sexta-feira, 27 de maio de 2016

Opinião do dia – Roberto Freire

Depois de aprovar a nova meta fiscal, é fundamental que o Parlamento se debruce sobre o pacote econômico e aprove as medidas pelo bem do Brasil. Enquanto isso, aqueles que conduziram o país ao desastre continuarão se comportando com desfaçatez, como se não fossem eles próprios os maiores responsáveis pelo descalabro atual. Mas o esperneio do PT e de alguns partidos que atuam como linha auxiliar do lulopetismo, agora unidos na oposição ao governo Temer, vai continuar e não deve ser motivo de maior preocupação.

Chegou a hora de mostrar compromisso com o Brasil e oferecer aos cidadãos uma perspectiva de futuro. A situação é grave, mas este governo conhece o caminho que deve trilhar para a recuperação de nossa economia. Um novo país está pronto para surgir sob os escombros do lulopetismo.

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Roberto Freire é deputado federal por São Paulo e presidente nacional do PPS. ‘O ajuste necessário’, Diário do Poder, 26/5/2016

O mapa do desemprego

• Em 76% das cidades com mais de 500 mil habitantes, criação de vagas virou demissão em massa em 2015

Fábio Vasconcellos - O Globo

Quem acompanha o mercado de emprego formal no Brasil já via que algo não andava tão bem. Desde 2011, a geração de vagas vinha perdendo força, até mergulhar em um expressivo saldo negativo em 2015. Um ponto de inflexão inédito desde 1992, quando a série começou a ser acompanhada pelo Ministério do Trabalho. No ano passado, foram cortados mais de 1,5 milhão de postos de trabalho. A mudança de rumo mostra que a crise econômica atingiu com força a dinâmica do mercado de emprego.

Com base nos dados do Caged, o Núcleo de Dados do GLOBO comparou o saldo do mercado de emprego formal nos 5 mil municípios entre 2014 e 2015 e classificou aqueles que mantiveram crescimento, queda ou inverteram o quadro, passando de um saldo positivo para negativo. O resultado indica que 54% dos municípios, principalmente as maiores cidades, passaram a apresentar saldo negativo ou mantiveram a queda. A redução no total de postos de trabalho se espraiou, atingindo todas as regiões. O Sudeste, que concentra boa parte do emprego formal, cortou mais de 900 mil vagas em 2015, invertendo o saldo positivo do ano anterior, quando foram criados 241 mil postos.

Cargos de confiança consomem 35% da folha

• Custo de 346 mil comissionados chega a R$ 3,5 bi por mês, diz TCU

Levantamento inclui apenas Executivo, Legislativo e Judiciário federais; em 65 dos 278 órgãos analisados pelo tribunal, número de servidores em funções de chefia passa de 50% do total

O Brasil gasta R$ 3,47 bilhões por mês com 346 mil ocupantes de cargos de confiança e comissionados, revela relatório do Tribunal de Contas da União (TCU) obtido por Luiza Souto. O levantamento foi feito apenas em órgãos da administração pública federal, incluindo Executivo, Legislativo e Judiciário. O gasto com os comissionados chega a 35% de toda a folha de pagamento do funcionalismo da União, que é de R$ 9,6 bilhões mensais. De 278 órgãos federais, 65 deles têm mais de 50% do quadro de pessoal ocupado por integrantes de cargos de confiança. O PT é o partido com mais filiados no governo. Mas há proporcionalmente mais comissionados nos poderes Legislativo (onde eles representam 60,9% do total de despesas com pessoal) e no Judiciário (56,9%).

TCU: cargos de confiança custam, por mês, R$ 3,5 bi

• Gasto representa 35% da folha do funcionalismo federal, incluindo Executivo, Legislativo e Judiciário

Novos grampos complicam Renan e Sarney

Novas gravações feitas pelo ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado, delator da Operação Lava-Jato, mostram o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), e o ex-presidente José Sarney (PMDB-AP) falando que amigos do ministro Teori Zavascki, do STF, poderiam ser usados para ajudar na tentativa de interferir nas investigações. Sarney diz ainda que Dilma Rousseff negociou pagamento da Odebrecht para João Santana. Nos grampos, revelados pela TV Globo, Renan chama o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, de “mau-caráter”.

