Marcos Coimbra
Sociólogo e presidente de Vox Populi
Sociólogo e presidente de Vox Populi
DEU NO CORREIO BRAZILIENSE
Nossas lideranças e nossos partidos devem ao país mais que uma discussão para saber se o nome é fulano ou beltrano (ou fulana e beltrana). a questão é que há muito mais a discutir
Depois que começou quase oficialmente a mais peculiar sucessão desde a redemocratização, estamos vendo de tudo, menos o mais importante. Vai a ressalva do "quase" por faltar uma definição fundamental, o nome do PSDB que enfrentará a ministra Dilma. Como, no entanto, as escolhas são limitadas, é mesmo quase.
No resto, por obra de nosso presidente, estamos a todo vapor discutindo as eleições de 2010, como se elas fossem amanhã. O cenário está montado, com a candidatura do governo já escalada e intensas movimentações à procura de apoios nos partidos que sabidamente não apresentarão candidatos próprios. Até ingredientes que costumam só surgir no final do processo, como as discussões a respeito de candidaturas "simbólicas", de partidos que sabem não ter chances reais e que as aproveitam para marcar posições ideológicas, estão em pleno andamento.
Para sublinhar que a época é mesmo de eleições, a cada dia saem novas pesquisas. Nelas, quando os entrevistadores pedem às pessoas que respondam em quem votariam "se as eleições fossem hoje", uma verdade se expressa, só que restrita. Embora não seja assim que pensam os cidadãos comuns (para quem o tempo anda devagar em questões como essas), para o sistema político é mesmo como se estivéssemos na véspera delas.
Temos, então, aparentemente, tudo de uma eleição, menos o essencial. Nenhuma das forças que se movimentam se preocupou, até agora, em apresentar ao país nem que seja um esboço do que pretende fazer, caso alcance a Presidência da República.
É um lugar comum dizer que as eleições são um momento único na vida de um país, quando ele pode repensar sua trajetória e decidir o que nela deve ser mantido e o que deve ser mudado. São oportunidades preciosas para a sociedade avaliar em direção a qual futuro quer andar.
Isso é verdade sempre e é ainda mais importante em períodos como o que estamos vivendo. É bom que todos tenhamos consciência que a mudança econômica pela qual o mundo está passando nos afeta de maneira intensa e que é um processo que não estará concluído nos próximos meses. Ninguém sabe como serão as coisas daqui para frente, apenas que não serão iguais ao que foram até hoje.
Nossas lideranças e nossos partidos devem ao país mais que uma discussão para saber se o nome é fulano ou beltrano (ou fulana e beltrana). Mantê-la nesses termos equivale a dizer que nada mais precisa ser pensado, que tudo já foi dito, faltando apenas identificar aquele (ou aquela) que vai se sentar na cadeira de Lula. A questão é que há muito mais a discutir.
Do lado do governo, parece que alguns imaginam que não é preciso avançar nessa direção, pois a ideia de continuidade bastaria como proposta. Eleitoralmente, é um equívoco, pois as pessoas esperam sempre mais de uma candidatura, que sim garanta que programas e projetos bem avaliados sejam mantidos, mas que não se restrinja a um compromisso tão óbvio. Esse, todos os candidatos, inclusive os de oposição, vão fazer.
Em uma cultura política tão personalista quanto a nossa, é até natural que o deputado Ciro Gomes discuta se lança seu nome em função de Serra ser ou deixar de ser candidato pelo PSDB. Que o PSol avalie se Heloisa Helena concorrerá ou não, antes de pensar a proposta que tem para mostrar ao país.
Dos candidatos relevantes, Aécio é o único que tem se batido para que seu partido discuta agora o que quer dizer e só depois o nome que o representará. A tese é boa, mas note-se que ela vem como reação à movimentação de muitos segmentos tucanos para sacramentar logo a indicação de José Serra. Ou seja, centrando, de novo, a discussão em quem e não no quê.
