O Estado de S. Paulo
Hugo Motta informou que pautará a urgência do
projeto que sustaria o decreto que estabelecera novas alíquotas para o IOF.
Votação prevista para segunda. Até lá, um longo mar a atravessar. E nenhuma
deliberação de mérito no horizonte. Muitas águas sobre as quais negociar.
Fantasiado de fiscalista, Motta usa Haddad de escada – para (tentar) encontrar uma identidade à sua gestão na Câmara e para acarinhar a oposição, que o percebe como governista de primeira classe nos voos de Lula pelo mundo.
O deputado “morde e assopra” pode bradar à
vontade sobre não estar “à frente da presidência da Câmara para servir a
projeto político de ninguém”. O mundo real se impõe na prática. Não somente os
petistas têm projeto de poder. Não será apenas Lula a concorrer à reeleição.
Hugo “dever de casa fiscal” Motta foi eleito
para comandar a Casa com um mandato corporativista explícito: defender o lote
bilionário das emendas parlamentares. Sob seu comando, a Câmara aprovou o
aumento do número de deputados e quer aprovar a autorização para que
parlamentares acumulem salário e aposentadoria especial. Esse é o mundo real.
O governo está preocupado em levantar
dinheiros para fechar a conta de 25 e rolar o presunto natimorto do arcabouço
fiscal até 26, já que isso significará empurrar a bomba para 27. O ano
eleitoral será o da verdadeira anistia – toda a gastança será perdoada. Toda,
estimulada. O papo é reto. O governo está concentrado em assegurar as condições
a que nós financiemos a tentativa de reeleição de Lula.
Os haddads podem falar à vontade em justiça
tributária, em os moradores da “cobertura” pagarem mais. Repassarão para nós.
Todos nós – com ou sem cobertura – pagando para que Lula continue no palácio.
Esse é o mundo real. Ninguém vai cortar despesas.
Ninguém quer. Nem Motta. As exigências do
mundo real deixam a fanfarronice pelada. Cortar despesas exigiria cortar
emendas. E o Parlamento, na prática, ora perverte projeto de outra finalidade
para malocar contrabando que recupera verbas canceladas do orçamento secreto de
modo a serem usadas em obras públicas com problemas técnicos. A isso tem
mandato Motta.
Lula e Haddad parolam contra as centenas de
bilhões de reais em isenções fiscais – como se grande parte delas, a imensa
maioria ineficaz, não fosse produto de concessões “aos ricos” feitas pelos
petistas. O papo é reto. Ninguém vai cortar benefícios fiscais.
Ninguém quer. Muito menos Motta. Falavam em
PEC para tratar do assunto. A ideia da PEC sumiu. Reveriam agora apenas os
gastos tributários infraconstitucionais. Reverão nada. Lembrese da reação do
Congresso quando se tentou acabar com a desoneração da folha de pagamento.
Basta de terrorismo. Não pode haver shutdown em máquina já paralisada. Basta de palhaçada. O governo vai pagar as emendas embarreiradas – o tesoureiro Dino abrirá o cofre – e serão todos felizes.
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