Tentativa de interferência

• Grampos mostram que Renan e Sarney sugeriram a Machado caminhos para barrar Lava-Jato no STF

- O Globo

-BRASÍLIA- Novas gravações feitas pelo ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado — e entregues à Procuradoria-Geral da República em acordo de delação premiada — reforçam as suspeitas de que o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), e o ex-presidente e ex-senador José Sarney (PMDB-AP) tentaram interferir nos rumos da Operação Lava-Jato buscando formas de aproximação com o ministro Teori Zavascki, do Supremo Tribunal Federal, relator dos inquéritos que investigam políticos citados na operação.

As gravações que complicam a situação de Renan e Sarney foram divulgadas pela TV Globo. Uma das conversas entre Machado e Sarney ocorreu em 10 de março deste ano. A sugestão do exsenador é usar o ex-ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ) Cesar Asfor Rocha para tentar se aproximar de Teori. Os dois seriam próximos, segundo Sarney. Em outra gravação, de 11 de março, Renan sugeriu a Machado uma aproximação de Teori por meio do advogado, Eduardo Ferrão

Sarney: Dilma negociou com Odebrecht pagamento a Santana

• Petista nega e diz que despesas com marketing foram declaradas

- O Globo

-BRASÍLIA- Em gravação feita pelo ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado, o ex-presidente José Sarney diz que a presidente afastada, Dilma Rousseff, negociou diretamente com a construtora Odebrecht um pagamento para o marqueteiro João Santana, preso na Operação Lava-Jato. Foi Santana quem comandou o marketing da campanha petista de 2014. As gravações estão no âmbito da delação premiada de Machado, homologada pelo Supremo Tribunal Federal (STF), e foram reveladas ontem pela TV Globo. Para Dilma, as tentativas de envolvê-la no esquema são “escusas e direcionadas”.

Na conversa com Machado, no dia 10 de março, Sarney diz que, com a eventual colaboração da Odebrecht, a Lava-Jato avançaria para “pegar a Dilma”, porque teria sido ela quem tratara “diretamente sobre o pagamento do João Santana”.

— A Odebrecht [...] eles vão abrir, vão contar tudo. Vão livrar a cara do Lula. E vão pegar a Dilma. Porque foi com ele. Quem tratou diretamente sobre o pagamento do João Santana foi ela. Então eles vão fazer. Porque isso tudo foi muito ruim pra eles. Com isso não tem jeito. Agora precisa se armar. Como vamos fazer com essa situação? A oposição não vai aceitar. Vamos ter que fazer um acordo geral com tudo isso — disse Sarney a Machado, que concordou com o posicionamento.

Crise deixa quase 3 milhões sem ter seguro-desmprego

Quase 3 milhões já ficam sem seguro-desemprego neste ano no Brasil

Joana Cunha, Felipe Maia – Folha de S. Paulo

SÃO PAULO - Mariana Tassi Barbosa, 28, recebeu neste mês a última parcela do seguro-desemprego. A analista de mídias sociais, que está sem trabalho há oito meses, vinha usando o benefício para pagar prestações do apartamento que comprou com o noivo.
"Estou quase aceitando ganhar menos do que antes", diz ela, que achava que já estaria empregada a esta hora.

À medida que o desemprego avança, piora a situação dos que perdem o direito ao benefício pago pelo governo, válido por até cinco meses (veja quadro).

Além de Barbosa, outras 542,4 mil pessoas receberam a última parcela do benefício neste mês. Desde o começo do ano, já foram 2,862 milhões, número 8% superior ao do mesmo período de 2015 (2,650 milhões), segundo o Ministério do Trabalho.

Ao mesmo tempo, fica mais difícil conseguir uma recolocação num momento em que a economia brasileira está fechando vagas em proporção maior que abrindo novas.

Em abril, pelo 13º mês seguido, o mercado de trabalho formal encerrou 62.844 postos de trabalho.

