O Globo
Poucos intelectuais contemporâneos são tão influentes quanto o psicólogo social Jonathan Haidt. Seu último livro, “A geração ansiosa” (Companhia das Letras), reuniu uma série de evidências conectando o uso crescente de mídias sociais em celulares e o aumento de transtornos mentais entre jovens e adolescentes. Além de sugerir uma relação causal, Haidt defende medidas concretas, como proibir celulares nas escolas e retardar o acesso dos adolescentes às mídias sociais. O sucesso do livro — e a velocidade com que suas recomendações vêm sendo adotadas em diversos países — causou inquietação na comunidade científica, sentimento capturado num relatório publicado na semana passada.
O documento, liderado pelos pesquisadores
Valerio Capraro, da Universidade de Milão, e Jay Van Bavel, da Universidade de
Nova York, busca estabelecer um consenso entre mais de 120 especialistas sobre
os potenciais impactos negativos das mídias sociais e dos smartphones na saúde
mental de adolescentes. A proposta se inspira na declaração de consenso de
cientistas do clima, estabelecendo que 97% dos especialistas concordam com a
ideia de que as mudanças climáticas são causadas pela ação humana.
O paralelo com o consenso climático não é
apenas retórico. O novo relatório mobiliza a mesma metodologia: reunir dezenas
de especialistas, sistematizar as evidências disponíveis, confrontar
divergências e buscar um núcleo comum de afirmações com que a maioria concorde.
O método, conhecido como Delphi, estimula o refinamento progressivo de posições
por meio de rodadas anônimas de avaliação, com base em evidências.
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