- Folha de S. Paulo
Para quem temia que a Lava Jato parasse com o afastamento de Dilma Rousseff, não deixa de ser uma boa surpresa. Desde que a presidente foi removida do cargo, a operação se aproximou como nunca do comando do PMDB.
O partido de Michel Temer acaba de sofrer abalos em seus dois núcleos de poder: o da Câmara e do Senado. Foi a partir deles que o peemedebismo organizou o impeachment para destronar o PT e assumir o governo sem intermediários.
Na Câmara, a legenda está acéfala desde o afastamento de Eduardo Cunha, determinado no dia 5 pelo Supremo Tribunal Federal. Sua sucessão ainda está indefinida, mas tudo indica que um deputado de outra sigla assumirá a presidência.
No Senado, a investigação produziu as primeiras baixas nesta semana, com a delação de Sérgio Machado. As fitas do ex-presidente da Transpetro já derrubaram Romero Jucá do ministério de Temer. Agora comprometem o equilibrista Renan Calheiros e o imortal José Sarney.
Os novos diálogos revelados ontem mostram que os peemedebistas não apostaram apenas no impeachment como arma para frear as investigações. Eles também tentaram domesticar Teori Zavascki, relator dos processos da Lava Jato no Supremo.
No principal trecho divulgado pela TV Globo, Renan e Sarney discutem uma estratégia para influenciar o ministro. Os dois citam um advogado e um ex-presidente do STJ como possíveis aliados na operação.
O avanço das investigações sobre o PMDB é um fator a mais de instabilidade para o governo interino. Por isso, o Planalto quer acelerar o calendário do impeachment e evitar o surgimento de novas surpresas.
No primeiro discurso na nova função, Temer elogiou a Lava Jato e prometeu "protegê-la". Ele também disse que zelaria pela "moral pública". Logo depois, escolheu como líder do governo um deputado que é réu em três ações penais e investigado por tentativa de homicídio.
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