sexta-feira, 21 de novembro de 2025

O que a mídia pensa | Editoriais / Opiniões

Por que estados e municípios aplicaram no Master?

Por Folha de S. Paulo

Entidades previdenciárias fizeram aportes vultosos no banco agora quebrado, o que exige investigação

Cumpre também esclarecer os motivos para a falha dos órgãos reguladores, sobretudo o BC, em identificar e prevenir o problema

Com decretação da liquidação extrajudicial do Banco Master pelo Banco Central, o país começa a conhecer em detalhes os caminhos e participantes que levaram ao descalabro financeiro que agora penaliza poupadores e pensionistas.

Os primeiros valores divulgados já são alarmantes: cerca de R$ 41 bilhões a serem cobertos pelo Fundo Garantidor de Créditos (FGC) para um total de 1,6 milhão de investidores até o limite individual de R$ 250 mil.

Há muito mais a saber na investigação de fraude estimada em R$ 12 bilhões, envolvendo carteiras de crédito consignado falsificadas, criadas por meio de associações fantasmas. Será preciso mapear os canais de influência que permitiram ao banco, como se suspeita, inflar ativos.

Trump discrimina menos o Brasil, por Vinicius Torres Freire

Folha de S. Paulo

EUA incluem produtos alimentícios brasileiros na lista do 'destarifaço' mundial

Conversa sobre itens industriais e barreiras não tarifárias deve ser mais difícil

O Brasil enfim entrou no trem de corte de impostos de importação dos Estados Unidos, "tarifas", o expresso da impopularidade de Donald Trump, diminuída por queixas a respeito do custo de vida. Com quase uma semana de atraso, o presidente americano cancelou aquele imposto extra de 40% sobre certos produtos brasileiros. Atraso: na sexta passada, Trump mandara reduzir a zero, para o mundo inteiro, Brasil inclusive, aquelas "tarifas recíprocas" de 10% sobre produtos alimentícios e fertilizantes.

Boa notícia, em termos. Além do "destarifaço" para carne de boi, café, certas frutas, outros produtos alimentícios e de peças e partes de aviões, o tom do decreto de Trump que anunciou o "destarifaço" parcial indica que as relações com o Brasil estão menos amargas. Trump ainda escreve que "...o alcance e a gravidade das políticas, práticas e ações recentes do governo do Brasil constituem ameaça incomum e extraordinária à segurança nacional, à política externa e à economia dos Estados Unidos". Mas esse resumo dos dissabores foi reduzido e não indicou vontade de bater mais.

Nada além do interesse eleitoreiro, por Dora Kramer

Folha de S. Paulo

O protagonismo da segurança pública no debate eleitoral interdita a chance de providências efetivas

Ocupados em demarcar palanques, políticos de direita e de esquerda ignoram as urgências da população

segurança pública está no topo das preocupações da população e por isso é candidata a figurar como principal tema das eleições de 2026. Como a campanha já começou, é exatamente esse protagonismo o que interdita providências efetivas.

Uma bandeira em disputa impossibilita qualquer tentativa de unificação de propósitos e integração de ações, requisitos básicos para estruturação e organização do Estado para enfrentar o problema da criminalidade que assola o país.

Só a direita é extremista? Por Hélio Schwartsman

Folha de S. Paulo

Aceito provocação de leitor e tento explicar critérios para uso de ultra e extremo na política

Não é a veemência com que se defende uma ideia que caracteriza o extremismo, mas a natureza do posicionamento

O leitor Guilherme Fernandes me cutuca: "Prezado Helio, Bom dia! Queria um esclarecimento. O que significa ultradireita, além de alguém com quem vc não concorda? Pergunto isso pois, raramente, vejo Boulos sendo descrito como extrema esquerda… ou Jean Willys…".

Aceito a provocação. Costumo reservar o prefixo "ultra" e o adjetivo "extremo" para grupos ou indivíduos com atuação contra o sistema. E o que significa ser antissistema? Essa é uma categoria que comporta uma ampla gama de ações, que vão desde não aceitar derrotas eleitorais até tentar implementar medidas que violam ou debilitam cláusulas pétreas do Estado liberal democrático e de Direito.