Renan diz que Lava Jato é 'intocável' e nega dificultar investigações

BRASÍLIA - O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), voltou a se manifestar nesta quinta-feira (26) sobre gravações feitas pelo ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado de conversas entre os dois.

Na quarta (25), a Folha revelou trecho em que o peemedebista defende uma revisão da lei de delação, de forma a impedir que presos façam acordos e virem delatores.

Os novos trechos, revelados pelo "Jornal da Globo", da rede Globo, mostram Renan dando orientações sobre a defesa do ex-senador Delcídio do Amaral (ex-PT-MS) e também sugerindo a Machado que fosse procurado o advogado Eduardo Ferrão para tentar uma aproximação com o ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Teori Zavascki –Ferrão e o ministro são amigos.

Já o ex-presidente José Sarney (PMDB) sugere que seja procurado o ex-ministro do STJ (Superior Tribunal de Justiça) César Asfor Rocha.

‘Vão pegar a Dilma’, prevê Sarney em diálogo sobre delação de Odebrecht

• Mais detalhes das conversas do ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado com membros da cúpula do PMDB foram revelados pelo Jornal da Globo

Por redação – O Estado de S. Paulo

Novos diálogos do mais recente delator-bomba da Lava Jato, o ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado, revelados nesta quinta-feira, 26, pelo Jornal da Globo trazem mais detalhes da preocupação dos principais caciques políticos do PMDB com o avanço da operação e também das implicações da presidente afastada Dilma Rousseff com crimes cometidos pela Odebrecht. Em um dos trecho da conversa de Machado com o ex-presidente José Sarney, o cacique peemedebista afirma que a delação de Marcelo Odebrecht vai pegar a petista.

“SARNEY – A Odebrecht […] vão abrir, vão contar tudo. Vão livrar a cara do Lula. E vão pegar a Dilma. Porque foi com ele quem tratou diretamente sobre o pagamento do João Santana foi ela. Então eles vão fazer. Porque isso tudo foi muito ruim pra eles. Com isso não tem jeito. Agora precisa se armar. Como vamos fazer com essa situação. A oposição não vai aceitar. Vamos ter que fazer um acordo geral com tudo isso.

Moro rebate críticas a acordos de delação premiada na Lava-Jato

• Para ele, ataques são sinal de ‘uma tentativa de retorno ao status quo da impunidade dos poderosos’

Por Rnato Onofre – O Globo

SÃO PAULO — O juiz Sérgio Moro rebateu as críticas aos acordos de delação premiada assinados na Operação Lava-Jato. Para Moro, as tentativas de desqualificar delações assinadas por réus presos podem ser “sinais de uma tentativa de retorno ao status quo da impunidade dos poderosos”.

— Eu fico me indagando se não estamos vendo alguns sinais de uma tentativa de retorno ao status quo da impunidade dos poderosos — afirmou o juiz durante XII Simpósio Brasileiro de Direito Constitucional na noite de quinta-feira em Curitiba.

É a primeira vez que o juiz, que conduz os processos em primeira instância relativos ao esquema de corrupção da Petrobras, fala sobre a delação depois que vieram à tona áudios de caciques do PMDB gravados pelo ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado.

Nas gravações, o presidente do Senado, Renan Calheiros, defende mudanças na lei da delação premiada: “Primeiro, não pode fazer delação premiada preso. Primeira coisa. Porque aí você regulamenta a delação”, afirmou Calheiros na conversa gravada.

Moro argumentou que é necessário ver os acordos de delação premiada em todos os aspectos. Para o juiz, a possibilidade de negação de um acordo porque o suspeito está preso pode limitar o direito a ampla defesa:

— Eu fico pensando: isso é consistente com o direito da ampla defesa? Não tem que ser analisado dessa perspectiva? — indagou o juiz.