As recentes eleições americanas mostram outro caminho. Desde as prévias, os candidatos dos dois partidos percorreram os Estados Unidos se apresentando aos eleitores e discutindo com clareza temas de todo tipo. Quando chegou a hora de decidir, duas visões do presente e do futuro do país podiam ser comparadas. Essa era a escolha.
No resto, por obra de nosso presidente, estamos a todo vapor discutindo as eleições de 2010, como se elas fossem amanhã. O cenário está montado, com a candidatura do governo já escalada e intensas movimentações à procura de apoios nos partidos que sabidamente não apresentarão candidatos próprios. Até ingredientes que costumam só surgir no final do processo, como as discussões a respeito de candidaturas "simbólicas", de partidos que sabem não ter chances reais e que as aproveitam para marcar posições ideológicas, estão em pleno andamento.
Para sublinhar que a época é mesmo de eleições, a cada dia saem novas pesquisas. Nelas, quando os entrevistadores pedem às pessoas que respondam em quem votariam "se as eleições fossem hoje", uma verdade se expressa, só que restrita. Embora não seja assim que pensam os cidadãos comuns (para quem o tempo anda devagar em questões como essas), para o sistema político é mesmo como se estivéssemos na véspera delas.
Temos, então, aparentemente, tudo de uma eleição, menos o essencial. Nenhuma das forças que se movimentam se preocupou, até agora, em apresentar ao país nem que seja um esboço do que pretende fazer, caso alcance a Presidência da República.
É um lugar comum dizer que as eleições são um momento único na vida de um país, quando ele pode repensar sua trajetória e decidir o que nela deve ser mantido e o que deve ser mudado. São oportunidades preciosas para a sociedade avaliar em direção a qual futuro quer andar.
Isso é verdade sempre e é ainda mais importante em períodos como o que estamos vivendo. É bom que todos tenhamos consciência que a mudança econômica pela qual o mundo está passando nos afeta de maneira intensa e que é um processo que não estará concluído nos próximos meses. Ninguém sabe como serão as coisas daqui para frente, apenas que não serão iguais ao que foram até hoje.
Nossas lideranças e nossos partidos devem ao país mais que uma discussão para saber se o nome é fulano ou beltrano (ou fulana e beltrana). Mantê-la nesses termos equivale a dizer que nada mais precisa ser pensado, que tudo já foi dito, faltando apenas identificar aquele (ou aquela) que vai se sentar na cadeira de Lula. A questão é que há muito mais a discutir.
Do lado do governo, parece que alguns imaginam que não é preciso avançar nessa direção, pois a ideia de continuidade bastaria como proposta. Eleitoralmente, é um equívoco, pois as pessoas esperam sempre mais de uma candidatura, que sim garanta que programas e projetos bem avaliados sejam mantidos, mas que não se restrinja a um compromisso tão óbvio. Esse, todos os candidatos, inclusive os de oposição, vão fazer.
Em uma cultura política tão personalista quanto a nossa, é até natural que o deputado Ciro Gomes discuta se lança seu nome em função de Serra ser ou deixar de ser candidato pelo PSDB. Que o PSol avalie se Heloisa Helena concorrerá ou não, antes de pensar a proposta que tem para mostrar ao país.
Dos candidatos relevantes, Aécio é o único que tem se batido para que seu partido discuta agora o que quer dizer e só depois o nome que o representará. A tese é boa, mas note-se que ela vem como reação à movimentação de muitos segmentos tucanos para sacramentar logo a indicação de José Serra. Ou seja, centrando, de novo, a discussão em quem e não no quê.
As recentes eleições americanas mostram outro caminho. Desde as prévias, os candidatos dos dois partidos percorreram os Estados Unidos se apresentando aos eleitores e discutindo com clareza temas de todo tipo. Quando chegou a hora de decidir, duas visões do presente e do futuro do país podiam ser comparadas. Essa era a escolha.
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