Meus leitores bolsonaristas, por Ruy Castro

Folha de S. Paulo

Nunca escrevi a favor de qualquer governante, de direita ou de esquerda

Com Bolsonaro aprendi que a corrupção é fichinha diante da ameaça à democracia

Sempre que faço alguma restrição à esquerda nesta coluna, meus fieis leitores bolsonaristas (todos os cinco) me honram com comentários entusiasmados, em que me cumprimentam pelo que não escrevi ou me atribuem uma súbita conversão à direita. Um dia saberão que, em quase 60 anos de profissão, em jornais, revistas e livros, nunca escrevi uma palavra a favor de qualquer governante, seja presidente, seja governador, seja prefeito, de direita ou de esquerda. Prefiro escrever contra.

Vamos conversar sobre adaptação para resiliência/sobrevivência? Por Antônio Márcio Buainain*

Jornal da Unicamp

A COP-30 seguirá seu curso — necessária, simbólica, global, mas a verdadeira prova do nosso futuro não está nos pavilhões das conferências

ACOP-30 está em andamento, ocupando os noticiários com imagens de delegações, mesas redondas e discursos que, por alguns dias, empurram o clima para o centro da agenda pública global. Como sempre, há a expectativa de que, desta vez, os compromissos ambiciosos se traduzam em algo mais concreto: planos de ação robustos, com financiamento adequado e capacidade real de implementação. Esses encontros são importantes — criam pressão política, mobilizam recursos, sinalizam intenções. Mas é curioso como, mesmo com toda essa liturgia global, seguimos discutindo a mudança climática num plano abstrato demais, distante da materialidade das decisões. Falamos do planeta quando deveríamos falar também da paisagem; discutimos o sistema climático quando deveríamos discutir o território, onde as pessoas vivem, trabalham, produzem e enfrentam, de forma concreta, os efeitos das transformações.

Opinião do dia – Theodor W. Adorno* (Radicalismo de direita)

“Bom, minhas senhoras e meus senhores, eu repito que estou consciente de que o radicalismo de direita não é um problema psicológico e ideológico, mas um problema muitíssimo real e político. Mas aquilo que é objetivamente falso, não verdadeiro de sua própria substância, o força a operar com meios ideológicos, isto é, nesse caso, com meios propagandísticos.  E por isso, além da luta política e dos meios puramente políticos, ele deve ser enfrentado no seu próprio terreno. Mas não se trata de colocar mentira contra mentira, de tentar ser tão esperto quanto eles, mas de realmente contrapor-se a eles com uma força decisiva da razão, com a verdade realmente não ideológica.

Talvez alguns entre os senhores me perguntarão ou me perguntariam o que penso sob o futuro do radicalismo de direita. Penso que essa pergunta é falsa, pois ela é demasiado contemplativa. Nessa forma de pensar, que vê de antemão essas coisas como catástrofes naturais, sobre as quais se fazem previsões assim como sobre furacões ou sobre desastres meteorológicos, há já uma espécie de resignação na qual as pessoas desligam-se enquanto sujeitos políticos, há aí uma má relação de espectador com a realidade. Como essas coisas vão evoluir e a responsabilidade sobre como elas vão evoluir – isso depende, em última instância, de nós. Agradeço pela atenção.

*Theodor W. Adorno (11/9/1903-6/8/1969), filósofo, sociólogo, musicólogo e compositor alemão. É um dos expoentes da chamada Escola de Frankfurt, juntamente com Max Horkheimer, Walter Benjamin, Herbert Marcuse, Jürgen Habermas, entre outros. Conferência realizada no dia 6 de abril de 1967, a convite da União dos Estudantes Socialista da Áustria. “Aspectos do novo radicalismo de direita”, p.76. Editora Unesp, 2020.

 

Poesia | Sim, sou eu, eu mesmo, tal qual resultei de tudo, de Fernando Pessoa

 

Música | Caetano Veloso e seus filhos cantam "Força Estranha" no Altas Horas