Pedro Corrêa faz relato contundente de envolvimento de Lula no petrolão

• Revelações do ex-deputado ao MP compõem documento de 132 páginas. Depoimento aguarda homologação pelo Supremo Tribunal Federal

Por: Robson Bonin - Veja

Entre todos os corruptos presos na Operação Lava-Jato, o ex-deputado Pedro Corrêa é de longe o que mais aproveitou o tempo ocioso para fazer amigos atrás das grades. Político à moda antiga, expoente de uma família rica e tradicional do Nordeste, Corrêa é conhecido pelo jeito bonachão. Conseguiu o impressionante feito de arrancar gargalhadas do sempre sisudo juiz Sergio Moro quando, em uma audiência, se disse um especialista na arte de comprar votos.

Falou de maneira tão espontânea que ninguém resistiu. Confessar crimes é algo que o ex-deputado vem fazendo desde que começou a negociar um acordo de delação premiada com a Justiça, há quase um ano.

Corrêa foi o primeiro político a se apresentar ao Ministério Público para contar o que sabe em troca de redução de pena. Durante esse tempo, ele prestou centenas de depoimentos.

Conversas com políticos não prejudicam imparcialidade, diz Lewandowski

• Presidente do STF defende membros da Corte citados em conversas gravadas por ex-presidente da Transpetro

Isadora Peron - O Estado de S. Paulo

BRASÍLIA - O presidente do Supremo Tribunal Federal, Ricardo Lewandowski, defendeu nesta quinta-feira, 26, ser normal integrantes da Corte manterem conversas com representantes da classe política, mas afirmou que isso não traz nenhum prejuízo à imparcialidade do magistrado. A nota, enviada por meio da assessoria do STF, foi uma resposta ao fato de diversos ministros do Supremo terem sido citados em conversas gravadas pelo ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado.

"Faz parte da natureza do Poder Judiciário ser aberto e democrático. Magistrados, entre eles os ministros da Suprema Corte, são obrigados, por dever funcional, a ouvir os diversos atores da sociedade que diariamente acorrem aos fóruns e tribunais", disse.

Governo vê caso restrito ao PMDB do Senado e põe foco na economia

• Planalto tenta manter distância dos desdobramentos do áudios gravados pelo ex-presidente da Transpetro

Isadora Peron, Igor Gadelha e Isabela Bonfim - O Estado de S. Paulo

BRASÍLIA - O Palácio do Planalto sob o comando do presidente em exercício Michel Temer tenta manter distância dos desdobramentos da colaboração do ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado na Operação Lava Jato. Apesar do temor de que sejam divulgados novos áudios gravados pelo delator, o discurso predominante no entorno de Temer é de que, após a saída do senador Romero Jucá (PMDB-RR) do Ministério do Planejamento em consequência da primeira gravação tornada pública, o governo pode focar a atenção na agenda econômica e evitar ser tragado pelo escândalo.

Que PT surgirá dos destroços?

Por Malu Delgado – Valor Econômico

SÃO PAULO - Quando o impeachment de Dilma Rousseff ainda não era realidade, mas uma forte probabilidade a despontar no horizonte, e o prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, amargava altíssimos índices de rejeição à sua administração ao fim de 2015, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse em algumas rodas de conversa de petistas, sempre em tom jocoso: "Eu devo mesmo ter o dedo podre".

Com seu jeito debochado, era também uma referência indireta à perda do dedo num acidente de trabalho, em 1964, quando metalúrgico. Meses depois, o "eleitor de postes" - título herdado por Lula ao conseguir alçar ao poder federal e à mais importante prefeitura do país, respectivamente, Dilma e Haddad, dois calouros em disputas eleitorais - aparecia com a face desoladora em fotos estampadas nas primeiras páginas dos jornais no dia em que a presidente eleita foi obrigada a se retirar do Palácio do Planalto diante da aprovação do processo de impeachment pelo Senado.

A imagem devastadora de Lula é a que melhor reflete a encruzilhada do PT no momento atual. O partido já considera liquidada a fatura do impeachment - internamente, os mais realistas não creem no retorno de Dilma ao Planalto - e deu largada a um processo de reestruturação para definir seu futuro. O PT colocou a reeleição de Haddad no primeiro item da lista de prioridades imediatas pelo simbolismo político da disputa na capital, conforme se vê nas duas últimas resoluções (sobre conjuntura nacional e eleições municipais) divulgadas pela sigla no dia 17. Haddad é a principal trincheira eleitoral do PT e, paralelamente, passou a ser citado como o político que pode encarnar algo novo no partido e conduzir, em 2018 ou adiante, o "legado petista".

