quarta-feira, 3 de dezembro de 2025

1% mais rico concentra 37,3% da riqueza declarada no IR, aponta relatório da Fazenda

Por Bruna Lessa / O Globo

Levantamento integra informações da Receita Federal e da PNADC para medir a desigualdade de renda e patrimônio no país

A parcela equivalente ao 1% mais rico da população deteve 37,3% da riqueza declarada à Receita Federal em 2023, apontou relatório divulgado nesta segunda-feira pela Secretaria de Política Econômica (SPE) do Ministério da Fazenda. O estudo consolida informações do Imposto de Renda da Pessoa Física (IRPF) e combina esses dados com pesquisas domiciliares para medir a distribuição de renda e patrimônio no país.

De acordo com o relatório, quando se observa somente a riqueza declarada ao IRPF, a concentração é ainda mais acentuada do que na renda. Entre os 10% mais ricos, a fatia chega a 64,2% do total do patrimônio informado pelos contribuintes. Já os 5% mais ricos concentram 54,7%.

Esses números, segundo a SPE, ainda podem subestimar a desigualdade real. Isso porque o estudo classifica os grupos a partir da renda declarada — e não do patrimônio acumulado —, o que pode deslocar parte dos contribuintes com grande volume de bens, mas baixa renda tributável, para faixas inferiores da distribuição.

O que a mídia pensa | Editoriais / Opiniões

Por O Globo

Rigor é essencial ao regular uso de IA nas eleições

TSE precisa aumentar vigilância sobre tecnologias que disseminam mentiras de forma cada vez mais verossímil

Os avanços e o barateamento das ferramentas de inteligência artificial (IA) despertam a cada dia mais preocupação. São impressionantes os vídeos, imagens e áudio sintéticos. Eles se tornaram perfeitamente verossímeis e estão ao alcance de qualquer um munido de ferramentas digitais simples. De tão bem feitos, fica difícil determinar se são mensagens fraudulentas ou fidedignas. É enorme o potencial para abuso, desinformação e crimes eleitorais, com dano evidente à democracia. À medida que a eleição se aproxima, a situação só tende a piorar. Por isso o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), órgão regulador das eleições, precisa aumentar a vigilância e o rigor.

O bolsonarismo sobrevive sem Bolsonaro? Por Wilson Gomes

Folha de S. Paulo

A prisão abre disputa, mas não destrói a identidade construída em uma década

Mesmo tendo se organizado em torno de um indivíduo, ele não é só um personalismo

E agora —com Bolsonaro fraco, preso e sem um herdeiro ungido—, o que será do bolsonarismo? A identidade política que moldou a direita na última década se dissolve? Fragmenta-se entre os filhos que tentam manter a marca como patrimônio familiar e os políticos que disputam o espólio eleitoral?

A dúvida só faz sentido porque nem todos estão convencidos de que o bolsonarismo exista como fenômeno substantivo ou que resista com o seu líder nessa condição.

Essas leituras minimalistas ignoram o que sabemos sobre identidades políticas. A psicologia social —especialmente a Teoria da Identidade Social— mostra que adesões duráveis não se reduzem ao carisma de um líder nem se desfazem automaticamente quando ele cai ou morre.

Uma identidade pode se organizar de muitas maneiras.

Pastores no Senado, por Hélio Schwartsman

Folha de S. Paulo

Apoiadores de Messias querem levar clérigos ao Congresso para pressionar por aprovação

Lógica religiosa, que opera com absolutos morais, não combina bem com lógica da política, que privilegia negociações

Deu na Folha que aliados de Jorge Messias pretendem abarrotar o Senado de pastores para pressionar os parlamentares a aprovarem seu nome para o STF.

Messias é evangélico e seus apoiadores imaginam que a assembleia de clérigos poderá amainar a resistência de senadores a seu nome, que é muito mais política do que religiosa, curricular ou pessoal.

Misturar religião com política é uma combinação complicada. O ideal, na democracia, seria separar inteiramente as duas esferas. Mas é impossível fazer isso pela simples razão de que ambas as atividades são exercidas por humanos. E todo humano tem uma identidade religiosa. Mesmo eu, ateu irredutível e desprovido de qualquer traço identificável de espiritualidade, ocupo um lugar no espectro da religiosidade, que vai da descrença absoluta à devoção compulsiva.

Morada de transgressões, por Dora Kramer

Folha de S. Paulo

O passivo de infrações à lei e ao regimento se acumula sem que o presidente da Câmara se oponha

Hugo Motta não é permissivo sozinho: tem a colaboração da Mesa Diretora e do colégio de líderes

Como chefe da Câmara, o deputado Hugo Motta (Republicanos-PB) tem se mostrado um compassivo presidente de agremiação corporativa conivente com ilícitos —legais e regimentais— em defesa de seus filiados.

Do mais grave ao mais imperdoável na escala de inadmissível tolerância, temos os casos de descumprimento de ordem judicial até a impunidade de promotores de motim, passando pela convivência pacífica com deputado em exercício no exterior.

Poesia | De que serve a bondade, Bertold Brecht

 

Música | Roberta Sá & Moreno Veloso - Um passo à frente