sexta-feira, 27 de maio de 2016

O ajuste necessário - Roberto Freire

- Diário do Poder

Se é que ainda poderia haver alguma dúvida sobre a dimensão da irresponsabilidade de Lula e Dilma Rousseff na condução da economia brasileira, ela foi dirimida no momento em que o governo de Michel Temer revelou à sociedade o tamanho do estrago causado pelo lulopetismo nas contas públicas. A nova meta fiscal, já aprovada pelo Congresso, prevê um déficit monumental de R$ 170,5 bilhões no Orçamento para este ano, valor que supera em mais de 76% a estimativa fantasiosa feita pela presidente afastada. Trata-se do diagnóstico mais preciso e didático a respeito do descalabro que levou o Brasil ao buraco, o que só demonstra o tamanho do desafio que o novo governo tem pela frente.


Só será possível tirarmos o país do atoleiro para o qual foi levado pelo PT se as propostas que compõem o pacote do ajuste fiscal elaborado pela equipe econômica forem aprovadas no Parlamento. Este é o momento em que as forças políticas, em especial aquelas que dão sustentação à atual gestão, devem ter responsabilidade com o Brasil e pensar nos mais de 11 milhões de desempregados e nas famílias que se encontram em dificuldade, todos à espera de que sejam retomados o crescimento e a geração de empregos.

É evidente que pode haver uma ou outra discordância em relação a alguns pontos anunciados, mas em geral as medidas são necessárias e foram bem recebidas pelos agentes econômicos. Entre elas, está a criação de um teto para despesas públicas, sempre levando em consideração a inflação do ano anterior – para tanto, será enviada ao Congresso uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que precisará ser aprovada por três quintos do Parlamento. Caso isso aconteça, a expectativa é de que o gasto público, que subiu de 14% para 19% do Produto Interno Bruto entre 1997 e 2015, caia entre 1,5% e 2% do PIB nos próximos três anos.

Outra proposta importante, esta sem a necessidade de aprovação pelo Congresso, é a antecipação de pagamentos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), que ressarcirá o Tesouro Nacional em R$ 100 bilhões, o que evitará novos endividamentos para cobrir o rombo nas contas públicas.

Apesar das enormes dificuldades resultantes do descalabro econômico, os primeiros sinais positivos decorrentes da simples mudança no Executivo já vêm surgindo. Com Dilma e o PT no comando do país, era consenso que não havia nenhuma possibilidade de sairmos da recessão no médio prazo. Em menos de duas semanas, o novo governo apresentou um conjunto de propostas formuladas por uma equipe reconhecidamente competente e experiente, de modo que já se nota uma reversão das expectativas e até certo otimismo em relação ao futuro.

Depois de aprovar a nova meta fiscal, é fundamental que o Parlamento se debruce sobre o pacote econômico e aprove as medidas pelo bem do Brasil. Enquanto isso, aqueles que conduziram o país ao desastre continuarão se comportando com desfaçatez, como se não fossem eles próprios os maiores responsáveis pelo descalabro atual. Mas o esperneio do PT e de alguns partidos que atuam como linha auxiliar do lulopetismo, agora unidos na oposição ao governo Temer, vai continuar e não deve ser motivo de maior preocupação.

Chegou a hora de mostrar compromisso com o Brasil e oferecer aos cidadãos uma perspectiva de futuro. A situação é grave, mas este governo conhece o caminho que deve trilhar para a recuperação de nossa economia. Um novo país está pronto para surgir sob os escombros do lulopetismo.

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Roberto Freire é deputado federal por São Paulo e presidente nacional do PPS

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