Esquerda tende a se isolar na oposição

Por Raymundo Costa - Valor Econômico

BRASÍLIA - As propostas de reformas da equipe econômica do presidente interino, Michel Temer, devem encontrar um ambiente mais favorável que Dilma Rousseff enfrentou no Congresso quando apoiou o ajuste fiscal do ex-ministro da Fazenda Joaquim Levy. A diferença é a maior identidade programática entre a atual base de apoio e o governo do PMDB, ao contrário do que acontecia quando o PT dava as cartas no Palácio do Planalto.

A oposição declarada a Temer é mais ou menos do mesmo tamanho da oposição a Dilma, algo em torno de 100 deputados na Câmara. Para ser exato, 99 deputados, resultado da soma de PT (58), PDT (20), PCdoB (11), P-SOL (6) e Rede Sustentabilidade (4). Número insuficiente para a esquerda requerer sozinha a abertura de CPIs ou lançar frentes parlamentares. Diz a lógica que esse espectro deveria tentar sair do isolamento buscando alianças ao centro ou ao menos num grupo de cerca de 70 deputados que podem vir a discordar do novo governo.

O ajuste necessário - Roberto Freire

- Diário do Poder

Se é que ainda poderia haver alguma dúvida sobre a dimensão da irresponsabilidade de Lula e Dilma Rousseff na condução da economia brasileira, ela foi dirimida no momento em que o governo de Michel Temer revelou à sociedade o tamanho do estrago causado pelo lulopetismo nas contas públicas. A nova meta fiscal, já aprovada pelo Congresso, prevê um déficit monumental de R$ 170,5 bilhões no Orçamento para este ano, valor que supera em mais de 76% a estimativa fantasiosa feita pela presidente afastada. Trata-se do diagnóstico mais preciso e didático a respeito do descalabro que levou o Brasil ao buraco, o que só demonstra o tamanho do desafio que o novo governo tem pela frente.

Desemprego, o problema - Almir Pazzianotto Pinto*

- O Estado de S. Paulo

“O sistema brasileiro pressupõe que o trabalhador é um idiota e que o empresário é um ladrão”. - Delfim Netto

Se verdadeira a notícia de que o presidente Michel Temer afasta a possibilidade de buscar a reeleição em 2018, terá pouco mais de dois anos para ingressar na história como autor de reformas que recolocarão o Brasil na rota do desenvolvimento.

Ignoro as experiências que ele tem no ácido terreno das relações do trabalho. Como mestre de Direito Constitucional, porém, deve estar ciente de que a inserção, no artigo 7.º da Constituição de 1988, de normas que caberiam no âmbito de negociações coletivas, ou da legislação ordinária, converteu-se em fator de inibição da geração de empregos.

Tenho absoluto respeito e a mais alta consideração pela Justiça do Trabalho, que integrei como ministro e presidente do Tribunal Superior do Trabalho (TST). Apoiado no conhecimento direto e em relatórios anuais da Justiça do Trabalho – o último relativo a 2014 –, sinto-me no dever de alertar que, sem a modernização da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), símbolo da era Vargas, será impossível a economia voltar a crescer e reintegrar no mercado 12 milhões de desempregados.

O poder do STF - Merval Pereira

- O Globo

O papel decisivo do Supremo Tribunal Federal na atual crise. Sempre que uma crise ganha dimensões, a judicialização política torna-se inevitável, e não é por acaso, portanto, que o Supremo Tribunal Federal esteja em destaque no momento, seja pelas decisões que tem que tomar, ou pelas citações em gravações de políticos em que a Operação Lava-Jato é o centro das atenções.

O presidente do Supremo, Ricardo Lewandowski, tido como muito ligado ao ex-presidente Lula por proximidades familiares afetivas, ganhou um inesperado selo de independência registrado em uma conversa entre o presidente do Senado e o ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado, o mais novo delator da Lava-Jato.

