tem dito a amigos que não vê motivo para não acreditar em Lula, que jurou não ser candidato e prometeu ajudar na sua campanha.

• Desde criancinhas
Raposas políticas como Renan Calheiros e José Sarney, aproveitaram a fragilidade, aproximaram-se e viraram amigos de infância de Dilma.

• Carteiros ‘companheiros’ ganham até R$ 19 mil
“Nunca antes” na história mundial os carteiros ganharam tanto: trata-se de “cumpanhêros” concursados, que, por indicação petista viram “analistas” e diretores regionais, com salários entre R$ 14 mil e R$ 19 mil, como apurou a coluna. A estatal paga em média R$ 2,5 mil para carteiro com anos de experiência, mas apadrinhados saíram do serviço de entrega de cartas e encomendas para cargos de nível superior.

• Decadência
Enquanto cartas são entregues com atraso de até dois meses, cerca de 10 mil carteiros estão nos gabinetes, por meio de artifícios salariais.

• Vassourada
O filme é velho: Lula quer “os braços do povo” para voltar. Dilma também. O último que tentou renunciaria meses depois.

• Rotina
O Twitter ferveu com o anúncio da “morte” de Fidel Castro, até que saiu a versão verdadeira: ele foi ao hospital para autópsia de rotina.

• Novo abrigo
Refugiado no Brasil, o oposicionista boliviano Roger Pinto Molina está morando no apartamento funcional do senador e amigo Sérgio Petecão (PSD-AC), em Brasília. “Ele não tem para onde ir”, afirma o acreano.

• Quase na testa
O senador Renan Calheiros (PMDB-AL) sempre chama atenção para os cabelos já um tanto abundantes, após implante. Até nem se importa com o apelido que ganhou dos amigos mais próximos: “Cabeleira”.

• É a inflação
A Caixa vai subir o valor das apostas mínimas dos jogos da loteria. A Mega Sena custará R$ 2,50, alta de 25%. Quina vai para R$ 3,00, surpreendente alta de 33%. A Lotofácil fechou em R$ 1,50, subiu 20%.

• Perdeu a foto
Aspirante ao Planalto, Aécio Neves (PSDB) desmarcou participação no domingo (27) em futebol em uma favela de SP, com a presença do ex-jogador Bebeto, tudo organizado por Paulo Pereira, do Solidariedade.

• Propaganda enganosa
Propaganda da Volkswagen no DF oferece “as últimas unidades” do modelo Fox “com IPVA grátis”. A publicidade malandra não informa que todo veículo zero km é isento do IPVA no DF, no ano da compra.

• E agora, José?
Presidente do PSD, Gilberto Kassab se reuniu privadamente com o ministro Guilherme Afif (Microempresa), o líder Moreira Mendes (RO) e Eduardo Sciarra (PR). Na pauta, aliança nacional nas eleições.

• Nem pensar
Rifado pela cúpula nacional do PMDB, o ex-governador Íris Rezende (GO) tem dito a amigos que não moverá uma palha para eleger o correligionário e empresário Júnior Friboi ao governo de Goiás.

• Questão de tempo
Apesar das recusas de Íris Rezende, Júnior Friboi (PMDB) aposta que convencerá o correligionário a disputar o Senado em sua chapa, de olho em garantir uma boa transferência de votos ao governo de Goiás.

• Pergunta esquecida
Lula também dirá que Dilma não é pessoa de “sua confiança”, como o fez em relação a Zé Dirceu, Genoino e Delúbio?