A certa altura Renan diz que a presidente afastada, Dilma Rousseff, estava irritada com Lewandowski, pois tentara conversar com ele sobre o processo de impeachment e ele “só queria falar de dinheiro”, referindo-se ao aumento salarial do Judiciário.

Sinais de fragilidade - Eliane Cantanhêde

• Temer frágil em Brasília e nas ruas, cresce a teses das 'eleições já'

- O Estado de S. Paulo

Michel Temer é alvo de três frentes de ataque: as gravações do delator Sérgio Machado com os generais do PMDB, a cobrança de soluções urgentes para uma economia em frangalhos e o desequilíbrio entre as manifestações, que são muito contra e nada a favor do presidente interino. Temer parece paralisado, enquanto Lula está à espreita, esperando reverter o impeachment no Senado. Não a favor de Dilma Rousseff, considerada fora de combate, mas sim de uma batalha por “eleições já”.

O ambiente está conturbado e há um descompasso entre o que as ruas vêm cobrando desde junho de 2013 e o que a Câmara e o Senado produziram em 2016. As ruas rebelaram-se contra a corrupção, já o Congresso aprovou o processo de impeachment com dois objetivos. Um, explícito: resgatar a economia e os empregos (“o País explode com mais 2 anos e meio de Dilma”). Outro, implícito: o sonho de conter o avanço da Lava Jato (“estancar a sangria”).

O partido do presidente – Bernardo Mello Franco

- Folha de S. Paulo

Para quem temia que a Lava Jato parasse com o afastamento de Dilma Rousseff, não deixa de ser uma boa surpresa. Desde que a presidente foi removida do cargo, a operação se aproximou como nunca do comando do PMDB.

O partido de Michel Temer acaba de sofrer abalos em seus dois núcleos de poder: o da Câmara e do Senado. Foi a partir deles que o peemedebismo organizou o impeachment para destronar o PT e assumir o governo sem intermediários.

Onda populista ameaça a democracia ocidental - Humberto Saccomandi

• Risco de uma onda governos populistas cria cenário de horror

- Valor Econômico

A democracia ocidental, consolidada ao final da Segunda Guerra Mundial, está sob forte tensão, talvez a mais grave desses 70 anos. Nos EUA e na Europa, o avanço do populismo, de direita e de esquerda, ameaça levar o mundo a uma era de incertezas.

O tema foi destaque no debate ontem dos líderes do G-7. "2017 com Trump, (Marine) Le Pen, Boris Johnson, Beppe Grillo?", tuitou Martin Selmayr, assessor de Jean-Claude Juncker, que preside a Comissão Europeia. Ele se referia a políticos populistas nos EUA, na França, no Reino Unido e na Itália que podem estar no poder em 2017. "Um cenário de horror, que mostra muito bem por que vale a pena combater o populismo", disse.

O avanço de forças políticas populistas nos países da União Europeia (UE) vem afetando mais fortemente partidos tradicionais do continente e já influencia a formulação de políticas.

Míriam Leitão - Mudança externa

- O Globo

Temer enfrentará cenário internacional adverso para a economia brasileira. Há uma complicação extra para a delicada situação brasileira. O governo Temer vai enfrentar um cenário externo mais complexo nos próximos meses. A expectativa de alta dos juros nos EUA ganhou força com a ata do Fed, e o que não aconteceu no primeiro semestre deve se concretizar no segundo. O risco de desaceleração da China permanece, e o país parece ter cada vez menos fôlego para adotar medidas de estímulo.

O economista-chefe e sócio do Banco Modal, Luiz Eduardo Portella, avalia que os temores do mercado financeiro no início do ano foram empurrados para o segundo semestre. Isso quer dizer que não foi só a expectativa de troca de governo no Brasil que ajudou no fortalecimento do real e na alta do Ibovespa. Houve também os efeitos do adiamento da alta dos juros nos EUA e os estímulos que foram dados pelo governo chinês para impulsionar a economia.

Desafio de Temer é manter coeso o bloco governista – Editorial / Valor Econômico

As advertências de que a nomeação de políticos investigados pela Operação Lava-Jato para o ministério é um dos principais flancos vulneráveis do governo interino de Michel Temer não demoraram nada para marcar sua realidade desestabilizadora. O ministro Romero Jucá, um dos políticos íntimos do círculo palaciano, não resistiu mais que algumas horas a gravações onde expressa o desejo de que um novo governo colocasse fim às investigações. As explicações de Jucá foram totalmente inconvincentes e ele se exonerou do cargo, não sem antes receber de Temer grandes elogios por sua capacidade política e competência. Apenas 11 dias após a posse de seu ministério, Temer assistiu à primeira e ruidosa baixa.

Quanto antes melhor – Editorial / O Estado de S. Paulo

Reduzir ao menor tempo possível a interinidade do governo Michel Temer, sem comprometer as garantias do rito processual definido pelo Supremo Tribunal Federal (STF), é medida que atende plenamente ao melhor interesse nacional, na medida em que, sem as inconveniências inerentes à transitoriedade, o presidente da República terá maior poder político para negociar com o Congresso e a sociedade a implementação de medidas de austeridade necessárias ao restabelecimento urgente do equilíbrio fiscal e à recuperação da economia em bases sustentáveis.

Abreviar a interinidade de Temer significa, obviamente, mandar definitivamente para casa a presidente afastada Dilma Rousseff. Trata-se de uma questão que, quanto ao mérito, reúne a esmagadora maioria dos brasileiros. Nem Lula nem o PT desejam a permanência de Dilma na chefia do governo, porque sabem que isso comprometeria a luta pela recuperação do apoio popular ao partido e a seu líder máximo. Dilma Rousseff é, definitivamente, carta fora do baralho. Resta apenas cumprir as formalidades legais para seu bota-fora.

Debater as prioridades – Editorial / Folha de S. Paulo

O governo de Michel Temer (PMDB) passou em seu primeiro teste parlamentar ao obter permissão do Congresso para incorrer em deficit recorde de R$ 170,5 bilhões (2,8% do PIB) neste ano.

A vitória, importante por mostrar capacidade de articulação, tem o efeito positivo de evitar a paralisia da máquina pública, o que seria desastroso para o presidente interino. As batalhas mais difíceis, porém, ainda estão por vir.

A mudança da meta escancara a calamidade deixada pela administração petista. Projetava-se inicialmente um saldo positivo de R$ 24 bilhões. Pouco antes de ser afastada, Dilma Rousseff já encaminhara projeto de revisão para um deficit de R$ 96 bilhões -o que também se mostrou errado ao contar com estimativas otimistas de receitas.

Aproveitar o momento – Editorial / O Globo

• Com o recuo do populismo na Argentina e no Brasil, os dois países devem liderar a reforma do bloco

Ao lado de acenos para mudanças de rumo importantes na política econômica, o governo do presidente interino, Michel Temer, marcou de maneira forte diferenças em relação à administração lulopetista de Dilma Rousseff também na diplomacia.

Logo na primeira ação de vulto como ministro das Relações Exteriores, o senador tucano José Serra respondeu no devido tom a governos bolivarianos (Venezuela, Equador, Nicarágua e ainda Cuba, entre outros) que participam da campanha difamatória desfechada pelo PT dentro e fora do país, para tachar de “golpe” o afastamento, com base constitucional, da presidente Dilma, cujo pedido de impeachment será julgado no Senado.

"Por trás das aparências" - Fausto Matto Grosso

- Correio do Estado (MS)

Aproximam-se as eleições. Os primeiros pré-candidatos começam a aparecer. Será que teremos boas opções ou seremos reduzidos, mais uma vez, à triste condição de votar no menos pior?

O pano de fundo do processo eleitoral que se aproxima é o da frustração provocada pela natureza da pratica política existente em nosso País, caracterizada pelo descompromisso programático, pela promiscuidade entre o público e o privado, pela corrupção, pelo clientelismo e pela degenerescência das práticas políticas, situação essa que afeta os mais diferentes partidos e suas lideranças.

Mas afinal, como separar o joio do trigo, se nas eleições todos os discursos são parecidos e os candidatos aparentam serem todos iguais, aos olhos dos eleitores?